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Depois de tudo, Mayck seguiu levando Saki, noite após noite, para usar mais das habilidades dela. 

Com o passar dos dias, ele percebeu duas coisas: a primeira era que o poder de Saki só funcionava com uma alvo hostil a ela e a segunda era que se tratava de uma poderosa habilidade parecida com telecinese; com comandos específicos, ela poderia causar diferentes efeitos. 

Ainda era difícil determinar se a ID dela se tratava disso ou se era só uma habilidade provida dela, mas ele tentaria descobrir em breve. 

Por outro lado, Saki estava ficando mais e mais exausta. Usar seus poderes no limite, quando ela nem ao menos sabia como ativá-lo corretamente, a deixava perturbada. 

Pelo menos, ela pensava, ele não me deixou lidar com tudo sozinha.

Quando um Ninkai de classe acima de C aparecia, Mayck lidava com ele, deixando Saki no suporte, quando classificação inferior, ela estava nos holofotes. 

Aos poucos, ela ia pegando o jeito, e, ao fim de duas semanas, ela já conseguia ativá-lo sem muitos problemas.

Se isso era parte da determinação que ela carregava consigo ele não sabia, mas que ela poderia ser considerada um tipo de prodígio, poderia, e Mayck não negava esse fato. 

Acho que posso pegar mais leve com ela. 

Ele considerou, vendo que Saki derrotou um Ninkai de classe D sozinha. 

“Bom trabalho”, ele a parabenizou, aproximando-se. 

“Eu-eu consegui…” Ela estava fadigada, tanto que mal conseguia se manter em pé sem apoiar nos joelhos, suor descia por seu rosto. 

“Você pegou o jeito bem rápido. Desculpe fazer você passar por isso.”

“Uh…uh-uh, tá tudo bem. Eu tenho motivos para isso.”

Além de estar melhorando suas habilidades pouco a pouco, Saki também conseguia dinheiro ao levar os restos mortais de Ninkais para um posto de troca da Strike Down, que Mayck apresentou a ela alguns dias antes. 

“Bom, vamos parar aqui por hoje. É melhor você descansar agora.”

“Certo…” Ela suspirou e começou a arrumar seus cabelos bagunçados.

Mayck a fitou, o que a fez corar. 

Eu peguei pesado no começo, mas não tanto quanto achei que deveria. Ela aprende rápido e se esforça bastante. Eu me pergunto que tipo de criação ela teve. Mas… com uma ID dessas…

ID era a manifestação do consciente e inconsciente de uma pessoa. Ligada a tudo o que ela absorveu durante sua vida, então havia muitos tipos de habilidades a serem adquiridas, e até onde elas iam era um mistério. 

Deixando isso de lado, logo eu vou poder procurar aquele monstro que levou minha alma. Com Saki preparada desse jeito, acho que ela pode me dar uma pequena assistência. Eu não o encontrei desde aquele dia… será que vou encontrá-lo de novo?

Ainda era incerto, mas ele acreditava que o encontraria mais cedo ou mais tarde. 

Com o horário da escola próximo, ambos seguiram caminho para casa, encerrando o treino daquele dia. 

****

Outro ponto interessante que Mayck já tinha notado há algum tempo, era que Chika e Hana estavam um pouco distantes uma da outra.

O motivo ele podia imaginar, mas não conseguia tocar no assunto de jeito nenhum. Mesmo na hora do almoço, qualquer um podia perceber que algo estava fora dos eixos. 

Por notar isso, Haruki sussurrou para Mayck:

“Ei, sério, o que aconteceu com essas duas?”

Mayck respondeu, também sussurrando:

“É meio complicado de contar, mas uma hora você vai descobrir.”

Ele tinha dito isso várias vezes. Afinal, não sabia se deveria contar a verdade — isso ficaria a critério de Hana e Chika, se Haruki deveria saber ou não. 

Chika já sabia, mas Hana não tinha ideia de que Haruki também era um portador, então descobrir essa verdade sobre as duas garotas criaria um turbilhão de situações imprevisíveis, embora as chances de nada acontecer fossem altas. 

“Ha-Hana-chan, você trouxe um almoço bem apetitoso hoje.”

“Vo-você acha? Quer experimentar?”

“E-eu quero, muito obrigada…”

Elas estavam se esforçando para se manterem firmes, o que era louvável. 

Os dois garotos assistiam isso pensando no que estavam vendo… era como uma peça mal encenada. 

E então, como nas outras vezes:

“Ei, vocês duas, o campeonato de vocês será na próxima semana, certo? Como se sentem sobre isso?”

Haruki também decidiu se esforçar para apaziguar aquele clima estranho que se mantinha todos os dias. 

“Hum? Bem… eu estou animada… como posso dizer, é nosso último campeonato do fundamental.”

“É… eu também penso assim. Vou me esforçar para vencer…” 

Ambas sorriram sem jeito.

É… isso não vai dar certo, Mayck pensou e um suspiro exalou de sua boca.

Quando o sinal tocou, Chika e Haruki foram os primeiros a saírem, por terem apostado em quem chegaria primeiro na sala de aula. 

Apesar de inesperado, foi uma boa oportunidade para Mayck tocar em um assunto que poderia ser bem delicado. 

Sem que parecesse estranho, ele perguntou casualmente:

“Você e Chika ainda não falaram sobre isso?”

Hana abaixou sua cabeça em um suspiro. Ela não precisava perguntar do que se tratava a pergunta. 

“Eu não consigo tocar no assunto.”

“Entendi. Não vai demorar pra mais alguém descobrir essa situação, você sabe. E até eu me sinto desconfortável em ver as duas agindo assim.”

Hana fez um som em resposta, como se sentisse dor. 

“Eu vou dar um jeito alguma hora … é só que, é estranho pensar que minha amiga faz parte da organização rival. Quando penso nisso, não sei como agir.”

O verdadeiro problema era esse. Saber que Chika era uma portadora não era, em si, algo tão surpreendente, mas ela estar em uma organização, oposta de certa forma, tornava tudo mais difícil. 

“Eu só percebi que ela fazia parte daquele grupo por sua causa. Se você não tivesse dito quem era, eu nem imaginaria.” Hana bufou. 

“Não tente pôr a culpa em mim”, ele deu de ombros. “Mas se você precisar de ajuda para resolver isso, eu estou aqui”, dizendo isso, ele se levantou e guardou a sua marmita vazia.

“Eu com certeza vou me lembrar disso. Até porque você me deve um favor.”

“… Sim, sim. Não precisa me lembrar toda hora.”

Hana fez a mesma coisa e os dois desceram do telhado. 

****

Ainda havia coisas a serem feitas, como um chamado de Nikkie, mas Mayck priorizou sua visão, que começou a apresentar falhas como de um videogame. Ele percebeu que era um sinal de que a metade de sua alma não estava muito longe. 

Era chegado o dia fatídico. 

Sem demora, Mayck contatou Saki, que não hesitou em ir até ele no horário marcado. 

Porém, algo que o garoto notou antes de sair, foi que estava sendo observado. Por quem, ele não sabia, mas deu um jeito de sair por uma parte mais escondido de sua casa, ciente de que teria que estar atento a qualquer mudança nos movimentos de quem quer que fosse aqueles olhos. 

O garoto não sabia exatamente onde deveria ir. Ele apenas decidiu seguir sem rumo para o local onde tinha uma reação mais forte em seus olhos, os quais estavam em discórdia sobre manter a ID ativada ou não. 

No fim, ele teve que manter seu olho esquerdo fechado, para não assustar Saki e não ter tantos problemas em enxergar dois mundos diferentes. 

Curiosa sobre isso, Saki perguntou:

“Er… Mayck… por que você está com um olho fechado?”

“Bem… meio que meu poder está instável… então eu tenho que deixá-lo assim.”

“Hm…” Ela ainda parecia confusa, mas aceitou a explicação e ficou em silêncio outra vez. 

Mayck decidiu explicar o que iria acontecer dali em diante. 

“Saki, nós vamos enfrentar um monstro perigoso. Ele é diferente de todos os outros, então vai ser mais difícil. Eu vou lidar com ele, mas preciso que você me dê suporte.”

Seria péssimo da parte dele levá-la para o campo de batalha sem mais nem menos.

“Um mais perigoso…?”

“Sim. Ele está em um nível diferente dos que você enfrentou até agora. Mesmo sendo apenas na assistência, você precisa dar tudo de si.”

“Entendi. Vou fazer o meu melhor. Mas por que estamos indo atrás de algo tão perigoso?” Ela o olhou, confusa, enquanto tentava acompanhar seus passos. 

“Ele pegou algo meu. Eu preciso ter de volta, antes que cause problemas.”

“Roubou algo?” Ela direcionou os olhos para o céu, imaginando o que poderia ser. 

Mayck notou isso, mas apenas deixou que ela procurasse uma resposta por si mesma. 

“Exatamente. Algo muito importante.”

Mesmo ele dizendo com tanta confiança que iria tomar sua alma de volta, ele ainda tinha dúvidas sobre levar Saki com ele. Ela era uma total novata naquele mundo, e não tinha muita experiência com lutas extremas nem com seus poderes. 

Trazê-la comigo foi uma decisão apressada. 

Ele sentiu o peso de sua escolha. 

Suas chances de sucesso seriam mais altas se ele levasse alguém mais familiarizado com as questões envolvendo monstros e portadores. 

Hana com certeza toparia me ajudar… Mesmo que eu tenha dito que não esconderia nada dela, aqui estou eu…

Às vezes, ele duvidava de suas próprias ações e pensamentos. Não sabia mais se era por vontade própria ou se estava seguindo um curso de ação predeterminado. 

Ignorando todos esses pensamentos, ele balançou a cabeça levemente. Foi aí que ele percebeu que já estavam próximos de algo importante. 

O som do vento.

Mayck moveu sua cabeça para o interior de um  templo à sua esquerda. Após encará-lo por alguns segundos, ele respirou fundo e seguiu para o portão de entrada. 

“Mayck?” Saki o seguiu, embora não soubesse o que ele faria em seguida. 

Os passos ressoando no silêncio e atravessando o portão; o frio congelante e assustadoramente bizarro soprando em suas nucas. 

Mayck parou e abriu seu olho esquerdo. 

“Te achei…”

A silhueta que parecia se perder na noite foi revelada aos seus olhos. 

Aquele corpo humanóide, que parecia uma fumaça negra a se perder no ar e o único olho vermelho brilhante cobrindo maior parte do rosto. Sem nariz, sem orelhas e sem boca; ele não precisava de nada disso para anunciar a morte de quem quer que o enfrentasse. 

Sua existência talvez fosse algo que não deveria ser posta junto aos humanos e ele não parecia ser um Ninkai criado artificialmente… talvez tivesse a mesma origem dos últimos seres poderosos que Mayck encontrou. 

Não tem como não ser… Ninkais nunca me causaram tantos problemas desde que eu evoluí. 

Ele tinha essa opinião firme. 

O ar entrou e saiu de seus pulmões rapidamente. Não era hora de comparar com eventos anteriores. O que ele estava encarando ali era um olhar cheio de malícia e poder, cujo único desejo era destruir. Era por isso que roubou sua alma, apenas para sua diversão. 

“Então…”

Mayck deu um passo, mas Saki agarrou seu braço. 

Virando-se, ele encontrou o rosto pálido da garota e cheio de medo. Trêmula, ela não conseguia sair do lugar. 

Ele não ficou surpreso. Ele mesmo se sentia extremamente vulnerável apenas com metade do seu poder, mas ele não tinha escolha, ao contrário de Saki, que não tinha pedido para estar ali. 

“Você não precisa ficar. Se ficar, não precisa fazer muito, apenas seguir meus comandos”, ele disse a ela. 

Saki saiu de seu transe, mas não criou coragem para dizer algo. Ela mordeu os lábios com força, enquanto olhava para o garoto com olhos que estavam perto de perder a esperança. 

“Vai ficar tudo bem. Não vou deixar você se machucar.” 

Ele tirou a mão dela de seu braço e voltou-se para o monstro a sua frente, que exibia um objeto brilhante em sua mão. 

“Certo… venha.” O garoto assumiu uma posição de combate e empunhou sua espada. Seus trajes também foram alterados. 

Ele teria que dar tudo de si ali, já que estava lutando com apenas metade de seu poder. 

Usar minha ID está fora de cogitação. Outras habilidades também. Se eu puder usar apenas minha velocidade, está bom. 

Ar preencheu seus pulmões novamente. Ele deu um passo para trás e…

Zzt~

Sem demora, Mayck atirou-se contra o monstro, deixando um rastro de eletricidade para trás. 

Apesar do corpo fumacento, o monstro possuía carne como seus ossos, mas eles não foram cortados, pois ele conseguiu se esquivar transformando-se em uma névoa. 

“Tsk.” 

Mayck pousou do lado oposto ao que estava inicialmente. 

Ele é bem mais rápido do que imaginei. 

O nível de dificuldade parecia ser mais alto. 

No entanto, sendo mais difícil ou não, ele só tinha uma opção: vencer. 

Usaria todo o seu conhecimento de artes marciais e conjunto de habilidades elétricas que pudesse para recuperar o que lhe pertencia. 

Ele atacou o monstro de novo. 

Usando toda a sua força e velocidade, ele atacou inúmeras vezes. O monstro, porém, transformava seu corpo em fumaça e simplesmente fazia parecer que nada acontecia. 

Isso deixou Mayck completamente irritado.

Eu tô usando tudo o que eu tenho… por que não está funcionando?

Seus dentes se apertaram firmemente. Ele sentia o cansaço se aproximar. Pra piorar, o olho do monstro se moveu de forma que tivesse a forma de um sorriso. 

… Irritante…

Seus olhos foram do monstro para Saki, que estava parada, longe deles. Sua expressão era de temor, o que era justificável, já que ela não podia acompanhar a luta com os olhos. A mão sobre seu peito mostrava sua apreensão. 

É verdade, eu ainda posso usar o poder dela. 

“Fuu…” Mayck respirou fundo e relaxou seu corpo tenso quando percebeu que havia perdido a compostura. 

Relaxa. Preciso ser racional. Tudo o que eu fiz até agora não teve nenhum efeito. Isso significa que ataques físicos não funcionam. 

Após diversos ataques, Mayck não conseguiu causar nenhum dano. Não que não tivesse acertado, mas porque ele cortava fumaça quando acertava. 

Ele não é intangível. Ele tem um corpo físico, mas sua velocidade de reação é incrível. Eu vou mudar minha abordagem então. 

Se ataques físicos não surtiam efeito, então ele só tinha uma escolha: apelar para ataques não físicos. 

Em uma rápida corrida, ele se juntou a Saki, que se assustou com sua aparição repentina. 

“Eh?! Como você chegou aqui?!”

“Isso não importa agora. Me escuta. Nós vamos fazer algo perigoso de novo.”

Ele contou a ela seu plano, que era bem ousado, ela pensou. Não só ousado, era mais perigoso do que ele falou. 

“Isso é realmente possível?” Ela o confrontou. 

Havia visto toda aquela performance de Mayck e do Ninkai. Isso foi suficiente para ela perceber que ambos estavam em níveis totalmente diferentes dela. 

“Eu não sei se consigo fazer isso…” Seus ombros caíram e ela juntou as mãos ao corpo. 

“Tá tudo bem.” Mayck deu um toque no ombro da garota, para motivá-la. “Você consegue fazer isso. Só precisamos cumprir as condições e vai dar tudo certo.”

Ela ainda tinha questões. No entanto, Mayck era quem salvou sua vida e tudo o que ela fez até aquele dia tinha dado certo graças a ele, então por que duvidar? 

“Está bem. Eu vou fazer isso.”

“Ótimo.” Ele sorriu levemente. “Então fique preparada.”

“… Entendi.”

Se perguntasse, ela mentiria dizendo que não estava com medo, quando, na verdade, ela iria fazer aquilo apenas porque tinha um medo maior escondido sob o peito.

Ela não tinha confiança nenhuma de que daria certo.

Enquanto ela pensava nas possíveis formas de dar errado, que a faziam querer fugir dali, Mayck simplesmente desapareceu de perto dela, deixando uma corrente de ar poderosa para trás, fazendo-a cobrir o rosto involuntariamente. 

Novamente, o garoto se jogou em outra luta com o Ninkai, mesmo que fosse inútil. Mas existia a possibilidade de ele atingir um ataque por mera sorte, então estava tudo bem. 

Isso seria um bônus para o que ele estava prestes a fazer. 

Dando um pequeno salto para trás e tomando impulso logo depois em direção ao Ninkai, Mayck brandiu sua espada em um corte horizontal de cima, mas sua lâmina cortou apenas o ar ao aterrissar. 

“Droga…”

O Ninkai já não estava em sua posição de milésimos atrás. 

Ele se teleportou?

Foi num instante, mas o garoto conseguiu ver o momento em que a criatura simplesmente sumiu como um glitch no espaço. 

Isso é problemático… se ele ficar usando isso, vai ser tudo perda de tempo. 

Ele se direcionou para o Ninkai outra vez. Porém, antes de dar um passo uma sensação estranha invadiu seu corpo… Não. Não era certo dizer isso. O que ele estava sentindo não era dor física, nem mental. 

Que porra é essa…? O que está havendo…?

Sua respiração acelerada, assim como seus batimentos. Ele levou a mão ao peito e agarrou seu moletom, como se isso fosse ter efeito calmante, mas em vão. 

Seus olhos se arregalaram. 

Ele já havia sentido isso antes, embora em uma escala menor. E quão menor. Naquele momento nem dava para dizer que era a mesma sensação. 

Pavor, angústia, pânico e todos outros sentimentos ruins o invadiram. E isso porque o Ninkai apenas apertou um pouco o objeto reluzente em sua mão. 

Segundos sentindo aquilo pareciam horas. Mayck chegou a pensar que iria quebrar de uma vez. 

Caído de joelhos ele encarou o monstro com ódio fervendo em ambos os olhos. 

Ele viu aquele maldito sorriso outra vez. 

“Filho da puta… você vai ver…”

Seus dentes quase sendo quebrados por eles mesmos. 

Ele levantou e um flash atravessou o braço direito do Ninkai. Uma ventania e rachaduras por todo o trajeto entre Mayck e ele. 

O braço do monstro que Mayck cortou caiu segundos depois, derramando um líquido preto. 

O monstro pareceu surpreso, mesmo não havendo mudança em sua expressão. Lentamente, seu braço se regenerou, mas o Ninkai não parecia satisfeito.

Ela parecia não aceitar o fato de que foi cortado por um mero humano. 

Ele transmitiu raiva através do seu olho escarlate que brilhou mais forte. 

Esquerda e direita em ziguezague na direção de Mayck. Ele se teleportou assim e estendeu sua mão contra a cabeça do garoto, mas foi evitado facilmente. 

Com sua lâmina, Mayck o afastou com cortes aleatórios e velozes, como se dissesse “eu posso te tocar agora.”

Afastados um do outro a uma boa distância, eles se encararam, tentando prever as próximas ações um do outro. 

Mayck sentia que estava lutando contra algo mais inteligente que um Ninkai de classe Pesadelo. Quase como se enfrentasse um humano ou até um reflexo de si mesmo. Ele hesitou por um instante.

Ele está lendo minhas ações facilmente. Não só isso como também está se adaptando a elas. Eu devo ter conseguido cortar seu braço por sorte, mas isso tem que mudar. 

Ele pensou que deveria haver um padrão para a intangibilidade do monstro. Ele podia ficar assim o tempo todo? Quantas vezes ele poderia fazer isso?

Essas e muitas outras questões pairavam sobre ele. 

O mais importante aqui é recuperar minha alma. Não posso me dar ao luxo de deixar ele fazer aquilo de novo. 

O que ele sentiu antes fora algo que ouviu falar de Nikkie e Zero uma vez: danos espirituais. Ou ataques de alma. 

Quando o corpo de alguém era atacado, feridas surgiam naturalmente. O mesmo se aplicava aos danos contra a alma de alguém, causando feridas emocionais, psicológicas graves e que, assim como machucados sérios que poderiam tirar a vida de um ser vivo, podiam causar danos mentais irreversíveis. 

Mas outro desse e eu vou estar em maus lençóis. É hora de pôr o plano em ação. 

Os barulhos dos movimentos anteriores podiam já ter chamado a atenção de quem quer que estivesse por perto, então aquilo tinha que ser encerrado rapidamente. 

Mayck pensou nas melhores formas de usar Saki naquela luta e decidiu tentar a mais simples, na qual eles tinham que cumprir apenas uma condição. 

Mas antes que ele concluísse seus pensamentos, o ambiente pareceu congelar repentinamente. Mayck firmou seus olhos sobre o Ninkai, que havia começado alguma coisa. 

A névoa negra que dançava em torno dele começou a se intensificar e preencher todo o pátio do templo. 

Um apagão abrupto e rápido na visão de Mayck e logo ele se viu em um lugar estranho. Chamas negras o rodeavam. Não havia céu, nem estrelas e nem lua. Só havia aquelas chamas que ardiam sem parar, ele e o Ninkai a sua frente. Nem Saki estava ali. 

Aqueles sentimentos pavorosos se apossaram dele outra vez. Era outro ataque que causava dano à alma, mas tinha algo diferente. 

Enquanto ele via tudo isso em seu olho direito, seu olho esquerdo ainda estava no plano original. 

Isso… o que é isso? Uma outra dimensão?

Parecia o espaço que ele criava com seu <Moonlight Nightmare>, mas era muito diferente. 

De longe, gemidos de dor podiam ser ouvidos, gritos agonizantes que clamavam por esperança explodiam em seus ouvidos. Era o grande lamento de almas que foram pegas por ele…

Aquela coisa que tinha domínio sobre uma pequena parte do que podia, sem medo, ser chamado de inferno. 

Mayck percebeu que sua luta não era contra um Ninkai, mas contra “alguém”. E “alguém” que não era, nem de perto, resultado de estudos humanos. 

Ele já estava ali há muito tempo. 

Apenas confirmou suas suspeitas saber que aquilo era algo que não deveria ser enfrentado daquela forma.

O garoto engoliu a seco. 

Essa coisa… ele é igual aqueles outros dois. O que está havendo esse dias?

Sua guarda, que já estava alta, aumentou ainda mais. Ele recuou um passo… dois. Tinha que repensar na melhor forma de realizar seu plano. 

Eu tenho que fazer isso imediatamente. Não posso perder mais tempo. 

Ele procurou Saki atrás dele. Ela ainda estava pálida, as mãos juntas sobre o peito. Seu medo estava mais do que estampado em sua cara. 

Tenho que terminar antes que ela se desligue por completo. 

“Saki! Preste atenção. Nós vamos acabar com isso agora!”

“Si-sim! Está bem!” 

A resposta demorada dela confirmou que ela se desconcentrou pelo pavor que aquela coisa emanava só de existir.   

Vamos nessa. Eu não usei outras habilidades para fazer ele pensar que eu não tenho mais nada na manga. Eu só preciso de um segundo… não, meio segundo já é o suficiente. 

Ele preparou os músculos de suas pernas. Sua espada empunhando em suas mãos. 

Uma arrancada violenta contra o Ninkai, que transformou seu corpo em névoa e evitou a investida. 

Mas era tudo o que Mayck queria. 

O tempo parecia ter parado para todos, menos para ele. Para o Ninkai, ficou mais lento, mas ele ainda podia se mover. Contudo, não rápido o suficiente para impedir que Mayck abrisse sua boca e proferisse certas palavras. 

Seus olhos brilhando igualmente; seu objetivo não era atingi-lo, mas tomar a alma exibida em suas mãos. 

“<Manipulação de Alma>”. Um segundo depois, a energia de Mayck desapareceu. 

A condição estava completa. 

E o Ninkai foi jogado para a direção de Saki, sem poder se mover. 

A garota, nervosa e preparada, se assustou e gritou desesperadamente:

“M-morra!”

Um raio poderoso rasgou o ar e caiu sobre o monstro. 

Uma explosão; pedras arremessadas para todos os lados. 

Depois disso, um silêncio arrepiante preencheu o pátio do templo que fora destruído nessa batalha. 

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