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Após colocar as duas grandes pedras nos obstáculos, o treinador vem andando tranquilamente até nós. Todos os alunos, que estão um do lado do outro como uma fila, observam ele vindo. O Kayatos vai até os troncos jogados no chão e os organiza em tamanho, formando um lado com com poucos troncos gigantescos e outro com vários menores, mas ainda grandes. É impressionante como ele conseguiu carregar tudo isso de uma vez, além de uma força sobrenatural, precisa de um equilíbrio não muito mais fraco. Depois de organizar todos, o treinador para na nossa frente.

— Vou chamar cada um de vocês para levantar eles. — O treinador aponta para as toras. — O objetivo vai ser passar os troncos por cima das cabeças de vocês. Não importa a técnica que use.

Praticamente, um levantamento de peso. Vai ser bem interessante isso.

— Venha você primeiro — o Kayatos chama uma pessoa qualquer. Ele anda até as toras mais leves e começa por eles. Em frente a uma, o rapaz, com as pernas semiflexionadas e a coluna reta, tenta levantar o tronco, faz um pouco de força, mas consegue, o jogando direto no chão após passar pela cabeça. O rapaz olha para o treinador que sinaliza para continuar. Dando uma passo para o lado e indo para um maior, ele faz a mesma coisa, conseguindo novamente passar pela cabeça, só que dessa vez precisou fazer mais força. O rapaz dá outro passo para o lado e tenta outro mais pesado, porém dessa vez não consegue ter força para subir.

Outros são mandados pelo Kayatos para tentar, boa parte não consegue ir além do que o rapaz foi, mesmo assim, tem vários que conseguiram passar dessa parte, alguns até foram bastante longe nesse teste de força. O interessante, é que parece que quanto mais pessoas vão, mais fortes são os próximos, o treinador está fazendo isso de propósito?

Quando menos percebo, a maioria já tentou levantar os troncos. Olho para o lado e vejo os que sobraram, são vários rostos conhecidos por mim, além de alguns outros, que curiosamente não tem nenhum ferimento, mostrando que venceram suas lutas sem apanhar, também não consigo ver nenhum cansaço nos seus olhares, apenas uma vontade de vencer.

Quase todos já foram, só sobrando mais cinco pessoas, eu, Maksi, o confiante, a maga e o de casaco preto. Com toda certeza, o treinador fez isso de propósito.

Agora o Kayatos olha para os que faltam, pensando em quem vai dessa vez. Não demora muito e escolhe o confiante. O menino caminha até as madeiras, chega nos de tamanho médio, então se prepara para tentar as levantar. Ao contrário do primeiro rapaz, o confiante desce completamente no chão, se agachando, depois pega em um buraco que tem na tora e o traz com uma boa velocidade até a cintura, usando a força das pernas. Fica apenas alguns momentos segurando na cintura, até usa seu corpo como pêndulo conseguindo subir, com explosão, acima da sua cabeça. Ele larga, então vai para o próximo. O mesmo processo se repete e logo vai para o outro. Só falta mais dois até o maior.

Em frente, o confiante olha com um sorriso para o que vai ter que enfrentar. Ele se agacha, pega no buraco do tronco e o levanta até a cintura com dificuldades. O vejo respirar um pouco antes de continuar. Assim que recupera o fôlego, com velocidade, tenta subir a madeira, mas no meio no caminho, bem antes de passar pela cabeça, seus músculos falham e ele não consegue mais. Ninguém ainda conseguiu passar desse ai.

O treinador me chama, caminho até o mesmo lugar que o confiante foi. Noto os olhares deles em mim. Olho para o tronco, vejo um buraco com algo como se fosse uma alça esculpida nele.

Me agacho na frente dele, pego na alça com força e respiro fundo. Já fiz levantamento de peso, só lembrar da técnica. Subo rapidamente com a madeira usando minhas pernas, só que no momento em que chega na minha cintura, me agacho novamente, colocando o tronco nos meus ombros. Como o tamanho dele é grande, atrapalha a minha visão e é desconfortável, já que preciso levar minha cabeça para trás, o que me causa um pouco de desequilíbrio. Ainda agachado, respiro fundo, então levanto o peso que está nos meus ombros para acima da cabeça, soltando todo o ar que puxei para meus pulmões. Após levantar, o jogo no chão.

Recupero meu fôlego. Após o recuperar, vou para o próximo. Dessa vez é mais pesado, além da madeira ser ainda maior, atrapalhando meu equilíbrio na hora de o colocar nos meus ombros, nessa parte tenho que curvar muito minha cervical e o resto da coluna para não cair no chão. Essa não é a técnica certa para levantamento de objetos assim, mas é o que eu sei, não irei tentar inventar algo e me lesionar. Não vou arriscar minha integridade só para um teste no primeiro dia.

Assim que me recupero do último levantamento, ando até o próximo. Se conseguir vencer essa carga, estarei batendo o recorde. Acho que o Kynigos gostaria disso.

Dou uma longa inspirada e me agacho, ficando de frente para a tora, pego um pouco de terra do chão e às passo na minha mão, por isso aperto com ainda mais força na alça esculpida. Relaxo meu corpo completamente, mas finco meus pés no chão. Respiro fundo e levanto o peso com toda velocidade que consigo, mesmo antes dele chegar na minha cintura, já me agacho. Sinto o tranco do peso no meu corpo, minhas mãos tremem, meu joelhos parecem que vão ser atirados para frente, esse corpo pode até ter um condicionamento físico, mesmo assim, ele não é treinado, principalmente por falta de músculos para proteger minhas articulações.

Meu rosto está colado no tronco, tudo que vejo é a textura dele. Preciso subir antes que minha lombar estoure. Por causa da madeira na minha frente não consigo respirar. Com o tora no meu ombro, a levanto usando todas as fibras que consigo recrutar em uma velocidade alta. Com um pulo, levo uma das minhas pernas para trás e a outra para frente, então passo ela acima da minha cabeça. Finalmente, jogo o peso para frente. Consegui terminar.

Já me cansei nesse, não tenho mais força para ir ao próximo. Caminho de volta para onde eu estava e fico observando os próximos irem. Os olhares dos outros alunos se tornam mais penetrantes, bem, bati o recorde. O Kayatos me olha por um momento, porém logo ele chama o garoto de casaco preto para ir.

Ele começa por um adiante do que eu comecei. Ele se agacha, pega na alça, e sem fazer nenhuma cerimônia, levanta a madeira rapidamente, bota na cintura, se agacha de novo e sobe o peso passando pela cabeça. Tudo isso aconteceu em um piscar de olhos. Sem perder tempo, o garoto vai para o próximo, o levantando sem quase nenhum problema. Dessa vez, ele para por uns momentos para respirar, porém, não demora muito e vai para outro.

Só falta terminar para conseguir ir para o maior, também bater o meu recorde. Se agachando novamente, o garoto pega na alça e vai direto tentar subir, ele puxa com as pernas, logo em seguida, se agacha de novo, mas agora na subida, ele tem dificuldades em conseguir empurrar o braço para ultrapassar a cabeça, o rosto dele fica vermelho e seu corpo treme, no entanto, não desiste. Após fazer muita força, o garoto consegue terminar o movimento. Vejo ele se desequilibrar um pouco, por isso, se ajoelha no chão com uma perna.

Recuperado, não tenta ir no último e volta para ficar ao nosso lado. Agora é a vez do Maksi. Ele anda até o mesmo que o de casaco preto começou, só que levanta ele tranquilamente, usando a mesma técnica de se agachar e levantar rapidamente. Acontece a mesma coisa no próximo, consegue fazer tranquilamente, menos que o levantamento anterior, mas ainda fácil para ele. Assim até parece leve.

Agora ele para na frente do penúltimo, se agacha, pega na alça, respira profundamente e levanta com certa dificuldade, só que agora, ele não usa a mesma técnica que antes, ele coloca a tora na cintura e a apoia nas pernas, então enverga a coluna para trás, trazendo o peso usando a força e rotação de ombro para o levantar acima da cabeça. O menino joga a madeira para trás e vai para o próximo.

Em frente do maior, ele apenas se agacha um pouco, praticamente pegando o tronco como se fosse um exercício “terra”. O vejo inspirando e expirando, e após, ele começa a tentar puxar. O peso é tão grande que não dá para ele fazer rapidamente, suas bochechas estufam, além do seu rosto ficar vermelho. Maksi apoia a madeira pesada nas suas pernas e curva a coluna para tentar levantar, só que parece que o peso ainda é muito grande para ele. Depois de jogar a tora no chão, o garoto para por um momento tentando recuperar o fôlego. Depois volta para ficar com a gente. Esse cara é mais forte do que eu esperei.

Dessa vez, o Kayatos chama a maga para ir. Os olhares de todos focam nela, tentando imaginar o que irá fazer em seguida. Ela simplesmente vai no maior tronco que tem, sem ir nos outros para se aquecer, o tamanho dele é tão grande, que passa dos joelhos dela. Percebo a caixa torácica dela se enchendo e depois esvaziando, sinto o ar ficando um pouco mais leve, também sinto como se algo estivesse sendo puxado. Então, vejo o tronco se saindo do chão bem devagar, a maga levanta suas mãos como se isso ajudasse a levantar. Ele vai subindo no ar sem nada que o segure, até chegar aos ombros da maga e logo em seguida, a sua cabeça. No exato momento que chega na cabeça dela, ele é solto, o barulho que faz no momento que encosta no chão é ensurdecedor, como um trovão batendo na terra, mostrando o peso gigantesco disso.

Isso é trapaça.

Olá, eu sou o Ender!

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