Ryuu estava sentado em seu pequeno apartamento, o brilho azul de seus múltiplos monitores refletindo em seus olhos cansados. A cidade lá fora fervilhava com o som constante de drones passando e anúncios holográficos piscando, mas Ryuu estava alheio a tudo isso. Para ele, o mundo real era apenas uma pausa entre os trabalhos que realmente importavam — os contratos no submundo digital.
Ele era um hacker renomado, conhecido como Phantom, um nome que inspirava medo e respeito em igual medida. E, embora o título fosse grandioso, Ryuu sabia que não era imortal. Cada trabalho vinha com seus riscos, e o próximo poderia muito bem ser o último.
O alerta suave de uma nova mensagem o trouxe de volta à realidade. Ele abriu o painel de controle no maior dos monitores, e uma nova janela apareceu, piscando com a marcação de alta prioridade. O remetente era desconhecido, mas isso não era incomum no seu ramo de atuação. Na verdade, era um bom sinal.
Phantom,
Tenho um trabalho que apenas você pode realizar. O pagamento é generoso, mas os riscos são altos. O alvo: entrar em um dos sistemas mais protegidos do mundo, o núcleo central da KairoCorp. Detalhes sobre o que você deve buscar serão dados após a aceitação do contrato.
Se estiver interessado, responda a esta mensagem com a palavra ‘Concordo’.
– Red Queen
Ryuu leu a mensagem várias vezes, seus dedos tamborilando na superfície da mesa. KairoCorp era uma das maiores megacorporações do planeta, conhecida tanto por sua tecnologia de ponta quanto por sua segurança impenetrável. Penetrar em seu núcleo central era considerado impossível — ao menos para a maioria dos hackers.
Mas não para Ryuu.
Ele sempre aceitou os desafios mais difíceis, porque sabia que era isso que o mantinha no topo do jogo. Ainda assim, havia algo inquietante neste contrato. A falta de detalhes, o anonimato do contratante, e, é claro, o próprio alvo. Tudo isso o deixava desconfiado. Mas o dinheiro… Ah, o dinheiro era bom demais para recusar.
Depois de mais alguns momentos de reflexão, ele digitou a resposta: “Concordo.”
Em questão de segundos, outra mensagem apareceu, desta vez com um conjunto de coordenadas e instruções. Ele deveria acessar o servidor oculto em um ponto específico da rede, onde receberia as informações detalhadas sobre a missão.
Bem-vindo ao jogo mortal, Phantom.
Essas palavras ficaram gravadas na mente de Ryuu enquanto ele preparava seu equipamento. Com uma velocidade precisa, ele conectou os cabos e ajustou os protocolos de segurança. Um clique aqui, uma linha de código ali, e ele estava pronto para mergulhar na rede.
Vestiu seu capacete VR e, com um último olhar para o apartamento vazio, iniciou a imersão total. A sala desapareceu e foi substituída por um vasto espaço digital — uma cidade virtual que espelhava o caos de Tokyo, mas com uma beleza etérea.
Ele estava agora no lugar onde se sentia mais à vontade: o espaço cibernético.
Ryuu seguiu as coordenadas até um beco estreito entre edifícios de dados, onde um portão digital brilhava em vermelho. Era o servidor oculto mencionado na mensagem. Sem hesitar, ele avançou, digitando a chave de acesso que havia sido enviada para ele.
O portão se abriu, revelando uma sala escura com um único terminal flutuando no centro. As palavras “Red Queen” estavam escritas em um holograma acima do terminal. Ele se aproximou e uma série de dados começaram a fluir na tela, detalhando a missão.
Alvo: Sistema de Controle Neural da KairoCorp.
Objetivo: Recuperar os dados de projeto de um algoritmo de controle mental experimental.
Perigos: Vigilância IA de última geração, armadilhas de segurança, e um firewall com aprendizado adaptativo.
Recompensa: 5 milhões de créditos.
Ryuu franziu a testa. Controle mental? Isso era muito mais do que um simples roubo de dados; era um jogo com a própria humanidade como aposta.
Ele hesitou por um momento, mas já era tarde demais para voltar atrás. Ele havia aceitado o contrato, e no mundo dos hackers, uma vez que você diz “sim”, você está dentro até o fim.
Com um suspiro, ele aceitou os termos e iniciou a transferência de dados para preparar sua invasão. As linhas de código começaram a desfilar em sua frente, e Ryuu se viu imerso em seu elemento. O tempo parecia se distorcer enquanto ele escrevia scripts, contornava firewalls, e desarmava armadilhas digitais.
Finalmente, ele encontrou o que procurava: uma brecha na segurança da KairoCorp. Com precisão cirúrgica, Ryuu enviou seu pacote de dados através da rede, infiltrando-se no núcleo do sistema.
Tudo parecia correr conforme o planejado até que um alarme estridente soou no ambiente virtual. O sistema de defesa da KairoCorp havia detectado sua presença.
“Merda”, Ryuu murmurou, enquanto um enxame de drones virtuais começava a se formar ao seu redor, prontos para eliminá-lo.
Ele não tinha outra escolha a não ser lutar. Ryuu puxou o código de defesa que havia preparado para uma situação como essa, ativando barreiras e contra-ataques cibernéticos. Cada segundo contava, e o tempo estava contra ele.
Mas enquanto os drones avançavam, Ryuu percebeu algo estranho — eles não estavam apenas tentando eliminá-lo. Eles estavam tentando capturá-lo.
Uma nova mensagem apareceu na tela de seu visor:
Bem-vindo ao Jogo Mortal, Phantom. Vamos ver se você pode sobreviver.
O sangue de Ryuu gelou. Ele não estava apenas hackeando um sistema; ele havia se tornado a presa em uma caçada cibernética. E a KairoCorp não iria parar até vê-lo destruído.
Com um último impulso, Ryuu ativou sua saída de emergência, escapando por um fio enquanto os drones destruíam o que restava de sua presença virtual.
Quando voltou ao mundo real, o suor escorria por seu rosto, e seu coração batia acelerado. A mensagem final da Red Queen ainda piscava em um dos monitores:
Próximo nível desbloqueado. Prepare-se, Phantom. O verdadeiro jogo está apenas começando.