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Dor de cabeça.

Abro meus olhos. 

A luz do sol me incomoda, parece que já é de dia, acho que desmaiei ontem. Deitado no chão, viro minha cabeça para o lado e vejo três corpos de animais.

Ah, então eles são assim. Os pelos deles são pretos, provavelmente, para se camuflar à noite. Me levanto lentamente, já que estou um pouco tonto. Quando coloco meu pé no chão, sinto uma dor estridente, parece que o ferimento piorou. Ignoro a dor e ando mancando até um dos corpos.

Ele não é tão gigante como aquela besta que matei, mas ainda sim é grande. O seu corpo é coberto por pelos pretos, não consigo ver nenhum local que não tenha pelos, a não ser seus olhos. Na sua boca tem grandes presas saindo e a cabeça dele é redonda, sem nenhuma protuberância, como orelha ou nariz, a sua pata é gigantesca, agora faz sentido o porquê que ele conseguiu derrubar uma árvore com apenas uma patada. Se eu tivesse sido atingido por essa coisa, seria eufemismo dizer que apenas morreria. 

Olho ao redor e vejo a armadilha que fiz no chão. É um monte de gravetos e costelas com as pontas afiadas, camuflados por folhas. Era a única coisa que conseguia pensar em fazer, mas, pelo menos, funcionou.

Vejo uma árvore partida ao meio e sinto um pequeno calafrio. Foi muito por pouco. O bom é que agora tenho três corpos inteiros para comer, bem, não irei cortar eles, porque é um desperdício de tempo, já que a carne vai apodrecer antes que eu possa fazer alguma coisa com ela e tenho as minhas outras carnes da outra besta, aliás tomara que elas ainda estejam lá. As coloquei em cima dos galhos para os animais não pegarem, mas nada garante que funcionou. Pego a minha lança que joguei no chão ontem e começo a sair daqui.

A árvore que caiu era grande, então ela passa por cima da armadilha de estacas, subo nela e atravesso os gravetos e costelas. Quando chego no final da árvore, desço cuidadosamente, para não sentir o meu ferimento, e vou procurar as minhas carnes. Saio do círculo de estacas e deixo os corpos desses animais para os outros que quiserem comer-los. Caminho pela floresta com o meu ferimento doendo, apenas escuto o som dos meus passos pisando nas folhas e alguns pássaros cantando enquanto dançam pelo ar, é até um clima agradável, tirando que quase morri duas vezes aqui.

Chego na primeira árvore que guardei as carnes, tem algumas marcas de garras no tronco e vejo que as minhas carnes não estão lá. É uma pena.

Na segunda árvore, as carnes estão lá. Continuo andando pela floresta verificando cada árvore. Depois de terminar de verificar as árvores, onde algumas os animais pegaram, mas ainda tem bastante para sobreviver, furo elas e as coloco na minha lança.

Hora de achar o rio. Apoio a minha lança no ombro, escolho uma direção aleatória e começo a caminhar, mancando.


Cof cof.

Eu movo minha mão para a minha garganta.

Porra. Onde está aquela criança? 

Olhando ao redor, vejo um beco sujo e com várias caixas de madeira quebradas no chão. Me levanto e pego a minha espada que deixei cair no chão. Saio de beco, então percebo que estou perto do subúrbio, esse lugar mal feito e sujo, casas coladas uma nas outras, que lugar apertado e abafado, como eles vivem aqui? Melhor sair antes que seja roubado. Começo a caminhar rapidamente de volta para o meu posto, no portão sul.

Eu vou matar aquele garoto! Que humilhação… Consegui ser derrotado por uma criança, ninguém pode saber disso. Irei procurar ele e o fazer desejar não ter feito isso comigo. Ranjo meus dentes pensando no que acabou de acontecer. Meu olho está ardendo, porque aquele desgraçado tacou bosta em mim.

Enquanto caminho, as casa mudam de estilo de construção. Antes as casa eram quadradas e mal feitas, caindo aos pedaços, agora já tem uma diferença, cada uma tem algo diferente da outra, não são mais quadradas e com a rua mais cuidada, não cheirando a bosta e urina, a rua ela é até mais larga, não estreita igual a outra. Também a movimentação de pessoas é diferente, aqui tem várias delas, conversando, namorando e rindo, a diferença de animação é clara, se bem que ninguém iria querer sair de noite no subúrbio só para ser assaltado.

Estava pensando em vender aquele muleque para o mercado negro, por isso o perseguir, já que seus olhos são vermelhos e deve valer uma boa grana. Vou achar esse merda e vender ele.

Com raiva de tudo, chego rapidamente no portão sul.

Tem algumas tochas para iluminar o local, uma cadeira velha para me sentar, enquanto na muralha tem uma pequena porta de madeira. Abro a porta e entro nela, lá dentro tem uma sala com vários caixotes no fundo dela, ao lado da porta tem uma mesa e algumas cadeiras, aqui é cheio de poeira e mofo, não tem tochas para iluminar o local, então está tudo escuro. Tiro a minha espada da cintura e a coloco em cima da mesa. Pego um copo de madeira e uma jarra também de madeira, derramo a água que está na jarra no copo e bebo.

Porra de água!

Eu vou mais a fundo na sala e acho um vinho em um caixote aberto. Encho o meu copo com o vinho e viro ele na minha garganta de uma vez.

Vou procurar aquela criança nem que morra tentando.


Enquanto estava caminhando procurando o rio, eu achei outro córrego e segui ele até finalmente ir ao rio. Como precisei guardar as carnes, peguei vários gravetos grandes e o amarrei em formato de “X”, formando um apoio para a minha lança na beira do rio. Eu deixei as carnes pegando sol para conseguir fazer carne seca.

Agora estou tentando fazer fogo.

Tentando… Não consigo nem fazer uma faísca. Quando cheguei, peguei alguns galhos e folhas secas e os coloquei em um pedaço de madeira seco e largo que achei, mas não tenho ideia como se faz fogo. Tentei friccionar os galhos na madeira, criando atrito, porém só adiantou para me fazer suar. Passei várias horas fazendo isso.

Certo, dessa vez consigo. Seguro o graveto e o coloco entre minhas mãos, dou uma longa inspirada de ar e solto ele lentamente. Começo a mover as minhas mãos para frente e para trás, início lentamente, mas logo acelero a velocidade que faço o atrito, a cada segundo, o graveto gira mais rápido, de repente, uma pequena fumaça começa a aparecer e me animo ainda mais, consequentemente, acelerando ainda mais as minhas mãos. Paro de mover minhas mãos e coloco as folhas secas na pequena fumaça e, como mágica, uma pequena chama aparece. 

Finalmente!

Ponho mais folhas secas na chama e o fogo aumenta. Sem perder tempo, também coloco vários gravetos para não perder esse precioso fogo.

Com uma fogueira quase pronta, pego a minha lança com as carnes e só deixo uma carne na lança. As outras carnes, coloco elas em um galho grande, substituindo a lança.

Fico sentado no chão em frente a pequena fogueira, girando minha mão, para cozinhar todas as partes. O cheiro da carne me faz salivar. Depois de cozinhar por completo, pego a carne com as minhas mãos, ela está quente, mas a minha fome me faz ignorar isso.

Chego ela perto da minha boca, e sinto o cheiro dela. Ainda estou sujo de sangue, mas o cheiro da carne sobrepõe sobre isso. Com a boca salivando, dou uma mordida nela.

Isso é o paraíso.

A carne suculenta derrete na minha boca, sinto o gosto do sangue que ficou na carne com a minha língua e, a cada mordida, fico cada vez com mais vontade de comer a carne, crocância do na parte de fora dela e a maciez se misturar fazendo aproveitar cada pedaço. Sem nem mesmo perceber, termino ela.

Pego outra carne e a cozinho também, depois disso, a como.

Não vou comer mais, preciso racionar a comida.

Boto mais lenha na fogueira e tiro minha roupa para tomar banho no rio. Na borda, coloco primeiro meu pé para sentir a temperatura da água, é um pouco fria. Coloco o outro pé também, mas como esse está ferido, sinto ele arder, porém continuo a ir mais fundo. Paro quando a água chega no meu peito. Esfrego meu corpo e o sangue sai dele, a água ao meu redor fica vermelha. Tomara que não tenha piranhas.

Depois de ter terminado de me limpar, vou um pouco mais fundo no rio até não conseguir tocar meus pés no chão, então dou uma grande inspirada e mergulho, como a água é límpida e bem transparente, consigo enxergar tudo.

Vários peixes de diferentes espécies nadando livremente, uma vegetação verde com várias pedras de várias cores no fundo e os raios de sol sendo distorcidos pela água iluminando aqui embaixo. Sinto a água gelada em cada parte do meu corpo me refrescando.

Vou para o fundo do rio e pego uma pedra lá, sinto a sua textura áspera e jogo ela para cima, a pedra sobe lentamente e começa a cair depois. Com a pedra caindo devagar, faço um giro com o meu corpo e chuto a pedra, ela é jogada para frente, mas logo para, por causa da resistência da água.

Volto para a superfície, já perdi o fôlego. Chegando lá, respiro profundamente para recuperar o ar. Acho que nunca nadei em um rio. No máximo, em praias e piscinas, é até bom.

Volto para a costa do rio e pego as minhas roupas e lavo elas. Depois de lavadas, as coloco para secar em um galho de árvore, enquanto elas não secam, eu fico peladão sentado no chão.

Olá, eu sou o Ender!

Olá, eu sou o Ender!

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