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Quando os dois capangas correram para me pegar, o Maksi grita: — Eu cuido dele. — Ele vem andando tranquilamente até mim. Entre nós, tem uma pequena clareira e ele anda por ela. Coloco minhas mãos no bolso, sentindo o frio das pedras e penso como irei fazer isso.

Nos treinos, seu físico sempre foi superior ao meu, menos nos treinos que envolviam velocidade, mas nos restantes, ele sempre tinha uma vantagem entre nós. Ele também sabe lutar e tem conhecimento de arte marciais e armas. Meu corpo agora está completamente esgotado, não tem nenhuma chance de eu ganhar. Fugir também não, já que, como falei, não tenho mais força nem resistência para isso.

Não consigo pensar em nenhum plano que reverta isso. Posso usar as pedras, porém não vai mudar a situação. Não posso contar com a ajuda de ninguém. Posso oferecer a bandeira para sair ileso, mas não vou fazer, também acho difícil ele me deixar ir. Tenho árvores, pedras… e só. A lança se quebrou no momento em que a joguei, ela, simplesmente, não serviu para nada, além de alertar ele. Não consigo me esconder de novo, a não ser que o Maksi seja cego. Ele falou para os capangas não virem, só que não posso confiar nisso.

O que eu faço? O Maksi começa a correr até mim, mas fecho os meus olhos pensando em um plano.

Os passos dele chegam cada vez mais perto…

Abro meus olhos e vejo ele chegar perto.

— Se você encostar em mim, vai haver uma guerra entre seu clã mercenário e o do Dilliam. — O soco dele hesita a poucos centímetros do meu rosto, mas isso é o suficiente. Meu punho viaja com toda a minha força concentrada até a parte superior da sua barriga, abaixo das costelas, onde estão alguns dos órgãos e o diafragma.

Quando o atinjo, o Maksi fica paralisado com o punho na minha frente e seu rosto embranquece. Até que sua bochecha enche e vomita. Dou um passo para trás, me esquivo do vômito, olho onde estão as torres e tento predizer a localização da cabana, então começo a correr antes que os capangas dele me alcancem.

Se antes ele fazia bullying comigo, agora ele vai começar a me caçar freneticamente. Agora não tem mais volta. Sigh… suspiro ao pensar nisso.

Ao chegar no campo com a bandeira na mão, vejo o meu grupo em pé. Então levanto a bandeira e balanço para mostrar que consegui trazer ela de volta. Os alunos me olham com inveja

Ando até o treinador Kayatos, e entrego a bandeira. — Aqui está, senhor.

Ele me olha e fala: — Parabéns, vocês são o sexto grupo a chegar.

Depois de entregar, me viro para trás e vejo o meu grupo vindo até mim, quando eles chegam, me parabenizam.

— Você realmente conseguiu — fala a Demcis dando tapas no meu ombro. — Pensei que ia apanhar um pouco como sempre, mas você parece estar ileso.

— Como sempre? — eu pergunto.

— Sim, toda hora que você briga, você só foca em uma pessoa e sempre apanha. Sabia não? Mas, saindo desse assunto… meus parabéns. Não é que você conseguiu trazer de volta mesmo. Não estava acreditando. — Ela coloca a mão atrás da cabeça rindo.

— E aquele cara? — pergunta o Temmos.

— Consegui despistar ele… só que acho que ele irá me infernizar ainda mais.

— Não se preocupa — fala a Demcis, ainda batendo no meu ombro. — Mexeu com o Morrigan, mexeu com a gente.

— Obrigado.

— Ela está certa — fala o Temmos. — O objetivo do treinador ao formar esses grupos é para nos ajudar. Então, caso ele venha te infernizar, vamos te ajudar.

Conversamos mais um pouco, até que o Maksi aparece com os olhos grandes de raiva. Ele me encara como se estivesse me dissecando em sua mente. Felizmente, ele não vem até mim. Preciso cuidar dele de algum jeito, para que ele não possa fazer nada contra mim.

O treinador chama todos assim que a última bandeira chega e anuncia algumas coisas. — Como falei, os ganhadores vão receber essas moedas de acordo com sua posição.

Alguns professores aparecem e nos entregam moedas feitas de madeira. Eles me deram quatro moedas.

— Vou repetir para que elas servem, caso não tenham entendido da primeira vez. Elas vão ser usadas para comprar: armas, treinos especiais, informações e, o mais importante, privilégios. Quaisquer dúvidas, perguntem para os professores.

Olho para as moedas na minha mão, giro elas e percebo que são bem esculpidas. Cada uma tem “1” esculpido nelas, e do outro lado, que seria a “cara”, tem uma lança, espada e arco juntos. Entrego uma moeda para cada um do meu grupo.

Olho ao redor e vejo que alguns dos ganhadores têm mais moedas do que outros, deve ter a ver com suas colocações.

— Vocês podem fazer o que quiserem com essas moedas. Trocarem, venderam para outros, jogarem fora, até comerem. Então, se divirtam com ela. Vocês estão livres o resto do dia.

Eu e meu grupo fomos para o quarto conversar sobre essas moedas.

Sentando na borda da minha cama, com o Temmos sentando na sua abaixo de mim, olho para a Demcis brincando com a moeda. — Sinto que isso vai causar muita confusão — fala ela.

— Provavelmente — eu falo enquanto analiso esse pedaço de madeira.

— Vão comprar alguma coisa agora? — ela pergunta.

— Não — eu respondo.

— Temmos?

— Vou procurar mais tarde algum tipo de treino especial para comprar, se tiver algum interessante, eu compro.

— Hecatis?

— Não — ela responde, sem tirar os olhos do seu livro deitada na cama.

E você? — eu pergunto.

— Vou guardar para usar em alguma situação, por enquanto, não vejo tanta utilidade dela para mim.

Meio que ela está correta, provavelmente, para a maioria das pessoas, tirando as do tipo do Temmos que amam treinar, não tem tanta utilidade essa moeda. Também não tenho muita utilidade para ela.

Coloco a moeda em um bolso secreto do meu casaco. O treinador não falou nada sobre roubar, então isso pode ser possível. Não acho que vai acontecer algo do tipo no início, mas é melhor me precaver.

Deito no colchão e tento descansar enquanto converso, até chegar o outro dia. Como a competição acabou, a rotina volta ao normal, então fomos treinar logo de manhã. A única coisa estranha, é o Maksi me encarando com raiva o tempo todo. Ele, com certeza, quer me matar.

Depois de treinar, fomos para o refeitório. Sentado nele, olho para a mesa onde o Dilliam está. Me levanto e ando até ele. Sento a frente dele, e o garoto loiro me encara surpreso. Ignoro os olhares dos restantes na mesa.

— Vamos fazer uma parceria — falo para ele.

Um sorriso aparece no seu rosto. Converso com ele sobre o porquê de eu fazer isso. Evito falar alguns assuntos, mas explico em parte que é por proteção. O Maksi está com sede de ódio e ele tem quase metade de todos os alunos deste CT, mesmo tendo força o suficiente para enfrentar cinco ou seis de alunos comuns, dezenas é, claramente, impossível, como experimentei nessa última competição ao enfrentar uma dúzia com o Temmos. Meu corpo embaixo do casaco está roxo, devido aos hematomas.

Felizmente, o Dilliam tem a outra metade do CT ao seu comando, e ele quer fazer amizade com meu grupo, principalmente comigo. Conversei com o grupo antes e eles não se importam. A maga e o Temmos só responderam instintivamente, sem nem ligar para o que falei.

Com isso, o Maksi não vai me incomodar, por enquanto, pelo menos, não abertamente. Se não, vai literalmente rolar uma batalha no CT envolvendo todos os alunos. Na verdade, talvez isso seja inevitável, mas não irei estar sozinho quando isso acontecer. Não acho que os professores irão impedir isso, honestamente, provavelmente, os professores até irão incentivar isso.

Quando termino de conversar com e voltando para a minha mesa, o Dilliam fala que irá me chamar depois em algum lugar privado. Aceno com a cabeça e volto.

— Como foi? — a Demcis me pergunta.

— Normal, não rolou nada de especial e ele só aceitou tudo que eu disse. Bem, são exigências simples, não tem por que recusar. Vou falar os detalhes com ele mais tarde.

Falo para ela os detalhes do que rolou, porém, simplificando, foi apenas isso.

O Temmos chega suado e senta ao nosso lado ofegante. Chamo seu nome e ele me olha.

— Posso pedir um favor?

Depois de dizer o que quero pedir, pegamos algumas espadas de madeira e adentramos na floresta até achar uma clareira.

As artes marciais que eu sei são apenas para lutar com uma pessoa de cada vez e seguindo regras numa luta controlada. Porém, aqui, não consigo lutar com vários ao mesmo tempo de forma eficiente, também, provavelmente, não conseguirei lutar um contra um com pessoas fortes, já que não estou acostumado a isso; uma luta sem regras ou juízes. Então, preciso aprender a fazer isso.

Naquela luta, eu que lutei com o Temmos contra mais de uma dúzia, depois que fui nocauteado por um descuido meu e ele me apoiou em uma árvore, vi ele lutar de maneira eficiente e limpa, todos seus movimentos eram feitos para causar o máximo de dano possível sem se desgastar, além do que, ele soube controlar a multidão para poder lutar contra vários ao mesmo tempo. Se tem algum aluno que pode me ajudar, é ele.

Com as espadas de madeiras encostadas em uma árvore, nós, no meio da pequena clareira, botamos nossa base para lutar.

— Você é indeciso, pensa demais — ele fala.

— Como assim?

— Provavelmente, você conhece várias artes marciais e usa o golpe que mais te ajuda naquele momento. Isso é um bom jeito de lutar. Para pessoas experientes. Já que você, como eu, temos poucas experiência em lutas, isso é algo burro de se fazer. Seu corpo não se acostumou ao movimento de uma arte marcial, mas, mesmo assim, você usa um movimento de outra. Seu corpo fica confuso e não sabe o que fazer. Por enquanto, escolha apenas uma para usar, no momento em que você ficar em um nível aceitável de experiência nela, você foca em treinar outra. Claro, a base de seus movimentos vai ser a primeira que escolheu, a segunda vai ser auxiliar. Uma não deve competir contra a outra, elas devem se complementar e se ajudar. Pense um pouco na qual você vai seguir, depois começo a te ajudar

Ele relaxa a base e se senta no chão. Uma arte marcial principal? As que eu sei, a maioria está no mesmo nível de prática, então não tem nenhuma em que sou melhor do que a outra. Posso escolher pelo físico desse corpo. O que mais se distingue nesse corpo é a velocidade. Nos treinos em que envolve corrida, sempre fico em primeiro. Pode-se dizer que tenho uma boa explosão e força nas pernas, posso usar isso de critério para a que vou escolher. Uma arte marcial que usa as pernas. Bem, não pode ser uma que apenas usa elas, já que isso é ineficiente.

Penso por um tempo até que me decido. O Temmos se levanta do chão e me olha. Fico na posição principal dessa arte que escolhi.

— Pronto. Vamos fazer os movimentos de maneira lenta para que eu possa apontar em como você pode melhorar, então irei te dar algumas dicas que uso para treinar.

Como ele disse, treinamos por algumas horas. O Temmos perde alguns treinos para me ajudar, por isso me concentro e absorvo todo conhecimento que ele me ensina. Já que ele está fazendo isso por mim, é o mínimo que devo fazer.

Olá, eu sou o Ender!

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