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Há 16 anos atrás houve a grande recessão, um forte momento de encolhimento econômico, gerando fome e desabastecimento em várias partes do país, causada pela herança deixada pela ditadura, uma gigantesca dívida interna e externa, precarização da infraestrutura e falta de mão de obra qualificada, além de vários mortos, que foram perseguidos por terem ideologias diferentes.

A cidade de Mur Blanco, onde habitavam vários oficiais de média patente que cuidavam da região, era uma referência econômica. Servindo como porta de entrada para as mentes brilhantes que os militares escolhiam, dentre eles, havia um candidato, um jovem chamado Kaeser.

Filho de um lavrador e uma dona de casa, fazia grande esforço para mudar de vida, conseguindo vaga nos melhores colégios para estudar. Estudava o dia todo e no fim do dia, trabalhava em uma fábrica de botinas militares, era cansativo, mas a esperança de melhorar de vida era maior.

A elite da cidade não gostava nem um pouco daquela situação, um filho pobre de um lavrador imundo, estudando junto com seus filhos, e ainda ter melhores notas que eles? Era o menor de seus problemas, todos os dias, seu pai o cobrava a parte de seu salário para as despesas da casa e vivia o dizendo para ser alguém na vida.

Um dia, ao chegar quase meia noite em casa, após longas horas de trabalho, deparasse com seu pai revirando as coisas de seu quarto, ele estava a procura de mais dinheiro e coisas para vender.

Ououou, o que está acontecendo? — expressa Kaeser com um rosto assustado, quase chorando.

— Quero mais dinheiro — tornou seu pai, cuspindo em sua cara.

— M-mas, por que? Eu já te dei a contribuição deste mês.

— Sim, mas eu não quero gastar o meu dinheiro, logo, vou pegar mais do teu.

— Mas… Mas…— Sem nada de mais — ameaçou dando uma chicotada, o fazendo cair no chão com suas mãos machucadas do serviço.

— Fica quieto, a sua única obrigação é estudar e trabalhar, não precisa de dinheiro, e trata logo de se formar pra sair dessa casa. Mas continua mandando mais dinheiro mesmo assim, quem sabe assim eu perdoe a traição da vaca da tua mãe.

Aproximando-se, sua mãe escutando aquilo, ajoelha-se no chão, e chora profundamente — Não, não faça isso, eu não te traí, nunca fiz isso… sniff, para, por favor, ele é nosso fi… — interrompida por uma chicotada na boca.

— Cala a boca, mulher, ainda não acabei, e você, a partir de agora, irá me dar todo teu salário, e me dá sorrindo, viu? — chicoteou mais uma vez Kaeser.

Situações como essas, o deixavam cada vez mais com vontade de abandonar aquele ambiente e viver por si só. Durante o vestibular, no seu segundo ano do ensino médio, a regra era clara ” se você passar para uma faculdade no segundo ano do ensino médio, você automaticamente se forma ” era o seu sonho.

A sua grande chance de poder se mudar para Sobrassem e cursar a universidade, porém — O quê? Como assim? Não fui aceito — aquela notícia foi um baque, pois sabia que se chegasse aos ouvidos de seu pai, ele iria o castigar severamente, até o expulsar.

Quando descobriu, expulsou Kaeser de casa, assim como vários pais fizeram com seus filhos, esse momento foi marcado como ” a grande facada” vinda de uma analogia de um economista famoso, que em seus estudos, comparou o ato dos pais deserdarem seus próprios filhos como uma grande facada para a nação.

Após ser expulso, juntando-se a Phey e outros abandonados, fundaram a organização que viria ser chamada de lapenses, que junto a outras duas organizações, comandavam as três cidades gêmeas.

Retornando a batalha em Mur Blanco, Kaeser, relembrando de seus tempos de esperança, fecha os olhos e diz — É, talvez, seguimos o caminho errado… Phelix… — sangrando e inconsciente, desprende-se da ideia de vingar seu amigo e aceita o seu destino.

” Muito bem, velho maldito, em algum lugar eu sei que tu tá vivo… e não serei eu que acabarei contigo, talvez o próprio tempo faça por mim, mas você nunca… terá paz ” palavras de ódio e desafeto ecoaram por sua mente, já não adiantava mais nada… Kaeser estava morto.

Felipe caído ao seu lado, desmaia de exaustão, ao ver que aquele confronto havia acabado, percebia que sua hora havia chegado… o aposento era mais que requisitado. Era hora de parar de cuidar dos outros e cuidar do que lhe havia restado.

A multidão comemora a vitória, com armas sendo balançadas ao ar, simbolizando a vitória da polícia federal, em Glórias, Zareph recebe o relatório final — Hmm, seis horas de batalha, caramba, e deu todo esse estrago, nem, tá na hora de esperar que eles venham até nós, duvido bastante que vão vir mais fortes a essa altura do jogo.

O ambiente era sombrio, enquanto olhava a janela que dava vista em direção a Mur Blanco, seus olhos velhos e cansados enchiam-se de determinação — Irei ver, quem é você… pessoa que irá trazer a ordem.

— Resultado, por favor — solicitou o homem de terno em sua mesa para o seu assessor, era o governador, Camilo.

— Os principais responsáveis da facção foram detidos e outros mortos, mas infelizmente perdemos um oficial, Lázaro.

— Droga! Já não bastava o pai dele ter morrido pelas mãos do Kaeser.

— Bem, o responsável pela operação, Felipe, nos deu esse relatório provisório enquanto se recupera, nele diz que Kaeser foi morto, e que seria necessário o envio de reforços. Se uma organização fez todo esse estrago, as outras duas que devem estar unidas deve ser mais difícil.

— Não se preocupe com isso, já tem alguém responsável por eles, como anda a cidade?— Em ruínas, senhor, precisamos de incentivos para recuperá-la.

— O governo arcará com os custos, mas está tudo indo conforme a rota B-31, tsi, algo grande vem aí, meu caro, Zareph nunca perderia essa chance.

— Chance de quê?— Você verá, infelizmente não há como impedir — tornou o governador com um semblante sério.

No hospital de Mur Blanco, Felipe era tratado, enfaixado e totalmente dolorido, recebeu a visita do médico chefe do hospital.

— Olá! Bom dia, verei como foi seu raio-x… vejamos… eita.

— O que foi? Doutor? — Bem, digamos que, você quebrou cinco costelas e perdeu a sensibilidade das pernas… infelizmente, você não voltará a andar.

Naquele momento um frio em sua espinha atravessou seu corpo, aquilo não era uma surpresa. Mas o fato de que nunca esteve preparado para receber essa notícia, era assustador.

Chocado, mesmo tendo se preparado para receber essa notícia após se superar na luta, jamais estaria pronto. Engolindo a sua saliva, perguntou — Mas, tem algum estigma? Ou só irei ser tetraplégico?

— A previdência federal garante que você receba o devido equipamento para sua deficiência, ainda vai querer trabalhar?

— Não… não mais, irei parar antes de perder mais algo, agora só me resta, viver com minha família que recentemente cresceu.

— Que legal! Já vai ser avô?

— Não, vou cuidar da família de um velho companheiro meu, que doou sua vida para esta missão — expressou Felipe, dedicando um beijo ao céu, homenageando os heróis que deram suas vidas.Fim da saga de Mur Blanco.

Olá, eu sou o Igor Novachrono!

Olá, eu sou o Igor Novachrono!

Pix para o autor comprar pastéis: igorworldcraft3@gmail.com

Demorei, pois estou cheio de afazeres, mas irei recuperar mais conteúdo em breve.

Teremos capítulo semana que vem :)

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