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Capítulo 16 – Prévia de aniversário II

Em um certo dia, os líderes da Strike Down se reuniram para uma importante reunião. 

Estando todos já sentados à mesa, a assembleia teve início. 

“Estamos reunidos aqui hoje, para discutirmos os últimos acontecimentos. Para começar, vamos relembrar o que aconteceu antes de Yang voltar”, John falou de pé, em frente a um grande monitor. “Uma semana antes, um sinal que não pensamos que poderíamos detectar tão cedo, se manifestou, mas isso foi tudo. Não conseguimos identificar sua posição.”

Ele tocou em algumas funções na tela e foi mostrado um gráfico de área. 

“Desde seu último registro, 5 anos atrás, a energia se mostrou forte e teve apenas alguns segundos de duração. Porém, como todos já estão cientes, o indivíduo que emitiu essa quantidade grande de energia é Mayck Mizuki e as ondas batem não só entre essas duas, como também é idêntica à do The fake Human, que foi invocado na Guerra do Controle, de 15 anos atrás.”

Algumas imagens substituíram o gráfico. 

“O alvo, em questão, veio a manifestar essa energia depois de ter sido atacado pela antiga organização Sol da meia-noite. Logo após isso, todo e qualquer resquício disso desapareceu, tornando, Mayck Mizuki, um garoto comum.”

“E há algum tempo ele voltou a se manifestar, certo?” Amélie indagou. 

“Sim. Por conta de nossa negligência em monitorá-lo, deixamos uma fagulha acesa e Yang pode se aproveitar dela.”

“Nesse caso, o objetivo de Tsubaki Hana é um sonho distante agora. Desde que nós a trouxemos, o único motivo para ela continuar aqui, era para evitar que o garoto voltasse a usar sua ID”, George completou. 

Com o incidente, Hana abraçou a ideia de proteger Mayck e dedicou boa parte do seu tempo a isso. Se ela descobrisse que o garoto já estava usando sua ID há um bom tempo, sabe-se lá o que poderia acontecer com ela. 

“Continuando. No final do mês de abril, nós acabamos em um terrível coincidência com a Black Room e a GSN. Por este motivo, a captura do objeto conhecido como ‘TR4’ fracassou, causando uma grande catástrofe, que não poderia ser escondida. A Catástrofe da luz vermelha. A Ascension saiu de cena e os Ninkais começaram a vagar pelo país.”

John terminou sua explicação e se sentou. 

“Em menos de um mês, aconteceu tudo isso?” Amélie parecia intrigada. 

“É. E nós não conseguimos resolver nenhum. Se continuar assim…”

“A sede principal vai querer uma explicação.”

Os seis líderes suspiraram. 

“Por isso nos reunimos aqui. Para encontrar um meio de solucionar cada um desses problemas.”

“Falar é fácil. Nós já ocupamos a maior parte dos times para investigar e eliminar os Ninkais. Não vamos ter como coordenar um plano para cuidar de casa assunto.”

Levando isso em consideração, a Strike Down estava no fundo do poço e tudo parecia perdido, mas Akira sorriu e falou:

“Então vamos ir por fora.”

“Ir por fora? Como assim?” Jin Li inclinou a cabeça. 

“Se não temos pessoal o suficiente, vamos procurar na academia ou procurar portadores pelas ruas. Sem contar que podemos tirar proveito das pequenas organizações.”

“Você é uma pessoa assustadora, sabe? Isso é tudo para não ter a Sede no seu pé?” John franziu a testa. 

“Isso também é um motivo e vocês não podem negar que se a chave de comando estiver ativa, os problemas serão maiores.”

“Então você está sugerindo que recrutamos Mayck Mizuki? Isso não vai contra os interesses da garota?”

“Qual a diferença nesse ponto? Não precisamos que ele venha para o nosso lado. Se ele não se tornar nosso inimigo já está bom.”

“Desculpe, Akira.” John se levantou. “Eu dei a minha palavra de que evitaria que o garoto retomasse seus poderes, mas falhei. No entanto, eu não posso deixar você envolvê-lo nisso.”

“Prefere manter segredo sobre isso então? Não vai ser pior? Digo, se Yang descobrir sobre a chave, se é que ele não já sabe…”

John se viu em uma saia justa. Akira tinha razão. Era melhor que o garoto se tornasse um aliado, no fim das contas. Se tudo já chegou a um ponto sem volta, a única opção era esconder a existência da tal chave e evitar que alguém tentasse tomar posse dela.

“Eu vou”, ele falou.

“Vai fazer o quê, John?”

“Eu vou entrar em contato com o garoto e verificar a situação. Se estiver em um ponto irreversível, eu tentarei trazê-lo.”

“Hm… Faça como quiser. Mas se o tal ponto já estiver ultrapassado e ele se recusar, eu vou buscá-lo à força.”

Akira se levantou e olhou para seus companheiros. 

“Todos de acordo?”

Quem cala, consente. Nem um dos presentes se pronunciou, o que queria dizer que eles podiam fazer como bem entendessem. 

“Se é assim, então esta reunião está encerrada. Obrigado por comparecerem.”

Apesar das dúvidas ainda existentes, todos concordaram com essa solução temporária e, um a um, saíram da sala. 

Ao ouvir o encerramento da reunião, uma figura atenta saiu correndo da frente da grande porta, onde espreitava seus superiores. 

Assim correu freneticamente, sem saber o que fazer. O que ouviu dos líderes não lhe agradou, nem um pouco. 

Eles vão fazer isso mesmo? Então eu deveria contar para Tsubaki-san, não é? Afinal, ela vai estar lutando sozinha contra algo sem sentido, não é?

O garoto foi além do corredor e estendeu a mão, para abrir uma porta à sua frente. Ele adentrou o local arfando e foi recebido por seus companheiros com olhares assustados. 

“Asahi? Aconteceu alguma coisa?” Ryuunosuke se aproximou dele. 

“É que… eu ouvi…” 

“Ouviu? O quê?”

Ele tentou recuperar o fôlego e mordeu os lábios. Quando a hora da verdade havia chegado, ele perdeu totalmente a coragem. Pensou que contar naquele momento não faria sentido. 

“Não, não é nada. Eu só pensei em correr até aqui e testar minha resistência. Hehe…” ele coçou a nuca. 

“Poxa, não nos assuste assim”,  Airi suspirou aliviada. 

“Você é muito idiota, Asahi.” Yui estalou a língua. 

Hana olhava aquela situação confusa, mas apenas aceitou a explicação de seu companheiro e voltou sua atenção ao alvo em que estava disparando. 

|×××|

Por ter sido chamado a trabalho, Haruki caminhou pelos corredores do imenso prédio. 

A verdadeira base usada pela GSN era camuflado nos últimos andares de um prédio, no entanto, salas de treinamento e coisas desse tipo eram mantidas no subterrâneo. 

Eu pensei que fosse algo mais importante. No fim, eles só queriam me mandar procurar uma pessoa. 

O garoto olhou para uma foto em suas mãos com um rosto entediado. 

“Esse não é o cara do outro dia?”

“Do que você tá falando?”

Kaito colocou a mão sobre o ombro de Haruki. 

“Ah! Esse cara é da Black Room, não é? Aquele que estava na cratera.”

“Então você também se lembra?”+

“Sim. Mas porque você tem uma foto dele?”

“É minha missão. Não sei o motivo, mas os superiores querem que eu me encontre com ele e faça um tipo de teste.”

Os dois se entreolharam. 

As ordens em si eram simples, porém a motivação por trás delas era um tanto complexa. 

“Eu não tenho nada pra fazer, então vou com você.”

“Tem certeza?”

“Claro.”

“Se é assim, conto com você. 

Ele apertaram as mãos e seguiram caminho. 

Com a caça ao Ninkais em seu auge, a GSN criou um sistema de benefícios entre os seus membros. 

Cada Ninkai valia pontos e a pessoa que tivesse acumulado mais pontos subiria em um tipo de ranking. A situação atual foi transformada em um evento. 

Com isso, os agentes corriam de um lado para o outro, disputando entre si, derrotando os monstros e protegendo os civis ao mesmo tempo. 

Eles não me deram um prazo, então acho que posso começar quando quiser. Vou deixar para amanhã. 

Haruki saiu da base e foi para sua casa, mas teve que pegar o caminho que passava pelo centro da cidade. 

Seguia tranquilamente, até ver uma pequena comoção. 

Um caçador estava lutando contra um Ninkai no meio da rua e vários outros caçadores assistiam a isso escondidos. 

Em plena luz da noite? Ele tem coragem. 

Surfando na onda da plateia, ele se escondeu e decidiu assistir ao show atentamente. 

Aquilo é um Dragging to death? Pelos relatórios, eles tendem a ser bem versáteis, alguns soltam até fogo, olha que ironia, um inseto que solta fogo. Tá bom, isso não foi engraçado. 

Manteve seus olhos nos movimentos do caçador e ficava ansioso para ver como ele responderia aos ataques da centopeia gigante. 

Aquilo é… eletricidade? Ele tem uma espada como catalisador? Que incrível. 

Enquanto os feixes de luz azul dos ataques do caçador iluminavam seus olhos, Haruki recebeu a visita de uma antiga lembrança. 

Mesmo que fosse algo vago e sem sentido, aquela coloração trouxe a ele um sentimento de ódio. 

Uma ferida que não foi fechada em 5 anos. 

Aquela luz… é a mesma. Ele se referiu às faíscas que corriam pelo corpo de seu pai no chão naquela lembrança dolorida. 

Será ele?

Quando se deu conta, o caçador havia finalizado o monstro e se retirado rapidamente. 

Vou atrás dele? Se for ele mesmo, então… Não. Ele não iria aparecer tão fácil. Disaster lightning. Eu vou te encontrar. 

Enquanto os demais caçadores competiam para ver quem pegava a carcaça da centopeia, Haruki se retirou com um ódio queimando em seu coração. 

|×××|

A Operação Primavera começou oficialmente logo após o posicionamento das equipes. 

O time Delta foi designado para a área de Tóquio, portanto a única diferença em suas vidas era que o trabalho levaria mais tempo. 

Ruby e Stella formaram um par e ficaram nas redondezas de onde moravam. 

Apesar de ser uma tarefa simples, como investigar qualquer coisa que a Ascension tenha deixado para trás, ainda seria difícil executá-la. Procurar minuciosamente em cada canto da cidade o mais rápido possível. 

Zero tinha um certo desespero em descobrir o que era o tal que foi mencionado no vídeo. O que a organização corrompida estava planejando? Ninguém sabia, porém, não era algo pequeno ou bom. 

“Ruby-chan, não tem nada por aqui”, a garota afirmou balançando os braços. 

“Nada surpreendente. Eu não esperava encontrar nada aqui mesmo.”

Elas estavam averiguando um galpão abandonado. Talvez fosse desnecessário, mas elas tinham que tentar. 

“O que vamos fazer agora? Continuamos ou deixamos de lado?”

“Nós já estamos procurando há cinco horas. Daqui a pouco temos que ir para o colégio.” Observou. “Vamos voltar. Continuaremos depois das aulas.”

“Okay~.” Ela demonstrou sua felicidade em um grande sorriso. 

As duas se retiraram do local e concordaram em se encontrar no caminho da escola. 

Chika chegou em sua casa, guardou seus equipamentos e foi tomar banho. 

Junto com Akari, estava andando pela cidade desde muito cedo e novamente, desde o início da missão, não tiveram sucesso. 

Eu me pergunto se vamos encontrar alguma coisa. Talvez os outros times consigam antes de nós. Isso não. A garota acendeu uma chama competitiva em seus olhos. 

Eu não posso ficar para trás. Tenho uma honra para proteger, como líder do time Delta. Nós vamos ser aqueles que irão encurralar a Ascension, com certeza. 

Chika deixou o banheiro e vestiu um pijama que ela julgou ser fofo e comprou em uma promoção. 

Ainda haviam algumas horas até que fosse para o colégio, então ela decidiu dormir até lá, mas, até que caísse no sono, levaria algum tempo. 

Ela se deitou e encarou o teto. 

Será que eu estou liderando bem? Por minha culpa nós já perdemos um dos nossos membros mais antigos… eu não quero que isso se repita nunca mais. Aconteça o que acontecer, eu vou proteger a minha equipe até o final. Mas, será que eu consigo?

Em meio a incerteza sobre si mesma, Chika ficou de lado e enfiou o rosto no travesseiro, abafando um grito e batendo os pés na cama. 

Isso é muito difícil. 

Chegando a hora esperada, a garota saiu de casa e seguiu o caminho do colégio, onde encontrou Akari perto de um parque. 

As duas caminharam juntas até o destino. 

Mesmo sendo de manhã, o clima já estava bem quente, o que queria dizer que poderia ser o dia mais quente do ano, até aquele momento. 

Esquecendo sobre o trabalho, as duas garotas conversavam assuntos comuns alegremente. 

Quando entraram na sala, seus olhos se direcionaram para dois garotos perto da janela. 

“Bom dia~.” Chika bateu a mão nas costas de Mayck, que não tinha notado sua aproximação.

“Ai… bom dia”, ele respondeu, tentando acariciar o ponto atingido. 

“Bom dia aos dois”, Akari falou em seguida. 

“Bom dia!” Haruki exclamou levantando a mão. 

Depois dos cumprimentos, eles continuaram conversando como um grupo, até que as aulas começaram. 

Tudo estava seguindo normalmente, sem nada que pudesse ser relatado como anormal, isso durante o primeiro período. 

Logo após o almoço, um professor passou mal e teve que ser levado pela ambulância a um pronto socorro. 

Em seguida, uma aluna teve um surto durante a aula e teve que ser contida por policiais. 

Mayck ficou perdido em meio ao caos que se implantava aos poucos na escola. Ele só desejava que o dia acabasse logo. 

Um professor substituto foi chamado e logo ele começou a lecionar. Era estrangeiro e se chamava John. 

O que tá rolando aqui hoje? Aquela pessoa que foi embora, eu lembro de já ter visto ela em algum lugar… mas onde?

Mayck pediu permissão para ir ao banheiro e se retirou ao ter ela concedida 

Nos corredores, o silêncio dominava. 

Os alunos ficaram assustados com o tumulto e foram instruídos a permanecerem na sala de aula, se possível. 

Mas o garoto acabou de ignorar isso e foi até um certo local, como se soubesse o que fazer em seguida. 

Ele seguiu naturalmente até o telhado da escola. Quando chegou lá, viu uma figura com os braços apoiados nas grades que protegiam em volta do terraço. 

“Imaginei que estaria aqui”, ele disse ao se aproximar. 

“O-o que… por que está aqui?” Surpresa com a presença do garoto, Saki recuou alguns passos. 

“Eu vou ser direto com você.” Mayck abaixou a cabeça, mas logo levantou e olhou nos olhos da garota. “Foi você quem fez aquilo, não é?”

Essas palavras fizeram a garota tremer. A voz dela ficou presa na garganta e seu corpo ficou gélido. 

“O que você… quer dizer com isso?”

“Estou falando da menina da turma C. Ela precisou ser levada pela polícia, porque surtou depois do intervalo. Sem falar na professora que também foi para o hospital.”

“E-e o que isso tem a ver comigo? Eu não sei o que você tá pensando.”

Ela virou as costas e planejava sair, porém, o garoto insistiu e agarrou o braço dela e a puxou. 

Porque eu estou fazendo isso mesmo? 

“Não se faça de idiota. Você usou seu poder nelas, não foi?”

A acusação foi o gatilho para Saki cair. Ela perdeu a força de seu corpo e acabou se desesperando. 

“E-eu não queria… foi culpa delas. Eu disse para me deixar em paz, mas elas continuaram. Não é minha culpa, eu não fiz nada de errado!”

Mayck soltou o braço dela e olhou em seus olhos. 

“O que você fez?”

Eu falei com tanta certeza, mas nem sei de nada. O que está acontecendo?

Mayck sentia uma felicidade enorme em seu peito. Ele tinha a sensação de que esperava que aquilo acontecesse, mesmo não se lembrando. 

Parando pra pensar… por que eu fiz aquilo com ela? Não lembro de ter motivos pra isso. 

No início da primavera, o garoto havia deixado Saki com o coração quebrado, mas isso tinha começado um ano atrás, depois que a garota o pediu em namoro. 

“Eu só falei…”

“Só falou? Falou o quê?”

“Elas estavam me machucando, então eu só falei que elas deveriam morrer.” Ela tentava se lembrar dos detalhes. 

“E o que houve depois?”

“Depois que eu falei, a professora saiu assustada e caiu no corredor, a outra aluna também correu, mas começou a acertar a própria cabeça na janela. Eu não sei o que aconteceu com elas… eu juro.”

“É claro que você sabe.”

“Huh?” A garota levantou os olhos, ainda trêmulos, e se encontrou com o olhar frio vindo do garoto. 

“Você sabe perfeitamente o que fez. Você quis que elas morressem e ele assim fizeram. Você tem plena ciência disso.”

“Ca-cala a boca. Você não sabe de nada do que acontece comigo. Se você não parar agora, eu vou-“

“Vai mandar eu me matar? Vai me machucar igual a última vez?”

Assustada, Saki encolheu os ombros e abraçou o próprio corpo, se lembrando daquelas cenas que a fizeram chorar.

Porque eu estou falando isso? Nem eu mesmo sei do que se trata tudo.  

“Eu não quis… me desculpe.” Ela abaixou a cabeça de forma submissa. 

Mayck respirou fundo. Ele tentava entender tudo o que estava fazendo. Desde que saiu da sala, ele foi e fez tudo o que ele achava que devia fazer. Há pouco tempo, ele apenas desconfiava de que Saki poderia ter uma ID, mas nada além disso. No entanto, quando ele olhou nos olhos dela, uma certeza invadiu sua mente e ele seguiu os passos que deixou marcado. 

Era difícil entender a situação. 

“Eu vou te ajudar. Eu sei sobre o seu poder e quero te ajudar a controlá-lo.”

“Mas… isso é…”

“Não importa. Apenas confie em mim. Você pode fazer isso, certo?”

Mayck estendeu a mão. 

Saki ainda receosa olhou para ele. Ela queria confiar, mas estava assustada demais para isso. Sua mão se levantou lentamente e hesitou em pegar aquela outra estendida. 

Eu machuquei ele… igual eu já fiz outras vezes. Eu não queria isso. Queria me redimir pelas coisas que eu fiz, mas eu só arruinei tudo e, ainda assim, ele está me oferecendo outra chance? Será que eu mereço mesmo isso?

Forçando o trato, o garoto segurou a mão dela e a ajudou a se levantar. 

“Não se preocupe, eu vou te ajudar daqui para frente.”

Lágrimas escorreram pelo rosto de Saki. Seu coração amoleceu de conforto. Nunca havia pensado que teria outra chance. Desde que eles terminaram, no início da primavera, ela apenas ficou calada e quase desistiu de tudo. Porém uma luz brilhou em seus olhos novamente. 

A garota assentiu e limpou o rosto. 

“Eu vou me esforçar.”

“Que bom.” Um sorriso se formou no rosto de Mayck, mas não um sorriso puro. Ele era sujo e repugnante. O garoto sabia disso, portanto seu coração doía bastante. 

O que eu estou fazendo aqui?

Depois disso, eles passaram alguns minutos conversando, mas decidiram que seria melhor voltar para suas salas. 

Saki foi na frente e o garoto ficou olhando para o horizonte por mais um tempo. 

Um sentimento ruim se apossou dele, uma sensação de que fez algo que um lixo faria. 

“Finalmente te achei.” Uma voz estranha chegou aos seus ouvidos. 

O garoto olhou para trás e viu uma figura que o surpreendeu, ou melhor, o assustou. 

“John-sensei?”

Por um momento, ele até esqueceu o que havia feito poucos minutos atrás. 

“Te assustei? Me desculpe, não era minha intenção.”

“Não precisa se preocupar. Mais importante, você estava me procurando?”

“Sim. Tem algo que eu gostaria de falar com você.”

A desconfiança só aumentava. Eles nem se conheciam. O que John teria para falar com ele? 

“Há quanto tempo você tem usado sua ID?”

Mayck se alarmou novamente. Esse homem já sabia de tudo ou um pouco menos, mas não importava, não havia o que esconder ali. 

“Há um mês… eu acho. Por que a pergunta?”

“Eu só precisava confirmar algo. Espero que me perdoe”, ele falou sem se abalar. 

“Perdoar? Pelo o quê-“

Um soco poderoso atingiu seu estômago e o impediu de terminar sua frase.

Não só forte para o machucar, como também para o lançar contra a grade do lado oposto de o de estavam. 

Mayck sentiu a pancada e quase vomitou. Suas costas fizeram a grades amassar um pouco. 

O que esse desgraçado tá fazendo?

O garoto olhou para cima e se deparou com um chute vindo até seu rosto. 

Com um grande esforço, ele se jogou ao chão e desviou do ataque, se levantando em seguida. 

Para não dar descanso, John avançou outra vez e mirou um soco no rosto de Mayck, que, para se defender, pôs os braços no caminho. 

O choque do punho em seus braços o desetabilizou, mas logo ele recuperou sua postura e se manteve de pé. 

Ele não tá brincando. 

Vendo que teria que levar a sério, ele tomou distância e avançou. Saltou e deu um chute giratório, que foi defendido por John, ao colocar seu braço ao lado do rosto. 

Ao chegar no chão, Mayck procurou dar uma rasteira e John desviou outra vez. 

Eu não posso deixar ele tomar vantagem. 

Quando o garoto pensou, era tarde demais. 

O homem avançou e começou um sequência de socos rápidos e muito fortes. 

Se seu oponente não recuaria, a única escolha era defender. 

O garoto moveu seu corpo habilamente, de forma que nada além de suas mãos e braço fosse atingidos. 

John colocava pressão cada vez mais, até que encurralou Mayck perto das grades. 

O próximo soco diria o resultado da batalha, ou era o que Mayck fez John acreditar. 

Sujo ou não, o garoto sabia que não tinha chances contra um oponente maior e com mais força que ele, por isso, apelou para sua ID e com uma velocidade extrema, saiu do cativeiro e se posicionou atrás de John. 

Com um pouco de sorte, ele aplicou um chute frontal na panturrilha de John, que se surpreendeu e logo em seguida um outro chute em direção ao seu rosto. 

John impediu chute de atingí-lo, mas foi o suficiente para ele cair de costas. 

Quando ele se recompôs, um brilho iluminou seus olhos. 

Mayck havia usado uma de suas habilidades e fez uma esfera de eletricidade e a apontou para o seu agressor. 

“Quem é você realmente?”

“Vamos, vamos se acalme.”

Acima do garoto, um tipo de estaca de gelo esperava para ser derrubada. 

“Isso é o suficiente. Vou parar por aqui.” 

Cessando a hostilidade de um para com o outro, eles desativaram suas habilidades e bateram o pó de suas roupas. 

“Parece que você tem um bom controle de ID.”

“Era isso o que você queria testar, é?”

“Exato.” O homem se aproximou para um aperto de mãos, mas o garoto se afastou ligeiramente. 

“Não precisa ficar tão cauteloso, eu não vou te atacar do nada de novo.”

Mayck ficou meio irritado com o tanto de energia que teve que gastar com esse teste. 

“E o quer você queria confirmar? A Strike Down tem algo comigo?”

“Como descobriu? Bem, por enquanto, não parece ter nenhum problema. Mas, eu quero te perguntar algo. Você se juntaria a nós?”

“Isso não dá.”

“Por causa da Black Room?”

“Você sabe de tudo, por acaso?” Mayck suspirou intrigado. “É isso mesmo. Eu não sou um membro deles, mas meu trato me impede de me envolver com vocês.”

“Se é assim, está bem. Você não precisa ser um aliado, está ótimo se você apenas não for nosso inimigo. No entanto, eu tenho um pedido pessoal a você.”

“Um pedido pessoal? E o que seria?”

John se apoiou nas grades e respirou fundo. 

“Eu quero sua ajuda para derrubar a Ascension.”

“… Vocês também os odeiam, é? Esse é um desejo que temos em comum. Não se preocupe, eu não planejo me tornar inimigo de vocês. E quanto a eles, eu não me importo de ajudar uma vez ou outra é claro, tudo tem um preço.”

“Hahaha. Entendo. Bem, vamos nos despedir aqui. Você não quer que Tsubaki saiba de nada, não é?”

“…” Ele não respondeu, mas franziu a testa e fechou os olhos. 

John se retirou e Mayck em seguida. 

As coisas estão piorando. 

|×××|

Na volta para casa, Mayck foi sozinho novamente. Ele seguia em silêncio olhando todos os que passavam ao seu redor. 

 “Ei, espera!” Uma voz feminina chamou a atenção dele e o fez parar. 

Hana chegou correndo e parou para recuperar o fôlego. 

“Você veio correndo só pra me alcançar? E o clube?” Ele inclinou o cabeça. 

“Bom… eu só… queria conversar um pouco.” Já recuperada, ela o olhou nos olhos.

“Você precisava faltar no clube pra isso?”

Em resposta, Hana mandou um olhar de quem não queria ouvir perguntas desnecessárias. 

“Está calor hoje, né? Que tal tomarmos um sorvete.” Mayck evitou os olhos dela e pensou em algo após olhar para um carrinho de sorvete do outro lado da rua. 

Hana sorriu. 

Depois de comprarem duas casquinha de sabores distintos, eles se sentaram nós balanços de um parque próximo. 

“Faz tempo que não vínhamos aqui. Quanto tempo faz? Uns quatro anos?”

“Realmente. Não me lembro da última vez que brincamos juntos.”

A garota se balançava lentamente para não derrubar o sorvete. 

“Você disse que queria conversar. O que era?” Mayck se lembrou do real motivo. 

“Ah… não era nada demais.”

Sério?…

“Você só queria que eu pagasse o sorvete? Francamente.”

“O que você pensa que eu sou?”

“Eu gostaria de saber o que você é…”

Outro olhar ameaçador foi direcionado a ele. 

“É brincadeira.”

Eles terminaram os sorvetes e saíram do parque, seguindo o caminho de casa. 

Hana esteve meio cabisbaixa durante esse tempo, algo que Mayck não deixou de notar.

“Ei-” 

“Escuta, quero que você me prometa um coisa.”

A garota correu até a frente dele e segurou sua mãos. 

“O que você…”

“Só escuta”, ela o repreendeu. “Não saia do meu lado, ok?”

“Tudo bem, mas… porque isso agora?” Ele ficou confuso com a situação. 

Hana levantou a cabeça e ficou seus olhos nele. 

“Eu quero que você confie em mim e não saia do meu lado, aconteça o que acontecer.”

Nos olhos dela não havia hesitação alguma, mas uma forte determinação que não deixou o garoto fugir. 

“Tá bom.” Ele assentiu. 

A garota se afastou e se virou, pondo as mãos para trás. 

“Agora estamos presos de novo.” Ela deu um sorriso. 

O momento foi tão inesperado, que Mayck corou após ver os olhos vermelhos da garota refletindo a luz do sol e seus cabelos esvoacando com a leve brisa. 

“Bom, até mais.”

Ela correu e deixou Mayck para trás, observando suas costas sumirem no horizonte. 

Eu consegui. 

O coração dela ficou alegre.

Mesmo que eles estivessem juntos boa parte de suas vidas, a relação entre eles havia esfriado, desde os últimos cinco anos. Era um alívio para ela saber que ainda tinha a confiança dele. 

“O que será que deu nela?”

Mayck seguiu para sua casa, mas ainda mantinha o sorriso dela em sua mente. 

Mudando de assunto, meu aniversário está logo aí. Ele pôs a mão na maçaneta da porta. Porque… eu tô com esse sentimento? É como se eu estivesse esperando algo ansiosamente… eu nunca tinha sentido isso antes. 

Após algumas horas fazendo a janta, tomando banho e outros afazeres, o garoto esperou a hora de sair de casa novamente. 

Apesar de não pertencer a Black Room e nem ter a obrigação de ajudá-los, ele ainda sentia que deveria usar seus poder em prol da vida de outras pessoas, ou talvez por si mesmo. 

“Acho que vou tentar dar uma olhada no caso da irmã da Nikkie. Eu prometi pra ela, afinal.”

Shinobu Yuuko. Eu espero que você ainda esteja viva. 

Saindo de casa e pulando por cima de casas, Mayck olhou um mapa em um dispositivo. 

Ela falou que tinha um Ninkai aparecendo aqui e fazendo bagunça… que tipo de monstro ele é?

Ele estava muito concentrado em seu trabalho e não notou que alguém o observava. 

“Olha, papai. Tem uma pessoa ali em cima.”

Eh?! 

“Onde, filho?” O homem olhou para o lado de fora e não viu ninguém. “Deve ser imaginação sua. Venha, é hora de dormir.”

No desespero da situação, Mayck se abaixou perto do muro para não ser visto. 

Essa foi por pouco. Agora…

“Vou dar um jeito em você.”

Mayck falou olhando para uma espécie de pássaro sobrevoando as casas e emitindo um som agudo.  

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