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Capítulo 12 – Conflagratus – parte 1

Há algo melhor do que descansar após um bom banho em águas quentes? Deitar-se em seu sofá ou colchão para um grato repouso de seus músculos. Talvez pegar aquela bebida gelada, ou comida mesmo, para criar uma bela antítese do momento.

 E, depois de tantos estresses rotineiros, finalmente dormir. De fato é melhor e mais fácil dormir assim, pois devido ao decréscimo de temperatura que ocorre rapidamente, pegamos no sono mais facilmente e conseguimos uma melhor noite de sono.

 Dormir é um fator importante para o desenvolvimento a não importar a sua idade, afinal. Para as crianças é relacionado ao corpo, para os mais velhos é relacionado à mente.

 Talvez apenas descansar após a ceia seja algo melhor…

 Fazer isso neste momento seria a minha preferência, entretanto uma preferência no final da história é apenas uma preferência. Não necessariamente se concretiza. Ainda mais quando o futuro de milhares de pessoas pode ser decidido por sua única e egoísta ação.

 Escuto atentamente o local em minha volta, observo a rua e as casas. Está tudo bem quieto, os vendedores de mais cedo já não se encontram nas ruas. Muito menos crianças e mulheres.

 Deixe-me ver, que horas são? Ao olhar para o céu e observar a Lua eu posso tentar estimar, 8 horas da noite? Creio eu que seja isso. Faz sentido a rua estar vazia.

 Em um horário tão tarde assim será difícil encontrar algum trabalhador disposto a levar-me de volta para a minha província.

 Aqui no Império é quase que uma lei que pós à tarde do dia não devemos realizar mais nenhum trabalho que exija esforço ou a luz solar propriamente dita. No máximo trabalhos simples e rápidos.

 Dito isso: o certo normalmente seria ir descansar em uma pousada e apenas de manhã voltar, quando fosse possível ver os primeiros raios de Sol. Normalmente…

 Ao considerar o trajeto e acrescentá-lo do fato de estarmos à noite, a viagem de volta demorará mais que o normal em relação às condições normais. Chegaremos por volta da meia-noite ou até mais. Não que isso seja um desastre.

 Tudo acontece por um motivo, é o que dizem, não dizem? Ou ao menos eu adoro repetir isso para mim mesmo… Nesse horário eu ao menos terei certeza de que meu irmão se encontra no palácio.

 — Tentar resolver um assunto que é a respeito do futuro patriarca necessita da presença do futuro patriarca… — queixo-me solenemente da amolação que virá.

 Agora… sobre o problema de meu transporte.

 —Só preciso encontrar algum bar ou restaurante.

 Ninguém trabalha após a tarde, todavia isso não significa que as pessoas não curtam a própria vida após a tarde. Ainda mais homens que trabalham em serviços comuns de plebeus durante o dia.

 Sair, comer, beber e lamentar sobre a vida com amigos pós-trabalho, apesar de eu não ter citado anteriormente, é também uma das melhores cousas possíveis.

 A noite é o melhor momento de lazer para isso, para eles. Momento onde eles poderão beber litros de cervejas, vinhos, hidromeles (todos eles baratos como pão e de gosto aguados) e reclamar sobre as injustiças da vida.

 Ando pelas ruas iluminadas por postes de fogo, tão quieto em alguns lugares e tão festivo em outros. Quem que em hora tão tardia faz festa? Ora, os homens que eu acabei de citar.

 E são justamente esses lugares festivos e barulhentos que representam o meu desejo. O desejo de contratar algum carroceiro.

 Sem precisar andar muito eu avisto um bar a tocar música em bom e alto som, esse é o meu destino. Ao entrar no ambiente o cheiro de álcool é agressivo, o ar é impregnado por tanto álcool que não seria uma surpresa o ambiente entrar em combustão espontânea.

 Deve ser culpa da cerveja da pior qualidade possível que por cá vendem, feita apenas para ser barata e deixá-lo embriagado.

 A música também não é das melhores, o trovador daqui não aparenta ter muito conhecimento da teoria musical comum. As melodias parecem mais um bando de notas avulsas ligadas apenas pela boa vontade do ouvinte.

 Contudo, após «alguns» vários copos de cerveja eu consigo compreender como ela tornar-se-ia tolerável.

 Todos os homens no local gritam, bebem e fazem palhaçadas. Chamam as garotas responsáveis pelas bebidas e tentam contar histórias (essas que são quase sempre frutos de suas cabeças embriagadas) para impressioná-las, mas futilmente.

 — Óóoo moça? Vem ‘qui ó, vem ó *IC* — um bêbado tenta chamar atenção da empregada do local. — ‘Cê sabia que eu já fui um aventureiro muito forte? *IC* — e começa a provável mentira.

 — É? Que bom… — surpreendentemente a jovem mulher lhe dá atenção.

 Apesar de tê-lo respondido, ela continua a limpar a mesa ao lado sem nem sequer o olhar no rosto. O polimento dela diante um bêbado qualquer é venerável.

 — ‘Cê tem um mó rabão, tem não? — incansavelmente o bêbado continua a azucriná-la. — Dá vontade inté de bota a mão, pegar e sentir pra vê como é.

 Só que agora a empregada o ignora completamente, termina de limpar a mesa e volta para de trás do balcão.

 Acho que dizer essas cousas, ainda mais para uma mulher na qual tu não tens intimidade é invasivo demais. E é até inadmissível, imagina só, dizer que queres tocar na grande, fofa e macia plumagem duma mulher-raposa…

 O que foi? Eu não disse que era uma mulher-raposa? Certo, talvez eu não tenha dito, não seja chato, não te prendas aos detalhes. E não é como se eu fiz isso intencionalmente… O que tu pensaste que estava a acontecer?

 Bem, apesar de toda essa situação estranha, eu consigo testemunhar que eles estão genuinamente felizes neste momento. Ao menos os que ainda se encontram razoavelmente sóbrios.

 Uns homens já derrotados pelo álcool que se encontrão deitados no chão possivelmente não ficarão felizes depois dalguma maldade ou pegadinha de seus compatriotas de bar. Isso no melhor dos casos.

 Já fiquei um bom tempo na porta a observar, então decido ir ao balcão pousar por um instante antes de achar algum carroceiro.

 Ao fazer isso, o homem que se encontra no balcão de imediato começa a direcionar-se em minha direção. Ele sabe quem eu sou, não por eu frequentar o local, mas por eu ser um Conflagratus.

 Contudo, não tenho tempo para isso. Faço um sinal de parar a ele no qual ele respeita.

 Respiro fortemente o ar em minha volta.

 Em fato eu sinto um odor de álcool grotesco capaz de deixar o maior bêbado baqueado, eu realmente não deveria ter feito isso. Urgh…

 Desta vez, respiro moderadamente e expiro o ar alcoolizado, logo depois eu solto um único brando:

 —1 DENARIUS PARA QUEM LEVAR-ME DE VOLTA PARA A PROVÍNCIA DE CONFLAGRATUS — bramo forte para que todos do local me ouçam.

 As garotas com bebidas nas mãos se assustam, uma mais desastrada quase chega a derrubar as cervejas que carregava em sua bandeja. Mas os homens…

 Os ouvidos e orelhas bêbados em um toque de mágica se tornam homens respeitáveis de família. Gritar por besteiras? Beber até perder o controle de si mesmo? Tentar assediar alguma mulher que entrega as comidas e bebidas?

 Nunca fariam isso, são homens justos que trabalham por preços justos. Sempre dispostos a ajudar um necessitado independente de sua origem ou situação.

 Ou também dispostos quando tu ofereces o dobro do valor comum do mercado para viagens do tipo… Uma única moeda de prata vale praticamente 2 dias inteiros de trabalho para eles.

 Escolho o primeiro que se apresenta em minha frente, e que não esteja visivelmente bêbado, para suprir minha demanda.

 Dou-lhe 8 asses, o que equivale a meio denarius, de prontidão para confirmar a viagem, ele aceita felizmente. Pergunta-me porque quero viajar tão tarde da noite, «Seria melhor o senhor esperar», disse ele.

 Se ao menos ele soubesse a urgência da situação…

 Certo, meu transporte está assegurado. Agora só me restam tediosas horas de viagem em uma estrada de barro…

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Olá, eu sou Abner!

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