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Entrando dentro da cabana, ando pelo corredor até o quarto, o lugar é escuro e os meus passos fazem a madeira ranger. Caminho lentamente até abrir a porta, só que logo após me deparo com os meus colegas de quarto em suas respectivas camas. Um deles está sentado na cama e os outros dois deitados. O menino que está sentado é um rosto conhecido, é o rapaz de casaco preto. Só que isso é o de menos, a outra pessoa que está deitada, segurando um livro em suas mãos com um capuz no rosto, é a maga. Todos os três me olham durante o tempo que fico na porta observando eles. Solto um suspiro interno e entro no quarto fechando a porta. 

No caminho até a cama, as cabeças deles me seguem. O de casaco preto se sentou na mesma beliche que eu, só que na parte de baixo. A maga e uma garota estranha ficam na outra beliche. Paro na frente da cama, então dou um pulo para subir nela. A garota estranha também vai dormir na parte de cima, por isso seus olhos ficam na mesma linha de visão dos meus, seus cabelos são pretos, indo até seus ombros, os olhos dela são castanhos e grandes, sua feição é bastante bonita, mesmo sem qualquer maquiagem, só que não parece delicada e sim uma pessoa firme, até mesmo seu olhar para mim é de curiosidade. 

Me arrasto até a cabeceira da cama, após isso, apoio minhas costas na parede e cruzo minhas pernas. Um silêncio constrangedor paira pelo recinto. Parece que isso já pairava aqui antes de eu chegar. Bem, não me importo com isso. Olho para cima e percebo que tem uma pequena lamparina iluminando fracamente o local, no pequeno balcão também tem outra lamparina. Me viro para olhar pela janela acima do balcão, mas não consigo ver muita coisa, assim que volto para minha posição anterior, vejo o de casaco preto me encarando. Por favor, não venha brigar também. Espero qualquer movimento dele, mas nada acontece. 

Quando ia fechar meus olhos, ouço a menina estranha falando. — Me chamo Demcis, e vocês? — Ela termina a pergunta se apoiando para frente da sua cama tentando ver a maga e o de casaco preto. 

Olho para ela a respondendo. — Morrigan. — Sua cabeça vira em minha direção. — Prazer em conhecê-lo — Demcis me retribui. — E os nomes de vocês aí de baixo? — ela pergunta com seus olhos correndo de lado a lado, fitando ambos.

— Temmos — o de casaco preto fala. Sua voz é séria, um pouco grossa, também parece não carregar nenhuma emoção ou intenção.

— E a da senhora maga ai? — A Demcis se pendura ainda mais da cama, quase ficando suspensa no ar.

— Hecatis. — Sua voz é seca, parecendo até como se não quisesse falar, além de que seus olhos nunca saíram do livro

Ninguém aqui quer conversar, sinto até um pouco de pena dessa menina. A expressão da Demcis é pensativa, deve estar pensando em um jeito de nos fazer conversar. Do nada, sua expressão muda, começando a falar. — O que vocês acham que vai haver amanhã no treino? Aquele treinador pegou pesado com a gente só no primeiro dia, ainda nem me recuperei do cansaço.

Alguns pequenos momentos se passam, porém ninguém responde nada. Não tem motivo para fazer ela passar vergonha, já que vamos ter que dormir no mesmo quarto, vou tentar criar uma relação saudável. — Sinceramente, não faço ideia, mas segundo pelo o que ele disse, a tendência é piorar daqui para frente, então amanhã com certeza vai ser pior que hoje. Bem, o treinador também pode fazer ser mais leve para descansarmos um pouco, porém é improvável. — Os olhos dela brilham vendo que alguém a respondeu.

Escuto a voz do Temmos abaixo de mim. — Não me importo com o que vai acontecer amanhã, mas concordo com o cara de cima, deve ser pior que hoje. — A voz dele ainda continua séria e sem emoção.

Não é um assunto importante, só que pelo menos, dá para criar uma relação aceitável se continuarmos.

— O que acha, Hecatis? — A menina coloca a cabeça fora da cama tentando olhar para a maga.

— Concordo com os outros dois.  — Sua visão não sai do livro.

Três antissociais tentando conversar é interessante. — O que está lendo? — pergunto para a Hecatis. 

— Um livro de magias.

Ainda com a cabeça para fora da cama, a Demcis pergunta. — Ohh, se eu o ler consigo aprender a soltar magias?

— Não, é um livro mais intermediário. Você nem entenderia o que está escrito. Primeiramente, você precisa despertar seu núcleo de mana. — A sua voz começa a ficar mais empolgada. — Depois tem que começar a se aprofundar mais e comprar livros, claro, você pode comprar antes, aí quando despertar seu núcleo já vai ter tudo preparado. 

Núcleo de mana? A olho e vejo que sua atenção saiu do livro.  — Então quando conseguiu usar sua primeira magia? — pergunto a maga.

— Depois que despertei meu núcleo de mana, tive que comprar a magia, após isso a estudei detalhadamente e a escrevi em mim. 

Demcis faz uma cara confusa. — Em você? — ela pergunta.

— No meu núcleo de mana — responde a Hecatis.

— Como é usar magia? — Demcis se pendura ainda mais perguntando. Ela vai acabar caindo assim.

— Você apenas pensa em usá-la, já que você a escreveu em si, o núcleo de mana faz quase todo o trabalho. Você só precisa pensar em puxar a mana e fazê-la entrar no seu corpo. 

Ajeito minha postura na cama e pergunto. — Como é a aura então? 

— A aura? Ela é um pouco diferente da magia. — A maga coloca seu livro de lado e também se senta na cama com as costas apoiadas na parede. — Simplificando, na magia, você pega a mana do ar, traz para você e depois expele em forma de magia após passar pelo seu núcleo. Na aura, não tem esse processo de expelir, você a mantém no seu corpo para fortalecer seus músculos. É um processo mais complicado que isso, por isso só simplifiquei, não me foquei em estudar aura, então é só mais ou menos isso que sei. 

— Para despertar o núcleo de mana preciso de quê? — pergunto a ela.

— Hmm, há dois modos. O natural, que é quando você tem muita exposição a mana ao longo da vida, e o forçado, que acontece quando uma pessoa propositalmente se expõe a muita mana de uma vez só. Neste último método, o risco de morte ou qualquer outro tipo de lesão é gigantesco. 

Quase que completamente fora da cama, a Demcis pergunta a maga. — Qual método você usou?

— O natural. Nós demônios conseguimos despertar o núcleo de mana mais facilmente do que humanos, por isso podemos usar magia bem mais cedo que vocês. Os humanos despertam, normalmente, quando adultos, já os demônios, boa parte deles despertam na infância ou adolescência.

— Então você é realmente uma demônia? — fala a Demcis logo após a maga terminar, com olhos bastante curiosos. 

— Sim. — A voz da Hecatis abaixa um pouco.

Parece que é um tema delicado.

— Ohhh! — A menina exclamo e começa a se pendurar mais na cama até que começa a escorregar dela. — OHHHHHH———-!!!

BHOOF!

Já tinha falado que ia cair. A Demcis despenca caindo de costas no chão.

A maga anda para a borda da sua cama. — Você está bem? — pergunta para a garota caída.

— Sim, consegui sobreviver à queda. — a menina dá uma pequena risada e a Hecatis também. 

A maga volta a se encostar na parede, mas logo depois que volta a sua posição, ela tira o capuz mostrando todo o seu rosto que até agora ninguém tinha visto.

Olá, eu sou o Ender!

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