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Capítulo 63.5 -DS: Especial de Halloween

O cômodo estava escuro, com apenas algumas luzes incandescentes iluminando o ambiente.

“Tudo pronto”, uma figura vestindo roupas pretas que cobriam desde a sua cabeça até seus pés, afirmou, limpando o suor de sua testa. 

Um sorriso maligno surgiu em seu rosto, que estava coberto por uma máscara de caveira apenas nos olhos, de tanta empolgação que ele estava sentindo apenas por imaginar o que viria a seguir.

O clima macabro daquele quarto estava perfeito, do jeito que ele queria. Apenas por passar pela porta, qualquer um sentiria sua sanidade sendo lentamente sugada por alguma força misteriosa. 

A campainha tocou. 

“Eles chegaram.” Com o mesmo sorriso no rosto, ele foi atender os seus convidados. 

Ao abrir a porta, se deparou com Mayck e mais quatro pessoas, sendo elas: Hana, Chika, Rika e Haruna. Todos cumprimentaram em sequência ao ver a porta abrir. 

“Eu estava esperando vocês”, ele disse amigavelmente. 

“Eu sei que estava. Você mandou uma mensagem agora há pouco.” Mayck respondeu com indiferença.

“E falar que você está empolgado é pouco. Pra que essa fantasia?” Hana levantou uma sobrancelha, pondo em palavras as dúvidas de todos. 

“Vocês são muito chatos.” Haruki tirou sua máscara. “Era para todos vocês estarem fantasiados. Hoje é Halloween, poxa…”

Seu semblante esfriou, fazendo o entusiasmo de antes parecer brincadeira. 

“Ah… bem, é uma pena…, mas não quer dizer que não vai ter nenhuma diversão. Vamos entrando. Todos trouxeram o necessário?”

Cada um carregava uma sacola cheia de doces em suas mãos. 

“Claro que está tudo aqui.” Chika também em êxtase, levantou a mão para responder. 

“E quanto às histórias?”

“Bom eu trouxe uma…”

“Eu também.”

Todos concordaram. Isso queria dizer que cada um deles tinha pelo menos uma história em suas mentes.

Sem mais delongas, Haruki anunciou o início da “Operação noite dos horrores”, como ele decidiu chamar o evento. Assim, todos entraram na casa, apenas para se depararem com aquele quarto macabro que refletia toda a felicidade do amigo. 

Na porta, um crânio descansava em seu sofrimento eterno, estando pendurado por um barbante. Dentro do quarto, algumas velas suspensas por suportes nas paredes e no centro do quarto uma mesa, onde um candelabro com algumas velas também iluminavam o quarto revestido por um tecido preto. 

“Vamos, vamos. Coloque os doces nas tigelas de vidro ali.” Ele apontou para os utensílios na mesinha redonda.  Também havia algumas garrafas de suco e refrigerante. 

“Uwah… Você se esforçou pra caramba nisso.”

“Realmente… parece uma criança.”

“Não acabem com a minha felicidade.” Haruki repreendeu os comentários de Mayck e Hana. 

“Haruki-senpai… nós vamos ficar no escuro o tempo todo?”

“Hmm? Rika-san, você tem medo de escuro?” Haruki perguntou em tom de provocação e olhou-a de lado com um sorriso perverso. 

“Não… é que… bem…”

“Haruki-senpai, não provoque ela desse jeito.” Haruna interviu. “E nem pensem em fazer alguma gracinha só porque são os únicos homens aqui, okay?” Ela fuzilou os dois garotos com o olhar. 

Ambos balançaram a mão, dizendo que não fariam nenhuma gracinha ou que quer que ela estivesse sugerindo. Rika riu sem graça ao ver sua amiga superprotetora em ação. 

“Haruna é bem pervertida, não é?”

“O quê…?!” 

De repente Chika jogou essa bomba e começou a rir de sua caloura do clube, que ficou completamente vermelha e se recusava a olhar os outros nos olhos. 

“Certo, pessoal.” Haruki ficou sério repentinamente, atraindo os olhares de seus amigos que engoliram a seco. “Vamos começar a operação.” Ele levantou a mão segurando um controle. “Depois de uma minuciosa pesquisa, eu separei os melhores filmes de terror da internet. E para aquecer, vamos começar com três deles.”

“Aeee!” Chika comemorou batendo leves palmas. 

Todos se moveram e começaram a organizar os doces e lanches que haviam reunido e a servir as bebidas. Enquanto isso, Haruki e Chika preparavam a TV para a maratona que sabe-se lá quanto tempo duraria. 

Era um pouco antes das 19hrs quando eles se reuniram e quando começaram a maratona de terror eram perto de 19h30. Os filmes tinham durações diferentes então por volta das 00 hrs eles acabaram o terceiro filme. 

Rika traumatizada. Ela escondia seu rosto no braço de Mayck que estava sentado ao seu lado com um pequeno sorriso de satisfação — pelos filmes terem sido bons e não pela garota abraçada nele. 

Chika também estava feliz embora não pudesse negar que sentiu medo vendo os filmes e ainda mais com as brincadeiras periódicas de Haruki que faziam todos se arrepiarem até a alma em um momento de tensão. 

Eles perderam as contas dos gritos que deram quando isso acontecia. 

“Ufa… Isso foi muito bom.” Haruki limpou um suor inexistente em sua testa. “A gente deveria fazer isso mais vezes.”

“Nem brinca com isso.” Hana resmungou de braços cruzados. Ela, com certeza, se assustou tanto quanto Rika e Haruna nas brincadeiras de mau gosto do ruivo. 

“Eu não tenho objeções.” Mayck deu sua opinião. “Faz tempo que eu não me assusto com um filme de terror. Você fez um bom trabalho, Haruki.” 

Ele fez um joinha para seu amigo que retribuiu o gesto, dizendo “Disponha.”

“Eu odeio filme de terror…” Rika balbuciou enquanto revelava seu rosto quase azul de medo. 

“Vamos, Rika, nem foi tão assustador assim… mas, bem, você não é boa em lidar com isso. Poderia ter recusado o convite.”

“Eu sei mas… eu queria vir…” seus olhos saíram de Haruna e foram para o chão, indo para Mayck inconscientemente. Haruna decidiu ignorar o que ela estava insinuando. 

“Certo. Senhoras e senhores, agora que já aquecemos e estamos no ritmo, vamos iniciar a segunda etapa da Operação noite dos horrores. É hora dos contos de terror.” Ele ergueu o punho com empolgação. 

Dessa vez, todos entraram na brincadeira e vibraram com ele. 

“Ah, e só pra avisar: a única iluminação vai ser uma vela no centro da mesa.”

Todas as demais velas foram apagadas e a porta do quarto foi fechada, assim como a janela. Outro clima macabro se instaurou naquele lugar, porém, era, de certa forma, empolgante. Os corações de todos palpitavam por diversão, medo e terror. 

“Quem se dispõe a começar?” Olhou para todos os integrantes e Chika levantou a mão. 

“Eu começo.”

“Pois bem, vá em frente.”

A garota limpou a garganta e ficou com uma expressão séria em seu rosto, o que combinou com sua voz que pareceu ficar distorcida quando ela iniciou o conto. 

“A pequena cidade esquecida, onde moravam um total de vinte habitantes. Há muito tempo ela havia sido abandonada por motivos que ninguém sabia e os moradores, todos anciães, se recusavam a dizer o motivo. Eles nem mesmo interagiam entre si ou com outras pessoas.” 

Quando ela começou, a imaginação de todos imergiu para aquele lugar. Eles sentiam uma estranha sensação de déjà vu, como se as palavras de Chika tivessem tal poder. 

Rika se encolheu e grudou em Haruna, Hana engoliu a seco, Mayck se inclinou para frente e Haruki entrelaçou suas mãos. 

“Uma viajante curiosa chegou nesta cidade. Como, ela não sabia. Havia viajado por meses e acabou chegando lá sem saber como. Ninguém a recebeu e nem ao menos saíram para dizer-lhe alguma coisa. Na pousada, pediu um quarto e a recepcionista, uma senhora magra e já sem forças para trabalhar, com suas mãos trêmulas lhe entregou uma chave aleatória que pegou no chaveiro.”

O clima ficou mais intenso…

“A viajante subiu para o seu quarto, velho e mofado, dava para ver que nunca fora limpo. Deitar na cama velha parecia ser um desafio tão grande quanto viajar. A porta rangendo apenas pela corrente de ar que passava pela janela virada para uma floresta ao fundo da cidade.”

… e mais intenso….

“A noite caiu. A viajante se preparou para dormir, mas alguém bateu à porta. Ela foi atender. Não havia ninguém, portanto voltou a deitar. Outra batida.”

Chika bateu na mesa para dar mais realismo a sua história. O coração dos ouvintes reagia às batidas, o que só aumentava a ansiedade que estavam sentindo pelo desfecho. 

“Ela abriu a porta mais uma vez e uma criança estava de cabeça baixa na frente. O que houve? A viajante perguntou, mas não houve resposta. A criança saiu correndo e desceu a escadaria velha de madeira podre. Embora confusa, ela se deitou de novo, mas a maldita batida na porta voltou para atormentá-la.”

A voz de Chika ressoou pelo quarto, fazendo os ouvintes sentirem a raiva da viajante mencionada. 

“Já tinha passado da meia-noite, a lua no céu iluminava o quarto pela janela sem cortina. A viajante abriu a porta com força e viu a mesma criança dar as costas e descer as escadas. Sem falar nada ela voltou a deitar.”

Mayck levantou uma sobrancelha. Hana suspirou e Haruki sorriu. Rika abraçou Haruna com mais força. 

“A batida veio outra vez. E isso começou a se repetir várias e várias vezes. Mas o mais estranho era que a viajante não conseguia fazer algo diferente além de abrir a porta e voltar a deitar. Foi aí que ela percebeu que, embora pudesse manter sua consciência, ela estava presa em um loop infinito sem poder controlar suas ações, fadada a envelhecer repetindo a mesma cena, assim como todos os habitantes daquela cidade.”

Chika terminou seu relato e assoprou a vela da mesa. Todos estavam perplexos, sem saber como reagir. O clima no quarto estava pesado e um arrepio passou pelo corpo deles. 

“Bem, como eu posso dizer… isso foi inesperado.” Mayck comentou enquanto bebia um copo de refrigerante. 

“Você mesma pensou nessa história?”

“Ehehe… sim. Vocês gostaram?” Chika coçou sua nuca.

“Foi ótima. Não imaginava que você conseguiria pensar nisso.” Haruki reacendeu a vela, provocando a garota, que beliscou seu braço, embora seu sorriso fosse puro. 

Ele reclamou de dor. 

“Tudo bem se eu for o próximo?”

“Claro.” 

Todos concordaram, então Haruki também limpou a garganta para começar. 

“A família composta por um homem, uma mulher e dois filhos gêmeos acabara de se mudar. A casa era antiga, grande e bonita. O seu jardim se estendia até a floresta, cuja entrada havia uma placa dizendo para não entrar. Mas, claro, os gêmeos curiosos ignoraram o aviso e se aventuraram pela floresta. Era tudo muito mágico. Encontraram animais falantes, árvores que davam doces e diversão à beça.”

Haruki abriu os braços como se estivesse convidados os ouvintes para adentrarem a tal floresta. 

“Os gêmeos amaram aquele lugar; não queriam ir embora nunca, mas a noite já estava no horizonte, então eles se despediram dos seus novos amigos, prometendo que voltariam.” 

Ele acenou, como se fosse algo positivo. 

“Eles mal saíram da floresta e ela mudou completamente, as luzes divertidas se tornaram sombrias, os animais falantes estamparam sorrisos macabros em seus rostos tingidos de sangue. Os doces se tornaram restos mortais de humanos: olhos, dedos, cabeças e outras partes. Os gêmeos haviam acabado de provar um pouco deles mesmos. O farfalhar das árvores pareciam vozes que diziam: Eles voltarão.”

“Não quero ouvir. Não quero ouvir.” Rika cobriu suas orelhas, tentando parar sua imaginação fértil. 

“Isso foi tenso”, Mayck comentou. 

“O final faz a gente imaginar o que aconteceu ali…” 

“Haruki-senpai não estava brincando quando criou o nome do evento de hoje…”

“Hehe. Fico feliz que tenha gostado. Eu planejei várias histórias diferentes, mas essa foi a melhor.” Ele sorriu convencido e orgulhoso de si mesmo. 

“Agora é minha vez, então”, Mayck anunciou e todos os olhares ansiosos se voltaram a ele. Os de Rika também, apesar de ela não querer ouvir sobre coisas assustadoras. 

“Se aventurando em ruínas recém-descobertas, um historiador checou todos os cantos daquele lugar silencioso e medonho, cujos moradores desconhecidos pareciam ter vivido ali há milhares de anos. Desenhos nas paredes revelavam o que parecia ser a cultura daquele povo, no entanto, eram indecifráveis para o historiador.”

Mayck começou a contar de um jeito tranquilo, como se não se importasse. 

“A noite caiu, o homem, cansado, pegou seu saco de dormir na mochila e se aconchegou em um lugar coberto. Logo, ele dormiu. Porém, acordou com um grito apavorante e ao abrir os olhos se deparou com um ser estranho. Ele era alto, completamente escuro. Sua cabeça estava inclinada e um sorriso branco em seu rosto.”

Enquanto contava a história em um tom mais sério, ele observou a vela. 

“Aquela coisa, que não dava para ser descrita de outra forma além de aberração que não deveria existir levantou sua mão que se arrastava no chão, dado a extensão de seus braços, tocou o rosto do homem. Com isso ele despertou, suando frio e ofegante.”

Os olhos do garoto correram pelos seus ouvintes. Todos pareciam incertos sobre o final daquela história. 

“Ele sentiu uma dor terrível em seus braços e pernas, e um cheiro estranho, porém familiar impregnou suas narinas. Quando ele olhou… Sangue. Havia muito sangue em volta dele e moscas o rodeavam. Seus braços estavam longos e com uma espécie de costura e suas pernas já não estavam mais ali.” 

Rika se encolheu outra vez e uma expressão de nojo surgiu no rosto das outras garotas, que imaginavam a cena. 

O homem gritou em desespero. Havia acabado de ser feito de experimento. O que costurava seus braços não eram outra coisa senão seus nervos. De repente, aqueles monstros sorridentes o rodearam e lançaram mão sobre ele. A noite, então, foi preenchida com os gritos histéricos daquele homem, que estava sendo dilacerado vivo por aquelas coisas que se divertiam fazendo isso.”

Após o término da história, o silêncio se instaurou no quarto. Haruki foi o primeiro a abrir a boca depois de um tempo. 

“Mayck… você é bem perturbado, né?”

“Cala a boca.”

“Eu não esperava uma história tão pesada assim…” Hana comentou. 

“Me desculpem se vocês não gostaram… eu vi ela na internet e achei interessante…” Mayck baixou os olhos, se desculpando veemente. 

Tal ação causou algo em Hana e Rika que elas não podiam explicar e não parecia pena dele ou algo do tipo. 

“Não é que foi ruim…”

“Foi uma história assustadora de fato…”

“Aahh… vocês deixaram o Mayck triste” Haruki as provocou e ambas ficaram sem ter o que dizer, apenas desviando os olhos para a vela. 

“B-bom, então é minha vez agora. Vou começar.”

“Vai lá, Hana-chan, arrasa.” Chika ainda tinha seu entusiasmo  ligado no máximo. 

“Pois bem. Essa é uma história de tempos atrás, numa época em que a lua era a única fonte de luz durante a noite. Rumores corriam sobre acontecimentos sobrenaturais quando o sol se punha. Por conta disso, qualquer um evitava sair depois do fim da tarde. O silêncio que ficava após isso era sufocante e sombrio.”

Hana manteve uma postura ereta, seus olhos fixos no fogo da vela, que se balançava com a mais fraca das brisas. 

“Uma garotinha curiosa vivia nessa cidade. E por ser curiosa, ela quis saber como era a rua à noite, então ela saiu sem seus pais perceberem. A princípio, ela se deparou com a maravilhosa imagem do céu estrelado, a brisa da noite reconfortante e o silêncio absoluto, que faziam seus passos parecerem ecos eternos.”

Uma pequena pausa para respirar. 

“Nas primeiras horas estava tudo muito agradável, porém, quando a noite chegou no seu auge, a lua foi encoberta por uma nuvem negra, deixando tudo ainda mais escuro. A garotinha curiosa pensou em voltar, mas queria saber o que viria a seguir. Um uivo, como o de um lobo em um lugar distante. A garota correu na direção de sua origem.”

O clima ficou mais intenso. Estavam todos concentrados em Hana, até mesmo a medrosa Rika estava curiosa sobre o final daquilo tudo. 

“Quando chegou em um beco, olhou para o fundo, e dois pontos amarelos penetraram a penumbra assustadora, encarando-a com se olhasse para sua alma. Um grito ecoou pelo silêncio assassino. A garota desapareceu e nunca foi encontrada.”

A história terminou um pouco confusa, mas era o que Hana queria. O que houve com a garota seria algo que os ouvintes deveriam imaginar. 

“Isso foi… meio perturbador.”

“Realmente. Parece uma analogia à realidade.” 

Mayck e Haruki comentaram, receosos sobre o que tinham em mente. 

“Interpretem como quiserem. Essa história foi pra isso. Eu não consegui pensar em algo melhor.”

“Tudo bem, Hana-chan. Esse foi um ótimo conto. Agora… só falta mais duas.” Chika olhou para Haruna e Rika com olhos maliciosos. 

Rika, porém, levantou a mão já se desculpando. 

“Desculpem. Eu não consegui trazer nenhuma história.”

Por causa disso, a vez foi passada para Haruna e ela teria o privilégio de finalizar a noite. 

“Certo, então vou começar.”

Olhos direcionados para ela, Haruna respirou fundo antes de iniciar. 

“Ele tinha uma família estranha. Todo dia, durante a noite, seus pais amarravam sua irmã mais nova e a trancava em um quarto fechado e vazio, contendo apenas uma cama. Embora ele nunca questionasse, sabia que havia algo estranho. Certo dia, seus pais tiveram que sair e não voltariam para casa naquela noite, então deram alguns conselhos a ele.”

“…” Todos quietos. 

“Quando batesse 20h, ele deveria amarrar sua irmã e trancar a porta além de não atender o portão sob hipótese alguma. Ele seguiu as instruções e ficou na sala vendo tv. Em um horário indeterminado, depois da meia-noite, ele ouviu alguns ruídos estranhos no andar de cima, mais precisamente no quarto de sua irmã, por isso decidiu verificar.”

Os ouvintes engoliram a seco. 

“Ao chegar no quarto, percebeu que havia deixado a porta aberta e sua irmã não estava no quarto. A cama estava detonada, como se um animal tivesse brincado ali. Um grito ecoou pela casa. Em um ato de desespero, ele correu de volta para a sala e trancou a porta. Pegou o telefone e tentou ligar para sua mãe várias vezes, mas ela não atendia. Depois de vários minutos ouviu uma voz familiar chamando por ele. Era sua mãe.”

Haruna fez uma pausa dramática proposital, para aumentar ainda mais a tensão de seus amigos, que a escutavam com afinco. 

“Feliz, ele destrancou a porta, mas não havia ninguém ali. O telefone tocou e sua mãe lhe perguntou o que havia acontecido. O que aconteceu? A mãe perguntou no telefone. Você não deixou de amarrá-la, não foi? Se esconda e não a escute de jeito nenhum. Era tarde demais. A garota estava ali, à sua frente, com sangue por todo o corpo. Um olhar e um sorriso macabro cheio de dentes pontudos em seu rosto.”

Haruna se calou, indicando o fim de sua história.

“Parece que alguém pensou em algo mais bizarro que eu.” Mayck foi o primeiro a se pronunciar. 

“Fique quieto.”

“Eu não sabia que você gostava de coisas assustadoras.”

“Bem… er…” ela não iria contar que se esforçou para pensar naquela história. Era constrangedor. 

“Um conto perfeito para finalizar a noite. Parabéns, Haruna-chan.” Chika se expressou como se estivesse fazendo uma crítica e Haruki concordou com ela. 

“Não tinha como ser melhor.”

“Só é uma pena que acabe agora…”

“Ehehe… me desculpem.”

Mayck se levantou, dando uma alongada em seu corpo. 

“Então vamos começar a arrumar as coisas?”

“Sim.” Todos assentiram. 

Então, acenderam as luzes e apagaram as velas. Eles começaram a recolher as embalagens e os copos e colocaram-nos em sacos de lixo que tinham separado para este fim. 

“Mais uma vez, pessoal, muito obrigado por terem vindo hoje. Pensei que fosse passar o Halloween solitário vendo filmes.”

“Bom, foi uma boa forma pra espairecer, e eu até gosto de coisas assim”, Mayck respondeu à gratidão de seu amigo. 

As garotas também pensavam assim, embora Rika, em especial, não pudesse dizer que gostava de coisas assustadoras. O motivo pelo qual ela aceitou participar era um pouco óbvio — ao menos para Haruna. 

Enquanto eles organizavam as coisas, as luzes piscaram. Eles pararam tudo o que estavam fazendo e ficaram em silêncio por um tempo. 

“Uma queda de energia?” Hana indagou para o vento. 

“Talvez sim. Vai ver foi só uma falha no disjuntor.”

Eles tentaram se manter tranquilos com explicações lógicas, mas uma só coisa pairava em suas mentes — algo assim acontecer depois de uma sessão de terror deixava dúvidas sobre ser uma coincidência. 

“Be-bem, vamos só terminar de arrumar. Provavelmente só estamos cansados”, Haruna afirmou enquanto sorria sem graça. 

“É-é verdade. Já passou das duas horas, não costumamos dormir nesse horário.” Rika estava na mesma página. 

“Vocês são muito medrosos. Hahaha…” Chika tentou consolar a si mesma se fazendo de forte, mas ela era a única que estava se escondendo atrás de Mayck. 

O som de algo de plástico sendo derrubado ressoou por seus corpos e eles ficaram paralisados. Ninguém se mexeu por um bom tempo. O silêncio era total. Uma brisa passou pela janela que havia sido aberta por Hana e a porta que devia estar trancada se abriu lentamente. 

Rika agarrou Haruna com toda a sua força enquanto abafava seus gemidos assustados. 

“Haruki-senpai, se isso for uma brincadeira é melhor parar…”

“… Eu não fiz nada…” Dessa vez ele era inocente. Assim como o restante ele estava completamente imóvel olhando para a porta. 

“E-eu vou dar uma olhada. Pode ser que alguém tenha entrado. Nesse caso precisamos chamar a polícia.”

“Isso seria bem menos assustador”, Hana observou. 

Depois de respirar profundamente, Mayck deu um passo em direção a porta. Os olhos de seus amigos se fixaram nele, transmitindo a tensão de seus corpos. O silêncio era sombrio e pesado. Calafrios brincavam por seus corpos, fazendo até suas almas tremerem. 

Mayck se aproximou da porta. Ele engoliu a saliva e puxou a porta lentamente. Com apenas a sua cabeça para fora do quarto ele verificou os dois lados do corredor. Seu alívio se manifestou em um suspiro e isso contagiou os outros, que conseguiram relaxar. 

“Bom… parece que foi só um delírio coletivo…” ele sorriu amargamente. “Vamos só terminar tudo log-“

Sua visão foi puxada como mágica por reflexo para algo que viu no final do corredor. 

Ele olhou para a porta, onde um barbante balançava com o vento que vinha de fora. 

“Ei… Haruki… Não tinha um crânio de plástico aqui?”

“Tem, mas…”

A mente de todos clarearam, Mayck foi o primeiro a dar as costas e correr para a cozinha e, em seguida, para a rua. 

Gritando de pavor, os demais foram após ele…

… Haruki não voltou para casa depois disso, passando o resto da madrugada na casa de Mayck.

caveira

———————— Feliz Halloween 🙂 ———————

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