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Combo 14/50


Parado diante da estátua branca em forma de globo, um conjunto de incontáveis crânios, no Salle de Bal Brise, Lumian fez uma pausa. Seus olhos examinaram uma frase grafada nela: “Eles dormem aqui, esperando a chegada da felicidade e da esperança.”

Desviando o olhar da estátua, ele caminhou em direção à entrada.

Dois capangas, vestidos com camisas brancas e sobretudos escuros, viraram-se para encará-lo.

— Bom dia, Ciel.

Eles estavam fervilhando com os boatos sobre esse impetuoso recém-chegado que supostamente havia matado Margot e deixado Wilson lambendo as feridas, tudo em poucos dias fugazes. Não era segredo que ele havia sido incluído no Savoie Mob.

— Bom dia, meus repolhos, — Lumian retrucou, seus lábios se curvando em um sorriso enquanto ele pegava emprestada a frase preferida de Dariège.

O Salle de Bal Brise ainda estava acordando. Os garçons se moviam com plácida eficiência, arrumando as cadeiras, esfregando o chão.

Lumian pretendia procurar Louis, um rosto familiar. Não havia necessidade de irritar o Barão Brignais por questões tão pequenas. Mas ali, aninhado no bar, estava Maxime — o mesmo que o seguiu.

Maxime, ainda com seu boné característico, bebeu meio litro de cerveja de centeio.

Um sorriso malicioso se espalhou pelo rosto de Lumian enquanto ele se aproximava.

Percebendo alguém se aproximando dele, Maxime, por hábito, lançou um olhar de soslaio.

Ele ficou rígido, como se tivesse sido atingido por uma geada repentina.

No segundo seguinte, saltou do banco e girou em direção a Lumian, exibindo um sorriso bajulador.

— Bom dia, Ciel.

Ele também soube dos rumores — o assassinato de Margot por Ciel e da humilhação de Wilson no quarto andar do Auberge du Coq Doré.

Uma onda de alívio tomou conta dele. Graças às estrelas, ele não abusou da sorte quando foi pego seguindo Ciel. Considerando a propensão de Ciel para a violência, ele poderia facilmente ter acabado como forragem para os ratos em algum canto esquecido por Deus no Submundo de Trier.

Este homem era uma máquina de matar genuína. Sem escrúpulos, sem hesitação!

Lumian sorriu.

— Apenas ‘Ciel’ não soa com o devido respeito, não é?

Vendo Maxime empalidecer, Lumian acrescentou:

— Estou curioso para saber quando ouvirei ‘Barão Ciel’ saindo da sua língua.

Isto foi uma brincadeira, sim, mas também uma indicação velada da sua ambição — ascender às fileiras da liderança do Savoie Mob, mais cedo ou mais tarde.

— Em breve, muito em breve, — respondeu Maxime com um sorriso forçado.

Seu diálogo interno era diferente: “eu te chamaria de ‘Barão’ neste exato momento se isso te mantivesse feliz, assim como nosso ‘Barão’ não é um barão de verdade, mas um autoproclamado.”

Lumian pegou um banquinho no bar e deu um tapinha no que estava ao lado dele.

— Sente-se. Tenho algumas perguntas para você.

Maxime rapidamente obedeceu, apontando para a cerveja de centeio diante dele. — Quer uma cerveja?

— Ranger, por favor, — Lumian respondeu sem perder o ritmo.

Uma ‘Ranger’ — uma mistura picante de cerveja de laranja e romã — custava dois licks a mais que a de centeio.

Embora apertasse seu bolso, Maxime gritou para o barman: — Um copo de Ranger.

Girando de volta para Lumian, ele deu um sorriso.

— O que você gostaria de saber?

Lumian esperou até que o generoso litro de cerveja cor de laranja fosse entregue antes de lançar sua investigação: — Como você se juntou ao nosso Savoie Mob?

— Sou nascido e criado em Savoie. — Maxime apontou para suas feições castigadas pelo tempo. — Fui até Trier em busca de pastos mais verdes, mas meu amigo que me hospedou já havia se juntado à Savoie Mob.

Savoie Mob foi ideia de um punhado de nativos da Savoie que ganhavam a vida como trabalhadores, criados e mascates no Le Marché du Quartier du Gentleman. Eles eram muito ferozes, não tinham medo de se colocar em perigo e rapidamente conquistaram sua própria fatia do bolo. À medida que sua influência crescia, eles começaram a atrair recrutas de outras províncias e até mesmo de moradores de Trier, mas o coração da organização ainda vinha de Savoie.

Lumian deu um leve aceno de cabeça, direcionando a conversa para sua próxima pergunta:

— E o Barão Brignais é o chefe de toda a Savoie Mob?

— Não. — Maxime olhou para Lumian, horrorizado.

“Ele se juntou à máfia sem sequer entender o básico?”

“E ele matou Margot e feriu gravemente Wilson em nome da Savoie Mob!”

Lumian tomou um gole de sua cerveja de laranja e romã, com um sorriso brincalhão adornando seu rosto.

— Tive a impressão de que o Barão Brignais era o chefe. Quero dizer, sua arrogância, seu talento, sua força… como ele poderia não ser o chefe?

Maxime recuou aterrorizado, tapando a boca de Lumian com a mão.

“Seria seguro derramar tais palavras em uma área tão aberta?”

“Se a notícia chegasse a essa pessoa, isso poderia prejudicar seriamente seu relacionamento com o barão!”

Maxime não perdeu tempo em esclarecer as coisas.

— O barão é responsável pelo Salle de Bal Brise, Avenue du Marché, e pelas operações de agiotas. Seus colegas incluem “Rato” Christo, que supervisiona o contrabando, “Gigante” Simon, que dirige as casas de dança na Rue du Rossignol, “Botas Vermelhas” Franca, que supervisiona a Rue des Blusas Blanches, e Palma Negra Sangrenta, que controla metade do Le Marché du Quartier du Gentleman.

— Há um chefe acima deles, mas nunca coloquei os olhos nele nem sei quem ele é.

Em voz baixa, Maxime acrescentou: — Há rumores de que ele é um comerciante legítimo, membro de carteirinha da Câmara de Comércio de Savoie. E também não é um peixe pequeno.

“Membro da Câmara de Comércio de Savoie? Então, a Câmara de Comércio está apoiando uma multidão para cuidar da roupa suja e manter a concorrência sob controle…” Lumian montou o quebra-cabeça a partir de suas próprias experiências como vagabundo, trechos dos comentários improvisados ​​de Aurore e um punhado de livros, revistas e jornais que ele devorava em casa.

A notícia da chegada de Ciel ao Salle de Bal Brise chegou a Louis, a sombra do Barão Brignais. Ele foi direto para o bar, com o coração batendo forte de preocupação porque o audacioso garoto do campo estava prestes a mexer a panela mais uma vez!

Ele estava realmente preocupado que o ousado garoto do campo pudesse causar problemas novamente!

Encontrando Lumian absorto em uma conversa com Maxime, Louis foi para um banquinho do outro lado, entrando na conversa: — O que o fez vir à Salle de Bal Brise a esta hora?

Lumian lançou-lhe um sorriso malicioso. — Tenho um favor a pedir.

Louis, com a testa ainda exibindo um hematoma feio, encolheu-se ao ver o sorriso de Lumian.

— O que é?

Sentindo que estavam prestes a mergulhar em assuntos mais pesados, Maxime saiu apressadamente do bar, aproximando sua cerveja de centeio da pista de dança.

Lumian retraiu o olhar e disse lentamente: — Preciso que você me traga um olho de lagarto, uma pedra do ninho de uma águia e uma glândula de veneno de cobra.

Ele manteve a lista completa dos ingredientes do Feitiço da Profecia em segredo, planejando obtê-los de diferentes lugares.

— Para que você precisa disso? — Louis achou o trio de itens vil e bizarro.

Lumian riu. — Lembra como Margot morreu?

Louis sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Parecia uma ameaça velada e estava funcionando!

“Não estou tentando te abalar…” Lumian riu consigo mesmo.

— Eu o esfaqueei. Minha lâmina estava envenenada.

— Certo, — Louis se lembrou da conversa de Ciel com o Barão Brignais.

Vendo que Louis ainda não havia entendido, Lumian repreendeu mentalmente: “Por que esse cara é mais lento que Charlie?”

Ele suspirou, explicando para ele. — Esses itens são para preparar outro lote de veneno.

— O que você está planejando? — Louis quase gritou.

Ele tinha um palpite de que Lumian estava prestes a mexer na panela.

— Legítima defesa, — respondeu Lumian laconicamente.

Sem motivos para objetar, Louis soltou um suspiro de alívio, prometendo:

— Vou chamar alguém para coletar esses três itens para você.

Ele revisou a lista de itens novamente, certificando-se de que havia entendido direito.

Depois de confirmar os detalhes, Lumian tomou um gole de Ranger, mudando de assunto.

— Já ouviu falar do Salle de Bal Unique?

Louis olhou para Lumian com desconfiança, aconselhando: — É melhor ficar longe desse lugar. O dono do salão de dança, Timmons, é próximo do comissário de polícia do Quartier de l’Observatoire. E há uma organização obscura por trás. Qualquer um que tenha tentado pressioná-los se encontraram em um mundo de dor, e alguns até desapareceram da face do mundo.

Cada bairro de Trier tinha seu próprio quartel-general de polícia, cada um chefiado por um comissário.

O título oficial do comissário de polícia era Comissário de Assuntos Policiais de Trier, respondendo perante o Ministro do Departamento de Polícia de Trier.

“Então é por isso que o Poison Spur Mob nunca teve coragem de cobrar a dívida de Timmons…” Lumian assentiu, imerso em pensamentos.

Vendo a preocupação estampada no rosto de Louis, com medo de que ele estivesse prestes a agitar um ninho de vespas, Lumian lançou-lhe uma bola curva.

— Quem mais no Poison Spur Mob está no mesmo nível de Margot? E quem é o chefe deles?

“O que você está tentando fazer?” Louis quase deixou escapar.

“Será que Ciel está planejando derrubar todos os pesos pesados ​​do Poison Spur Mob?”

“Você está louco?”

Mantendo a calma, Louis respondeu: — Isso não é da sua conta agora.

Lumian respondeu com um sorriso conhecedor, sem forçar o assunto, e bebeu o resto da Ranger.

No enclave sombrio do Quartier de l’Observatoire situado perto das catacumbas

Lumian encontrou Osta Trul encolhido perto da fogueira.

Ele riu zombeteiramente.

— Você é a pessoa mais profissional que já conheci.

Como um relógio, Osta estava aqui sete dias por semana, vendendo seu golpe.

— Eu adoraria ficar de molho em alguma praia, mas minhas dívidas contam uma história diferente. — A ideia de pegar uma locomotiva a vapor saindo de Trier e evitar seus empréstimos pendentes passou pela cabeça de Osta. No entanto, cada vez que chegava à estação, os capangas do Barão Brignais estavam lá para lhe dar uma boa surra.

Isso incutiu nele um medo saudável do alcance do Barão, e desde então ele abandonou tais ideias.

— Preciso que você me traga algumas coisas, — Lumian foi direto ao assunto, sentando-se ao lado de Osta. — Para cada item que você trouxer, há 5 verl d’or extras.

Os olhos de Osta brilharam de interesse.

— O que você está procurando?

Lumian olhou para o fogo, com a voz baixa. — Entranhas de lince, língua de hiena, medula óssea de veado e qualquer erva mortal.

— Eles não são fáceis de encontrar. — Osta tentou pechinchar.

Ele já havia decidido vasculhar os restaurantes do Quartier de l’Observatoire.

Lumian o ignorou, mudando de assunto. — Onde posso encontrar monstros aquáticos em Trier?

Osta ponderou por um momento antes de responder: — Há um rio subterrâneo nas catacumbas próximas, alimentado pelo rio Srenzo, é constantemente abatido pelos Purificadores ou pela Mente Coletiva da Maquinaria.

Lumian assentiu. — Você conhece o Salle de Bal Unique?

— Claro que sim. — Osta apontou para o céu. — Fica na Rue Ancienne, perto da Place du Purgatoire.

— 1 verl d’or. Mostre-me o caminho. — Lumian levantou-se.

Ele planejava examinar o local, reunir todas as informações que pudesse. Se fosse um beco sem saída, ele seguiria em frente.

Em pouco tempo, Osta estava conduzindo Lumian para cima, entrando na Rue Ancienne, perto da praça, e parando em frente a um edifício antigo.

O edifício, em um tom sombrio de azul acinzentado, manteve seu charme pré-Roselle.

Frontões clássicos, telhado em forma de chevron e janelas com chumbo.

O Salle de Bal Unique ocupava o piso térreo e a sua entrada lembrava uma boca gigante.

Acontece que já passava do meio-dia e uma carruagem parou no meio-fio quando três homens e uma mulher desceram.

Vestidos com ternos curtos escuros, eles caminharam em direção ao Salle de Bal Unique.

Ao se aproximarem da entrada, cada membro do quarteto tirou um monóculo e colocou-o no olho direito.

Observando isso, Lumian virou-se para Osta, com espanto estampado em seu rosto.

Osta, com um sorriso conhecedor, esclareceu-o: — Essa é uma das regras do Salle de Bal Unique. Todos que entrarem devem vestir terno curto e monóculo.

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Olá, eu sou Vento_Leste!

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