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Capítulo 45.5 – DS: O nascer do ódio

Tudo aconteceu rápido demais para que Alfred pudesse reagir. O soco de Roger foi o suficiente para deixá-lo desacordado por um dia inteiro. 

Depois de acordar, ele não perdeu tempo e saiu para checar o que estava havendo. Não havia ninguém no campo de batalha — nada além da destruição deixada por eles. 

A sede estava aos pedaços e nada que o ajudasse a entender o que havia acontecido estava presente. Então ele decidiu se aventurar pelas ruas da cidade em busca de respostas, mas antes foi para o que restava da sede para ver se seus companheiros continuavam vivos. 

Nada aqui… Onde aqueles desgraçados foram parar?

Nenhum sinal de vida humana nas redondezas. As pessoas adormecidas acordariam em breve e, infelizmente, ele pensou, ninguém veria o caos implantado naquela região. Se pelo menos conseguissem isso, poderiam deixar ao menos um resquício de vitória. 

Mas era claro que eles haviam perdido. 

Alfred estalou a língua. Frustrado e decepcionado, sem saber o que fazer em seguida. Se haviam perdido, então Louis e Abner provavelmente já estavam mortos. 

Assim, ele foi para a cidade. 

O silêncio era total. Ao ver algumas residências danificadas na área ao redor do campo de batalha, Alfred pensou que Mayck Mizuki havia perdido alguma coisa, visto que ele não queria deixá-los atacar os civis. 

Idiota. No fim, não conseguiu salvar todo mundo. 

Diferente de um ser humano normal, Alfred sentiu seu coração palpitar de alegria. 

Saindo de seus pensamentos, alguns sons de passos chamou sua atenção. Ele se virou para olhar e notou uma figura, que ao ver que foi notada fugiu, mas não conseguiu escapar das mãos de Alfred, que agarrou o capuz do indivíduo. 

“O que tá fazendo aqui, hein? Se perdeu dos seus pais?”

“Me solta, seu monstro. Sai daqui.” A garota começou a se debater. 

Alfred a analisou e ela parecia ter pelo menos treze anos de idade. 

“Se acalme. Eu não vou te machucar…”

Ele tentou fazê-la relaxar, mas a garota jogou-lhe um taser e o eletrocutou. Aquele movimento repentino fez Alfred largá-la com o sangue fervendo. 

“Ah, sua praga…!”

Ela tentou fugir novamente, mas Alfred a capturou e arrancou o teaser de suas mãos, para que ela não o utilizasse mais. 

“Eu falei pra se acalmar! Ei!”

“Me solta, me solta! Eu vou chamar a polícia.”

“Os seus pais, onde estão? Eu vou te levar até eles.”

Aquelas palavras a calou. 

“Está falando sério?”

“Sim, estou. Onde é sua casa?”

“…”

A garota baixou o olhar e apertou suas mãos trêmulas. Lágrimas escorreram pelo seu rosto. 

“Ela… a minha casa… foi destruída por uma luz… e meus pais me mandaram fugir.”

“… Ah… entendo. Onde ela fica?

Ela apontou com seu dedo indicador para um certo local. 

“Virando a esquina… no final da rua.”

Alfred acenou com a cabeça e segurou a mão da garota, demonstrando confiança. 

“Muito bem. Eu vou te levar até lá. Tenho certeza que seus pais estão bem. Pode me dizer seu nome?”

“… É Eloá.”

“Então vamos lá, Eloá.”

Após o consentimento da garota, eles seguiram até a casa dela. 

Mesmo com a declaração de Eloá, dizendo o caminho de sua casa, eles levaram um bom tempo até o local. Deram algumas voltas e Alfred percebeu que a casa dela ficava de costas para o campo de batalha. 

Por isso foi atingida. 

“É aqui”, disse Eloá. 

“Certo. Espere aqui. Eu vou ver como seus pais estão.”

“Tá bom.”

Alfred soltou a mão da garota e adentrou a casa, que estava com o portão aberto.

A primeira vista, não dava para ver muita coisa pela garagem, mas ao chegar nos fundos da casa, a parede havia sido destruída e a enorme quantidade de poeira poderia dar um ataque de espirros em qualquer um. 

Alfred averiguou toda a casa e não encontrou ninguém. 

Estava quase desistindo até que ouviu uma voz fraca e rouca. Ele supôs que era dos pais de Eloá, então correu até um cômodo, que estava soterrado pelos pedregulhos da laje. 

“Tem alguém aí?”

“… Ajuda… por favor…” Era uma voz feminina e chorosa. 

Alfred tirou alguns pedregulhos em busca da mulher e conseguiu encontrá-la depois de retirar vários dos escombros. 

Imediatamente a mulher procurou por sua filha desesperadamente. 

“Minha filha… onde ela está…? Ela está bem…?”

“Sim, não se preocupe. Ela está bem. Onde está seu marido?”

“… Ele… estava vivo até alguns minutos… não… até algumas horas atrás. Mas ele… perdeu muito sangue…” 

Ela desabou em lágrimas —  e não estava mentindo — dava para ver a grande quantidade de líquido vermelho misturada com toda aquela poeira acumulada no chão. 

“Puxa… que pena.”

“An?” A mulher olhou para Alfred com um olhar assustado. 

“É uma pena. Mas me poupou trabalho.”

“Do que você está falando…”

Alfred a calou e segurou o rosto dela com força, apertando sem um pingo de dó. 

“Pelo menos não vou precisar matar duas pessoas. Hahahaha!” Ele começou a rir de forma maléfica 

Enquanto a mulher, que já não tinha forças por causa dos ferimentos, se debatia, Alfred mantinha um sorriso maligno em seu rosto, contendo sua gargalhada. Logo após isso, explodiu a cabeça da mulher com seu aperto poderoso. 

“Tem algo que me deixou muito curioso. Eu já tinha visto seu rosto antes. Era uma de nossas secretárias no passado. Pode ser que seu marido também fosse um de nós. Isso explicaria como ficaram acordados.”

Alfred se levantou e pegou um dos destroços e jogou em cima do que restou da mulher. 

“Mas vocês já não tem utilidade. E se aquela garota está acordada a bastante tempo, quer dizer que ela já manifestou sua ID.” 

Enquanto falava consigo mesmo, ele pegou um pouco da poeira e jogou para cima, deixando-a cair em seus olhos. 

“Eu vou usá-la e me vingar daquele moleque desgraçado que ousou me desafiar. Eu vou matá-lo, com certeza. Hahahahaha!”

Com seus olhos vermelhos e lacrimejando, Alfred pegou um quadro quebrado com a foto da família e se retirou de lá. 

Quando chegou do lado de fora, Eloá, que estava sentada na calçada do outro lado da rua, correu até ele. 

“Meus pais, eles estão bem? Cadê eles?”

Em vez de responder, Alfred entregou o quadro para ela e caiu de joelhos, abraçando-a. 

“Me desculpe… nós chegamos tarde demais.”

Aquelas palavras foram o suficiente para que a garota de apenas treze anos entendesse que seus pais já não estavam mais naquele mundo. Dito isso, ela caiu em lágrimas, levantando sua voz e chorando. 

Alfred sorriu. 

É isso. Vou matar você, Mayck Mizuki. Eu mal posso esperar e você também.

***

Alfred saiu dali e levou a garota consigo. Eles caminharam até a praça e ele a deixou lá, saindo em seguida para roubar algum alimento em uma das lojas da redondeza. 

A garota permaneceu em silêncio mesmo depois que ele ofereceu um pacote de salgadinho a ela. Com isso ele entendeu que ela não queria. 

“Olha, eu sinto muito pelos seus pais. Sei como é chocante perdê-los sendo tão nova.”

“…”

“Eu vou te fazer uma proposta. Está tudo bem pra você vir comigo? Eu posso cuidar de você por um tempo.”

“…”

“Se não quiser é só falar.”

Pura hipocrisia. Mesmo que ela recusasse ele a levaria de qualquer jeito. 

“…Pode ser”, ela falou com sua voz baixa. 

“Sério? Que ótimo, então. Meu nome é Alfred. Muito prazer Eloá.”

Ela acenou levemente com a cabeça. 

De repente, um grande som ecoou pelas ruas. O som de inúmeros aviões sobrevoando a cidade os alarmou. 

A garota se espantou. Alfred também, mas por um motivo diferente ele reconheceu as cores daqueles aviões que passaram acima deles velozmente. 

Que merda. O que caralhos eles estão fazendo aqui?! Que seja. Não é tão surpreendente que eles apareçam, mas assim meus planos serão esmagados. 

“Vem, Eloá. Vamos fugir.”

“An? Por quê?! Eles não vieram ajudar?”

“Não, Eloá. Eles são amigos da pessoa que destruiu sua casa. Eles são companheiros da pessoa que matou seus pais.”

A garota levou um enorme choque e se deixou ser levada por Alfred. Quando chegaram longe o suficiente, a uma clareira longe da cidade, Eloá o chamou. 

“É verdade?”

“O quê?!”

“É verdade que eles são amigos da pessoa que matou meus pais?”

“Sim. É isso mesmo.”

“Você sabe quem foi?”

“Sim.”

Pela primeira vez, Alfred viu o rosto da garota ficar sombrio e isso o deixou animado. Faltava muito pouco para ela estar totalmente na palma de suas mãos. 

“Então me fala. Eu vou matar ele.”

“Não é assim que funciona…”

“Tô nem aí! Eu vou matar ele… ele matou minha mãe e meu pai… você não quer me deixar ir?”

“Não tô falando isso. Me escuta. A pessoa que matou seus pais é muito forte. Seu poder não é suficiente.” Ele agarrou os ombros da garota e se abaixou para ficar na altura dela. 

“Então… o que eu vou fazer…?” A garota chorou e seu corpo todo estremeceu.

“Eu vou te ajudar. Sabe… essa pessoa também matou meus amigos importantes, então eu também quero destruí-lo. Por isso, vou te deixar mais forte. Então, nós dois vamos poder vingá-los.”

“Você… pode fazer isso? Me deixar mais forte?”

“Isso aí. Eu vou te deixar tão forte, que ninguém mais vai querer te machucar.”

Eloá viu uma luz de esperança em Alfred. Seu coração palpitou de felicidade, enquanto nutria, dentro de si, ódio pela pessoa que tirou sua família. 

“Qual é o nome dessa pessoa?”

“Ele se chama Mayck Mizuki. Guarde bem esse nome. Ele foi quem matou seus pais e é ele quem você deve matar.”

“Mayck Mizuki… tá bom. Eu vou matá-lo com minhas próprias mãos.”

A garota se entregou ao ódio e ao desejo de vingança e Alfred conseguiu uma peça poderosa. Ele podia sentir o poder da garota transbordando enquanto era consumido por sentimentos ruins. 

Não é nada mal. Isso vai ser perfeito.

<—Da·Si—>

Com o fim do conflito, seu trabalho estava terminado. 

Alexander não entendia muito bem o motivo, mas, pela recompensa, não importava para ele o que se passava na cabeça de seus clientes. 

Se era por benefício próprio ou não, se era pelo mal de alguém ou não; ele não se importava. 

Conseguir uma boa grana era tudo o que o interessava. 

Depois de fugir das mãos da Strike Down, Alexander seguiu para sua pequena base, que ficou pelo tempo em que cumpria seu trabalho. 

Ele não tinha mais motivos para permanecer ali, então juntou suas coisas e se retirou. Outro motivo também era o fato de que a Strike Down pudesse ir atrás dele quando soubesse quem ele era. 

Não havia muito o que levar. Era só um pequeno quarto alugado. 

Então Alexander partiu com apenas uma mochila que guardava suas roupas e seu dinheiro. 

No entanto, ele tinha mais algo a fazer antes de deixar a cidade: seu último relatório. 

Naquele dia estava tudo normal, como se nada tivesse acontecido três dias atrás. Era até irônico ver as pessoas seguirem suas vidas sem nem ao menos imaginar que ficaram três dias dormindo. 

A destruição causada pela guerra também havia sumido. Nenhum resquício de morte ou destruição era visível àquela altura. 

Coisa deles… Eles trabalham muito rápido. 

A Strike Down havia acobertado a bagunça. Uma vez que tinham o apoio dos governos mundiais, dinheiro para reparos extremamente rápidos não era problemas e muitas IDs eram úteis nesse processo. 

As coisas eram destruídas e concertadas num piscar de olhos. Nenhuma pessoa normal acreditaria que sua casa teria sido reconstruída de uma hora para outra caso alguém dissesse. 

Em meio ao trânsito contínuo de pessoas e uma chuva torrencial, Alexander parou ao lado de uma pessoa, segurando um guarda-chuva e escondendo o rosto. Mas seus longos cabelos e sua fisionomia mostravam que era uma mulher. 

“Parece que o moleque é pior do que você pensava. Pra mim, não parece que ele aprendeu a usar seus poderes há poucos meses.”

“Essa é a sua opinião? Bem, eu nunca tinha dito que ele não era experiente. O que mais?”

“Além de conseguir matar pessoas em um estalar de dedos, parece que ele também pode destruir Ninkais de nível pesadelo sozinho… mas você já sabia disso, não é, senhorita Nozomi?”

“Eu tenho meus contatos. Eu já sei várias coisas que nem em um ano você poderia descobrir. Tudo o que eu queria era alguém pra ficar de olho nele.”

“Uma babá… é…?”

“Bom, muito obrigado por seu esforço. Nós nos despedimos aqui.”

Nozomi estava para sair, mas Alexander a segurou. 

“Espera aí. Eu tenho uma pergunta.”

“O que é?”

“Aquela última coisa que ele enfrentou, aquilo não era um Ninkai, não é?”

Alexander não estava acordado no momento em que Mayck enfrentou o monstro. Mas ele sabia sobre. O motivo era muito estranho, mas, mais do que isso, era assustador. 

“Como você sabia que ele iria enfrentar uma coisa como aquela?”

“Fufu~ Você não deveria se preocupar com isso. Mas, se quer saber, aquilo era um Ninkai, dependendo do caso e da visão.”

“Como sempre, muito abstrata. Bom, que se dane. Eu só não quero me envolver com vocês nunca mais.”

“Eu diria que é uma sábia decisão. Então, com sua licença.”

“Espera.” Ele a segurou mais uma vez. 

“Huh?”

“Não está se esquecendo de nada?”

“Ah, tem razão.” Nozomi se virou e entregou uma chave para Alexander. “Aqui. É só seguir em frente.”

Dito isso, ela se retirou. Seu próximo destino não era tão difícil de se ler. 

Mas o mercenário não queria saber. Pouco lhe importava o que ela fazia da vida — ele não queria mais vê-la em sua frente e nem se meter mais em seus assuntos. Mas se houvesse dinheiro no meio, ele não ligaria de trabalhar para ela novamente. 

Ele analisou a chave em sua mão e pensou consigo de onde ela era. 

Será que…

Seguindo a instrução de Nozomi, ele caminhou em linha reta até a avenida mais próxima. Levantou os olhos e se deparou com uma escola. 

Como ainda estavam no meio das férias escolares, o local estava vazio, mas Alexander deu o seu jeito de quebrar a segurança e se infiltrou no prédio da secretaria. 

“Agora…”

Ele analisou a sala e percebeu que todos os armários tinham chaves em suas fechaduras, com exceção de uma. Então ele supôs que o que procurava estava ali dentro. 

Abriu o armário e retirou uma bolsa preta de lá e não perdeu tempo para verificar o conteúdo. 

“Perfeito. Por um momento eu pensei mesmo que ela estava tentando me dar um calote.”

Alexander fechou o zíper da bolsa, contendo trezentos e cinquenta mil reais, e saiu da escola, sem deixar nenhum vestígio de sua visita. 

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