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Capítulo 19 – O caminho que trilharei

A próxima consulta com Kihon ocorreria em dois dias. 

Mayck queria que tudo acabasse o mais rápido possível, portanto usou todos os meios que conseguiu para rastrear a pessoa com quem Masato conversava. 

Em sua mente, martelava a possibilidade de o impostor e o tal serem a mesma pessoa. 

Com a ajuda e instruções de um hacker confiável, recomendado por Nikkie, o garoto descobriu em um dia o local de onde ele enviava as mensagens. 

Com a urgência da situação, ele matou aula e seguiu até o endereço indicado. 

Chegando lá, não encontrou nada além de residências. 

“Talvez não seja tão simples assim. Mas eu estou mais perto de encontrá-lo. Em dois dias, tudo se resolve. Eu vou evitar usar minha ID o máximo possível até lá.”

Enquanto isso, ele lidaria com outras situações até que chegasse o momento. 

Não havendo motivos para ir para casa ou escola, Mayck retornou para a base da Black Room. 

Por um tempo, ele observou o andamento da Operação Primavera. 

Zero lhe contou que nenhum time havia encontrado algo importante. Só havia uma semana desde o início dela e os times haviam cobrido apenas 5% de sua área designada, com exceção dos que foram para cidades pequenas, que cobriram um pouco mais que isso. 

Contudo, a operação ainda levaria tempo. Era possível que eles tivessem que investigar fora do país. 

Isso seria problemático. Então se Mayck pegasse o traidor e ele possuísse informações sobre a Ascension, seria dois coelhos numa cajadada só. 

Mas surgiu uma situação nova: a ‘chave’ mencionada na conversa de Masato. 

Não existia a necessidade de investigar muito profundamente. Zero e até mesmo Nikkie poderiam responder. 

E se eles não quisessem, Mayck não hesitaria em consultar John, um dos líderes da Strike Down. 

Ele não queria que fosse verdade, mas as chances de tudo o que estava acontecendo estar ligado ao passado do garoto eram altas.

Não. Mayck já tinha cem por cento de certeza disso. 

O que ele lembrava sobre seus poderes, o que Alana lhe fazia ver nos sonhos e todas as informações que tinham sobre os acontecimentos de 5 anos atrás. 

O fator que permitia ao garoto acreditar em suas hipóteses era só um: ele não tinha lembranças claras dessa época. 

Hana fazia parte da Strike Down por qual motivo? Porque ela pediu para ele confiar nela?

Essas perguntas abriram muitos caminhos. Se ele tivesse perdido a memória desse tempo, então era o único motivo para ela dizer tais palavras. 

“Então você está dizendo que as informações sobre o The fake human já estão na boca de outros caçadores?”

“Sim. Eu ia te falar antes, mas algumas coisas impediram isso.”

“Algumas coisas? E o que são essas coisas?”

“Não posso te dizer agora.”

Mayck se sentou em um sofá e descansou a cabeça e sua mão direita, já que estava em uma das pontas. 

“Se é assim. Mudando de assunto. Você tem outra coisa a me dizer, certo?”

“Eu gostaria de não tocar nesse assunto, mas… que tipos de ID de suporte você já viu?”

“Elas são variadas. Eu já vi alguém que podia controlar a mente do alvo e também a capacidade de criar ilusões.”

“São bem simples, né?”

“Como assim?” Nikkie ficou intrigada com o comentário. 

“E se eu te dissesse sobre uma ID que pode alterar a realidade?”

“Seria um grande perigo. Mas não creio que alguém assim possa existir, até o momento.”

“O que quer dizer?”

“Eu quero dizer que alguns estudos confirmaram que as ID estão evoluindo, assim como as tecnologias.”

“Então existiam IDs parecidas no passado?”

“Não diria parecidas. Antigamente elas eram mais como armas ou objetos. IDs de cura instantânea e selamento eram comuns. Apesar de serem variadas entre si, elas mostravam os mesmo efeitos, algumas vezes melhor outras vezes pior.” A garota cruzou os braços e encostou-se em uma mesa. “Se dissermos que o ser humano está evoluindo não é exagero. Comparado a vinte anos atrás, as pessoas estão cada vez mais dependentes de tecnologias.”

“Calma aí. Acho que estamos desviando do assunto principal.”

“Você tem razão. E? Sobre o que essa ID era?”

“Bom, não era exatamente como alterar a realidade. Vamos dizer que ela pode interferir com o destino de alguém.”

“Por exemplo…” Nikkie inclinou a cabeça, esperando a continuação. 

“Vamos usar o dilema do bonde como exemplo. A pessoa que deveria puxar a alavanca tem uma rixa contra um dos trabalhadores. Então, no meio de uma discussão, ela acaba amaldiçoando o trabalhador, o dizendo para morrer. Com isso, mesmo que ela puxe a alavanca para mudar a direção do trem, o trem ainda segue seu curso original.”

“Ou seja?”

“Mesmo que não fosse para o trabalhador morrer naquele momento, o comando da pessoa alterou o futuro em que ele deveria ser salvo, assim ele morreu após isso.”

“Acho que entendi. É como se ela trouxesse à tona algo que não deveria ocorrer. Se você está sendo tão específico, significa que presenciou algo do tipo, certo?”

Mayck hesitou por um momento, mas decidiu continuar. 

“Uma pessoa que não deveria morrer por problemas no coração, foi parar no hospital cinco anos depois de uma cirurgia, após receber o comando para morrer.”

“Isso é algo complicado. Para entender melhor, eu deveria ver isso com meus próprios olhos.”

“Sim… me desculpe pela minha incapacidade de explicar perfeitamente.”

“Não se preocupe com isso. Se você falar com Zero, talvez ele entenda bem.”

“Pode ser. Eu vou pensar em uma explicação melhor.”

“Por favor.”

Os dois saíram da sala e começaram a andar pelos corredores. 

“A propósito, Nikkie.”

“O que foi?”

“Qual é a sua ID? Já que você é a segunda no comando, então deve ser bem forte, certo?”

Sem olhar para trás, a garota respondeu:

“Não vou negar que sou forte, mas não quero te contar.”

“Eh? Porque?”

“Mesmo que você seja um aliado agora, não posso dizer que você não irá se voltar contra nós no futuro. Por isso, não quero revelar meus poderes e tornar isso uma fraqueza.”

“Você é muito desconfiada”, ele falou, mas não queria desistir. “Então, me responda outra coisa. Existe uma hierarquia aqui?”

“Uma hierarquia? Bem, não posso negar. Não é um problema te falar isso, então tanto faz. Primeiro nós temos Zero-san, que é, basicamente, o líder supremo aqui. Depois, vem eu, que tem cerca de 70% do poder dele dentro da organização.”

Enquanto falava, Nikkie parou e abriu uma porta para outra sala. 

“Depois de mim, temos Kihon. Ele é responsável por todas as pesquisas e tem acesso a todas as informações sigilosas daqui. Abaixo dele estão os líderes das equipes, seguidos dos seus membros.”

“E quanto aos soldados?”

“Eles são um caso especial. Estão sob comando direto de Zero e eu.”

“Hmm… Entendo. A propósito, onde eu me encaixo nisso?”

“Você? Você está abaixo dos soldados.”

“Sério?”

“Não. Estou brincando.” 

Com a afirmação, Mayck suspirou de alívio por dentro. 

“Eu diria que, no momento, você está acima de Kihon e abaixo de mim.”

“Isso faria de mim o terceiro então?”

Nikkie assentiu. Parece que algumas dúvidas que Mayck tinha tiveram suas respostas. 

“Eu vou embora agora. Obrigado pelas informações.”

“Okay. Vejo você depois.”

Ele se despediu e retornou para sua casa. 

Ainda era cerca de 13h00, não havia nada que ele precisasse fazer no momento, então ele decidiu fazer algumas pesquisas com as informações que já possuía. 

Ele já tinha suas teorias formadas, mas, para não errar na hora de pôr em prática, precisava mantê-las impecáveis. 

Além das informações, Mayck também pensou em todos os incidentes que ocorreram desde o início das aulas, tentando, a todo custo, não perder nenhum detalhe. 

Passou tanto tempo que ele nem percebeu o dia caindo. 

“Ah… perdi meu dia inteiro”, falou ao ver o sol se pondo pela janela. “Bem, fazer o quê?”

Ele se levantou de sua cadeira e sentiu as consequências de passar o dia todo sentado. 

Com dificuldades, andou até o guarda roupa e notou algo em cima dele. 

Movido pela curiosidade, arrastou sua cadeira até lá e puxou o envelope, mas ele parecia preso em alguma coisa. 

Esticando o corpo até o limite, percebeu que havia uma caixa o prendendo e pensou que seria melhor tirar a caixa primeiro. 

Com um pouco de esforço ele retirou a caixa pesada, porém, perdeu o equilíbrio e caiu no chão com a caixa se abrindo sobre ele, derrubando vários livros. 

A poeira que veio junto causou uma crise de espirro no garoto, que foi obrigado a fugir do seu quarto depois de abrir a janela. 

“Que… coisa. Eu tenho que parar de ser curioso assim.” Ele espirrava a cada 15 segundos. 

Voltando para seu quarto com seu nariz vermelho e olhos lacrimejando, se deu conta de que a poeira havia se dissipado e começou a recolher os livros que, na verdade, eram álbuns de fotos. 

“Eu nem me lembrava que isso estava aqui. Já faz quanto tempo?”

Abriu o álbum e olhou as fotografias antigas e, em maior parte, borradas. 

Haviam fotos dele, Alana, Takashi e sua falecida mãe, além de várias outras pessoas que eram até desconhecidas por ele. 

Folheou por vários álbuns até ver um que parecia mais recente que os demais. 

“Isso aqui… não parece ser tão antigo. Eu me pergunto quando essa caixa foi aberta pela última vez.”

Abriu o tal, encontrou fotos de Hana e sua família juntos com ele e seu pai. Haviam muitas pessoas que o garoto não via há muito tempo. Mas não foi isso o que lhe chamou mais atenção. 

No final do álbum, que ainda estava incompleto, Mayck viu fotos de uma garota, da qual ele não tinha nenhuma lembrança. 

“Quem será essa pessoa?”

Ele sentia que conhecia a criança da foto. Não só sentia como era um fato inegável, já que ele estava ao lado dela. 

Quando tentou se forçar a lembrar, sua cabeça parecia que ia explodir por um segundo, fazendo ele gemer de dor.

Isso de novo…?

Após o repentino ataque, ele se recuperou lentamente e decidiu guardar a caixa. 

“Agora eu preciso limpar essa poeira. Não vou poder dormir aqui se ficar assim.” Ele olhou para o pó espalhado no chão e na cadeira. 

Mesmo depois de limpar, ele ainda teve outro ataque de espirro, o que levou seu rosto a ficar vermelho igual ao seu nariz. 

“É melhor eu ir lavar o rosto…”

O som da campainha ecoou pela casa. 

Mayck olhou para o horário em seu celular e viu que as aulas já tinham terminado. 

A campainha tocou pela segunda vez e o garoto correu para atender. 

“Já estou indo.” Sua voz estava um pouco estranha. 

Abriu a porta e encontrou Chika, Akari, Rika e Haruna no portão. Elas acenaram e ele as convidou para entrar.

“Eu estava pensando no motivo para você faltar aula, mas você está doente?” Chika perguntou enquanto tirava seus sapatos. 

“Hã? Não, não. Eu não estou doente.”

“Ma-Mayck-kun, mesmo que você tente negar…”

“Sua cara está, literalmente, te entregando.”

Era verdade. Com aquele rosto vermelho e a voz um tanto estranha, era impossível para ele provar que não estava doente. 

“Você poderia ter ao menos avisado.”

“Mas eu tô falando sério. Eu não estou doente.” Ele tentava negar, mas em vão. 

“Não adianta tentar se fazer de forte. Ainda bem que nós imaginamos isso e viemos até aqui.”

“Mas…”

“Mayck-san, não é bom mentir sobre sua saúde. Isso pode causar problemas piores.” Akari deu uma bronca nele. 

“Ué… porque não acreditam em mim?”

“Que seja. Se está doente vá para a cama. Já que estamos aqui podemos dar uma ajuda”, Haruna afirmou. 

O que eu posso fazer? Desistindo de tentar convencê-las, Mayck surfou na onda e voltou para o seu quarto, sendo empurrado por Chika. 

Apesar de ser bem descontraída na maior parte do tempo, Chika sabia como cuidar de alguém doente. Habilidades essas que foram adquiridas na Black Room, mas que, obviamente, eram um segredo. 

“Tem algum termômetro por aqui?” Ela perguntou enquanto cobria o garoto com o cobertor. 

“Tem um lá embaixo, na estante que fica ao lado da TV.”

“Então espera aqui. Eu volto já.” 

A garota deixou o quarto em busca do objeto. 

Não, não, não. Essas duas não tem trabalho, quero dizer, elas estão no meio de uma operação importante, certo? Elas não deveriam perder tempo aqui, não é? Talvez seja melhor eu convencê-las…

Mayck estava para se levantar da cama, mas a porta sendo aberta repentinamente o fez mudar de ideia e ele se deitou rapidamente. 

“Desculpe a demora.”

Isso nem demorou!

“Pronto, Mayck-kun, tire as roupas e meça sua temperatura.” Ela deu uma ordem estranha.

“Mesmo que seja isso, tirar as roupas é desnecessário.”

Por algum motivo, Chika estalou a língua. No entanto, Mayck fez como ela pediu, apenas a parte de medir sua temperatura. 

“Eu volto logo. Vou ajudar as meninas a cozinharem algo.”

“Obrigado e me desculpe pelo incômodo.”

“Não se preocupe. Está tudo sob controle”, ela falou e saiu do quarto. 

Eu espero que esteja. 

Não passaram cinco minutos e o som de algo se quebrando ecoou pela casa. 

“Não acho que algo esteja sob controle.”

Pensando em ir verificar, o garoto levantou-se da cama rapidamente e acabou derrubando o termômetro no chão. 

“Assim vai acabar quebrando.”

Ele pegou o objeto no chão e quase o derrubou novamente depois de verificar os números que mostravam sua temperatura: 39,5 graus. 

“Não é que estou doente mesmo?”

Ele deu um sorriso e se deitou. 

“Parece que para um doente como eu, o melhor a se fazer é permanecer deitado.”

Ele disse a si mesmo, fugindo da realidade em que as quatro garotas quebravam algo a cada cinco minutos. 

“Ei, Mayck-kun, como está se sentido?”

Ao abrir os olhos, o garoto viu uma pessoa em sua frente, mas sua visão estava borrada demais para que ele pudesse dizer quem era. 

“Acho que estou bem”, ele respondeu sonolento. 

“Você está com fome? Se estiver, eu trouxe isso pra você.” A pessoa colocou uma bandeja com um prato no chão e pediu para que ele se levantasse. Mas essas palavras não o alcançaram. 

Sua mente estava presa a outra coisa; aqueles cabelos escuros e olhos castanhos. Não havia dúvidas para ele. 

Kin…? 

Involuntariamente, Mayck agarrou o pulso da garota e a puxou para próximo de si, tentando ver o rosto da pessoa perfeitamente. 

“Eh? Mayck-kun?! E-espere… Ah!”

Assustada com a ação repentina, Rika ficou com o rosto vermelho e lutava para se soltar, mas não tinha forças para isso, caindo por cima dele. 

“Ma-Mayck-kun…”

“Me desculpa…”

“Hã?”

“Me desculpa por não ter feito nada por você… Eu queria te ajudar, mas não foi o suficiente.”

O que ele está falando? Rika parou de lutar para tentar ouvir as palavras que saiam da boca dele como um sussurro. 

“Foi minha culpa. Eu queria ter feito mais por você.”

O grito de Rika alarmou as garotas que estavam no andar de baixo e as fez correr até o quarto, para verificarem o que havia acontecido. 

Quando elas chegaram lá, viram a cena que deu início a um mal-entendido. 

“Ah! O que você pensa que tá fazendo?” Haruna correu até a cama e arrancou Rika de lá. 

“Runa-chan? Calma aí.”

“Usar o fato de estar doente para se aproveitar da Rika? O que você-“

O senso de proteção que ela tinha por sua amiga falou mais alto, pelo menos até ela se dar conta de que o garoto não reagiu às palavras dela. 

“Ei… Mayck…?”

Chika, estando um pouco desconfiada, se aproximou do garoto e pôs a mão sobre sua testa, se surpreendendo com a temperatura dele. 

“Mayck?!” Ela rapidamente pegou o termômetro caído no chão e viu que os números ultrapassavam os 40 graus. 

Todas entraram em pânico e começaram a correr de um lado para o outro, buscando soluções para socorrerem o garoto. 

Quando acordou, Mayck olhou para um teto branco que ele não conhecia. 

Tentou se mover, mas sentia uma dor intensa e não conseguia manter seus olhos abertos, sem contar que sua cabeça ainda doía com a iluminação do quarto. 

Seu corpo estava frio por dentro, mas ele sentia a mistura do calor externo do corpo e isso o deixava aflito. 

“Você já acordou?”

Em reação a voz, Mayck fechou um dos olhos e com o outro olhou para a direita. 

“Não precisa se esforçar. Apenas me ouça.” 

Nesse momento, sua capacidade de reconhecer aquela voz havia sumido. Para ele, todos os sons que estava ouvindo eram iguais. 

“Não sabemos o que aconteceu, mas você vai ficar bem. Por enquanto, não se esforce demais.”

Terminado o que tinha para fazer ali, a figura saiu do quarto e Mayck adormeceu, devido ao cansaço e a dor que estava sentido. 

|×××|

Para fazer uma investigação minuciosa, era necessário que juntasse todas as informações possíveis, para a conclusão de sua busca que durou cinco anos. 

A cada dia ficava mais perto da resolução. 

Contudo, mesmo que negasse, todas as suas ideias foram baseadas em coisas que viu superficialmente e que ouviu de terceiros. 

Ele queria se convencer de que estava certo e sua vingança seria justificada. Não. Mesmo que estivesse errado, ele ainda teria o direito de se vingar. 

Era normal que alguém direcionasse ódio à pessoa que causou o fim de um ente querido. 

Já desesperado, Haruki decidiu fazer algo que só alguém no mesmo estado mental que ele faria: questionar seus superiores. 

Esse motivo estava escondido por trás de suas ações. 

Estando em uma sala após ter sua entrada permitida, um homem de terno relaxava com as pernas cruzadas e um cigarro na boca. 

Exalando a fumaça do tabaco, ele abriu a boca.

“Então, porque veio até aqui, Hyu? Acredito que não seja sobre salário.”

“Sim, senhor. Eu gostaria de fazer algumas perguntas.”

“É bastante ousado de sua parte me falar algo assim. Esqueceu que sou seu superior?”

“Não. Eu não tenho intenção de te ofender. Mas para as perguntas que tenho, acredito que apenas o senhor saiba a resposta.”

“Hmm…” Tobias, com o cigarro entre os dedos, deu dois toques no cinzeiro, derrubando algumas partes já consumidas. “Quando um pirralho chegou aqui, cinco anos atrás, eu vi em seus olhos um ódio incrível. Não pude deixar de me sentir curioso. Se ele era mesmo o filho daquele que ficou conhecido como ‘Furacão vermelho’, então não faria mal criar alguma expectativa.”

“O senhor sabe o motivo pelo qual estou aqui, não sabe?”

“É claro que sei. Você quer saber a real identidade do assassino do seu pai. Mas antes, vou te contar uma história do passado.”

Haruki queria recusar ouvir a história, mas ele não poderia fazer isso. 

Ele foi convidado a se sentar e se preparou para a conversa que poderia durar muito tempo. 

Em resumo, Tobias começou a falar sobre um certo homem. 

Logo após alguns incidentes que desencadearam uma pequena guerra no mundo dos portadores, a então conhecida Ascension foi dividida. Dessas divisões, surgiu um ramo que ficou conhecido como Sol da meia-noite. 

O grupo se formou após indivíduos com um mesmo ideal decidirem lutar pelo mesmo objetivo. Objetivo este que surgiu do egoísmo de apenas uma pessoa. 

Depois de alguns anos, a esperança quase destruída do grupo foi reacendida após a descoberta de uma energia que não seria confundida com nenhuma outra. 

“Então quer dizer que ainda temos chance?” Sentado em uma cadeira ansioso, Park perguntou. 

“É claro que sim. Depois de vários anos de espera, coletando IDs por todo o Japão, ninguém esperava que ele apareceria bem aqui.” Um homem dizia alegremente. 

Em uma sala de pesquisas, várias macas apoiavam corpos pequenos, pertencentes a crianças, que foram raptadas de seus lares ou das ruas. 

O grupo inteiro se afobou com a possibilidade de realizarem seus sonhos depois de longos nove anos. Assim, mobilizaram vários de seus portadores para a captura de um único indivíduo, o qual eles nem ao menos sabiam quem era. 

Um dos capitães desses times possuía uma ID que podia diferenciar as energias. 

Quando ela era detectada, ele era enviado para encontrar o portador de suas esperanças. 

Levaram algum tempo para o encontrar, mas quando fizeram isso, se depararam com uma criança. 

Isso levou à surpresa, mas não quer dizer que deixariam de lado. 

A verdadeira caça começou quando eles perceberam que não iriam pegar o pequeno garoto tão facilmente. 

Depois vários meses sem resultados, finalmente decidiram enviar aquele conhecido como Furacão vermelho, visto e respeitado por ser um dos mais frios e cruéis dos agentes de assassinato da organização. 

Porém, nem ele conseguia pegar o garoto, o que o levou a tomar medidas problemáticas e foram essas medidas que o levaram à sua ruína e de toda a organização. 

Após terminar sua história, Tobias terminou seu cigarro. 

“Vamos, faça suas perguntas. Vou responder três delas.”

Haruki, que ouviu tudo atentamente, respirou fundo. 

“Esse tal Furacão vermelho. Ele é o meu pai, certo?”

“Naturalmente.”

O garoto ficou confuso; a imagem que tinha de seu pai era diferente. Mas ele preferiu seguir em frente. 

“Então, a verdadeira identidade do portador que os destruiu… é a mesma do Olhos azuis que Yang está procurando?”

“Sim.”

“E, por último, qual o verdadeiro nome dele?”

Acendendo outro cigarro, Tobias relaxou o corpo em sua cadeira e deu um trago no cigarro, exalando a fumaça em seguida que se desvaneceu no ar. 

“Isso eu não sei. Mas existe alguém que sabe.”

“E quem é?” Em sua pressa, Haruki deu um passo à frente. 

“Essa é sua última pergunta. Eu já dei minhas três respostas. Retire-se agora.”

“Mas…”

Um olhar foi tudo o que precisou para o garoto se lembrar de quem era o homem à sua frente. 

“Me desculpe. Obrigado por seu precioso tempo.”

Imediatamente, ele deixou a sala. 

Pensativo, o garoto refletiu sobre as informações adquiridas de seu superior, mas uma coisa ainda não fazia sentido para ele. 

Seu pai sempre o tratou gentilmente, colocando ele e sua mãe sempre em primeiro lugar. 

Sua mãe tinha uma doença problemática, então sempre estava no hospital e isso fazia com que seu pai dedicasse muita parte de seu tempo à família. 

“Naquele dia, na última vez que conversamos, ele prometeu que iríamos, nós três, a um parque de diversões.”

Haruki tinha ficado ansioso.

Perto do horário que seu pai retornaria, ele ficou sentado na frente da porta. 

Uma luz ofuscou seus olhos e em seguida um forte estrondo. 

Já havia passado das 21 horas. Podia-se ouvir sirenes de polícia e vários outros sons assustadores. 

Mas a curiosidade fez o garoto se mover e ir até o local. 

Longe do centro da cidade, tudo o que via era ruínas. A visão o assombrou e congelou seus movimentos. A imagem de seu pai veio em sua mente. 

“O que… está acontecendo?”

Haviam pequenos focos de incêndio por todos os lados. 

Continuando a caminhar, Haruki acabou vendo, ao longe, algumas pessoas jogadas no chão e uma outra silhueta menor próxima a eles. 

O sentimento amargo guiou o garoto até lá. 

Buscando todas as suas forças, moveu suas pernas o mais rápido que pode enquanto gritava por seu pai. 

“Haruki?!” 

Porque ele estava ali? Era o que o homem se perguntava. 

Pulando nos braços de seu pai, que se pôs de joelhos para o receber, Haruki mostrava sua voz chorosa naquele ambiente caótico. 

Seus olhos se voltaram para a figura a poucos metros de distância e ele também olhou ao redor, sentido medo ao ver os corpos ensanguentados.

“O que você fez? Você machucou meu pai!”

“…” A figura olhava para ele sem demonstrar reação e nenhum sentimento de surpresa. 

“Fala alguma coisa!” 

“Haruki! Saia já daqui. Volte para casa e me espere lá.”

O homem falou angustiado segurando os ombros de seu amado filho. 

“Mas, pai, o que…”

“Me escuta! Aqui é perigoso. Vá embora agora.”

“Se… se falarmos com ele… ele pode nos entender e te deixar em paz…”

“Não tem como falar com ele.”

Ignorando as ordens de seu pai, Haruki voltou sua atenção para o garoto. 

“Ei, pare com isso. Você não pode continuar. Eu não quero que você machuque o meu pai.” Embora com medo, ele deu um passo à frente. 

No entanto, o garoto não estava disposto a conversar, como dito pelo homem. 

Não haveria espaço para diálogo, não depois do que tinha acabado de acontecer, era o que se podia entender ao ver aquele brilho azul em seus olhos.

“Você se importa com ele?” O garoto abriu a boca. 

“Sim! Ele é meu pai, eu amo ele.”

“Você se importa… mas eu não.”

Com uma extrema frieza em relação aos sentimentos mostrados por Haruki, um tipo de círculo brilhante azul começou a acumular uma esfera de energia em seu centro. 

Prevendo o que viria a seguir, o Furacão vermelho realizou seu último trabalho. Não como um membro do Sol da meia-noite, mas como um pai, se atirando na frente e jogando seu filho para longe, enquanto era engolido pela luz avassaladora disparada do círculo. 

Essa memória não se apagaria. 

Sempre que se lembrava, tudo o que Haruki sentia, era ódio e mais ódio. 

“Eu vou destruir você, tenha certeza.”

|×××|

Ao acordar mais uma vez, Mayck percebeu que já conseguia mover seu corpo, então se levantou e decidiu sair de onde estava. 

A porta era automática, por isso ele julgou que era seguro dizer que estava nas instalações da Black Room. 

Mas quando saiu pelos corredores, sentiu certa estranheza em relação à estrutura daquele lugar. 

O branco que preenchia as paredes, chão e teto eram as mesmas, mas ainda havia algo estranho. 

Em uma bifurcação, Mayck ouviu vozes seguidas de passos que se aproximavam. 

Com cautela, ele olhou encostado na parede. 

Eles não estão de máscara? Aqui realmente não deve ser a Black Room. Então, que lugar é esse?

Recuou alguns passos e entrou em uma sala aleatória para não ser visto pelos que passavam.

Ele escutou atentamente o que eles diziam.

“Está, finalmente, chegando. Quanto tempo faz? Cinco anos?”

“Sim, mas não importa mais. Assim que a hora certa chegar, nós poderemos voltar.”

Do que eles estão falando?

Com os dois já ao longe, Mayck continuou sua investigação para saber onde ele estava. 

Mesmo que ele já pudesse andar, não queria dizer que estava cem por cento recuperado. Sua audição e visão ainda estavam prejudicados, embora a audição fosse o menor dos problemas. 

Aquele branco por todos os lados parecia que o levaria à loucura. 

“O que está fazendo?”

Mayck se arrepiou com o chamado repentino e se virou lentamente para trás.

“Alana? O que está fazendo aqui?”

“Eu pergunto isso. Você deveria estar no seu quarto. Não foi isso o que a enfermeira recomendou?”

“Enfermeira? Peraí… isso aqui é um hospital?”

“Isso mesmo. Vamos. Volte logo para o seu quarto. Se não estiver bem, quer que eu te leve no colo?”

“Não… obrigado.”

Recusando a oferta, ele se pôs a andar atrás de Alana, que o guiou de volta para seu quarto. 

Deitado na cama novamente ele decidiu perguntar. 

“E o que estou fazendo aqui?”

“Você não se lembra?”

“Parece que não.”

Ela suspirou, demonstrando não querer falar nada. 

“Bem, basicamente, você passou mal e teve que ir para o hospital.”

“Isso aqui não parece um hospital pra mim…”

“Você nunca esteve em um hospital antes?” Parecendo meio confusa, Alana franziu a testa. 

“Não. Eu já estive em um. Por isso estou dizendo isso.”

“Mas esse aqui é o hospital geral da cidade. Ele é normal como todos os outros.”

“Não, não, não. Um hospital com tudo completamente branco? Que tipo de lugar seria assim?” Ele balançou a mão em negação. 

“Mayck… você está realmente bem?” A garota perguntou com um rosto de preocupação que nunca tinha demonstrado antes.

“Se você perguntar assim, até eu fico assustado. É claro que estou.”

Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de abrir a boca com um certo receio. 

“Mayck…”

“O que foi?” Ele a olhou. 

“Eu estou aqui, desse lado.”

“Huh?” Olhando para a direção oposta, o garoto parou de se mover por um momento. 

“Ei, o que está acontecendo com você? Está muito cansado?”

Sem responder, Mayck levou as mãos aos olhos e os cobriu, mas ele ainda continuava vendo do mesmo jeito. Tanto de olhos fechados como abertos, não fazia diferença. 

“Mayck.”

A voz dela ficava cada vez mais distante. 

O coração do garoto batia mais rápido e sua respiração começou a pesar. 

Todo o ambiente branco se transformou e se tornou escuro, onde uma figura apareceu diante dele. 

“Já está na hora de voltar.”

Ele não podia confirmar a imagem de quem falava com ele, mas sentiu um choque em seu peito e abriu os olhos rapidamente. 

Aos poucos, ele pode ouvir alguns ‘bips’ chegando aos seus ouvidos, ao mesmo tempo que seus olhos se acostumaram com a luz. 

“Temos resposta. Ele voltou.”

“Ainda bem. Ei, M-san, pode me ouvir?” Um homem perguntava e colocava uma pequena lanterna em frente aos seus olhos, o que o incomodou. 

Aqui é… Que lugar é esse? Mayck corria seus olhos por toda parte, tentando reconhecer o ambiente em que estava. 

“Como está se sentindo? M-san? Pode balançar a cabeça se puder me entender bem?”

Ele o fez. 

“Que bom.” Nikkie colocou a máscara do garoto sobre seu rosto. 

Além de Nikkie, algumas outras vozes percorriam pela sala. 

“Pode deixar ela entrar”, a garota falou. 

A porta se abriu e Chika adentrou a sala com um grande alívio estampado no rosto e também representado em lágrimas. 

“Mayck. Ainda bem.” Ela segurou a mão direita dele perto de seu rosto.

“Chika… o que tá acontecendo?”

“Depois eu te explico. Por enquanto, é bom você descansar.”

“Entendo. Mas eu não consigo mais continuar deitado. Pode me ajudar a me sentar? Eu não estou conseguindo me mover direito.”

Respondendo ao pedido dele, Chika o ajudou a ficar sentado. 

Já estava na hora de acordar? Quem era aquele?

“Que bom que está bem, M-kun.” Zero entrou na sala. 

“Sim… obrigado. Embora eu não saiba o que aconteceu.”

“Você acabou de acordar, não foi? Não acho que seja bom encher sua cabeça de informações tão cedo.”

“Tá tudo bem. Eu acho que consigo absorver as coisas um pouco.”

“Se é assim.” Zero se sentou em uma cadeira que tinha por perto. 

“Digamos que você acabou de reviver, M-san.”

“Foi mal, acho que não vou conseguir absorver isso.”

“Imaginei. Bem, por enquanto você vai voltar para o hospital. Nikkie ou Ruby irão te explicar corretamente depois.”

O garoto assentiu. 

Após mais alguns minutos de descanso, conversando com Chika, Mayck foi conduzido secretamente para um hospital da cidade, onde seu pai foi encontrá-lo um tanto desesperado. 

Segundo os médicos, Mayck tinha sofrido uma falha desconhecida em seu cérebro o que quase levou ao mesmo resultado de uma isquemia cerebral. 

O garoto perguntava se tinha perdido alguns neurônios no processo. 

No entanto, o que mais o intrigava era o comentário de Zero, sobre ele ter voltado a vida. 

Após algumas horas ele sentia que estava fisicamente e mentalmente bem, isso se ignorasse algumas lacunas em sua memória e o sentimento de que tinha se esquecido de algo. 

A última verificação médica mostrou que as condições de saúde do garoto estavam ótimas. Ele já poderia até mesmo ir para casa, mas, por precaução, ele deveria passar a noite lá. 

Agora que eu me lembrei, Zero me disse que Kihon gostaria de fazer o teste amanhã, já que isso ocorreu. 

Mayck olhou o céu cheio de estrelas pela janela. 

Parece que eu vou descobrir a verdade mais cedo. Não que ainda tenha dúvidas da teoria que eu fiz. Eu apenas vou confirmá-la um dia antes. No entanto, não quer dizer que os problemas acabaram. Ainda tem aquele monstro e também tenho que lidar com Yang, que eu nem sei onde está no momento. 

Vendo a quantidade de trabalho que ele ainda tinha que fazer, exalar um suspiro foi inevitável. 

Questões como o que ocorreu algumas horas atrás, ele queria deixar para depois, mas tinha medo de negligenciar isso e se tornar um problema. 

A porta do quarto foi aberta lentamente. 

Huh? Mayck virou o rosto para ver quem era e teve uma leve surpresa. 

“Isso não é horário de visitas, Haruki.”

“Foi mal, foi mal. Eu não tive tempo antes, e também gostaria de te encontrar a sós.”

“Hmm… Bom, não que seja um problema, pelo menos enquanto não for pego por ninguém do hospital.”

Como ele passou pela segurança? Mayck já tinha suas suspeitas, mas não tocou no assunto. 

“Então, o que tem de tão importante para você ter que vir aqui depois da meia-noite?”

Haruki andou até a janela e a abriu, deixando o vento fresco entrar no quarto. 

“Assim está bom?”

“Eu nunca reclamaria de ar fresco.”

Os dois observaram o céu por um tempo e Haruki moveu os lábios. 

“Talvez eu acabe sumindo.”

“O que quer dizer?” Mayck inclinou a cabeça. 

“Eu já te contei sobre a minha família?”

“Você nunca me convidou para jogar na sua casa e também nunca tocou em assuntos desse tipo.”

“É verdade, né?” Ele sorriu amargamente e voltou seus olhos para fora. “Há alguns anos atrás, eu perdi meu pai e minha mãe está internada em um hospital. Alguns parentes têm lidado com as despesas médicas, mas eu gostaria de ajudar.”

“Então decidiu arrumar um trabalho?”

“Um trabalho de estudante não daria nem para os remédios direito.”

“Pois é. Para algo assim, seria melhor ter uma renda estável.”

Mayck fechou os olhos e encarou o teto enquanto o vento acariciava seu rosto gentilmente. 

“E o que vai fazer você sumir?”

“Hoje…” Ele continuou. “Algumas pessoas me falaram sobre o meu pai. Disseram que ele era um monstro. Não, pior que um. Mesmo que eu sempre tenha visto outra coisa. O que você acha que eu deveria fazer, Mayck?”

“Abraçar o que as pessoas dizem ou se agarrar ao que ele foi para você… né? Eu não posso te dizer o que fazer, Haruki. Cada pessoa enxerga o mundo de sua própria maneira. Se uma pessoa ajuda a outra, para ela isso é o bem. É a mesma coisa para quem é ajudado. Mas, para alguém que odeia aquele que recebeu ajuda , ela vai ver isso como algo ruim.”

“Crie um exemplo que eu possa entender.”

Mayck suspirou ao perceber que seu amigo estava fazendo-o trabalhar. 

“Bom, se você diz que seu pai era uma bondade em pessoa para você, não quer dizer que o mesmo possa ser dito por outras pessoas. Cada ser humano é único. O que se aplica a você pode, muitas vezes, não se aplicar a mim.”

Quando uma pessoa pratica a bondade, aquela que pratica a maldade verá o ato como uma coisa ruim. 

Mas o que é bom e o que é mau, já que a vitória de uma pessoa significa a derrota de outra?

Não há ideais que possam ser aplicados a todo ser humano. Algo assim seria um tipo de escravidão, não física, mas emocional. 

Não seria legal se uma pessoa que gosta de música clássica obrigar aquele que prefere rock a ouvir seus gostos. Mas também não seria ruim se a mesma pessoa que gosta de rock aceitar ouvir um pouco de música clássica. 

“Bom, uma hora ou outra você vai decidir o que fazer. Se uma coisa é importante pra você, então lute por ela, mesmo que seja egoísta. Isso é o que o ser humano é, afinal de contas. Portanto desistir e aceitar a realidade também não é um ato ruim.”

“Você pode estar certo. Obrigado, Mayck. Minha mente está mais limpa agora. Acho que fiz a coisa certa ao invadir o hospital.”

“Pelo menos não transforme isso em um hábito, por favor.”

“Claro. Pode deixar.” Orgulhoso, Haruki bateu a mão no peito com um sorriso. 

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