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Capítulo 44 – Um novo problema

Dentro da sala de comando, a temperatura parecia esquentar com a raiva de Louis. 

Ele recebeu um relatório, dizendo que a batalha, apesar da diferença numérica, estava totalmente desbalanceada e nem era preciso dizer qual lado estava levando uma surra — apenas a derrota de Alfred foi suficiente para a derrota da organização surgir no horizonte; sem o general, os soldados perderam sua moral. 

Merda… Nós vamos ter que recuar de novo? O que eu faço agora? Aquele moleque… Maldito. 

Louis gritou em sua mente e puxou seus cabelos com força, por causa do desespero, com sua face conturbada. Isaac o assistia em silêncio, incapaz de opinar. Tudo o que ele conseguia fazer era celebrar a vitória certa, evitando demonstrar isso em seu rosto. E Abner estava de braços cruzados, mas também inquieto. 

“Se continuar assim, nós vamos perder. Não é melhor procurar uma outra forma de atacar?”

“Eu sei, caramba, eu sei! Fique quieto um momento.” Em resposta a Abner, Louis demonstrou estar sem paciência para lidar com a realidade. Mas naquele caso, ele não tinha muitas escolhas para virar aquela bagunça. 

Alfred foi derrotado e Garcia morto. E os demais capitães escolhidos pelo general estavam com uma enorme dificuldade em lidar com os principais capitães dos líderes de região. Era como se eles já soubessem de todos os seus movimentos e preparavam uma forma de lutar contra cada um deles. 

Droga… eu devia ter planejado melhor. 

“Senhor, a divisão 1D foi eliminada. A mesma situação com a divisão 2C.”

“O exército inimigo está avançando com mais força.”

Os relatórios não paravam de vir e o verdadeiro presidente que agia por trás de Abner estava quase explodindo. 

Louis começou a perceber que havia cometido um erro ao subestimar as forças inimigas. E não os investigar com mais cuidado. 

Mas ele não iria desistir por isso. Muito pelo contrário. Essa situação lhe dava ótimas oportunidades como usar armas letais que não seriam retiradas do depósito tão frequentemente. 

Isso. Ainda não está tudo perdido. Nós temos outra chance. 

Era hora de se acalmar e começar a planejar com mais cuidado. Uma coisa que ele conseguiu com aquela humilhação foi a chance de ver como seus inimigos agiam. Eles estavam separados em grupos e seu general não estava presente nas lutas. 

Louis deu um pequeno sorriso. Ele pegou o walkie talkie e convocou algumas pessoas e elas apareceram em sua presença cerca de 20 minutos depois. 

“Mas que saco, velho. Você sabe como é uma merda atravessar aquele lugar caótico?”

Um rapaz de aproximadamente 20 anos reclamou, enquanto passava a mão em sua bochecha, limpando o sangue que escorria. 

“Dessa vez eu concordo com ele. Pra quê chamar a gente aqui se podia ter dito pelo rádio?”

Uma garota deu um passo e concordou com seu companheiro.

“Fiquem quietos. Pode ser que nossos inimigos estejam captando as transmissões dos comunicadores. Eu precisava que vocês viessem aqui.”

“Tá, tá. Só fala de uma vez.”

“Não vamos nos prender em explicações. Nosso tempo é curto. Eu preciso que vocês usem isso.”

Louis colocou dois frascos com um líquido amarelo na mesa. A dupla reconheceu aquilo imediatamente e suas expressões não foram de alegria. 

“Tá ficando louco?! Você quer matar a gente?!”

“Se acalme Luan. Isso realmente é o que vocês estão pensando, mas não se preocupem. Essa é uma versão mais simples e não vai matá-las em um único uso. No máximo, vocês ficarão exaustos por algumas horas.”

“E como podemos acreditar nisso? Você pode estar mentindo por estar desesperado vendo a surra que a gente tá levando.”

Luísa falou em um tom natural, questionando, mas também dava sinais de raiva, com seus punhos cerrados. 

“Vocês sabem quem eu sou? Confesso que perdi a calma por um momento, mas já percebi como vamos derrotar aqueles idiotas. Então façam isso, ou vocês podem morrer de verdade, e não vai ser por causa da droga.”

Luan e Luísa rangeram os dentes diante da ameaça, mas não podiam apenas dizer não. Além de seu pai, Louis ainda era o superior deles e eles sabiam que não havia nada pelos filhos em seu velho coração. 

Se eles não fossem úteis, seriam descartados, assim como aconteceu com sua mãe. 

Após a conversa, eles retornaram para o campo de batalha, mas ainda se questionavam sobre o funcionamento daquele plano. 

“Aquele velho vagabundo… ele está realmente tentando vencer isso?”

“Se acalme. Ele pode estar contando com a gente para virarmos o jogo. Vamos tentar, pelo menos.”

Os dois irmãos debateram. Mas não importava quanto tempo eles levassem, qualquer segundo que se passava a desvantagem aumentava, então só restava apostar naquela ideia.

Eles tomaram o conteúdo dos frascos. A princípio, sentiram uma dor terrível em seus estômagos, mas depois veio a sensação de leveza e eles sentiram o poder que corria por suas veias transbordar. 

“Não é que ele falou a verdade mesmo? Nós não perdemos o controle.”

“Hahaha, aquele velho desgraçado… ele sabe o que tá fazendo.” Luan encarou seus punhos enfaixados com um sorriso e depois encarou o caótico campo de batalha. “Então, vamos de uma vez.”

Os dois saltaram animados no campo de batalha e não se seguraram na hora de espancar seus inimigos. 

O poder correndo por seus corpos lhes dava uma sensação de grandeza, como se não houvesse limite para lutar contra os seus inimigos, matando-os de forma brutal com suas armas — uma corrente nas mãos de Luísa e uma enorme marreta com Luan. 

Eles avançaram contra o exército de Mayck e, com suas IDs, começaram a destruí-los com mais facilidade do que antes. As habilidades de Luísa consistiam em fazer suas correntes, feitas de material estranho, perseguirem seus alvos como um míssil teleguiado, os perfurando como se fossem um material muito frágil. 

Luan usava sua marreta para criar uma enorme pressão atmosférica sobre seus alvos e os esmagava como insetos.  

Os dois estavam curtindo aquele momento. A reviravolta tinha acabado de começar. No entanto, não era esse o real objetivo de Louis. 

Depois de vários minutos de puro caos no campo de batalha, cerca de 350 soldados da organização foram mortos e apenas 300 e mais algumas dezenas de homens dos líderes restavam na batalha. 

Nem um dos lados conseguia parar e lamentar a morte de seus companheiros. Tudo o que podiam fazer era vingá-los, destruindo-se uns aos outros. 

No entanto, as coisas haviam acabado de piorar. Com as mortes, eles acabaram chamando uma atenção desnecessária e algo que eles não desejariam ver, nem por um minuto, invadiu o campo de batalha e começou a devorar as presas fujonas que encontrou. 

Mas não era apenas um, eram dezenas deles. Dezenas de Ninkais saltaram sobre os homens, independente do lado, e começaram a exterminá-los sem exceção. 

Mas uma presença ainda maior foi chamada por outra coisa. 

Apavorados, os soldados congelaram e se desorientaram, tentando proteger suas vidas com tudo o que tinham. 

Os quatro líderes também ficaram espantados por ver aquele grande número de monstros juntos, visto que eles não andavam em bandos, com exceção de alguns tipos. 

No entanto, mesmo que fossem do tipo que atacavam em grupos como lobos, aquelas classes B e A, nem em sonhos, compartilhavam o mesmo ambiente de forma tão casual. 

As pesquisas feitas pelas organizações e até mesmo pelos Caçadores de Ninkais, afirmavam, com certeza, que os Ninkais eram hostis entre si. 

Do topo do prédio, o qual Mayck subiu após afugentar o atirador, ele percebeu algo estranho no campo de batalha e se espantou com o que viu. 

“Por que logo hoje? Será que Eugênio trouxe eles aqui?” A primeira suspeita do garoto foi que Eugênio estivesse usando Lorena para controlar as criaturas. Mas um acontecimento que veio em seguida descartou essa possibilidade. 

De repente, Mayck sentiu uma enorme pressão sobre ele. Não física, mas era como se sua vida estivesse passando diante de seus olhos, ao mesmo tempo que sua mente se consumia de terror. 

Acima dele, uma forma de vida grotesca e colossal sobrevoou a cidade balançando seu corpo como um cobra dançando nos céus e deslizando entre as nuvens. Sua enorme presença tampou a luz da lua e bloqueou a visão das estrelas a uma longa distância. 

Nem podia-se dizer onde estava a cabeça dela naquele momento. Após alguns segundos, Mayck se recompôs, mas ficou ofegante, como se aquele monstro tivesse levado todo o oxigênio presente na cidade. 

É aquela coisa. Ela tá aqui de novo? Mas porquê?

Havia muitos questionamentos, mas não era hora de priorizá-los. Mesmo que os Ninkais não estivessem tentando discernir aliados de inimigos, o exército de Mayck estava sendo reduzido e, se continuasse assim, ele perderia completamente antes do amanhecer. 

Preciso fazer alguma coisa. Se esse monstro veio aqui, ele pode muito bem destruir a cidade. 

O alarme de perigo do garoto disparou. 

Rapidamente, ele saltou do prédio, na intenção de ir até onde a batalha ocorria, mas um tentáculo escorregadio agarrou seu pé e o puxou de volta, mas de cara no chão. 

“Quê?!”

Mayck quicou no chão como um bola e foi lançado para cima. Demorou alguns segundos para ele voltar a si. 

Quando olhou para baixo, viu a criatura humanóide, cujos braços foram substituídos por enormes tentáculos negros, que em suas pontas haviam pontas como de uma flecha. Mayck não reconheceu aquele monstro, então presumiu que fosse uma das classes mais altas que ainda não havia encontrado. 

Porém, fosse o que fosse, não poderia atrapalhá-lo ali. 

“Monstro desgraçado. Não posso perder tempo com você.”

Mayck brandiu sua espada para desferir um golpe que acabaria de vez com a existência daquele monstro, mas algo que ele notou enquanto estava caindo o fez repensar. 

Me encontrou de novo?

Ele caiu em pé e imediatamente saltou, com um backflip, usando eletricidade como impulso e um projétil passou por ele, atingindo a cabeça da criatura. Em seguida, Mayck saltou do prédio, com algo em mente. 

Isso deve ser coisa deles. Se o sniper não desistiu de me atacar para matar os monstros, então ele deve saber de alguma coisa. 

E essa coisa era o motivo dos monstros estarem lá. Ele continuar alvejando Mayck ao invés de mudar para os Ninkais era a mesma coisa de estar anunciando que aquilo fazia parte do plano. 

Mayck suspirou, decidindo o que fazer. 

“Vou lá eliminá-lo.”

Mayck disparou como um raio, na verdade, até mesmo mais rápido que um. Ele já havia descoberto o local onde o atirador estava, então chegar até lá não seria um problema. 

Em milésimos de segundos ele saiu da cidade e atravessou o campo de batalha, e como se dançasse, eliminou alguns dos Ninkais que estavam no caminho. 

Te achei. 

Quando chegou até o atirador, fincou sua espada na perna dele sem hesitar.  

A mulher gritou de dor quando se deu conta daquela lâmina prendendo sua perna no chão. Dava para ver o terror em seus olhos ao encarar a ID de Mayck ativada. 

Então foi com isso que ela atirou? Mayck encarou o estranho artefato em forma de rifle de precisão que possuía um tom avermelhado e parecia ser feito de vidro. 

“… Como você chegou até aqui…”

Com o que lhe restava de forças, ela perguntou. Mayck, no entanto, olhou para a direção de onde tinha vindo. Era, de fato, uma grande distância, cerca de 5 quilômetros, ao menos. 

“Quem foi que trouxe eles aqui?”

O garoto voltou seu olhar para a mulher, sem nenhuma emoção em seu rosto coberto pela máscara. 

“E-eu sei lá. Não é nada estranho que eles apareçam durante a noite.” A mulher tentou se esquivar da pergunta afirmando o, infeliz, óbvio. 

“Não estou falando deles.” Mayck apontou para cima com o dedo indicador. 

Lentamente, a mulher levantou seu rosto e olhou para a criatura que dançava no céu com seu corpo que desafiava as leis da gravidade. Não havia a presença de asas, então como ela voava era um mistério. 

A mulher abriu sua boca como primeira reação, espantada pelo que viu, mas, em seguida, ela sorriu e a energia dela mudou. 

“Haha… Hahahahaha! Então era disso que você estava falando, chefe? Essa é sua arma definitiva? Se é assim, então eu não tenho mais utilidade. Agora que fui pega… minha única escolha é morrer.”

Mayck observou a mudança de comportamento dela com certa surpresa. Havia muitos loucos naquele mundo, mas uma mudança tão radical era rara de se ver. Ele viu ela colocando algo em sua boca e presumiu que fosse um comprimido. Mas um mal pressentimento o fez se afastar. 

Como uma revelação do que parecia ser uma paranóia, a mulher começou a se contorcer no chão e uma luz branca saiu de seus olhos, até que depois o corpo dela explodiu em pedacinhos, fazendo seu sangue jorrar para todos os lados, inclusive nas roupas e na máscara de Mayck. 

Ela se matou? Que nojo. Agora vou ter que ficar todo sujo até o final disso. 

Com um suspiro, Mayck voltou seus olhos para o campo de batalha, que era iluminado pelos portadores desesperados em destruir os Ninkais. De repente ele foi interrompido pelo walkie talkie em seu bolso. 

“Ei, que merda está acontecendo? Por que tem tantos desses monstros aqui?” 

Era Elias. 

“Eu não sei muito bem, mas isso é coisa da organização. Eu acho que esses monstros só vieram pra cá por culpa dessa coisa gigante que acabou de passar.”

“Coisa gigante? Você sabe o que é aquilo?”

“Provavelmente um Ninkai, não? De qualquer forma, foque-se, pelo menos, em salvar seus homens. Eu vou procurar uma forma de destruir aquela coisa.”

“Eu espero que você faça alguma coisa mesmo. Depois dessa merda eu vou acabar como um rei sem súditos.”

“Sim, sim, claro.” Mayck desconectou de Elias e procurou a frequência de Alexander. “Como as coisas estão aí?”

“Nós conseguimos entrar, mas estamos com um pouco de dificuldade em localizar as armas. Isso aqui parece um labirinto.”

Alexander e Diogo estavam efetuando uma tarefa especial. Eles foram designados por Mayck para se infiltrar na sede da organização e sabotar todos os equipamentos. Porém, não havia muitas formas de falhar nisso, se eles fossem pegos, só precisavam destruir tudo — era um plano um pouco irracional, no entanto. 

Mas eles não se preocuparam se era racional ou não. Tirar os brinquedos do inimigo diminuiria suas forças consideravelmente e, também, poderiam fazer os soldados se renderem ao ter sua base destruída.

“Não precisam se esforçar demais. Do jeito que as coisas estão aqui, não creio que eles vão se preocupar tanto com a gente.”

“O que quer dizer?”

“Depois eu te atualizo. Só continue com o plano. Eu vou segurar as pontas aqui fora.” 

“Bom, se você está dizendo…”

Com isso, Mayck desligou o walkie talkie. 

Eu tinha dito que não iria me envolver diretamente, mas as coisas quase nunca se movem como eu quero sem fazer isso. 

A partir dali, a situação ocorreria de forma diferente. Sendo inimigos humanos, era possível mantê-los longe dos civis com uma certa facilidade, mas se tratando de monstros não seria tão simples. Ainda mais contando com uma existência que transcendeu a ciência humana e poderia pulverizar todo o estado com um sopro. 

Lidar com aquilo exigia uma extrema cautela. 

Um passo errado e tudo, completamente tudo, iria por água abaixo.

“Fala sério… o que eles pretendem trazendo uma coisa como essa pra cá?”

Aqueles monstros estavam matando todos. Isso também valia para os soldados da organização. Nenhum exército pretendia perder todos os seus homens se estivesse tentando vencer uma guerra, então deveria ter mais algo por trás. 

Foi nesse momento que ele percebeu que a situação de Diogo e Alexander poderia ter ficado mais complicada. 

Eles vão perceber. Uma hora ou outra. Por ora, é melhor eu ir ajudar a matar aquelas coisas. 

O campo de batalha ficou completamente terrível. Um verdadeiro show de horrores. Um Ninkai que parecia ter cinco vezes o tamanho de um homem adulto batia no chão e lançava os soldados para cima como se estivessem em uma cama elástica, apenas para abrir sua bocarra e devorá-los sem muito trabalho. 

Cada um dos monstros presentes possuíam uma particularidade em seu modo de eliminar suas presas, espetando os alvos como se fossem bifes num prato, sugando eles como um aspirador de pó. Mas uma coisa não mudava; todos eles deixavam um enorme rastro de sangue para trás, como se disputassem entre si quem devorava mais humanos. 

Mayck percebeu que não importava onde, ele não ficaria longe de seus ofícios como caçador de Ninkais e todos os portadores do mundo sofreriam a mesma sina. 

Se jogando no meio daquela matança, Mayck focou em eliminar apenas os Ninkais, brandindo sua espada e saltando para todos os lados, e com uma velocidade imensa — logo, ele se juntou aos dois líderes que lutavam incessantemente contra os monstros. 

“Isso também estava nos seus planos?”

“Pra você ver como a vida pode ser imprevisível. Vamos matar todos os monstros. Precisamos lidar com aquela coisa enorme também”, Mayck respondeu o sarcasmo de Hugo. 

“O que é aquela coisa afinal? Um ser extraterrestre?”

“Quem sabe? Mais importante é que os Ninkais ficam mais fortes quanto mais devoram. Então é urgente apagar eles antes que se tornem um problema maior.”

“Pode ser que eles tenham alguma relação com aquele bicho gigante. Então é meio óbvio que temos que tirar os pequenos da jogada”, Mathias afirmou, enquanto era protegido pelas quatro garotas, que estavam focadas em manter os monstros longe de seu líder. 

“A propósito, você está todo sujo de sangue. Estava brincando por aí?”

“Se você falar assim parece que eu sou algum tipo de psicopata. Isso não vem ao caso. Não vamos ficar perdendo tanto tempo aqui. E onde está Roger…”

A pergunta de Mayck foi respondida após uma explosão enorme ocorrer do outro lado. Ela foi causada pelo próprio Roger que parecia estar se divertindo enquanto espancava um Ninkai até a morte. 

Parece que vamos ter que seguir o exemplo dele, de certa forma. 

“Bom, vamos lá né…” Mayck balançou a cabeça levemente, tentando dispersar a repreensão que teria para Roger. 

Os dois, Mayck e Hugo, se dividiram, mas Mathias continuou parado, se recusando a mover um dedo para ajudar. 

<—Da·Si—>

Dentro da sede, uma correria se iniciou. Louis não estava mais interessado em vencer aquela guerra. Vendo que havia perdido a paciência com uma criança, ele tratou de se recompor e pensar com frieza. 

Nesse ponto, ele pensou, não adianta eu ficar com raiva. Devo admitir que perdi aqui. Agora, só o que importa é manter o projeto a salvo. 

Ele pretendia aproveitar o caos no campo de batalha e retirar o laboratório móvel de lá. Foi para isso que ele usou a droga especial, feita para atrair o monstro que vivia escondido sabe-se lá onde. 

“Me surpreende que deu certo. Achei que não funcionaria mesmo.” 

“É claro que iria. Foram anos de pesquisas para desenvolver aquilo. Se tivesse a possibilidade de falhar, eu nem teria cogitado usá-la.”

“Tudo bem, então. Agora que chegamos a esse ponto, o que vai fazer? Vamos ter que ficar completamente escondidos se formos fugir desse jeito.”

“Não se preocupe com besteiras. Não estamos correndo sem rumo. Vamos para a base da fronteira. Não precisamos levar mais nada, apenas os pesquisadores e o laboratório. Podemos juntar um novo grupo de portadores com os que sobreviverem lá fora.”

“… Ah… e pensar que esse dia chegaria… Nunca pensei que o grande Louis fugiria de uma criança.” Abner sorriu. “E como tem certeza que vai sobreviver alguém?”

“Apesar de ser perigoso ao ponto de controlar um pequeno exército, ele ainda é só um moleque. Não deve aguentar o peso de tantas vidas.”

Louis acreditava que Mayck deixaria os remanescentes viverem quando a guerra chegasse ao fim. 

“Isaac, vá ver como está o andamento das coisas.”

“…”

“Isaac.”

“…” 

Isaac estava imerso em seus pensamentos, com um semblante inquieto e as vozes dos seus superiores não chegavam até ele. 

“Isaac!” 

“A-ah, sim, o que foi?”

“Por que está tão quieto? Eu mandei você ir verificar como estão os preparativos para o laboratório móvel.”

“Ah, sim. Estou indo.”

Isaac se levantou rapidamente e se dirigiu para a saída, mas foi interrompido por Louis.

“Espera aí, você está escondendo alguma coisa?”

“Hã…? Como o quê?”

Louis semicerrou os olhos e falou para Abner fechar a porta, impedindo a saída de Isaac, que começou a suar frio. 

“Venha até aqui.”

“Ma-mas pra quê? Eu… não deveria ir verificar os pesquisadores?” Sua voz trêmula só deixou Louis mais desconfiado. 

“Não minta. Você estava indo nos entregar, não é?”

“”Nos entregar?”” Abner pensou no significado disso, mas Isaac entregou a verdade, mesmo tentando negar. 

“Do-do que está falando? É claro que eu não iria fazer isso. Nunca fiz…”

Louis respirou fundo. Ele não duvidava de que todas as coisas que eles planejavam foram sendo vazadas por algum lugar. Ele conhecia o pobre Isaac há muito tempo. Tempo o suficiente para conseguir dizer quando ele estava mentindo. 

“Agora eu entendi porque nossos inimigos tinham uma contra ataque para nossas investidas. Desde quando você tem contato com eles?”

“Eu não sei do que você está falando…”

Rapidamente, Louis se lançou contra Isaac e o atingiu com um chute na lateral, o mandando contra a parede. Em seguida, andou até ele e o pegou pela gola, sem se importar com a tosse e a falta de ar do seu subordinado. 

“Nós poderíamos ter vencido isso, mas você decidiu nos trair. Muito bem, então. Eu vou te mostrar o que fazemos com traidores. Abner.”

Abner andou até eles, já sabendo o que fazer e segurou o braço de Isaac, que caiu em lágrimas desesperadas, tentando convencê-los de que não era um traidor. Mas em vão. 

Abner segurou os seus dois braços para trás com força, cruzando-os, contendo Isaac que se debatia enquanto implorava por perdão. 

“Você deveria ter pensado duas vezes.”

Pondo um pé sobre as costas dele, Abner, com um puxão, quebrou os braços de Isaac. A sala foi completamente tomada pelos gritos de dor e sofrimento dele. E essa foi a sua lição do que acontecia com quem traísse a organização, que sempre lutou incessantemente para que os objetivos fossem concluídos. 

Os dois saíram da sala e deixaram Isaac jogado no chão, agonizando e gemendo de dor. 

Eles se dirigiram para o laboratório, e no caminho deram ordens para os poucos guardas que restaram lá para que acompanhassem os preparativos, garantindo que tudo ocorreria bem. Mas para um em especial, Louis mandou que tirasse o lixo para fora e o guarda entendeu com perfeição. 

Após algumas horas, quando o dia já estava prestes a raiar, o laboratório móvel ficou pronto para partir. A única coisa que restava a se fazer era ter certeza de que ninguém fosse interferir. Porém, Louis viu que as coisas não seriam tão fáceis. 

“Senhor, dois invasores estão se dirigindo para o laboratório móvel!”

“Não os deixe se aproximar, não importa o que façam. Matem os dois assim que tiverem a chance.”

Os guardas armados fizeram o possível para segurarem os dois invasores, mas Diogo e Alexander não foram até ali para serem pegos bem no final. 

Eles estavam cientes de que algo terrível estava acontecendo do lado de fora, então tinham que ter certeza de, ao menos, derrubarem a organização por dentro. 

Alexander saltou sobre os três guardas que protegiam a entrada e os alfinetou antes que pudessem disparar, perfurando seus pescoços rapidamente. 

Diogo veio em seguida, aproveitando que a entrada estava livre e passou pelos corpos sem vida dos guardas. Puxou um revólver verde prateado e disparou nos seis guardas restantes. Apesar de parecer uma arma comum, ao invés de munições normais, ela disparou pequenas esferas, que depois de dar um fim nos alvos, voltaram para o revólver. 

Assim, a dupla de invasores encurralou Louis e Abner e o time de pesquisa composto por mais de vinte pessoas, enquanto eles estavam prestes a ativar o laboratório móvel. 

“Conseguiram chegar até aqui? Eu devia ter ficado mais atento. Mas é uma pena. Vocês chegaram tarde demais.”

“O quê? Como você pretende fugir?”

“Dessa forma.”

Com um gesto da mão de Louis, o funcionário responsável pelo ativamento do laboratório móvel apertou um botão. Logo após isso, uma enorme parede subiu do chão, separando os invasores de Louis e cercando todo o laboratório, que desceu rapidamente como um elevador. 

“Hã?! Que merda foi essa? Eles se trancaram ali?” Diogo não pode evitar sua surpresa. 

“Parece que sim. Mas se for só isso, acho que posso derrubar essa parede. Se afasta aí.”

Diogo assentiu. Alexander se posicionou, preparando seu punho para um poderoso golpe. Logo ele disparou sua mão engatilhada e conseguiu criar uma enorme rachadura na parede que devia ter, pelo menos, 60 centímetros de concreto. 

“Eu já tinha visto antes, mas você é bem fortinho, né?” Diogo comentou enquanto cobria o rosto por conta da poeira. 

“Pois é… muito arroz e feijão.” Alexander deu outro soco na parede, derrubando-a de vez. 

Mas do outro lado dela, não havia mais nada além de um grande espaço vazio e dos destroços da parede. 

“Pra onde eles foram…?”

Aquilo não fez sentido. Nem havia levado tanto tempo desde que a parede foi erguida. Por um momento pensaram que estavam alucinando, mas depois de analisar um pouco, Diogo viu um risco no chão que rodeava todo aquele lugar. 

“O que será isso? É como se fosse uma tampa.”

“Você acha que eles foram pro subsolo?”

“Tem uma chance.”

Com o intuito de descobrir, Alexander atingiu um soco no chão. Um soco poderoso para abrir uma cratera, que revelou um abismo cuja pouca luz que havia no teto não conseguia iluminar o fundo. 

“Parece que eles têm um abrigo subterrâneo. Até onde eles pensam em chegar?”

“… Pelo visto, bem longe”, Alexander concluiu, vendo grandes placas de metais que pareciam funcionar como uma esteira, preparadas para transportar o laboratório.

Os dois se entreolharam. Só havia uma coisa a ser feita, caso contrário, a missão dos dois falharia e seria um enorme problema, julgando que aquela poderia ser a fase principal daquela guerra e a chave para o fim dela. 

“Então, tá pronto?”

“Hmm…” Diogo engoliu a saliva em sua boca. Ele pensava se deveria mesmo fazer aquilo. Arriscar sua vida daquele tanto valia a pena? O pior de tudo era aquele abismo que parecia ter apenas alguns quilômetros de profundidade. 

“Não se preocupe. Eu te seguro.” Alexander disse com uma voz gentil e um ar reconfortante.

Diogo, porém, o olhou com uma expressão de desconfiança. 

“Sei não…”

“Para de drama. Eu te seguro.”

Alexander se virou e o chamou para subir em suas costas. 

“Ah, cara… Tá, tá bom. Vamos de uma vez.”

Diogo desistiu. 

Com ele nas suas costas, Alexander encarou o abismo que não parecia ter fim e respirou fundo. 

“Beleza, vamos lá.” Assim, ele saltou para onde não tinha certeza se sairia com vida. 

Se eu morrer, eu volto pra puxar o pé daquele moleque. Mas isso é tudo pelo pagamento. 

<—Tempo restante até o fim da batalha: 42h—>

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