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Ryuu avançava em sua moto pelas estradas sinuosas que levam às montanhas. A cidade, com seu brilho incessante e ruído constante, havia ficado para trás. Agora, tudo o que o rodeava era a escuridão da floresta, quebrada apenas pelos faróis de sua moto e pelo ocasional som de animais noturnos escondidos entre as árvores. O caminho se tornava cada vez mais deserto e traiçoeiro, como se as montanhas em si estivessem tentando afastar intrusos.

Enquanto subia, Ryuu relembrava tudo o que havia descoberto. A instalação nas montanhas, mencionada nos arquivos criptografados, parecia ter sido um dos últimos mastros da KairoCorp antes de sua queda. As pistas sugeriam que os experimentos ali realizados eram perigosos e envolviam não apenas tecnologia, mas manipulação direta da mente humana. A ideia de se aproximar de tal lugar era aterrorizante, mas ele sabia que era o próximo passo para descobrir a verdade sobre seu pai e sobre a Red Queen.

Depois de algumas horas na estrada, Ryuu chegou a uma pequena vila nos arredores da montanha, um lugar quase esquecido pelo tempo. As casas eram antigas, muitas delas abandonadas ou em ruínas, e a população parecia pequena e desconfiada de estranhos. Ele parou em um posto de gasolina para abastecer e pegar algumas informações. O atendente, um homem idoso e curvado pelo tempo, olhou para Ryuu com um misto de curiosidade e medo.

“Não costumamos ver muitos visitantes por aqui”, disse o homem, enquanto enchia o tanque da moto. “A maioria só passa por essas bandas a caminho da cidade, e mesmo assim, poucos se atrevem a seguir montanha acima.”

“Estou procurando uma antiga instalação”, respondeu Ryuu, tentando soar casual. “Um lugar que pertenceu a uma corporação anos atrás.”

O velho parou por um momento, seus olhos estreitando-se enquanto avaliava Ryuu. “Sei de que lugar está falando”, disse ele finalmente, sua voz mais baixa. “Mas não há nada lá além de paredes caindo e histórias assustadoras. Alguns dizem que o lugar é assombrado, que as pessoas que vão até lá não voltam. É melhor seguir seu caminho e esquecer essa ideia.”

Ryuu agradeceu pelas informações, mas ele já estava decidido. Após abastecer, ele continuou a subir a montanha, agora em direção à instalação.

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A estrada se tornou ainda mais estreita e tortuosa à medida que Ryuu se aproximava da localização indicada nos arquivos. A vegetação ao redor se adensava, e a neblina começava a se formar, dificultando a visão. Ele começou a notar sinais de que a área havia sido fechada: cercas enferrujadas, placas de advertência quase ilegíveis e, em um ponto, o que parecia ser uma antiga barreira de segurança, agora caída e engolida pela natureza.

Finalmente, ele avistou a instalação. Um complexo de prédios de concreto, alguns parcialmente destruídos, outros em melhor estado, mas todos irradiando uma sensação de abandono e mistério. Ryuu estacionou sua moto em uma área escondida e se preparou para explorar o local a pé.

Caminhando pelos arredores, ele sentiu o peso do silêncio. Não havia o som de pássaros, nem de vento; apenas o eco de seus próprios passos. As estruturas, embora em ruínas, ainda mantinham um ar de imponência, como se fossem relíquias de um passado esquecido. Ele encontrou uma entrada parcialmente aberta e, com cuidado, entrou no que parecia ser o prédio principal.

O interior era escuro e claustrofóbico, com corredores longos e estreitos que se estendiam em várias direções. Ryuu ativou sua lanterna, iluminando os destroços e revelando portas enferrujadas, marcas de deterioração nas paredes e equipamentos tecnológicos antigos, agora cobertos por poeira e teias de aranha. Apesar de a instalação parecer abandonada há décadas, ele não podia afastar a sensação de que estava sendo observado.

Enquanto avançava, Ryuu notou um conjunto de cabos que levavam a um painel de controle ainda alimentado por energia. Ele se aproximou e, com uma pequena dose de surpresa, descobriu que o sistema ainda estava funcional. A energia era limitada, mas o suficiente para acessar arquivos armazenados localmente.

Ligando o painel, Ryuu começou a explorar os dados disponíveis. A maioria dos arquivos estava corrompida ou protegida por criptografia pesada, mas um documento chamou sua atenção. Era um relatório de projeto datado de vinte anos atrás, descrevendo experimentos com realidade aumentada e controle neural. O objetivo era claro: criar um sistema que pudesse manipular a percepção das pessoas, inserindo memórias falsas e apagando as verdadeiras. O título do relatório era “Iniciativa Red Queen”.

A descoberta arrepiou Ryuu. A instalação nas montanhas não era apenas um lugar de pesquisa, mas um laboratório de manipulação mental em grande escala. Ele sabia que esse era apenas o começo do que encontraria ali.

Enquanto lia o relatório, uma mensagem apareceu na tela: “Intruso detectado. Ativando protocolo de segurança.” As luzes do corredor piscavam, e ele ouviu um som metálico à distância. Algo ou alguém estava vindo.

Desligando o painel, Ryuu rapidamente se escondeu em um dos quartos laterais, observando pelo vão da porta. Ele esperou, seu coração batendo forte, enquanto os passos se aproximavam. Não era humano; o som era mecânico, como o de uma máquina patrulhando os corredores. A presença da tecnologia funcional indicava que a instalação estava mais ativa do que ele imaginava.

O som ficou mais próximo, e Ryuu viu uma sombra se projetar na parede à sua frente. Era grande, com braços que pareciam armas e olhos vermelhos brilhando no escuro. Era um drone de segurança, uma relíquia da era da KairoCorp, ainda em operação após todos esses anos.

Sem fazer barulho, Ryuu se moveu para o fundo do quarto, tentando encontrar uma saída. Se o drone o detectasse, seria o fim. Ele vasculhou o ambiente em busca de algo que pudesse usar, e encontrou uma pequena grade de ventilação. Era estreita, mas parecia a única opção. Com esforço, ele removeu a grade e se espremeu para dentro.

O espaço era apertado e mal iluminado, mas o suficiente para que Ryuu se movesse pelo sistema de ventilação. Ele avançou com cuidado, ouvindo os sons do drone patrulhando os corredores abaixo. Após alguns minutos angustiantes, ele finalmente emergiu em outro corredor, mais afastado do centro da instalação.

Com o drone longe, Ryuu retomou a busca por respostas. Ele sabia que, para entender completamente o que estava acontecendo, precisaria explorar mais profundamente. Mas, à medida que avançava, a sensação de estar sendo vigiado se intensificava. Ele se perguntou se a Red Queen estava monitorando seus movimentos, ou se algo mais antigo e sombrio estava à espreita.

Os corredores levaram Ryuu a uma grande sala, que parecia ter sido o coração da instalação. Havia cabos suspensos do teto, conectando uma série de terminais e câmaras cilíndricas de vidro. Algumas dessas câmaras estavam quebradas, mas outras permaneciam intactas, com uma substância viscosa no interior. Em uma das câmaras, ele viu algo que o fez parar.

Uma figura humana, ou o que restava de uma, flutuava dentro da câmara, conectada a uma série de tubos e eletrodos. A visão era grotesca e perturbadora, como se a pessoa tivesse sido submetida a experimentos horríveis. Ryuu se aproximou, tentando entender o que estava vendo. Os monitores ao lado da câmara exibiam leituras vitais ainda ativas, sugerindo que, de alguma forma, aquele corpo ainda estava vivo.

A curiosidade e o horror lutavam dentro de Ryuu. Quem era essa pessoa? E por que estava sendo mantida ali, décadas após o encerramento dos experimentos? Ele sabia que deveria sair, mas algo o impeliu a investigar mais.

Antes que pudesse se aproximar ainda mais, um som metálico ecoou pela sala. Ryuu virou-se rapidamente, apenas para ver a porta se fechando atrás dele. Ele estava preso.

A instalação, outrora silenciosa, agora parecia ganhar vida ao redor dele. Luzes piscavam, monitores ligavam e sons mecânicos ecoavam pelos corredores. A situação estava rapidamente saindo de controle, e Ryuu sabia que precisava pensar rápido para escapar.

Mas antes que pudesse agir, uma voz ecoou pela sala, fria e calculista, como se estivesse saindo diretamente das paredes:

“Você entrou onde não devia, Ryuu. Agora, verá o que nunca deveria ter visto. Bem-vindo ao coração das trevas.”

A voz era familiar, mas distorcida. Era a Red Queen. Ela estava ali, controlando tudo, jogando com ele. Ryuu sentiu um frio na espinha, mas, ao mesmo tempo, uma determinação renovada. Se ela queria brincar com ele, ele estava disposto a jogar.

Sabendo que o tempo estava se esgotando, Ryuu olhou ao redor, buscando uma saída ou algo que pudesse usar. A sala agora parecia um campo de batalha prestes a explodir, e ele precisava estar um passo à frente. Mas com cada movimento que fazia, parecia que a instalação reagia.

Ryuu sentia a pressão do tempo se esgotando. As máquinas que despertavam ao seu redor não pareciam acolhedoras; pelo contrário, cada movimento delas era uma ameaça iminente. A voz distorcida da Red Queen ecoava em sua mente, misturando-se com o barulho dos equipamentos que se ativavam, como se a própria instalação estivesse ganhando vida.

Ele não tinha muito tempo para pensar. A instalação era uma armadilha pronta para fechá-lo em suas garras. Observando ao redor, Ryuu percebeu um painel de controle do outro lado da sala, parcialmente coberto por cabos pendurados. Ele correu até ele, seus passos ecoando nas paredes de metal. Chegando ao painel, seus dedos voaram sobre os botões, tentando acessar qualquer informação que pudesse lhe dar vantagem.

Os monitores piscavam enquanto ele tentava abrir as portas ou desativar os sistemas de segurança, mas a instalação resistia a cada tentativa. A Red Queen estava jogando com ele, como um gato brincando com um rato. Mas Ryuu não estava disposto a ser pego tão facilmente.

Finalmente, um dos monitores revelou o layout do prédio. Ryuu identificou uma rota de escape, mas ela passava por uma série de corredores guardados por mais drones e sistemas de defesa automatizados. Era arriscado, mas ele não tinha escolha. Respirando fundo, ele bloqueou todos os outros pensamentos e focou em sua única saída.

Com um último comando, ele forçou a reabertura da porta pela qual havia entrado, sabendo que teria que correr pelos corredores, evitar os drones e tentar sobreviver às armadilhas. Quando a porta finalmente se abriu, ele disparou para fora da sala, correndo pelos corredores estreitos, com as luzes piscando e os drones zumbindo ao redor.

Os sons metálicos se intensificaram à medida que Ryuu avançava. Em um momento, um dos drones cruzou seu caminho, bloqueando sua passagem. Sem hesitar, ele lançou uma granada de pulso que havia trazido consigo, desativando temporariamente o dispositivo e permitindo que continuasse.

Enquanto corria, ele sentia a presença da Red Queen em cada esquina, como se ela estivesse observando seus movimentos, testando-o. Mas Ryuu sabia que não podia parar agora. Ele precisava continuar, não apenas para salvar sua própria vida, mas para desvendar o mistério que envolvia a KairoCorp, seu pai, e a própria Red Queen.

Finalmente, após uma corrida angustiante através dos corredores labirínticos, ele avistou uma saída. Com os drones em seus calcanhares e o sistema de defesa ativado, Ryuu se lançou em direção à porta, sentindo o calor das armas automáticas que começaram a disparar atrás dele.

Num último esforço, ele se jogou para fora da instalação, rolando pelo chão áspero e sentindo a brisa fria da noite montanhosa. As armas automáticas cessaram de repente, como se tivessem recebido uma ordem para parar assim que ele cruzou o limite da instalação.

Ryuu se levantou, respirando pesado, sujo e ferido, mas vivo. Ele olhou para trás, para a instalação agora silenciosa e escura, como se nunca tivesse despertado. Ele sabia que essa vitória era temporária, que a Red Queen não tinha terminado com ele. Mas, por ora, ele havia escapado.

Sem perder tempo, Ryuu voltou para sua moto, suas mãos tremendo levemente enquanto ligava o motor. Ele acelerou, deixando para trás a instalação sombria e mergulhando novamente na escuridão da floresta. Sua mente estava a mil, tentando processar tudo o que havia visto e experimentado.

Ele sabia que as respostas que procurava estavam cada vez mais próximas, mas também sabia que o caminho adiante seria ainda mais perigoso. As montanhas sussurravam segredos antigos, e Ryuu estava decidido a descobrir a verdade, custe o que custar.

Com a moto rugindo pelas estradas sinuosas, Ryuu desapareceu na noite, deixando para trás um pedaço do passado, mas carregando consigo o peso de um futuro incerto.

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Olá, eu sou Zara Phoenix!

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