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— Hey, Vicit. — Minha irmã, Iris, me chuta.

— Que foi? — Pergunto secamente para ela.

— Me ensina a cozinhar? — Ela me pergunta.

— Nāo.

— Por quê?

Por quê? Você não consegue esquentar uma água.

— Vou gastar meu precioso tempo. — eu respondo.

— Mas você está, literalmente, fazendo nada. Vai, ajuda sua irmã mais velha.

— Não.

Não vou fazer isso nem a pau.

— Se você não me ensinar quebro seu console.

— Você não teria coragem.

— Dúvida? — Ela olha para meu precioso console.

— Tsk! — Estalo minha língua. Não quero ajudar essa pessoa sem nenhuma destreza.

Olhando para o lado, vejo a Iris deitada me olhando, com as pernas em cima do meu peito. Que preguiçosa, bem não posso falar muita coisa já que estou deitado no sofá com as pernas para cima.

Boto minha cabeça para fora do sofá e a sala fica de cabeça para baixo, olho para o controle remoto em cima da minha mesa central que fica entre o sofá e a TV. Não estou fazendo nada, porque fiquei com preguiça de ir pegar o controle para ligar a televisão.

— Hey, Vicit. — Iris me chama de novo batendo com o seu pé no meu peito.

— O que?!

— Me ensina a cozinhar, por favor.

— Não.

— Vicit, eu te ensinei tudo que você sabe. Não é hora de retribuir?

— Certo, certo, tira esse pé de cima de mim e vai para a cozinha. — Movo minha mão falando para ir logo.

Ela rapidamente pula do sofá e anda alegremente para a cozinha. Se eu não aceitasse, ela continuaria a me importunar por meses.

Escorrego lentamente do sofá até cair no chão, então fico deitado nele. O controle da TV está tão perto agora…

— Vicit, bora! — Grita Iris ansiosamente da cozinha.

Com relutância e muita preguiça, me levanto do chão andando até a cozinha, chegando lá, vejo Iris com os olhos brilhando.

A cozinha tem uma mesa de mármore no centro, com a pia logo atrás dela, o fogão é ao lado da pia, com uma bancada os separando. À minha direita, tem o armário onde a gente guarda os talheres e à esquerda tem a geladeira e mais um armário.

— Você vai lavar as louças depois. — falo secamente para ela

O brilho dos seus olhos diminuem um pouco.

— Certo, vamos começar aprendendo a esquentar água.

— Precisa não, procurei antes no YuoRube como esquentar água. Agora eu sei como!

É impressão minha, ou ela falou isso orgulhosamente? E ela realmente pesquisou isso?

— Entendi, muito bem. Agora bora aprender a fritar ovo.

— Yeah! — Iris levanta um dos braços comemorando.

Vou na geladeira e pego um ovo. A geladeira está cheia de comida, quase lotada. Os alimentos são muito variados, como gosto de cozinhar, preciso de vários alimentos.

— Primeiro pegue o óleo e coloque na frigideira, então deixe esquentar um pouco.

Iris fez isso muito cuidadosamente.

— Agora, você quebre o ovo e jogue ele na frigideira.

— Eh… Irmão?

— Sim?

— Como que quebro o ovo?

Como uma pessoa pode ser tão inteligente e burra ao mesmo tempo? É fisicamente impossível. Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço. Já quero desistir de ensinar ela.

— Pegue o ovo, quebre na borda da frigideira e jogue ele dentro dela.

Iris pega o ovo com muito cuidado, depois o gira vendo em que lado irá quebrar. Segurando o ovo lentamente, Iris move ele lentamente tentando ver o movimento que irá fazer para quebrar. Ela coloca o ovo atrás da cabeça, leva o pé direito para trás e se prepara. Ela olha para a frigideira e a frigideira olha para ela de volta. Com a visão cravada na borda da pobre panela e o ovo atrás da cabeça, com toda a sua força, ela o vai ao ataque tentando o partir.

Plack!

Metade do pobre ovo cai na panela, a outra metade cai no chão, mas tem um problema… A frigideira sai voando! O óleo quente que está na frigideira escapa dela indo em direção a gente. Penso rapidamente e puxo a Iris para trás. A frigideira caiu no chão e o óleo, felizmente, caiu todo no chão também.

Ela quase morreu fritando um ovo! Essa minha irmã é um ser extraordinário! Ela merece ser estudada.

— Iris, você quase morreu! — digo para ela segurando o riso.

— Mas eu já estou morta. — A minha irmã vira lentamente para mim. Na sua testa há um buraco saindo sangue e sua pele rosada lentamente fica branca

— Huh?

O que é isso?

— Vicit… Por que você trouxe aquela pessoa para casa? — Iris me olha com seus olhos mortos e sem vida.

— Nāo! Por favor, não!

— Você matou a Marina e me matou, Vicit. Eu morri por sua culpa. — Os seus lábios começam a escurecer. — Você trouxe ele para a nossa casa. Você causou tudo isso. Por que eu tinha que morrer por sua causa?

— Foi você. Você fez isso. — Iris levanta seus dedos apontando para mim.

— Você estragou minha vida. — Ela fala, enquanto mais sangue começa a escorrer da sua testa, cobrindo o seu rosto.

— Isso não teria acontecido se não fosse você. Um inútil como você não merece estar vivo. Desde sempre você foi inútil. Por que você é o único a estar vivo?

Não. Não foi minha culpa. Não queria que isso acontecesse.

— Se não queria que isso acontecesse, por que você não me ajudou?! Eu estou morta por sua causa! Eu morri, Vicit.

Não, por favor.

— Eu morri, Vicit… Você sempre me atrapalhou. Por sua causa, eu tive que fugir! Nós tivemos que fugir, por você! Eu tinha uma vida! Você que devia ter morrido! — Seus olhos se viram para trás. — Você merece morrer no meu lugar.

A boca da Iris começa a rasgar. Sua boca aumenta como um monstro, com dentes afiados, dentro dela está uma escuridão assustadora, como se a luz fosse sugada, tendo nenhuma chance de escapar. Igual a uma abismo sem fundo. A boca dela foi chegando perto da minha cabeça. Não consigo me mexer. Então esse abismo foi chegando cada vez mais próximo, até me engolir por inteiro.


O sol bate no meu rosto e abro lentamente os olhos. Me sento com as pernas cruzadas e as folhas que caíram em cima de mim enquanto estava tentando dormir começam a voar. Olho para cima, observo as árvores balançando com o vento. Sinto o ar, ainda gelado, bater na minha pele.

Me levanto, mas a minha visão fica escura por um tempo. Depois de voltar ao normal, observo os arredores, procurando o caminho para o córrego. Tento lembrar algum ponto de referência e quando encontro, começo a caminhar.

Chegando no córrego, bebo água, lavo a minha ferida e a atadura. Enquanto espero a camisa secar, tento pensar em um jeito de arranjar comida, porque desse jeito vou acabar morrendo de fome. Não sei montar uma armadilha para pegar pássaros, Roubar? Não, o guarda pode me achar se eu for na cidade. Pescar é pior ainda. Espera aí… olho para a direção que o córrego vem.

Quando a atadura seca, a enrolo no meu pé e vou andando pela lateral do córrego, seguindo a direção em que ele flui e apreciando a natureza que, normalmente, não prestava atenção por sempre morar na cidade.

Enquanto ando, o córrego vai se expandindo. No começo, eu podia tranquilamente passar por cima dele, mas agora, tenho que pegar impulso e pular. Parece que a força do córrego aumentou, quase imperceptível, mas aumentou.

O barulho da água fica mais alto e, do nada, o córrego se expande. Entre as árvores, consigo ver algo mais a frente, mas a luz passando entre os troncos não me deixa ver mais adiante.

Quando saio das árvores, vejo um rio gigantesco, a água límpida reflete o sol, as nuvens e as árvores. Os pássaros voam perto da água procurando peixes, outros estão nas árvores da floresta cantando. Vou para perto da borda, então vejo o reflexo desse corpo na água, uma criança de cabelo preto e olhos vermelhos. Movo meu dedo para o rio gelado e pequenas ondas aparecem, distorcendo o rosto da criança.

Me distancio da borda e sento no chão, apoiando as costas em uma árvore. Fico assim observando o cenário. Percebo que um animal chega com uma aparência de um cervo, só que muito maior. Ele move a sua cabeça ao redor do lado procurando um predador, depois de perceber que não tinha nenhum, anda para o rio beber água. Observo atentamente isso, nunca tinha visto um cervo.

O suposto cervo move a língua para beber água e consigo ver os movimentos da língua dele, detalhadamente. Estranho, deve ser impossível ver tudo isso desta distância, aliás… Olho para a minha mão esquerda. Desde que cheguei aqui tenho uma sensação estranha com esse corpo, é como se meus movimentos fossem mais limpos, mais leves e fáceis, consigo mexer minha mão esquerda como uso a direita, será que esse corpo é ambidestro? Não percebi isso antes, porque, instintivamente, uso a minha mão direita.

Quando estava fugindo do guarda, ele não conseguiu me pegar, mesmo esse corpo sendo de uma criança, ele deveria ter conseguido facilmente. O arremesso da pedra também, não iria conseguir arremessar tão longe com um corpo de criança, não tenho nem músculos o suficiente para isso, também sinto meus músculos melhor que antes, é como se pudesse controlar cada um da melhor forma possível.

Essa criança tem muito talento, força e ótima consciência corporal. Quem é ele? E por que ele morreu? Bem, pensar nisso não vai adiantar nada. Preciso achar comida. Tenho umas frutas, mas isso não é suficiente. Vou atrofiar até a morte assim, preciso de carne. Olho para o rio vendo os pássaros tentando pegar peixes. Preciso de fogo, consegui dormir ficar no frio da noite, mas se isso continuar, irei pegar uma doença. Vou ter que sobreviver, por enquanto, só de água e frutas. Me levanto andando até a beira do rio, faço uma concha com a mão e levo a água para a minha boca. Acho melhor economizar minha energia enquanto penso em uma forma de achar comida. Volto e olho para a árvore que estava encostado. Provavelmente, vai ter predadores por aqui, seria bom subir em uma árvore dessas e me esconder lá.

Fico em frente da árvore e olho para cima, há alguns galhos grossos onde posso ficar. Abraço a árvore tentando subir. Não saí do lugar. Tento mais algumas vezes, mas o resultado é o mesmo.

Dou alguns passos para trás para observar mais atentamente a árvore, percebo um ramo saindo da árvore relativamente baixo onde posso subir. Se eu conseguir alcançar esse galho, o resto da subida será fácil, já que apenas o começo da árvore é reto e depois ela vai se expandindo para os lados, com vários galhos grandes.

Observo as árvores ao redor e, ao que parece, essa é a única árvore alta o suficiente. Fixo meu olhar no galho. Vejo a distância necessária para pular caminhando para trás. Estou a 5 passos dele. Começo dando um passo pequeno, só que a cada passo aumento a velocidade e a distância entre eles, quando chego logo embaixo, apoio meu corpo em uma perna e pulo usando todo o poder dos meus músculos, também levantando rapidamente meus braços para pegar impulso.

Surpreso pela força que pulei, agarro o galho e apoio minha barriga nele para não cair, me empurro para cima e sento no galho. Não esperava que realmente iria conseguir. Me levanto dele e subo ainda mais a árvore, segurando fortemente para não cair. Eu acho um forte, me sento nele e relaxo.

Certo, preciso conseguir comida, mas o que irei fazer depois? Não sei a língua daqui, provavelmente, aquele guarda está a procura de mim. Não consigo viver para sempre na floresta. Como irei conseguir dinheiro? Não sei de quem é esse corpo, pode ser de alguém importante e a família dele está me procurando, ou de um camponês qualquer, mas se esse garoto realmente morreu, encontrar a família dele não vai adiantar nada, talvez eles também estejam mortos, ou pior, eles que me mataram. Não sei como era a personalidade dessa criança, então aparecer é uma ideia não muito boa.

Vou dormir, já que não dormi direito nesses últimos dias. Olho para baixo percebendo que iria quebrar uns osso se eu caísse daqui.

Fecho meus olhos e tento não escorregar. Passo um tempo com pálpebras fechadas não conseguindo adormecer, até que escuto um barulho estranho.

Ranhk, Ranhk

Que som é esse? Ouço algo arranhando… Abro meus olhos lentamente.

Ranhk, Ranhk

O barulho não parou, então olho para baixo.

No momento que vejo o que é, meu corpo fica completamente frio e sinto um calafrio na espinha. Meu cérebro sente o perigo imediatamente, além do meu coração começar a bater rapidamente.

Eu vou morrer.

Olá, eu sou o Ender!

Olá, eu sou o Ender!

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