Capítulo 157 – A história e a garça
Tradutor: Cybinho
Gou Ren esfregou seu braço, enquanto olhava para seu irmão. Acordar amarrado ao teto era um pouco desorientador, mas eles não o deixaram lá em cima por muito tempo. Quando descobrisse quem fez isso, sua vingança seria rápida. Ele deu uma mordida em seu almoço, apagando todo mundo ao seu redor. A mesa estava cheia de gente, mais faminta agora do que no café da manhã.
Ele pensou que tinha sido uma brincadeira de seu irmão, quando ele voltou, parecendo tão animado. Mas agora era almoço, e seu irmão ainda estava atuando… só um pouco estranho.
E então ele teve uma conversa sussurrada com Meimei, e agora ela parecia estar se divertindo com alguma coisa também. Ela continuou lançando-lhe olhares calculistas quando ela pensou que ele estava de costas.
Os gongos de alarme soavam em sua cabeça. Ele podia senti-los respirando fundo atrás de suas costas como duas sombras crescentes, esperando por algo. Os dois predadores estavam perseguindo suas presas. Mas ele era um caçador, caramba, e não iria cair facilmente!
Ele chamou a atenção de seu irmão mais velho. Havia uma batalha de vontades no ar entre eles. Yun o olhou nos olhos e sustentou seu olhar.
E então o bastardo sorriu.
Gou Ren sentiu um suor frio descer pelas costas. A intenção deles encheu o ar, enquanto Gou Ren se preparava para a batalha. A mesa ficou quieta enquanto todos observavam a batalha silenciosa.
Jin, que estava absorto em pensamentos, girando sua sopa de peixe em sua tigela quebrou a tensão.
“Sabe, devemos fazer algo para o Festival do Meio Outono.” Ele disse, olhando para a mesa silenciosa.
A atenção de todos se voltou deles para Jin.
A intenção se desvaneceu, e ele pôde ver os pensamentos de seu irmão baterem ao mesmo tempo que os dele.
Fazer algo para o festival? Isso mesmo, não houve realmente nenhuma preparação da parte deles este ano. Normalmente a aldeia era uma colmeia de atividade e trabalho, mas aqui eles estavam longe de tudo isso, bebendo e descansando, com apenas o mínimo de tarefas.
“Que tipo de coisa?” perguntou Meiling. “Normalmente, as pessoas só trazem comida se vierem de fora da cidade.”
“Não sei, algo divertido! Como o General que Comanda o Inverno ou o trenó que fiz para o Solstício. Algo que as crianças vão gostar, pelo menos.”
Gou Ren levantou uma sobrancelha. O golem de neve do tamanho de uma casa e um trenó carregado de presentes para todos? Jin certamente não pega leve quando decide se divertir. Gou Ren gostava do compromisso, mas às vezes Jin exagerava um pouco.
Embora quanto mais Gou Ren pensava sobre isso… bem, não parecia uma ideia tão ruim realmente. Seria bom trazer algo para todos. Seria divertido. Qual era o sentido de ser tão forte se ele não podia fazer coisas bobas de vez em quando?
“Existem histórias importantes sobre o festival? Algo que possamos usar como inspiração?” perguntou Jin.
Meimei inclinou a cabeça para o lado. “Bem, nós poderíamos fazer algo sobre Chang’e. O Imortal da Lua é a origem do festival.”1
Bi De pareceu estremecer com as palavras enquanto Jin apenas parecia intrigado.
“Chang’e? Isso definitivamente soa familiar, mas acho que não ouvi a história completa. Algo sobre ela se separar de seu amante?” Ele perguntou.
“’Longe como Chang’e.’ Este Bi De conhece o ditado, mas não sei por que se diz.” O galo afirmou, acariciando sua barbela.
‘Senhora na lua. Coelho também!’ – Chun Ke resmungou.
‘Ah? Se eles moram lá em cima, devem ter muitas receitas para o queijo da lua! Este Wa Shi aceitará seu tributo, quando ele reivindicar seu bocado. ‘ O peixe acariciou seus bigodes sabiamente de seu balde.
“…Nenhum de vocês ouviu a história?” perguntou Meiling. “Jin, você deve ter. Eu contei no ano passado para as crianças quando…” ela fez uma pausa, pensando. “Quando você estava falando com meu pai.”
“Sim, tive que explicar ao sogro por que eu não pedi sua mão ainda.” o homem disse e coçou a bochecha com vergonha.
Meiling assentiu e respirou fundo. “Bom! Reúnam-se então e eu lhes contarei a história!” Meiling declarou.
Jin parecia animado, junto com Tigu. Eles rapidamente limparam os pratos, com até Wa Shi sendo mais rápido que o normal com as sobras, interessado na “Rainha do Queijo”. Gou Ren não tinha ideia de por que os peixes achavam que a lua era feita de queijo. Por que queijo de todas as coisas? Quem colocaria uma bola gigante de queijo no céu de qualquer maneira? Com a mesa limpa, Meiling sentou-se e deu um tapinha no colo.
Tigu e Chun Ke começaram como atacantes, com a intenção de reivindicar a cobiçada posição. Eles pararam, e olharam um para o outro. Chun Ke olhou esperançoso para Tigu. A jovem sorriu para o javali, aceitando a derrota graciosamente. Chun Ke rolou para descansar o queixo no joelho de Meimei, bufando alegremente. Jin e o resto dos animais se sentaram na frente de Meiling, parecendo para todos que vissem um bando de crianças ansiosas sentadas para ouvir uma história noturna.
Meiling riu e coçou a crina negra do javali. Ela limpou a garganta e começou. Meimei sabia essa história de cor. Afinal de contas, ela era a filha do chefe da aldeia, e geralmente estava encarregada desta em particular.
Gou Ren sabia do jeito que ela estava se preparando, ela provavelmente contaria a coisa toda.
“ Agora, ouça a história desses tempos há muito tempo, da bela e gentil Chang’e e seu marido, o guerreiro inigualável Houyi. Ouça a história deles, da dama da lua; do festival onde damos em homenagem às dádivas de Houyi… ”
Gou Ren sentou-se para ouvir a velha, velha história. Seu irmão vadiava onde estava, levantando os pés e fechando os olhos. Xiulan sentou-se ao lado de Pi Pa enquanto Bowu empurrava alguns travesseiros para trás dele e pegava um pincel, apenas ouvindo com meia orelha.
“Cheios de poder arrogante, Dez sóis perversos se levantaram, Sua ira queimou a terra e trouxe sofrimento; De seu olhar ardente, ninguém poderia se esconder .”
Foi uma maneira bastante agradável de passar algum tempo. Meimei contou a coisa toda, o estilo tradicional – em vez da versão muitas vezes resumida que as crianças recebiam.
Houyi derrubar os sóis que estavam devastando a terra foi incrível. As coisas do amor? Bem, Gou Ren lembrou que antes era mais chato do que agora. Talvez ele estivesse apenas ficando velho, mas ele meio que gostava disso agora.
Ele podia entender Houyi. Seus pensamentos se voltaram para uma mulher esbelta sorrindo para ele sob o luar. Houyi era um homem verdadeiro, disposto a desistir da imortalidade para ficar com sua esposa. Pena que o bastardo Fengmeng teve que estragar tudo, entrando para tentar forçar Chang’e a lhe dar o elixir. Na briga, Chang’e foi mortalmente ferida e, em um último ato desesperado, ela bebeu. O homem mau foi negado seu prêmio, mas a vitória de Chang’e foi amarga. Ela teve que deixar a terra e ascender – mas ela escolheu a lua, pois era o lugar mais próximo de seu marido. Todos os anos, Chang’e recebia ofertas do marido, iniciando assim o Festival do Meio Outono.2
No final, Jin estava sorrindo.
“Acho que tenho uma ideia.” ele disse com um sorriso e então apontou para Gou Ren. “E você vai estar no comando!” Ele disse alegremente.
Gou Ren apontou para si mesmo, um pouco confuso.
“Ei, você disse que gostava de arquitetura. Então, vamos construir alguma coisa!”
Gou Ren sentiu uma gota de suor descendo por sua têmpora e sorriu nervosamente ao ser colocado nessa posição, mas… ele acenou com a cabeça, intrigado com o que Jin tinha em mente.
Uma hora depois, Gou Ren começou a desenhar animadamente.
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No dia seguinte, ele ficou na frente de todos. Ele ficou acordado a noite toda, mas como ele desenhou mais e mais desenhos, começou a se encaixar.
Ele tinha algo. Algo que seria digno da história de Chang’e.
Esperançosamente.
Ele respirou fundo.
“Tigu, eu tenho alguns projetos rudimentares e preciso da sua ajuda para esculpi-los.” Tigu se animou em ser a primeira a ser abordada.
“Sim, irmão mais novo!” Ela disse, saudando.
Gou Ren assentiu, entregando-lhe uma página. Ela imediatamente começou a estudá-la atentamente. “Yun, Miantiao, vocês poderiam trabalhar nas cores?” ele perguntou. Seu irmão assentiu, e a cobra abaixou a cabeça, seus olhos faiscando, enquanto ele começava a murmurar fórmulas baixinho.
Bem, isso foi mais fácil do que ele pensava que seria…
“Jin?” ele perguntou, virando-se para o homem.
“Sim, chefe?” Jin perguntou ansiosamente.
“Esta parte é sua.” ele disse, tão autoritário quanto podia. Ele entregou outro papel com instruções. Jin olhou e assentiu.
Enquanto ele distribuía as tarefas, um pouco do nervosismo desapareceu. Bi De e Yin receberam suas atribuições. Wa Shi e Mei ficaram felizes em ajudar quando ele explicou o que precisava que eles fizessem. Finalmente, ele chegou a Xiulan.
Ela se animou, ansiosa quando ele se aproximou dela.
“Lanlan, você é meio inútil, então faça qualquer coisa.3” ele disse.
Ela parou, seu rosto inteiro caindo. “Isso é porque eu amarrei você no teto?” ela perguntou.
“Não, eu estou apenas brincando, você pode – espere, foi você?!”
Eles estavam atrasados por mais de uma hora. Quando eles finalmente começaram a trabalhar, Xiulan tinha uma pegada lamacenta em seu traseiro.
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Gou Ren terminou de verificar a alça ao redor da barriga de Chun Ke.
“Está conectado, não sai.” ele declarou, e deu um passo para trás.
“Esta aqui é boa, Gou,” Jin declarou ao lado de Pi Pa. A fazenda inteira estava reunida, pronta para sair.
Chun Ke bufou feliz sob sua carga. Ele tinha um boné vermelho na cabeça e um pequeno prédio nas costas. Tinha sido desenhado por Gou Ren. Parecia principalmente um santuário, um edifício quadrado com quatro faces – a da frente tinha uma imagem de Houyi esculpida nela, enquanto os outros lados estavam abertos, expondo um cilindro esculpido com imagens da história. Um cilindro que girava, fazendo com que os entalhes parecessem se mover assim que ficasse rápido o suficiente. Essa parte foi cortesia de Bowu. Era decorado pelas ilusões do irmão e pedaços de vidro colorido de Miantiao formando uma grande peça colorida.
Estava coberto com as coisas que eles estavam trazendo para o festival; feixes de trigo e arroz, batatas e montes de cenouras e cebolas.
E a bebida, não podia esquecer a bebida. Nada do… hidromel especial, mas o resto do material estava vindo.
Pi Pa estava ao lado de Chun Ke, sua cabeça erguida e diversão dançando em suas feições. Ela carregava uma carga menor, embora não menos importante. Esta abrigava a imagem de Chang’e separada de seu marido, mas estendendo a mão para ele. Quando colocados lado a lado, formavam uma única escultura, as mãos se tocando.
Meimei se empolgou com essa adição. Os amantes finalmente se reencontraram.
Tigu assentiu ao lado de Gou Ren. “Seu olho para detalhes é muito bom, irmão Gou!” ela decretou. “Devemos colaborar novamente!”
Gou Ren corou e coçou a parte de trás de sua cabeça, ainda um pouco envergonhado com o tanto de elogios que foram dados a ele quando viram as peças prontas. Claro que ele os desenhou, mas só depois que Jin lhe deu uma ideia com seu tipo de… desenhos simples. Foi meio difícil garantir que tudo se encaixasse perfeitamente, mas Jin provavelmente poderia ter feito isso se ele quisesse.
Provavelmente. Mas o jeito de Jin sempre foi um pouco estranho. Como se ele tivesse a essência geral das coisas, mas nenhuma ideia de como realmente realizá-las.
Mas era bom ter alguém que tinha fé em suas habilidades de arquitetura, ainda que mal feitas.
Foram três dias bem agitados, para ser honesto, mas foi divertido com todos no pátio trabalhando nisso. Os sons de lixar e martelar, pessoas pedindo ferramentas e ajudando umas às outras. Até mesmo Hou Ten, o macaco, havia cessado sua vigília sobre o cristal e ajudado Tigu em algumas das esculturas. Suas mãos eram surpreendentemente hábeis.
Brincar de capataz tinha sido muito divertido, e quando seu irmão assentiu e lhe deu um tapinha nas costas… Gou Ren soltou a respiração que estava segurando.
Seu irmão achou que ele tinha feito um bom trabalho. Yun Ren nunca foi de mentir para ele. Se ele achasse ruim, ele diria. Em vez disso, tudo o que ele viu foi aprovação.
“Todo mundo pronto para ir?” veio a voz envergonhada de Meimei.
Xiulan estava sorrindo para Meiling enquanto eles se afastavam da imagem de Chang’e. Meimei estava com as bochechas coradas. Meiling disse que Tigu deveria usar Xiulan como modelo, para capturar melhor a beleza inigualável de Chang’e. Em vez disso, a mulher se parecia um pouco com Meiling e tinha um pouco mais de músculos do que qualquer outra representação de Chang’e que Gou Ren tinha visto.
Washy foi o último a chegar, entrando em seu balde. Era como o peixe normalmente viajava, com a cabeça para fora, Gou Ren acreditava em particular que o peixe estava apenas sendo preguiçoso. Embora um peixe em uma jarra fosse uma estranheza, era menos estranho que um dragão.
E assim partiram. Tigu pulou na frente com Jin. Bi De sentou em cima do pedaço de madeira carregando Chang’e, como se estivesse guardando a mulher. Bowu estava em um carrinho de mão preso a Chun Ke, junto com Miantiao, Yin e Hou Ten. Xiulan, Ri Zu e Meiling estavam no meio, conversando. Até Bei Be estava vindo, o boi viajando tranquilamente atrás deles.
A fazenda estaria vazia durante o dia, mas Jin estaria correndo de volta na manhã do festival para verificar as coisas, só por precaução. Os animais tinham comida e água suficientes, então deveria estar bem.
Foi um ritmo vagaroso ao longo da estrada suave. Eles pararam para fazer desvios no caminho. Almoçaram à sombra de uma enorme árvore. Eles relembraram o tempo que passaram construindo esta mesma estrada, meses atrás, rindo e brincando sobre o trabalho.
Continuaram pelo caminho, ao sol do meio-dia. As cores começavam a mudar, os vermelhos e laranjas das árvores surgiam.
Seu irmão começou a sorrir novamente quando eles estavam no meio do caminho, mas Gou Ren apenas o ignorou. Não poderia ser nada ruim.
E realmente, qual é a pior brincadeira que Yun poderia fazer?
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Então, Hong Yaowu estava à vista. As colinas verdes suaves e as árvores. O cheiro das fogueiras para cozinhar e todas as pequenas construções aninhadas em seus campos. A casa do grande chefe e seu depósito de remédios. O antigo santuário no topo da colina. Ele podia ver as pessoas se movendo e trabalhando, cuidando de suas vidas e se preparando para o festival. Os prédios já estavam enfeitados de vermelho, e ele podia ver o chefe da aldeia, Hong Xian, trabalhando ao lado deles. Sua aldeia natal trazia uma sensação de nostalgia, embora pudesse visitá-la quando quisesse.
Parecia tão… pequena agora.
Ele tinha saído para o mundo, visto a Cidade do Lago da Lua Pálida e lutado contra cultivadores nos Picos Duelantes. Todos os campos, todos os cantos e recantos que ele achava tão grandes não muito tempo atrás, de repente ficaram minúsculos. Quase pitoresco.
No entanto… Ainda estava em casa.
Eles foram notados rapidamente, enquanto subiam a estrada. As crianças obviamente estavam à procura deles.
“Ei! Eles estão aqui!” Uma voz jovem gritou. As crianças, que estavam chutando uma bola para frente e para trás, pararam o jogo com o grito de Hong Xian.
Então as crianças começaram a correr.
Jin riu e deu um passo à frente quando uma pequena avalanche o atingiu. Gou Ren deu um passo à frente também enquanto as crianças ignoravam Yun Ren, que havia voltado mais recentemente.
Logo, ambos estavam cobertos de crianças.
“Bem-vindo de volta, Gou!”
“É bom ver você novamente!” um garoto disse de seus ombros, pesando nada.
“Você tem alguma história para nós?” uma garota, Zi Qi perguntou ansiosamente.
Gou Ren sorriu. Um herói é bem-vindo, realmente. Foi bom ter as crianças felizes em vê-lo!
“Como vai, macaco grande?”
Deixa pra lá, essas crianças eram demônios.
“Oi!” Gou Ren interrompeu, mas o merdinha, Shu, saltou de seu ombro e correu para longe dele, rindo o tempo todo. Gou Ren correu atrás do garoto, ficando logo atrás dele, e Shu correndo e gritando passou de divertido para pânico quando Gou Ren o pegou pelo tornozelo. O resto das crianças penduradas em suas costas aplaudiram quando Gou o pegou.
“Eu morro com honra,” Shu declarou, enquanto Gou Ren olhava para o pequeno demônio impenitente.
“Ainda assim, você morre do mesmo jeito,” Gou Ren atirou de volta e o deixou cair de cabeça no campo de arroz ainda lamacento.
Shu aterrissou com um splat e fez muitos gemidos, agindo como se tivesse acabado de ser mortalmente ferido.
Gou Ren revirou os olhos e olhou para trás.
Jin tinha três crianças penduradas em seu bíceps enquanto ele os levantava no ar, enquanto Tigu tinha um braço pendurado em torno de uma garota sardenta e ossuda chamada Ty An. Xiulan aceitou uma coroa feita de talos de arroz trançados de uma garota pequena e quieta, Li.
Finalmente, Bowu saiu do carrinho e parecia estar se preparando. Hong Xian, o mais novo, estava de pé diante dele.
Bowu assentiu. Xian saiu correndo e pulou.
Bowu pegou Xian, conseguindo ficar de pé com um pouco de esforço, e sorrindo para o garoto.
“Você ficou de pé dessa vez, Irmão!” Xian disse alegremente.
Bowu se enfeitou. “Claro, este Jovem Mestre pode lidar com um peso tão leve.” Bowu disse pomposamente antes de despentear o cabelo de Xian. Xian sufocou uma risada e murmurou algo que soou como “soa como ela”.
“Você fez alguma coisa legal?” Xian perguntou ansiosamente. Ele estava bastante apaixonado pela fumaça quando Bowu veio da última vez.
“Sim, Mestre Jin me deixa usar o martelo sempre que eu quiser – Ei, tio Che! Olha! Estou ficando melhor!”
Yao Che, o ferreiro, avançou, vindo para ver do que se tratava a comoção. Seu sorriso era largo e sua barba espessa selvagem. Ele pegou o pedaço de metal que lhe foi apresentado, examinando o cilindro oco.
“Você está ficando bom rápido, seu pirralho!” o homem enorme decretou, despenteando o cabelo de Bowu. “Como diabos você fez esses furos- eles são tão lisos!”
Bowu, se possível, ficou ainda mais brilhante, inclinando-se para o toque. Seu sorriso estava largo em seu rosto.
Honestamente, Gou Ren não tinha pensado que o garoto seria capaz de se encaixar tão bem, mas ele se encaixava.
“Sim, eu e o Mano Gou montamos o martelo! Em vez de um martelo subindo e descendo, Mestre Jin disse que poderíamos fazer isso como uma furadeira – e Tigu ajudou.” o menino balbuciou, mostrando as marcas de broca limpas no cilindro.
Gou Ren o deixou e chamou a atenção de seu irmão.
Seu irmão, que ainda parecia, se possível, ainda mais animado.
Foi então que Gou Ren notou que a maioria dos aldeões estava olhando para ele. Encarando ele e alguns estavam até rindo.
Ele engoliu em seco, seus olhos disparando ao redor da aldeia. Ele viu seus pais, também se aproximando. Ambos estavam sorrindo brilhantemente também, e havia uma mulher da tribo da Ma…
Gou Ren olhou duas vezes para a mulher vestindo as roupas mais tradicionais de sua mãe, aquelas de sua tribo materna. Seu cabelo estava preso com penas e ela estava usando um vestido com desenhos geométricos. Ela estava olhando com calor para Bowu, uma expressão terna em seu rosto.
Seu queixo caiu. Seu cérebro cambaleou até parar quando o mundo ficou ligeiramente nebuloso e rosa. Seu coração pulou uma batida quando ele se lembrou de seu tempo nos Picos Duelantes, e da mulher maravilhosa, maravilhosa que ele conheceu lá.
“Xianghua!?”
O rosto da mulher esbelta mudou. Ela se transformou diante de seus olhos, suas mãos plantando-se em seus quadris. Um sorriso arrogante se formou em seu rosto.
“De fato! Sou eu, Liu Xianghua, a Jovem Mestra da Seita do Lago Nebuloso! Alegra-te, pois cheguei à tua pequena aldeia!” Ela explodiu, e Bowu congelou, seus olhos se arregalando.
“Grande irmã!” Bowu gritou alegremente, correndo o melhor que podia para ela. Houve um pouco de oscilação, mas ele estava se movendo em um ritmo decente.
O sorriso de Xianghua se alargou enquanto ela olhava para o passo de seu irmão, Yao Che andando um pouco para trás caso o menino caísse. Ela acenou para o ferreiro e se virou para Gou Ren enquanto passava. “Feche a boca, Xong Gou Ren! Eu sei que sou totalmente inigualável em beleza, mas não olhe tão grosseiramente!”
A boca de Gou Ren se fechou. Ela acenou para ele e continuou passando. Gou Ren ficou ali parado, sem saber o que fazer. Xianghua pegou seu irmão e o abraçou.
“Nem um mês e você já está tão bem,” ela murmurou, enquanto Bowu enterrava o rosto em seu pescoço.
“Vamos conversar mais tarde?” Bowu perguntou, e Xianghua assentiu antes de se voltar para Gou Ren.
“Xong Gou Ren! Você cuidou bem do meu irmão, permita que este Xianghua agradeça!”
Ela estendeu a mão e agarrou a frente da camisa de Gou Ren e puxou.
Os lábios de Gou Ren encontraram algo muito macio.
Várias pessoas gritaram.
Xianghua cheirava muito bem. O cheiro de peles e casa misturado com o cheiro de água pura—
Xianghua se afastou e acenou com a cabeça enquanto olhava para ela em silêncio.
Então ela girou nos calcanhares.
“Lâmina de Grama, apenas uma semana e eu certamente terei superado você completamente em todos os campos! Aprendi muito com a Honorável Mãe Huli e o Honorável Pai Ten Ren, e eu desafio você para um duelo!” Ela trovejou enquanto continuava descendo a encosta.
“E eu, Lagoa Úmida?!” exigiu Tigu.
“Eu vou derrotá-la depois de derrotar Xiualn! Você é menor, você vem depois!”
Ela deu um toque em Yun Ren ao passar por ele, o cristal de seu irmão fazendo sons enquanto ele gravava o rosto de Gou Ren.
Então ela se virou para Meiling, que tinha uma sobrancelha muito erguida.
Xianghua caiu de joelhos. “Lady Meiling, Mestre Jin, este Liu Xianghua os cumprimenta.” Ela disse com o maior respeito.
“Ela está aqui há uma semana,” o pai de Gou Ren, Ten Ren, declarou simplesmente, enquanto se aproximava de seu filho ainda imóvel.
“Uma semana?” ele perguntou estupidamente.
“Sim. Meu filho, como você encontrou uma mulher tão boa assim?” Xong Ten Ren perguntou. “Quero dizer, ela é estranha, mas… No bom sentido?”
“Quero dizer… Ela meio que… me encontrou?” Gou Ren perguntou, ainda desequilibrado. “Mas uma semana?!”
“Ela marchou para o centro da vila na semana passada e gritou que estava aqui para nos pedir sua mão.”
Gou Ren sentiu seu coração parar.
“…na frente de todo mundo?” ele perguntou, quase choramingando.
“Sim. Ela se prostrou diante de nós e pediu nossa permissão para cortejá-lo. Ela está morando no seu quarto e no de Yun.”
Gou Ren balançou.
“Ela também nos pediu para ensiná-la nossos caminhos,” Ten Ren suspirou antes de dar de ombros de uma maneira ‘o que você poderia fazer’, “Então eu a levei para caçar.”
A declaração levou um segundo para ser totalmente filtrada.
“Espere, por que ela estava caçando então? Ma4 não deveria ensiná-la a costurar?” Gou Ren perguntou, ainda desequilibrado.
Seu pai sorriu. Ele sorriu de uma maneira que dizia que a veia travessa de Yun Ren não era toda de sua mãe raposa.
“Ela pediu para cortejar você ,” seu pai disse alegremente, batendo em seu ombro. “Sua mãe disse a ela que para ganhar nossa aprovação ela tem que realizar a tradição de cortejar apropriada.”
Toda a cor sumiu do rosto de Gou Ren.
“Mas… mas o homem que deveria fazer isso!”
Sua mãe deu de ombros.
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Naquela noite, uma sombra entrou na aldeia. Ele tinha uma corda na mão e estava cheio de determinação.
Ele quase colidiu com outra sombra, indo em direção ao prédio de onde tinha vindo.
Gou Ren olhou para Xianghua.
Xianghua olhou para Gou Ren.
Ele olhou para a corda na mão dela. Ela olhou para a corda na dele.
Houve uma breve briga, e então eles foram para a floresta.
Eles nunca concordaram exatamente sobre quem sequestrou quem.
- Essa história existe realmente na mitologia chinesa[↩]
- Achei várias versões dessa mitologia, mas resumindo: Os 10 sóis que iluminavam a terra decidiram aparecer todos de uma vez, causando grande destruição na terra. Houyi foi mandado parar eles, e ele matou 9 deles. Ele ganha um elixir da imortalidade e pretende dividir com sua esposa Chang’e, mas Fengmeng descobre e tenta roubar. Chang’e pra impedir toma o elixir todo, e isso obriga ela a ascender. Ela escolhe a lua, o local mais próximo de seu marido. Recomendo procurarem no google, é bem curtinho e interessante essa história[↩]
- caralho, essa doeu em mim[↩]
- ele chama a mãe dele de Ma[↩]
