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Prólogo – Carta dos Conflagratus

CARTA DOS CONFLAGRATUS

 Isto é uma carta escrita por um Conflagratus para os Conflagratus que virão. Uma carta sobre o nosso dever, mas também sobre a nossa história. E se falamos de dever… Aaah, dever! Crianças, sabeis vós o que é o dever?

 «Estar em agradecimento diante a outrem, estar em obrigação por algo», alguém poderia pensar.

 Não, não, não… sabeis vós o que realmente é o dever? Pois, tais respostas convencionais não são necessariamente as mais corretas, apenas as mais fáceis. Afinal, a definição dos livros é sempre a preterida por muitos. «Por que esforçar-me-ei em limitar a essência dalgo? Apenas replicarei os fatos».

 Não compreendeis? Explicar-vos-ei, portanto: há cousas que os homens devem fazer não a importar o quê. Não são ordens ou obrigações, muito menos um capricho chulo prometido em uma noite fervorosa. É o que difere o Homem do animal.

 Toda a sua magnanimidade, orgulho e honra. Animais são instintivos, homens são contemplativos. «Se eu devo, portanto, eu faço.» e assim há de ser.

 Através do dever a história foi escrita por diversas mãos. Mãos estas opostas, paralelas ou concorrentes, mas todas essas eram mãos que possuíam um concreto dever a realizar. E por isso fizeram o que fizeram.

 Digo-vos isso para vós saberdes, minhas crianças, que às vezes o inimigo não é mau, às vezes o aliado não é bom. Apenas se alinham diferentemente diante aos fatos por conta dalgum dever.

 Então, não vos preocupem por estar certo ou errado. Esse não é o nosso papel, não é o nosso dever, não somos santos. Nunca seremos. As matérias desta vida, a nós, é uma questão inata de sobrevivência.

 A ser assim, isso tudo é em suma o poder dum dever, a essência dum dever. É quase como divino, além dos moldes das simplórias relações humanas, pode-se dizer que é uma lei oculta.

 Destarte, se o vosso dever o obriga, façais. Mesmo contra a vossa vontade, mesmo contra a vontade de vossa família, mesmo contra a vontade de vosso país…

 Eu já me feri muito ao tentar ignorar os meus deveres. E feri mais ainda quem eu nunca pensei que feriria. Como eu me arrependo…

 Quiçá se os meus deveres tivessem sido cumpridos fielmente por mim, se eu não tivesse fraquejado, se eu não tivesse olhado para trás… Esta carta nunca teria sido teorizada, muito menos escrita.

 Ao ignorar o dever que temos em nós mesmos, um espaço será aberto e preenchido por um triste egoísmo. Ações que nascem falhas e morrem em semelhança ao próprio nascimento. Natimortos são.

 Por isso eu escrevo esta carta para as crianças das gerações futuras, eu quero que vós tenhais e saibais da necessidade de ser firme em relação ao vosso dever. Saibais muito bem que todo Conflagratus possui um dever.

 Nossa lei oculta está em nosso sangue, não há ninguém além de nós mesmos. Vós sois eu, eu sou vós. O sangue dum Conflagratus ultrapassa quaisquer agravos.

 Não somos rebeldes, não, não somos. Não somos infiéis aos deuses ou à nação, não somos. Também não somos melhores ou piores, não somos… Nós somos apenas diferentes. 

 Disse-vos, não vos disse? A um Conflagratus não existe imbróglio de estar certo ou errado. Nosso objetivo final é sempre, e será por todo o sempre a depender de mim, sobreviver.

 E já que estamos a falar sobre dever… A justiça perfeita seria que na realização do dever o direito venha como o justo corolário. Em fato, «Justiça» nada mais é do que dar a alguém o que ele merece.

 Ademais, eu havia dito há pouco que toda essa relação acerca dum dever é quase que divino. Dever divino e direito divino, não é mesmo?

 Contudo…

 O mundo não é justo, minhas crianças. Ele nunca foi justo.

Assassinato, roubo, fraude, calúnia, mentira, traição, deslealdade e usurpação. Todos eles são exemplos de cousas que precedem a justiça do direito.

 Quantas vezes não tivemos roubado ou negado uma glória que era nossa? Quantas vezes não nos esforçamos em uma obrigação para ser tratado como um mero alheio ao fato? E mesmo que isso não tenha acontecido, quem é que garante que não irá acontecer?

Com isso tudo explanado, faço-vos o questionamento máximo: quantas vezes um Primus não usurpou um Conflagratus?

Hahaha!

Hahahahahahahaha!

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

 PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, PRIMUS, Ó PRIMUS!

 EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, EU VOS ODEIO, COMO EU VOS ODEIO!

 EM MEU DIREITO ROUBADO EU VOS AMALDIÇOO, VÓS SABEREIS VERDADERIAMENTE A ESSÊNCIA DUMA MALDIÇÃO.

 NÃO FUJAIS, DESDITOS, IMPOSSÍVEL SERÁ. DAREI TUDO O QUE FOR POSSÍVEL PARA A REALIZAÇÃO DESTE MEU ÍNFIMO DESEJO. TAMBÉM NÃO NEGAIS, DESDITOS, SEI QUE LEMBRAIS TUDO QUE FIZESTES!

 PROCLAMO NESTE MOMENTO QUE TODOS OS MEUS CONHECIMENTOS, TODOS OS MEUS ATOS, DESEJOS E BENS SERÃO REPASSADOS EM GERAÇÃO E GERAÇÃO DE CONFLAGRATUS.

 ATEMPORAL, SERÁ TUDO ATEMPORAL. MARCADO NO NOSSO SANGUE, PASSADO ADIANTE EM CADA INDIVÍDUO DE NOSSA BENDITA PROLE. SAIBAIS QUE ESTE É O NOSSO DEVER, ESTE É UM DEVER DUM CONFLAGRATUS!

 A MINHA DOR NÃO SERÁ ESQUECIDA EM SEQUER UM MOMENTO, A MINHA DOR TRANSFORMAR-SE-Á NA DOR DA MINHA FAMÍLIA. ESCREVO, ESCREVO E NOVAMENTE ESCREVO: AD PATRIA EGO SENSI DOLOR.

 NÃO HAVERÁ UM PRIMUS QUE NÃO SOFRERÁ, NÃO HAVERÁ UM PRIMUS QUE NÃO PAGARÁ POR SEU PECADO. VOSSOS ROUBOS SERÃO JULGADOS PELA MÃO DE NENHUM DOS DEUSES, MAS PELA MÃO DUM CONFLAGRATUS!

 TODAS AS VEZES QUE VÓS MENTISTES, TODAS AS VEZES QUE VÓS USURPASTES, TODAS AS VEZES QUE VÓS…

 Todas as santas vezes que vós fostes à essência de ser de vós mesmos: um desdito Primus. Eu não esquecerei, nenhum Conflagratus esquecerá.

 AH! Ah! Ah… O que me resta é isso, esperar fielmente.  Eis aqui a minha profetização: na 7ª geração de Conflagratus o princípio criar-se-á. Ad patria ego sensi dolor. Amen.

Picture of Olá, eu sou Abner!

Olá, eu sou Abner!

Bom dia? Bom dia!

Autor novo, obra nova. Se tudo isso é para novo para vocês, saibam que também é para mim.
Futuramente é provável que eu arrume certas coisas aqui e que eu deixe a obra melhor transcrita no site.

Devem ter reparado algumas conjugações/palavras não usuais e outras palavras em negritos: são intencionais. Eu pretendo dalguma forma fazer um sumário/dicionário e postar aqui, ou simplesmente explicar cada coisa no próprio capítulo. Não sei ainda, autor novo, obra nova… Todavia, qualquer dúvida me perguntem nos comentários que eu faço questão de responder.

Digam-me o que acharam, por favor. Adoraria saber a opinião de cada ser humano (ou talvez até reptilianos) sobre a minha história!

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