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Capítulo 22 – Até nos encontrarmos de novo

Dia 15 de maio. Esse dia marcava dois acontecimentos: o primeiro era o aniversário de Mayck e o segundo o retorno de suas memórias que foram trancadas cinco anos atrás. 

Depois de tê-las de volta, não teria mais como ele agir como antes, nem ao menos dizer quem ele era de verdade. 

A confusão tomou conta de sua alma. 

Saiu de sua cama e seguiu sua rotina no modo automático, mas com uma grande diferença. 

Ele não conseguia tirar da cabeça seus medos e sentimentos de culpa. 

Tudo o que quis trancar naquela época voltou à tona para mostrá-lo que a realidade deveria ser enfrentada. 

Na rua, ele não se importava com os seus arredores. Ficou preso em sua própria consciência, sem forças para enfrentar seu destino. 

A luz do sol brilhava forte em seu rosto, que só refletia amargura e descontentamento. 

Um som forte chegou aos seus ouvidos e ele foi puxado para trás, caindo no chão.

“O que você pensa que está fazendo?!”

Hana gritou em alto e bom som, enquanto segurava seu braço. 

Mayck olhou para ela por um momento e percebeu que estava avançando com o sinal de pedestres ainda vermelho. 

“Hana…?”

A garota se levantou e bateu o pó de sua saia. 

“Onde você está com a cabeça? Eu te chamei várias vezes e você não ouviu.”

“Ah, desculpa.”

Já em pé, o garoto se manteve de cabeça baixa, mas logo tornou a andar. 

Hana observou seu comportamento e percebeu que algo estava muito fora do comum. Não sabia dizer o quê, no entanto. 

Se ela quisesse descobrir, tinha que fazê-lo falar. 

“Aconteceu alguma coisa?” Perguntou ao se aproximar. 

“… Hã? Não… não é nada”, hesitante, Mayck respondeu. 

Ele ainda estava perdido. Em sua mente, duas personalidades brigavam entre si; a que decidiu abandonar tudo e a que resultou dessa decisão. 

Embora confuso, Mayck decidiu não contar nada a ninguém, pelo menos não naquele momento. 

Era uma luta entre ficar quieto ou desabafar. 

“Não tem como não ser nada. Você sempre foi meio apático, mas nunca foi tão desligado.”

Percebendo que seus sentimentos estavam muito expostos, Mayck respirou fundo antes de responder. 

“Não aconteceu nada. Não se preocupe.”

“Não minta pra mim.”

“Não estou.”

O humor da garota mudou e ela empurrou Mayck contra uma parede e fixou seus olhos nele, tirando suas chances de escapar quando colocou seus braços em ambos os lados de seu corpo. 

“O que é isso agora?”

“Por que você está fazendo isso?” Sem se mover um centímetro, Hana abriu a boca. 

“O que quer dizer?”

“Você sempre foi assim. Sempre guardando todos os problemas para si mesmo, quando está claramente sofrendo.”

Mayck desviou os olhos. 

“Você está pensando demais.”

“Diga de uma vez. Nós somos amigos, não é? Ou você não se importa com os meus sentimentos?”

“Isso não tem nada a ver. Seus sentimentos e meus problemas são coisas não-relacionadas.”

“Você acabou de admitir.”

Mayck estava preocupado que alguma hora alguém pudesse passar por ali, mas Hana não ligava nem um pouco. 

Ela só queria saber a verdade. 

“Se não tem nada a ver com isso, então eu vou me meter. Essa sua mania de não contar com ninguém nesses momentos me irrita.”

“Você não precisa se meter. Eu não estou com nenhum problema.” Ele lutava para sair daquela situação. 

“Eu já falei pra parar de mentir.”

Aquilo não iria acabar se ele não cedesse. No entanto, essa não era uma opção naquela hora. 

Mayck sabia que tinha esse defeito de manter tudo para si mesmo, mas ele não conseguia evitar. 

O seu passado deixou uma cicatriz em seu coração que não o permitia contar com ninguém para resolver seus problemas. 

Encarando o semblante sério e convicto de sua preciosa amiga de infância, a determinação necessária para continuar escondendo teria que ser maior que o normal. 

Mayck segurou os ombros de Hana e a afastou, olhando para baixo em seguida. 

“Eu já disse. Não é nada.”

Ele colocou-se a caminho da escola, deixando Hana para trás, perplexa e frustrada. 

“Não vai me dizer mesmo, não é?”

Sem responder, ele continuou a andar. 

Apesar de ser calma e séria, a garota de olhos vermelhos também possuía seu próprio orgulho. Uma pulsação em seu peito não permitiria que ela deixasse-o ir. 

Hana moveu seu pé e correu, jogando seu corpo para frente e prendeu a barriga de Mayck com seus braços. 

“Eh?!” Ele se surpreendeu. Nunca imaginaria que aquilo iria acontecer. 

“Eu não vou deixar você ir sem me falar.”

“Para de ser tão insistente. Isso não é da sua conta.”

Mayck torceu seu corpo para olhar o rosto da garota, com a intenção de intimidá-la. 

“Se você realmente queria que eu parasse, então não devia estar me olhando com essa cara.”

Mayck rangeu os dentes e acabou deixando algumas lágrimas escorrerem por seu rosto, permitindo que Hana confirmasse sua mentira. 

Já não vendo mais saída, os ombros de Mayck caíram e ele desistiu de lutar, mas a garota ainda não se afastou. 

“Você é muito egoísta. Não percebeu que eu não quero falar?”

“É claro que eu percebi. Por isso eu sei que se deixar isso passar, você só vai se afundar cada vez mais e quando eu perceber, já estará no fundo do poço, fora do meu alcance.”

“Haha… é assim que você vê essa situação? Eu sempre dei meu jeito de arrumar as coisas.”

“Você sempre se isolou e trancou o próprio coração, para que não se machucasse. Eu entendo isso, mas eu quero que você dependa um pouco de mim.”

“Quer agir como uma irmã mais velha agora?”

“Talvez eu seja, pelo menos na minha cabeça.”

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, pensando em como aquilo iria prosseguir.

Algumas pessoas passaram com olhares intrigados direcionados para os dois jovens. 

“Até quando você vai me abraçar?”

“Até eu perceber que está tudo bem.”

“Não fica envergonhada com essa situação?” 

“E você está?”

“… Um pouco.”

Hana se afastou. Não esperava aquela resposta. Normalmente, seu amigo teria sido sarcástico nesse tipo de situação. Ela passou na frente dele, se virando logo em seguida. 

“O que acha de chegar um pouco atrasado na escola hoje?”

“É engraçado ouvir isso. Não poderia dizer ‘matar aula’?”

“Eu não quero matar aula. Então vai ser assim mesmo.”

Mayck suspirou. Sua amiga de infância era uma pessoa complicada de se lidar, mas ele não odiava esse lado dela. Era reconfortante tê-la por perto. 

Os dois começaram a caminhar devagar. 

Eles conversaram despretensiosamente. Aparentemente, os dois concordaram, mesmo que de forma involuntária, que seria melhor deixar o clima mais leve, para, enfim, discutir o tópico importante.  

Era o que eles planejavam, mas quando se deram conta, já estavam na porta do colégio. 

“Bom, nós podemos discutir isso depois das aulas. Espero que você não fuja.”

“Você não confia em mim, é?”

“Quem sabe?”

Hana balançou a mão e se despediu, indo para sua classe. 

Mayck esperou mais algum tempo antes de continuar. 

O céu acima da escola estava ensolarado, mas também com algumas nuvens. 

Mayck simplesmente odiava o calor. Ele sempre torcia para que ficasse nublado ou chovesse, nem que fosse apenas uma garoa passageira. 

Eu só queria que ficasse tudo quieto. 

Desistindo de seus desejos impossíveis, ele foi para a sala. 

Abrindo a porta, ele se deparou com os olhares de seus colegas de classe, mas não se importou muito. Uma pequena saudação de bom dia foi o suficiente para desviar aquela atenção. 

“Bom dia, Mayck.” Chika e Akari acenaram para o garoto, que respondeu movendo a cabeça. 

“Você chegou um pouco atrasado hoje. Aconteceu algo?”

“Uh-uh. Eu apenas dormi demais.” Balançando a cabeça em negação, ele se sentou em sua carteira. 

Não demorou muito e um professor abriu a porta, anunciando o início da aula. Logo depois, ele começou a chamada. 

“Hmm… Yukimura-kun faltou hoje de novo? Você sabe sobre algo, Mizuki-kun?”

Mayck e Haruki eram bem próximos, então era natural que qualquer um perguntasse a um sobre o outro. 

“Ah, desculpe. Eu não sei sobre isso. Posso ir até a casa dele alguma hora.”

“Faça isso, por favor. Ele pode acabar perdendo assuntos importantes faltando assim e precisamos de explicações se isso continuar.”

Mayck assentiu e se sentou novamente, apoiando a cabeça em sua mão direita, enquanto olhava pela janela. 

“Então, vamos continuar de onde paramos ontem.”

A aula prosseguiu. 

Durante todo o primeiro período, o garoto ficou meio avoado e não estava prestando atenção nas aulas como sempre fazia. 

Chika e Akari notaram esse comportamento e acabaram se preocupando. Não só as duas, como também uma curiosidade despertou em toda a classe. 

Quando os professores pediam que ele respondesse à alguma atividade, precisavam chamá-lo duas ou três vezes e isso o fez levar uma bronca do professor de história. 

O horário do almoço chegou. Mayck pensou que era melhor ficar na sala, ou melhor, ele não tinha apetite e nem vontade de se levantar. 

Naquele momento sua cadeira era a coisa mais confortável do mundo. 

“Não vai almoçar hoje?” 

Chika se sentou na carteira da frente e virou o corpo para trás deitando a cabeça em seus braços, que foram apoiados na mesa do garoto. 

“Hm? Ah, não. Eu não estou com fome…”

“Sabe que vai ser um problema se você passar mal, não é?”

“Eu não vou passar mal ficando apenas um dia sem comer. Além disso, eu posso jantar em casa.”

“Espero que esse seja o caso… Você está preocupado com Haruki, estou certa?”

“Bom… talvez seja isso.” Ele sorriu amargamente.

“Eu sei que isso não é assunto para se discutir aqui, mas Kihon foi preso. Ele confessou tudo o que havia feito e Zero decidiu trancá-lo em uma das bases que ficam em Hokkaido.”

“É mesmo? No fim, ele merecia. Vai saber o que mais ele fez além de vazar informações.”

Chika tentou abrir a boca, mas desistiu e olhou para o mesmo local de onde Mayck não tirou os olhos nem por um segundo para respondê-la. 

“Se estiver com algum problema, pode contar comigo para te ajudar. Não que eu possa garantir que serei de muita utilidade”, ela disse, por fim. 

“Obrigado. Vou manter isso em mente.”

“Você precisa se alegrar logo para eu poder fazer bullying… brincar com você.”

“Não mostre suas intenções tão claramente.”

A garota riu e saiu de lá.

Ela tinha certeza que era algum problema sério e que não estava apenas ligado a Haruki, fazendo-a pensar que, com o que havia dito antes, acabou sobrecarregando o garoto. 

|×××|

No pátio, Chika se juntou a Akari e as duas foram para o telhado da escola. 

Procuraram um bom local para se sentarem e almoçarem juntas. 

Akari estava carregando um pote embrulhado em um tecido amarelo, com alguns desenhos de gatos. Chika, por sua vez, segurava um embrulho vermelho com algumas flores. 

Quase que ao mesmo tempo, elas abriram suas marmitas e revelaram o conteúdo delas. 

“Oh, Akari-chan, você tem um belo almoço hoje de novo.”

“Eu acordei bem cedo para preparar ele. Quer experimentar um pouco?”

“Eu posso? Então… muito obrigada pela comida.”

Com seus pauzinhos, Chika pegou um omelete no pote e levou à boca, se deliciando com o sabor levemente picante dos temperos utilizados. 

“Uau, isso tá muito bom. O que você usou neles?”

“Bem… é segredo. Ainda não estão do jeito que eu queria, então só vou revelar quando tiver certeza de que estão ótimos.”

“Hmm… Não precisa ser tão perfeccionista com algo assim. Eu acho que estão incríveis. Suas habilidades na cozinha são melhores que as minhas.”

“Fico feliz que pense assim.”

Akari repetiu o processo e começou a comer seu almoço, assim como Chika. 

Elas ficaram quietas, mas Akari estava incomodada com algumas coisas e tentava encontrar coragem para abrir a boca. 

“A propósito”, depois de pensar bastante, ela escolheu falar de uma vez. “O que está acontecendo com Mayck-kun?”

“Hm? Mayck? Bem… é uma situação um pouco complicada.”

“Tem alguma coisa a ver com a organização?”

“Eu imagino que não.” 

O clima confortável de duas amigas almoçando juntas se transformou em um clima de reunião entre dois membros de uma organização secreta. 

“Existe uma grande chance de ter algo relacionado com os portadores, mas é difícil especular o que é com certeza.”

“Mas você sabe parte do motivo, não é? Será que é um problema se você me contar?” Akari estava cautelosa. Ela pensava que talvez fosse um assunto confidencial. 

“Não, não é um problema. Um dos motivos tem a ver com Haruki. Eu sei até essa parte, porém existe algo mais profundo nisso.”

Chika acariciou o seu queixo e começou a pensar, ligando o que ela sabia sobre Haruki e tentando encontrar uma linha que conectava os acontecimentos. 

“Será que isso pode fazer com que Mayck-kun se vire contra a organização?”

“Eu não posso negar a possibilidade. Existe uma chance que ele deixe de cooperar conosco. Entretanto, ainda é um pouco incerto.”

“Entendo…”

Toda aquela situação era como um novelo na cabeça da loira. No entanto, ela tinha certeza de uma coisa: tudo ficaria ainda mais complicado. 

Enquanto se distraíam, a porta que dava para as escadas se abriu e duas garotas passaram por ela. 

Ambas conversavam normalmente como duas amigas que se vêem por aí.

As duas pararam de andar ao ver Chika e Akari. 

“Olá!” Chika acenou alegremente. 

Elas se cumprimentaram e Haruna, juntamente com Rika, se sentaram próximas às suas senpais. 

“Essa é a primeira vez que eu as vejo aqui. Decidiram se rebelar contra o sistema?”

“Não é tão estranho assim. É só que, normalmente, nós ficamos no campus.”

“Bom, pra mim o telhado é mais confortável.”

“Aconteceu alguma coisa lá embaixo? Já que as duas vieram pra cá…” Akari inclinou a cabeça. 

“Não. Não houve nada. Nós só pensamos em respirar o ar de um local diferente”, Haruna disse, enquanto desfazia o laço do embrulho de sua marmita. 

“Sim. Eu achei que seria uma boa experiência vir almoçar aqui…” Rika completou. 

Quando terminaram de almoçar, notaram que ainda possuíam tempo, então começaram a jogar papo fora. 

As quatro não se reuniam com frequência. Era uma situação incomum, mas nada alarmante, afinal de contas, faziam parte do mesmo clube, com exceção de Akari. 

“Hmm…” Chika fechou a boca e começou a olhar fixamente para uma certa parte do telhado. 

“Ichinose-senpai? O que houve?” Rika perguntou, olhando para o mesmo local. 

“Não é que… eu estava me perguntando o que aconteceu ali…” Com seu dedo indicador, a garota apontou para uma das grades que protegiam o telhado. 

Todas olharam para o mesmo lugar e ficaram com expressões de dúvida em seus rosto, enquanto olhavam para a grade amassada. 

“Será que bateram uma moto ali?”

“Por que logo uma moto? Não tem como trazer uma aqui em cima”, Haruna refutou Chika. 

“Talvez tenha entortado por conta do calor.” Akari pensou que era uma explicação plausível, mas os olhares das garotas voltaram para ela, intrigados, mas com outra coisa. 

“Não, não. Nem tem feito tanto calor assim.”

“Além do mais, por que só uma parte está torta se foi culpa do sol?”

Para elas, era mais fácil ter sido uma moto. 

“Isso é um mistério, né? Querem investigar?”

Chika se levantou e levantou o polegar com animação. 

“Eu passo.” Haruna recusou imediatamente. 

“Eu também não acho que vale a pena nos preocupar com isso…” Embora hesitante, Rika deu seu veredicto. 

Chika se arrepiou com as respostas e arregalou os olhos e fugiu para sua colega de classe. 

“Fui rejeitada desse jeito? Akari-chan?!”

“Desculpe, Chika, mas dessa vez eu vou concordar com elas.”

“Não pode ser. Eu fui traída.”

A garota pôs as duas mãos na cabeça e a balançou de um lado para o outro. 

“Por que não chama o Mayck pra brincar com você?” Haruna sugeriu. 

“Ele está tendo ruim hoje. Não vai dar.” 

“O-o que quer dizer?” Rika se levantou e se aproximou de Chika. 

“Ah, bem… não sei exatamente o que é, mas ele parece meio cansado.” Ela respondeu, enquanto tentava afastar a garota com as mãos levantadas na frente dela. 

“O que pode ter acontecido?” Rika se mostrava aflita. 

Mesmo após sua rejeição, ela não conseguia simplesmente desistir de seus sentimentos por ele. Portanto, ela ficava sensível a qualquer assunto que o envolvesse. 

“Não se preocupe. É do Mayck que estamos falando. Uma hora ou outra ele vai dar um jeito na situação.”

“Eu espero que sim…”

O alarme soou e o fim do almoço foi determinado. As quatro garotas se despediram e seguiram para suas respectivas classes. 

Quando Chika e Akari entraram na sala, viram que Mayck permanecia sentado em seu lugar, ainda olhando para a janela. 

“Eu acho que isso pode ser pior do que pensei”, Chika afirmou, parando na frente da porta. 

“Será que deveríamos ajudar com alguma coisa?”

“Não adianta. Conhecendo ele, não acho que nos contará assim de cara. Acho que a pessoa que tem mais chances de saber o que aconteceu é Hana-chan.”

“Hm…”

As duas continuaram olhando o garoto, mas logo tomaram coragem para se aproximar dele. 

“Ei, Mayck, você ficou aqui o almoço inteiro?”

“…”

“Se você estiver com fome, eu tenho alguns lanches aqui na minha bolsa.”

“Sério? Por que não me falou isso? Eu quero lanches.”

“Não seja assim, Chika-chan. Você acabou de almoçar.”

“Injusto. Eu também quero um lanche.”

Mesmo com o barulho que elas estavam fazendo, Mayck não deu respostas, o que fez as duas se preocuparem ainda mais. 

“Ei…” Chika tocou o braço do garoto, buscando sua atenção, porém, no momento em que ela fez isso, a cabeça do garoto escapou de seu apoio acertando a mesa com força. 

“Ai… Isso dói.” Quase chorando, Mayck pôs a mão sobre a própria testa e olhou para o lado, encontrando os olhos perplexos de suas duas amigas. 

“Mayck, você…”

“…Estava dormindo?”

“Eu… devo ter cochilado um pouco”, ele falou com um rosto levemente vermelho e desviando o olhar. 

O clima ficou estranho, mas as duas acabaram caindo na risada, deixando o garoto sem ter como reagir. 

“Eu não tenho dormido como antes, então meu corpo não se acostumou com o novo horário…” Ele tentou se explicar, mas não surtiu efeito. 

“Sim, sim. É claro. Tá tudo bem dormir durante a aula. Eu faço isso várias vezes.”

“As vezes é inevitável. Não se preocupe…” Mesmo que estivesse tentando consolar o garoto, Akari ainda estava tentando segurar o riso. 

Mayck nunca havia dormido durante a aula e sempre repreendia seus amigos quando o faziam. Não que ele agisse como um representante de turma, mas sempre dizia que não passaria cola durante as provas, porque o motivo pelo qual eles não aprenderam a matéria foi por terem dormido na aula. 

Era justificável que elas acharam engraçado quando a pessoa que reclamava de um ato, acabou cometendo o mesmo. 

Esse era um acontecimento que, dali em diante, elas sempre iriam rir quando olhassem para ele.

O segundo período de aulas se iniciou e Mayck continuou avoado. 

Sua mente parecia um turbilhão, tentando processar várias informações de uma só vez. 

O sentimento de culpa pelas vidas que tirou somado a causa de um grande choque na vida do seu melhor amigo eram demais para ele. 

Tudo o que restava, era dividir os problemas e resolvê-los um de cada vez. No entanto, apenas isso não serviria. 

Com a volta de suas memórias, a personalidade fria e desinteressada pelo mundo voltou também. 

Mayck lutava para não perder o seu ‘eu’ atual e deixar sua antiga versão arrependida e amargurada tomar conta. 

“Mayck-kun, está me ouvindo?!” De repente, um grito ecoou pela sua cabeça, o tirando se seu transe. 

Quando olhou para a figura de pé ao seu lado, percebeu que era seu professor de matemática, segurando um livro nas mãos. 

Chisaki era um professor um tanto temido na escola. Os alunos o respeitavam pela sua forma rigorosa de dar aula e não permitir que os alunos fizessem o que ele não pediu. 

“Eu estou falando com você há cinco minutos.”

“Ah… Me desculpe.”

“Desculpas não resolvem tudo. Como posso saber que está aprendendo na minha aula se você não responde uma única pergunta?”

“Eu vou prestar mais atenção. Peço desculpas por isso.”

A classe ficou em silêncio. Apenas a voz do professor, alta e grave, capaz de botar medo em um animal selvagem, era ouvida. 

Tudo o que se passava na cabeça deles era o quão surpreendente aquela situação se tornou. 

Desde que eles conhecem o garoto, nunca o viram tomar uma única reclamação por mau comportamento ou uma nota ruim em um teste. 

Até quando ele vai falar?

Conforme os segundos se passavam, mais alto Chisaki deixava sua voz. 

“Você sempre foi um bom aluno, Mayck Mizuki. No entanto, um único ponto negativo destrói todos os seus pontos positivos. O que você espera se tornar? Um delinquente? Seu pai se decepcionaria com você.”

Ele entende o que está falando? Por que estou ouvindo essa bronca sem sentido?

Mayck que sempre foi paciente e deixava o perigo passar, estava quase perdendo a cabeça. Gradualmente, começou a ignorar as palavras que saiam da boca de seu professor e mergulhar em seus próprios pensamentos. 

O barulho vindo de fora de sua cabeça eram apenas irritantes.

E só ficavam mais e mais irritantes…

Um barulho forte ecoou pela sala que ficou completamente silenciosa. Se alguém se concentrasse um pouco, poderia ouvir as batidas do próprio coração. 

A paciência de Mayck se esgotou e ele bateu a mão fortemente sobre a mesa, fazendo tanto Chisaki quanto os outros se assustarem. 

“Não terminou de falar ainda?” Mayck olhou de relance para o homem. 

“O que é isso? Está se rebelando agora? Não se esqueceu de que sou seu professor, não é?”

“É claro que eu não me esqueci. Mas também não quero que você fique enchendo o meu saco com o estresse que vem acumulando fora da escola.”

“Huh? Do que você tá falando?”

“Não tem necessidade de eu responder. Toda a classe… não, toda a escola sabe que você é um viciado em apostas, mas sempre perde. Então não vem descontar suas frustrações diárias em mim apenas porque é um momento oportuno.”

Depois que parou de falar, ninguém se moveu um centímetro. Vários olhares perplexos foram direcionados a Mayck. 

Aquela foi a primeira vez que viram o garoto se exaltar de tal forma. Isso não está certo. Dizer que ele se exaltou não era a palavra correta, até porque depois de bater sua mão na mesa, ele não elevou a voz nem um pouco. 

Seus olhos transmitiam a frieza de suas palavras e dava a entender que havia muito mais coisa de onde aquela revelação saiu. 

Chisaki engoliu sua saliva e recuou um passo. 

“Saia da minha sala”, ele ordenou, apontando para a porta. 

Mayck sabia que tinha agido errado ao gritar com seu professor, então apenas se levantou sem recolher seu material e se retirou. 

“Vá esfriar a cabeça na enfermaria.”

Mayck seguiu o caminho para o local indicado. 

Acho que falei demais… No quê eu estava pensando? Não. Eu não estou errado. Ele falou demais. 

O garoto relutava sobre quem estava certo e errado. 

Chegando na enfermaria, ele puxou a porta de correr e verificou se a professora responsável pela sala estava presente. 

Não está…? Bom, tanto faz. 

Não era proibido que um aluno entrasse na sala quando a enfermeira não se encontrasse lá, então Mayck apenas adentrou a sala e fechou a porta atrás dele. 

A enfermaria era um dos locais mais quietos da escola. 

Quem quisesse paz e sossego, precisava apenas criar uma desculpa e ir passar o tempo lá. Claro, havia outros lugares tranquilos na escola, mas nenhum deles poderia tirar esse local do pódio. 

As camas utilizadas na sala eram confortáveis, sem contar que a instalação ficava um pouco longe do prédio principal, onde as aulas eram realizadas, o que proporcionava um silêncio tranquilizador. 

Mayck se aproximou da janela e descansou os braços na travessa. 

O sol estava brilhando forte. Seus raios batiam no rosto do garoto e davam uma sensação de conforto. 

A brisa do dia também ajudava a criar uma atmosfera aconchegante e o canto dos pássaros ao fundo deixavam qualquer pessoa aliviada, como se seus problemas sumissem em um piscar de olhos. 

Que bagunça, hein. Parece que minhas decisões foram como um tiro pela culatra. 

Ele não conseguia pensar no que fazer em seguida. 

Dentro de sua consciência, uma contradição se desenvolvia. Enquanto uma parte se arrependia profundamente, a outra não sabia como seguir em frente. 

Era uma luta interna para descobrir o que ele estava sentido de verdade. 

Medo? Raiva? Remorso? Ou ele não se importava?

Qualquer que fosse seu real sentimento, só havia uma forma de se decidir. 

O garoto fechou seus olhos por um instante e se deixou levar para o mais profundo de seu coração. 

Ele já fez isso várias vezes em sua infância. 

Um local totalmente branco, sem nada de especial, apenas uma garota repousava seu corpo em uma mesa igualmente branca. 

Sua aparência lembrava a de Alana, mas, mesmo que quisesse pensar nessa possibilidade, Mayck sabia que não era ela quem estava ali. 

A garota se espreguiçou em cima da mesa e se levantou em seguida. Seu bocejo levou alguns segundos de seu tempo, mas ao pôr seus olhos no garoto, ela sorriu. 

 “Bom dia, Mayck. Há quanto tempo.”

“Pois é. Temos bastante coisa pra conversar.”

“Eu imagino que sim. Mas eu sei de tudo o que aconteceu com você. Então, sinta-se livre para perguntar o que quiser.”

Em um piscar de olhos, uma cadeira foi posta próxima ao garoto e ele se sentou. 

“Parece que você não perdeu o costume, não é?”

“Eu fazia isso o tempo todo. Não tinha como esquecer. Isso é, se minhas memórias não fossem seladas.”

“Fufu. Não vai tentar me culpar por isso, vai?” Alana colocou a mão para esconder um pequeno riso. 

“Não, não. Isso é culpa minha. Mas é mentira dizer que você não tem parte nisso.”

“É. Eu sei que tudo só começou porque eu falei sobre seus poderes. Acabei levando você a todo aquele caos.”

“De certa forma. Eu gostaria de saber o que aconteceu depois daquilo.”

“Você se refere a depois que suas memórias foram trancadas?”

Mayck acenou com a cabeça. 

“O que aconteceu com Alana? Tudo o que eu me lembro foi de ter acordado talvez… três dias depois?”

“Pra falar a verdade… Não aconteceu nada muito especial. Depois que terminei todo o ritual para o selamento, sua consciência desapareceu e nós também. As emoções de Alana foram passadas a você, o corpo astral dela veio para mim e eu fui trancada junto com suas memórias.”

“Isso quer dizer que Alana já não existe mais?”

“Sim. Ela nem deveria existir, para começo de conversa.”

“O que quer dizer?”

“É melhor eu contar tudo de uma vez. Vamos começar por quem eu sou.”

Alana, que no caso era a Chave, caminhou até o garoto e se sentou em uma cadeira que apareceu ao lado dele. 

“Eu sou mais conhecida como Chave, embora meu nome original seja outra coisa, mas vamos pular isso por enquanto. Eu fui criada há cerca de 20 anos, com o objetivo de controlar um certo algo.”

A palavra ‘algo’ fez Mayck se atentar ainda mais ao que a ela iria dizer. 

“A pessoa que me criou, Sophia Mizuki, foi uma excelente portadora. Após sua morte, ela me transferiu para Alana Mizuki, para que pudesse protegê-la. Eu sinto que ela deveria dizer, então eu vou ficar quieta por enquanto. Após o acidente, minha existência, juntamente com a consciência da garota, foram enviadas para você, como planejado originalmente. Foi só questão de tempo até que você nos encontrasse.”

“Espera um pouco, eu não tô conseguindo te acompanhar. Em primeiro lugar, porque eu tive que encontrá-las? E Sophia, é a minha mãe, não é?”

“Foi por culpa do seu isolamento. Nós não pretendíamos deixar você despertar sua ID tão cedo, então nós nos mantivemos quietas, apenas te observando. No entanto, você se fechou para o mundo e passou a maior parte do seu tempo apenas no seu subconsciente. Era inevitável você nos encontrar uma hora ou outra. E sim, Sophia é a sua mãe.”

O garoto ficava cada vez mais surpreso. Nunca tinha imaginado que sua mãe tivesse um papel tão grande em sua vida. 

“Por causa desse nosso encontro que as coisas saíram de controle. No começo, eu era só uma habilidade criada, mas depois do nosso encontro, eu ganhei um coração, não físico e sim um local onde eu poderia pensar por mim mesma.”

“Então você só é assim por que eu fiz algo que não deveria acontecer?”

“Não é que não deveria. Nós pensamos nessa possibilidade, mas deixamos ela de lado. O verdadeiro problema já havia começado quando eu ganhei uma consciência.”

“Acho que entendi esse ponto. Você era uma habilidade e habilidades são apenas ferramentas usadas para benefício próprio. No momento em que você foi ‘humanizada’, você perdeu esse propósito, mas ele voltou com bastante força e isso fez com que você despertasse um desejo por poder. Estou certo?”

“Sim. Conforme eu assistia, crescia um tédio e uma vontade de fazer o que eu deveria estar fazendo. Algo como instinto. Foi isso o que me levou a aproveitar os seus sentimentos de curiosidade pelo poder de Kin e usasse essa brecha para te fazer despertar mais cedo do que deveria.”

Não havia mais segredos. Mayck percebeu que tudo o que estava acontecendo estava ligado de alguma forma. 

Ele não precisava de explicações para saber o resto. 

O que ele queria saber era a verdade por trás de tudo. Não precisava pensar duas vezes para imaginar que ele estava dançando na palma da mão de alguém desde o acidente de Alana, ou talvez, até mesmo antes disso. 

“Enfim, eu creio que você já deve ter uma ideia, mesmo que vaga, da situação em que está, não é?”

“Hum. Eu sei o que é. Mas ainda tem algumas coisas que eu quero saber. Pode me explicar aos poucos?”

“Eu gostaria, mas não tenho muito tempo. Enquanto estive trancada aqui, eu fiquei brincando com suas memórias e acabei desenvolvendo uma personalidade.”

“Agora que você falou, você realmente parece diferente do que eu lembrava.”

“Não é?” Ela se virou para ele e apertou as bochechas com os dedos indicadores e um sorriso. “Mas tem um problema. Agora que você está recuperando sua personalidade, existe a chance de eu perder a minha.”

“E por que isso?” 

“Justamente porque essa minha forma é uma imitação. Eu criei ela a partir da sua personalidade antiga. Se você pegá-la de volta, eu não vou poder continuar desse jeito. É como se fosse a minha existência como pessoa.”

Era fácil entender o que ela queria dizer. Originalmente, foi criada como uma habilidade, então depois de perder sua consciência ela voltaria a sua forma original. 

“Não existe um meio de evitar isso?”

“Eeh… está preocupado comigo?” Ela se inclinou na cadeira e sorriu maliciosamente. 

“Se você não quer dizer, então tudo bem.” Mayck ignorou a provocação. 

“Fufu… Eu agradeço a consideração, mas não tem como parar isso. É como se você quisesse parar uma pintura quando você já começou a fazê-la.”

Os olhos do Mayck caíram e ele começou a encarar o chão pálido e deprimente. 

Os dois ficaram em silêncio. 

Não haviam muitas coisas que eles queriam dizer um para o outro em especial. Claro, ele ainda possuía dúvidas sobre várias coisas, mas não conseguia perguntar. 

O tempo passava. Até que, finalmente, Alana abriu a boca. 

“Certo. Vamos esquecer esse clima melancólico. Tem algo que eu preciso fazer antes de sumir de vez.”

“E o que seria isso?”

Sem tirar o sorriso do rosto, ela se levantou da cadeira e caminhou por alguns metros, parou e se virou em seguida, com as mãos para trás.

Em seu olhar, ela transmitia sua seriedade e colocou suas intenções em palavras. 

“Eu quero descobrir se você é forte o suficiente para sobreviver sozinho.”

“Hã? Por que isso?”

“Porque eu fui criada mesmo?”

“… Para proteger Alana?”

“E, agora que ela se foi, essa proteção passou para você. No entanto, eu não vou sobreviver assim por mais tempo. Preciso saber se você é capaz de se cuidar lá fora.”

“Você já sabe de muita coisa pra quem despertou há pouco tempo.”

“Fufu. As notícias correm.”

“Não que tenha alguém para te passar essas informações. Mas, bom, como você está na minha consciência, então é justificável que você tenha visto meus pensamentos e saiba das mesmas coisas que eu.”

“Um pouco mais.”

Recebido o recado, Mayck se levantou e se pôs em guarda. 

“Eu não vou me segurar contra você.”

“Se fizesse isso, o que está pensando em fazer perderia todo o sentido.”

Um sorriso de ambos os lados foi o sinal para o início da batalha. 

Após uma respiração profunda eles abriram a boca e disseram em uníssono:

“Moonlight Nightmare.”

O branco do ambiente foi devorado pela sua cor oposta. O ar resfriou-se e mesmo sendo no seu subconsciente, era possível sentir esses efeitos. 

Alana deu o primeiro passo e estendeu a sua mão, projetando um círculo azul que disparou um laser poderoso. 

Prevendo o ataque, Mayck foi capaz de desviar, mas não percebeu que já havia outro projetado, apenas esperando aquele movimento. 

Droga!

Em uma rápida mudança de posição, o garoto interviu com outro laser, não sendo atingido. Porém, a onda de choque o arremessou por alguns metros. 

Ela não vai mesmo se segurar. Bom, não há o que fazer. Não sei o que pode acontecer comigo se eu perder aqui, então é melhor eu ir com tudo o que tiver também. 

Mayck avançou e levou consigo uma esfera de eletricidade pronta para destruir seu alvo. 

Para diminuir as chances de sofrer um ataque em cheio, Alana saltou e projetou outro laser, obrigando o garoto a recuar. Mas ele não parou por aí. Aproveitou a luminosidade do golpe e se esgueirou até as costas dela com muita velocidade. 

Levantou a mão e sua espada surgiu em um piscar de olhos. Suas linhas azuis brilhantes projetaram um raio poderoso que dividiu Alana em duas partes. 

Ou foi o que ele pensava. O corpo da garota se desfez como a água sendo derrubada magicamente de um balão após ele ser estourado. 

“O quê?!” Ele não pôde deixar de se surpreender. “Agora você faz clone de água?!”

“É melhor prestar atenção. Te faltam anos para conseguir me acompanhar.” Ela brandiu a lâmina e atingiu um ataque vertical. 

Por um único segundo, Mayck escapou de ser partido ao meio pela sua própria espada, ou por uma cópia dela, deixando a lâmina na horizontal. 

“Como você tem isso?” Ele segurava o cabo com força para que Alana, que estava fazendo uma grande pressão, não ganhasse vantagem. 

“Estamos no seu subconsciente. Além disso, eu também sou parte da sua ID.”

Mayck tomou distância, mas a garota não mostrou intenções de recuar e desferiu golpes consecutivos com sua lâmina brilhando em vermelho. 

O garoto se defendia habilmente, embora com um pouco de dificuldade. 

Eu sabia que devia ter treinado mais!

A garota saltou e, novamente, brandiu a lâmina na vertical, visando um ataque direto. 

Mayck recuou um passo atrás e a lâmina atingiu o chão, criando uma pressão de ar incrivelmente forte, tanto, que o garoto involuntariamente cobriu os olhos. 

“Não fique se distraindo!”

Movimentando a mão direita para cima, Alana fez com que Mayck flutuasse no ar, o jogando para o lado em seguida. 

Sem dar chance para ele se levantar, ela fez o mesmo movimento, porém, para o lado oposto. 

Ele caiu e rolou pelo chão. 

“Ela é muito mais forte que eu… e ainda está usando as minhas habilidades.”

Mayck rangeu os dentes. Ele não conseguia aceitar o fato de que sua ID estava sendo usada melhor por outra pessoa. 

Parece que isso não pode continuar assim.

“O que foi? Está frustrado? Eu não vou te julgar. Afinal de contas, você…”

Antes que ela terminasse de falar, como se tivesse se teleportado, o garoto acertou uma voadora nas costas dela, arremessando-a para longe. 

“Não fique tão confiante. Talvez eu tenha me segurado porque você é muito pequena.”

“Hahahaha. Entendi. Então uma aparência infantil não te deixa seguro, não é?” Alana se recuperou lentamente e se levantou. “Pense em mim como alguém que quer te matar.”

“Se for desse jeito, então não posso me segurar mesmo.”

Em sincronia, os dois levantaram as mãos e prepararam seus ataques mais poderosos. 

Eles decidiram, involuntariamente, finalizar aquela luta naquele momento. 

Não estavam machucados por estarem no subconsciente, porém, começaram a ficar cansados mentalmente. 

“Vamos acabar com isso de uma vez.”

“Nunca concordei tanto.”

De um lado, Mayck projetou uma aro brilhante azul que girava a uma velocidade alucinante que era impossível para o olho humano acompanhar. Só podia perceber seu movimento por conta do ruído e das faíscas que saíam dele. 

Do outro, sobre a cabeça de Alana, um vórtice quase invisível se formava, criando uma enorme ventania que alocava todo o ar ao redor dentro de si e chacoalhava os cabelos da garota fortemente. 

Um último olhar. Eles se despediram sem dizer uma única palavra. Apenas sorriram e desejaram boa sorte um para o outro. 

Mesmo que eles não pudessem se separar fisicamente, não era possível para eles dizerem que poderiam se encontrar novamente.

As mãos foram jogadas para baixo e os ataques foram disparados. 

Quando se chocaram, uma enorme explosão de luz e vento jogou o garoto para bem longe. Tão longe que ele acabou saindo de seu próprio corpo por milésimos de segundos. 

O garoto caiu no chão, com um olhar perplexo em seu rosto. 

Por um momento, ele pode ouvir a voz fraca e falha da garota, dizendo: ‘até a próxima’.

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