Selecione o tipo de erro abaixo

Capítulo 22 – Patria potestas – parte 1

Deram-se os dias da semana como terminados, até que o fatídico dia do rito de patriarca chegou. Um belo Domingo de Sol, aparentemente os deuses estão cientes do que irá acontecer hoje e fizeram questão de dar-nos um quente e ensolarado tempo.

 Lucius, meu irmão, acordou depois de 3 dias inteiros a estar desmaiado em seu quarto. Disseram-me que ele acordou totalmente desconexo da realidade, sem compreender muito bem o que aconteceu e o que estava a acontecer.

 Compreensível. Gastar completamente sua quintessência pode acabar com a vida de uma pessoa, sofrer apenas sequelas mentais e físicas momentâneas é lucro. Efeito de ser um Conflagratus.

 Apesar disso, ele é só um humano, necessita de nutrientes básicos para viver. Então estar dum jeito meio fantasmagórico não é nenhuma surpresa.

 Após esses 3 dias ele se recuperou um pouco mais, lentamente de fato, e começou a compreender a situação, apesar de ainda estar fraco. Felizmente não foi necessário cancelar o grande evento, seria problemático para todos nós…

 Aliás, Lucius após ter acordado aparenta ter reforçado mais ainda seu comportamento antissocial.

 Mesmo a ser um momento que ele precisa de ajuda, o momento no qual ele mais precisa de ajuda, ele dispensa a presença e companhia de quaisquer.

 Ele até mesmo mandou avisar que irá para a capital apenas com os poucos e habituais soldados que o acompanham sempre, sem o tradicional cortejo de soldados, músicos, cavalos que o momento clama.

 Pergunto-me porque…

 Eu pensei que meu pai iria tirar satisfações do que aconteceu comigo, mas nada disso aconteceu. Ele realmente aparenta ter jogado tudo para o alto e só está a esperar o tempo passar. Para ele é mais importante mulheres no momento.

 Assim como o resto da família eu pretendia ir direto para a capital onde será realizado o evento. Eles pegaram uma rota alternativa e mais longa para a capital, pois a rota utilizada normalmente estava interditada por decreto devido ao surto repentino de quimeras que eu mesmo reportei.

 Pode demorar, mas às vezes os órgãos públicos trabalham. Que surpresa, não é?

 Eu pretendia fazer o mesmo, mas Flavia ficou a fitar-me como se quisesse dizer algo. E então eu finalmente lembrei o que ela queria.

 «Ao mostrar que tu estás a apoiá-lo, junto com ele… »

 «Por favor, Aurelius, prometa-me. »

 «Está bem, eu prometo. Quando for a hora…»

 Eu me recordo do evento de dias atrás.

 Ela quer que eu cumpra minha promessa. Então isso eu farei, sou um homem de palavras afinal…

 Esta é a hora, mesmo que não desejada por mim, de mostrar meu apoio.

 Vai ser uma longa conversa, isso eu tenho certeza. Preciso quebrar a barreira inicial que ele terá e mostrar que estou «junto com ele».

 Além de mim, Lucius é o único nobre que ainda se encontra no palácio. Há dois motivos para isso.

 O primeiro motivo é relacionado ao rito do patriarca em si. A tradição demanda que o futuro patriarca chegue por último ao evento. É um simbolismo para demonstrar que todos ali esperam um único homem, esperam a atração principal desse dia tão sagrado.

 Esse homem não é nada menos do que o futuro patriarca da Domus em si, uma das maiores gratificações possíveis ao nobre.

 É necessário, é uma regra que ele seja o último homem a chegar ao evento.

 A família real é a única exceção a essa regra de espera. Eles podem chegar antes, durante ou até mesmo depois do evento. Fazem isso comumente quando a importância da casa ou do evento em si não é considerável.

 Todavia, este evento de hoje é um evento dos Conflagratus. Os Primus nunca fizeram uso de tal regra-exceção, eles sempre respeitam o futuro patriarca dos Conflagratus. Afinal, não há motivos plausíveis para desrespeitar-nos e há muitos motivos para respeitar-nos.

O segundo motivo… é talvez minha culpa

 Lucius está consideravelmente mais fraco desde que despertou. A chegar a ter até mesmo dificuldade para andar, falar e expressar-se nos primeiros dias.

 Atualmente ele melhorou bastante, mas ainda não está totalmente são. Por isso ele passa o dia na sala de cuidados a fazer uma espécie de reabilitação. Assim como pessoas que quebram algum osso do corpo realizam, mas no caso dele é algo mais mágico e não físico.

 Dito isso, meu destino é óbvio desta vez: a sala de cuidados, nosso «pequeno» hospital do palácio. Também é óbvio meu objetivo: passar confiança ao Lucius para evitar possíveis imbróglios.

 Bem, não vai ser consideravelmente fácil realizar isso. Mas se eu tive poder e autoridade para destruir o seu estado de espírito, creio eu que também consiga revitalizá-lo.  

Inicia-se o terceiro ato de meu teatro humanista.

Picture of Olá, eu sou Abner!

Olá, eu sou Abner!

Comentem e avaliem o capítulo! Se quiser me apoiar de alguma forma, entre em nosso Discord para conversarmos!

Clique aqui para entrar em nosso Discord ➥