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Capítulo 91 – Correntes quebradas

“Francamente”, suspirou Nikkie. “Como ele pôde fazer uma coisa dessas sem nem nos consultar?” O tom de sua voz mostrava sua indignação. 

Ela observava as tropas se reunindo no salão em um grande número de agentes, tanto da Black Room como da Strike Down. Uma reunião emergencial foi requisitada por ninguém menos que Zero. 

O objetivo era organizar as equipes para conter os portadores que se reuniram em Sumida, próximo a Tokyo Skytree. 

“Ele deveria ter falado conosco, mas não posso culpá-lo totalmente. Ele estava sendo perseguido, afinal de contas.”

“Está passando pano para ele, Zero-kun?” Nikkie tinha um olhar ameaçador. 

“Não, não. Longe disso”, ele recuou. “Eu só quero dizer que uma situação dessas era só questão de tempo. Além do mais, ele nos deu uma ótima oportunidade.”

“O que isso significa?”

“Veja bem. Centenas de portadores estão reunidos em um só lugar. Isso quer dizer que os mais problemáticos estão lá também. Uma ótima oportunidade para passar o corretivo, não?”

“Pensando por esse lado… Mas, ainda assim, não existe a possibilidade de civis serem pegos no fogo cruzado?”

A garota apontou para uma possível consequência futura. 

“Talvez seja para impedir isso que ele levantou a tempestade de neve. Nenhuma pessoa em sã consciência ousaria pôr os pés pra fora de casa nessas condições climáticas. Além disso, a maioria deles está dormindo.”

Zero tinha um ponto. Onde Mayck conseguira aquele poder era outra questão.

“E também, nós temos que cuidar disso, já que pegamos tantos agentes emprestados. A Strike Down está se concentrando em pesquisar sobre aquele áudio. Ou seja, se nós apenas controlarmos a situação aqui, ficaremos bem. As outras divisões também não vão ficar paradas.”

“É isso mesmo? Se for o caso, então não tem muito o que dizer. Mas quando encontramos Mayck outra vez, você terá que adverti-lo.”

“Sim, sim. Farei isso. Não se preocupe.” Ele acenou e se afastou. 

O homem subiu no palco e anunciou suas intenções às centenas de subordinados ao seu dispor.

Era uma visão estranha, de fato. Tantos uniformes diferentes, mas que ouviam ao mesmo líder. 

Certamente deveria haver quem não engolisse a situação toda, mas eles preferiram ficar calados. 

Em poucas palavras, Zero levantou a moral das tropas ao dizer o que fariam naquela madrugada. Em resumo:

“Encontrem aqueles de máscaras brancas e contenham todos os outros. Se eles se mostrarem hostis, ou vocês os julgarem perigosos demais, não hesitem em eliminá-los. E não se esqueçam: não somos meros assassinos. Aqui, nós aplicamos a punição conforme os atos.”

Suas palavras continham certa frieza, mas eram cheias de confiança. Os subordinados acostumados e familiarizados com a forma que a organização trabalhava, bradaram com grande voz:

“Sim, senhor!”

A batida de seus pés ecoaram de forma uníssona, causando um estrondo. 

“Certo. Agora vamos descobrir o que M-kun planeja”, ele disse para si mesmo. Depois, voltou-se a Nikkie. “Nikkie, eu gostaria que você participasse ativamente dessa vez.”

A declaração deixou a garota um pouco perplexa. Era muito raro que ele a pedisse algo desse tipo. Ela não pôde evitar a questão. 

“Existe algum motivo especial para isso?”

“Eu não vejo Stella há algum tempo. Além do mais, não sabemos quem mais pode aparecer no meio dessa bagunça.”

Nikkie pensou um pouco e entendeu imediatamente. 

“Certo. Eu irei, então.”

“Ótimo.” Ele sorriu. 

<—Da·Si—>

Otohiko lutava contra a tempestade. Seus olhos irritados evitavam contato com todos os seus companheiros. 

Mas que merda! Quem foi o desgraçado que fez isso? Tá tentando me ferrar?!

Nesse dia, ele tinha o plano de caçar o maior número de Ninkais para conseguir levantar uma grana. Entretanto, isso foi por água abaixo quando a tempestade começou repentinamente. 

“Ei, Otohiko, não podemos deixar isso pra depois?” Um dos seus companheiros perguntou, enquanto tentava se manter firme sobre a neve. 

“Cala a boca. Nós poderíamos, mas agora os planos mudaram. Vamos encontrar o responsável por essa porcaria e fazer ele pagar”, bradou. 

“Não seja assim, vamos. Mesmo que você encontre, não há garantia de que poderia derrotá-lo, certo? Ele é forte a ponto de conseguir isso.”

“Isso não importa!”

Ele estava verdadeiramente frustrado. Normalmente, conseguiria seguir em frente com o que tivesse arquitetado sem problemas, mas quando era impedido de realizar, a raiva subia a sua cabeça de tal maneira que nem seus companheiros davam conta de conter. 

Eles apenas podiam suspirar e esperar a raiva passar naturalmente. A parte boa era que não demoraria muito. 

Otohiko era líder de um pequeno grupo que operava no submundo: Golden Society.

Contando com ele, havia seis pessoas naquele momento. As outras duas tinham ido verificar um evento importante daquela madrugada. Esse era o principal motivo pelo qual Otohiko queria tanto completar seu objetivo naquele dia. 

Merda! Merda! Só porque os portadores estão reunidos em só lugar, haveria mais Ninkais que o normal. Essa era a chance perfeita para conseguirmos um ótimo ganho.

Ele apertou a cabeça enquanto fazia um som irritado. 

“Gaaah! Mas que porra!”

Não parecia haver ninguém tão frustrado quanto ele. 

“Fazendo barulho a essa hora? Você não tem modos mesmo.”

“Hã?!” Ele virou-se irritado para a voz que lhe provocava. 

Uma garota com um guarda-chuva fechado e um vestido incomum se aproximou. Otohiko reconheceu imediatamente quem era: aqueles olhos escuros com o céu noturno; cabelos pretos como carvão; e sua principal característica: um vestido preto com laços roxos.

Otohiko contorceu seus lábios, como se tivesse visto algo desagradável. 

“Geh! Murasaki… Que péssima hora.”

“Ué… não está feliz em me ver? Não que eu me importe realmente. Você veio até aqui para ver ele em ação também?”

“Ele…? Ah, o Olhos azuis. Na realidade, não. Eu não me importo com o que ele faz.” O garoto deu de ombros. 

“É mesmo? Parece que está tudo uma loucura para aqueles lados. Já ouvi centenas de explosões, mas essa tempestade de neve bagunça um pouco a minha audição.”

“Te ver aqui também bagunça os meus olhos, então vá embora, por favor. Já disse que não me interesso pelo que ele faz. Deixe que se matem.”

“Isso é uma pena. Então, se me dão licença… opa…”

Kana havia se curvado para uma despedida respeitosa, mas percebeu algo que não poderia ignorar de forma alguma. Otohiko também se deu conta disso e já começou a reclamar. 

Uma luz incandescente iluminou a tempestade de neve. O ar começou a ficar abafado e o vapor começou a subir. 

Kazan se aproximou deles.

A princípio, ele não tinha nenhuma intenção de encontrá-los, mas acabou parando quando os viu. 

“Ora, ora. Se não é a boneca das trevas e o senhor do crochê.”

Kana sorriu. Otohiko estalou a língua. 

Esses três juntos não eram uma das melhores combinações. Podia-se ver faíscas saindo dos olhos de cada um, enquanto uma tensão pairava no ar. 

Os companheiros de Otohiko também conseguiam sentir aquele ar de hostilidade, além de partilhar dele. 

Kana foi a primeira a quebrar o silêncio sufocante. 

“Olá, Kazan. Vejo que está desagradável como sempre. Não acho que exista alguma necessidade para expelir tanto disso por aí.”

“Há! É para queimar brinquedos de pano como você. Agora vão se fuder e saiam da minha frente. Tenho algo importante para fazer.”

“Algo importante? Está indo levar uma surra do Olhos azuis—”

Antes que Kana terminasse, um jato feito de lava foi disparado em sua direção. Imediatamente, ela abriu seu guarda-chuva e se deixou levar pela tempestade para uma distância segura. 

O jato de lava traçou um caminho por cima da neve e derreteu um poste de iluminação que estava por perto. 

Otohiko e seus companheiros se armaram para o combate. Não por Kana, mas porque eles eram os três no topo dos portadores de Tóquio; com exceção de Mayck. Então, se um deles caísse, haveria um desequilíbrio ali. 

“Atacando uma garota desse jeito… você é realmente desprezível. Mas se quiser resolver as coisas assim, eu não me importo de ir em frente.”

A sombra de Kana se ergueu do chão e tomou uma forma humanóide, com seis braços.

Eles se encararam por um tempo. Em completo silêncio, ninguém fez um único movimento brusco. Até que Kazan retomou sua compostura e deu as costas. 

“Hm. Isso não tem graça. Vocês são totalmente patéticos. Não vou perder tempo com vocês.”

Ele se pôs a caminhar em direção à Tóquio Skytree, deixando Kana, Otohiko e os demais  cautelosos. 

“Parece que ele desistiu. É uma sábia decisão. Ele não conseguiria derrotar nós dois juntos”, disse Kana, de volta ao tapete de neve. 

“Ei, Murasaki.”

“O que foi?”

“Kazan já se encontrou com o Olhos azuis antes, não é?”

“Uhum. Mas porque o interesse repentino?” Kana estava curiosa e então perguntou, mesmo sabendo que não receberia uma resposta. 

“Não. Nada demais. Só pensei que as coisas ficariam interessantes por lá.”

Com um único olhar para o sorriso diabólico de Otohiko, Kana entendeu parte do que ele estava pensando. Afinal, ela também pensava que aquele seria um dia de muitas reviravoltas. 

Olha só que incrível. Estamos presenciando o início de uma nova era de portadores. 

Sem hesitar, Otohiko liderou seus companheiros para o enorme campo de batalha caótico em Sumida. Kana não ficou parada e seguiu logo depois deles. 

<—Da·Si—>

Depois de presenciar uma cena extremamente cruel, a garota de capuz teve apenas uma reação. Até porque a situação mudou completamente. O sangue de Hana escorrendo por suas roupas tirou a atenção dos monstros do feromônio, e eles voltaram-se para ela. 

A garota de capuz correu até Hana, mas não chegaria antes dos monstros. 

Eu vou ter que fazer isso. 

Sem parar, ela abriu os braços de forma agressiva e uma onda cinética irrompeu de suas mãos. A estrutura da sala tremeu; os bancos foram arrastados por uma força invisível e as paredes foram destruídas em instantes.

A poeira se ergueu rapidamente. Não era possível ver nada do local, enquanto pedaços grandes de gesso e concreto caíam, e o Tokyo Bunka Kaikan estava lentamente se desmoronando.

Os monstros não puderam escapar da condenação e foram soterrados pela chuva de pedregulhos. 

Em um piscar de olhos, a garota de capuz tirou Hana do local, indo para um local afastado antes que os escombros caíssem sobre elas. 

****

Hana abriu os olhos, o cheiro de poeira impregnado em suas narinas, o som da tempestade em seus ouvidos, e o frio congelante em seu corpo. 

O que aconteceu…?

Sua mente estava confusa. Ela mal podia se lembrar do que havia acontecido há poucos segundos. No entanto, a lembrança veio como um furacão assim que ela sentiu a dor em sua lateral esquerda. 

Ela o tocou. Havia líquido vermelho escorrendo. 

“Fique calma. Eu já vou estancar isso aí.” Uma voz familiar falou atrás dela. Foi quando ela percebeu que estava deitada no chão, mais especificamente sobre um tapete de neve. 

“Você… Ah… é mesmo… parece que eu… levei um tiro…”

E seu próprio pai o tinha feito. 

Pensar nisso machucava mais que o ferimento. 

A garota de capuz disse, enquanto pegava um lenço em seu bolso:

“Não atingiu nenhum órgão vital, aparentemente. Parece que ele não queria que você morresse.”

“É o que parece…”

Apesar da dor aguda, ela se sentou. 

“Eu disse pra esperar”, reclamou a garota, mas Hana não deu a mínima. 

“Essa não é a primeira vez que eu me machuco. Não se preocupe com isso.”

“Independente. Ele disse pra não te deixar morrer.”

“Mas eu já disse que estou bem”, insistiu. 

“Apenas cale a boca e se deite.”

Silenciosamente, Hana obedeceu e deixou a garota pressionar o lenço sobre o local atingido. A bala havia pego de raspão um pouco acima da cintura. Então não havia dúvidas de que fora errado de propósito. 

Afinal de contas, Masato era um policial habilidoso. 

“Além disso, será que ele conseguiu escapar?”

“Não faço ideia. Os vilões sempre dão um jeito de sobreviver.”

“Vilão, hein.” Essa ideia parecia inaceitável, mas ela tinha que concordar que era isso o que seu pai era. Pelo menos do seu ponto de vista. 

Hana observou a neve que caía sobre ela. Em sua mente, um turbilhão de pensamentos. Como as coisas chegaram naquele ponto? Para que tinha se esforçado tanto? Parte dela acreditava que Mayck teria as respostas, mas ela reconheceu que só estava agindo de forma fraca. 

Eu preciso pensar por mim mesma. Não posso ficar dependendo dos outros para isso. 

Seus olhos foram levados para a garota que utilizava o pequeno kit de primeiros socorros que tinha em sua cintura para deter o sangramento e desinfeccionar. 

Ela não pôde evitar notar seus olhos esverdeados por baixo do capuz, que escondia seus cabelos castanhos escuros. 

“Sabe… apesar da aparência, você é uma pessoa bem gentil”, Hana falou de repente. 

“Isso não me parece importante. Eu não estou sendo gentil. Desde que eu seja paga, farei o que for necessário”, a garota respondeu e continuou sua tarefa silenciosamente. 

Então Mayck pagou a ela? 

Se ele tivesse feito isso, então aquele gesto não possuía nenhum traço de altruísmo. Mas era assim que aquele mundo era. Nada era feito sem segundas intenções. 

Hana sentiu um aperto no peito.

Será que… ele também me mantém por perto porque precisa de mim?

Não no bom sentido. Ela se perguntou se não passava apenas de uma ferramenta nas mãos do garoto, assim como foi nas mãos de seu pai. 

Cobrindo os olhos, ela escondeu lágrimas que escaparam sem que ela percebesse. 

“Fuka”, disse a garota de repente. “Esse é o meu nome. Lembre-se dele pra quando precisar de algo. Vou cobrar um preço pequeno.”

Hana ficou perplexa a princípio, mas acabou sorrindo, respirando um pouco aliviada — embora não o suficiente para ela se erguer depois de ser derrubada tão brutalmente. 

“Por outro lado, você parece calma demais para quem acabou de ser traída.” 

Havia verdade em suas palavras. Depois que Mayck se foi, ela se mostrou mais confiante comparada a quando ouviu as revelações de Masato. Entretanto, naquele momento, já não havia mais nada. Nem medo nem determinação. Como se ela tivesse desistido de tudo. 

“Não vamos atrás dele? Pode ser que ele tenha fugido…”

“Isso não importa agora. Se Mayck procurar por ele, vai encontrá-lo, estou certa disso. E mesmo que eu vá, o que posso fazer? Eu disse a Mayck que cuidaria de tudo, mas, no fim, não fiz absolutamente nada.”

Ela havia falhado miseravelmente, outra vez. Era o que se passava em sua cabeça. 

Fuka a olhou com atenção e suspirou. Não era como se ela tivesse sido paga para dar apoio emocional a alguém. Sem contar que ela não era, nem de longe, a pessoa mais indicada para isso. 

“Se é o que você quer” ela falou enquanto pressionava um pouco a ferida, causando um pouco de dor à Hana. “…então meu trabalho aqui acabou. Eu pensei que sua justiça fosse mais forte.”

Ela se levantou, pronta para seguir seu caminho. Um mero adeus foram suas últimas palavras e Hana só pôde observar sem poder impedi-la. 

Ao se sentar novamente, abraçou os joelhos e abaixou a cabeça. 

Minha justiça não é forte… Está tudo bem ser assim. As coisas vão se resolver. Meu pai vai voltar atrás… ele tem que voltar. Ele não pode abandonar sua família desse jeito. 

<—Da·Si—>

Ao cortá-lo, ela o fez recuar. O sorriso no rosto de Ryuu se desfez tão rápido quanto fogos de artifícios desapareciam no ar. 

Rapidamente ela correu até Stella para socorrê-la. Não havia emoção em seu rosto. Sem medo e sem desespero, Chika chamou por ela, mas não houve resposta. 

“Ela perdeu a consciência…”

Segundos depois, Isha e os demais se aproximaram. 

“Ruby-san…!”

Eles imediatamente pararam ao ver Stella nos braços da líder. Seus olhos se arregalaram. Isha pressionou a mão na boca. 

Lucy sentiu fortes náuseas com aquela visão horrenda e se afastou em desespero. Suas entranhas se retorceram em protesto e o vômito se espalhou pela neve. 

Keize, por sua vez, demonstrou seus sentimentos se aproximando de Stella e tocando seus cabelos bagunçados. Mesmo não havendo quase nenhuma mudança em seu comportamento, ele se levantou e logo foi repreendido por Ruby. 

“Não se mexa, Keize.”

Ele a olhou com os punhos cerrados, não podendo desobedecer às ordens da garota, mesmo que seu ódio estourasse em suas veias. 

“Apenas fique aqui”, disse ela. “Leve Stella para a base. Ela precisa de tratamento urgentemente. Isha, cuide de Lucy. Ela não está acostumada a isso.”

“Mas, Ruby, você…”

“Não fique fazendo perguntas.”

A Ruby que eles estavam vendo não era a mesma de antes. Talvez fosse uma versão que não conhecessem, ou talvez uma que estava apenas escondida sob uma máscara. 

O que quer que fosse, era assustador ver alguém como ela tão irritada. A frieza em seus olhos era totalmente incomum e poderia ser comparável à frieza de Mayck em um dia ruim. 

Keize acatou às ordens e tomou Stella em seus braços com delicadeza. Hesitante, ele deixou o local e seguiu para a base. 

Isha foi até Lucy e a confortou. 

Enquanto isso, Ruby foi até Ryuu, que se manteve em silêncio, apenas observando-os. Seu sorriso voltou aos seus lábios quando viu a garota se aproximando. 

“Hehe… parece que a cavalaria chegou. Bem que ela ia precisar mesmo de ajuda. Se vai servir de algo ou não é outra questão.”

“Ryuu. Membro da Ascension e subordinado direto de Yang. Você sabe que são alvos da Black Room, não é?”

“É claro que eu sei. Estou sempre disposto a acabar com todos vocês a qualquer momento”, ele gesticulou. 

Seu braço estava com um tecido preto em volta. Sem escolha, ele teve que rasgar a manga de seu blazer para estancar o sangue. 

“Eu só consigo pensar em duas possibilidades. Mas, independente delas, eu não posso deixar você sair daqui.”

O vento rugiu e a tempestade de neve continuou. 

Ryuu sorriu novamente. 

“Então agora é a sua vez? Não fique tão confiante só porque me pegou desprevenido. Você não vai conseguir me derrotar. Se for vir pra cima, venha pronta para matar ou morrer.” Ele a chamou de braços abertos. 

Ruby se preparou para a ofensiva. 

“Isha. Não se envolva de jeito algum. Sua missão agora é manter Lucy segura.”

“É sério?! E o que acontece com os portadores? Nós não devíamos estar lá?! Vamos, Ruby. Não vamos perder tempo com esse cara…”

“Impossível.” Ruby a cortou. 

“O quê?! Mas porquê?!”

Ela se calou por um momento. Suas intenções eram simples. O desejo de vingar Clair já era pouco. Já não havia mais tanto ódio guardado dentro da garota. Porém, ver Stella naquela situação mudou tudo. 

“Ah, mas é claro que seria assim. Eu me pergunto como vocês não vieram antes ou porque não me atacaram quando nos encontramos naquela estação. Ah! É verdade. Vocês são tão incompetentes que nem me perceberam ali.”

Ryuu gargalhou enquanto lia a garota com facilidade. 

“Bem. Tanto faz, na verdade. Eu vou te dar uma chance de se vingar de sua amada Clair-senpai”, declarou. 

Foi a vez de Isha arregalar os olhos, atônita. Seu corpo congelou de forma instantânea. 

“O que… você falou?”

“Exatamente o que você ouviu. Eu sou o responsável pela morte da antiga líder da equipe Delta da Black Room”, fraseou. 

Culpando-se o tempo todo pela morte de Clair, Isha não conseguia seguir em frente, por mais que lhe dissessem que estava tudo bem. 

“Então… foi culpa sua…?”

“Hahaha. Surpresa? Pensei que amigos não escondiam segredos uns dos outros. Que péssima líder, hein. Você é uma vergonha para a sua veterana. Quer saber como a fiz sofrer até o final?”

“Cala a boca. Não fale sobre ela com essa boca imunda. E você fique onde está, Isha. Não se mova daí.”

As ordens de Ruby pareciam irracionais. Como assim não era para ela se envolver? Ela também tinha o direito de sentir raiva, não?

“De que merda você está falando, Ruby-san?! Você realmente escondeu isso de todo mundo?! De mim… Keize e até de Flame? Isso é algo cruel, não acha?!”

“Não levante sua voz. Eu ainda sou sua líder…”

“Isso importa agora?! Você e Stella têm carregado esse fardo o tempo todo desde aquele dia. Como quer que eu reaja?”

“Não havia sentido em vocês saberem.”

“Como assim não havia? Está tentando dizer que nós não seríamos úteis em nada?!” Isha bradou com sua voz trêmula. 

Era muita informação para ela absorver. Lucy também tentava se encontrar naquela chuva de notícias desagradáveis. 

Ruby não respondeu e Ryuu continuou sorrindo, como se aquilo fosse divertido. 

Ele gostava disso. Ver as pessoas se destruindo era uma das coisas que ele mais gostava. No entanto, o que Ruby mais queria naquele momento, era esfregar a cara dele no chão e tirar aquele sorriso esnobe de seu rosto. 

“Isso não tem nada a ver, Isha.”

“Então o que é?! Você… vocês duas esconderam isso de todos nós…”

“Mesmo que eu contasse, o que aconteceria? Apenas ódio e mais ódio nasceria no time Delta. Nós iríamos quebrar facilmente se tudo fosse revelado. Eu pretendia esconder isso para proteger vocês, mas não sei como Stella descobriu sobre ele.”

Ela tinha pedido a Nikkie e Zero, os únicos que sabiam, que não dissessem nada a ninguém sobre o que aconteceu com Clair. 

Tudo o que eles precisavam saber era que Clair morreu em combate e seu corpo desapareceu. Apenas isso. 

Porém, naquele momento, isso saiu pela culatra. O assassino de Clair era Ryuu, e Ryuu era um inimigo jurado. 

“Mesmo assim…” Isha mordeu os lábios. Seus olhos e ombros caíram. Ela não sabia o que dizer. 

Ruby viu isso como um ato de desistência de sua companheira, então voltou-se para o homem à sua frente. 

“Você machucou duas pessoas importantes pra mim. Não espere que sua morte seja indolor.”

Eu vou ter que explicar tudo para eles depois. Não vai ser fácil, já que Flame não está entre nós e tudo fica ainda mais complicado. Mas tudo bem. Por ora, eu só vou acabar com esse desgraçado. 

O ódio, a raiva e seu desejo por vingança podiam ser sentidos no ar. No entanto, ela aprendeu a se conter e lidar com suas emoções pelo bem dos outros ao seu redor. 

Ela era uma líder. E um líder tinha que estar à frente de seus companheiros, de cabeça erguida, com confiança, mostrando que tudo estava sob seu controle. 

“Uau. Eu até tremo de medo. Então, vamos lá. Vamos acertar essas contas de anos atrás!” Ele bradou e jogou sua mão para trás. Dezenas de agulhas foram disparadas como balas na direção de Ruby. 

A garota, em um movimento rápido, interceptou o ataque com uma enorme vinha que brotou do chão de repente e com poder. 

A enorme vinha mudou sua trajetória e seguiu para Ryuu rapidamente, o qual desviou com bastante agilidade saltando para trás. A vinha atingiu o local que ele estava milésimos atrás, criando uma cratera e jogando pedras e neve para o ar. 

Mais três vinhas iguais foram mobilizadas com a mesma força e Ryuu também desviou delas. Mesmo debilitado, ele mostrou que não havia decaído em nada. 

Jogou mais três agulhas. Uma foi bloqueada e as outras duas passaram, mas apenas para serem puxadas de volta com a atração magnética e se fincarem fundo nas costas de Ruby. 

“Ugh!” Ruby sentiu a dor levemente perfurar perto das escápulas. 

Ele é forte ao ponto de quebrar a resistência dos uniformes. Não posso subestimá-lo, ela pensou, mas rapidamente voltou a si. 

“Ei, ei. Vai cometer o mesmo erro de ficar distraída?” Ryuu diminuiu a distância entre eles em um piscar de olhos. Seu corpo indo para baixo e seu pé subindo na direção do rosto de Ruby. 

Ela recebeu um chute de calcanhar poderoso em sua mandíbula. 

Antes que ela pudesse se recompor, ele avançou outra vez com a mão erguida para um soco direto. Porém, fora bloqueado por um amontoado de vinhas que brotaram debaixo dele e o prenderam ali. 

“Não pense que eu vou me deixar abalar tão fácil. Não sou mais fraca que você”, disse Ruby. Ao seu comando, uma planta de aparência esquisita brotou e exalou esporos de cor amarelada na cara de Ryuu, que acabou respirando aquilo. 

Seus olhos começaram a arder loucamente. 

“Porra… merda!” 

Ele lutou contra as vinhas e elas o soltaram, dando uma abertura para ele escapar e tomar distância. 

Ruby não se mexeu. Apenas ficou parada, vendo o que aconteceria dali em diante. 

Ryuu se perguntava o que havia inalado. 

O que é essa porcaria? Eu não estou conseguindo respirar. E meus olhos estão ardendo e lacrimejando muito. 

Ele tentava aguentar, mas, a cada segundo, ficava mais difícil.

Um impulso doloroso em seu peito, náuseas surgiram de repente. Ryuu começou a vomitar grandes quantidades de sangue. 

Ele já sabia o que havia acontecido. 

Maldita… isso era algum tipo de esporo venenoso? Merda. Eu devia ter previsto isso. O plano dela era me envenenar e me fazer sofrer até o fim. 

Quando ele descobriu era tarde demais. Sua única escolha, então, era atacar com tudo antes de morrer. 

“Vadia! Eu vou levar você junto comigo!” Esbravejou. “Sinfonia!” Ao ecoar de sua voz, um gigantesco órgão de tubos se ergueu atrás dele, brilhando com uma luz dourada. 

Com a fúria em seus olhos, ele bateu no ar, fazendo a mímica de um pianista. 

Inaceitável…!

Um estrondo quase visível disparou contra Ruby, que não pode desviar da velocidade do som e teve seus tímpanos rompidos. Líquido vermelho saiu por suas orelhas e ela sentiu uma tontura, que a fez pensar que desmaiaria. 

Morrer assim desse jeito… é inaceitável!

Ryuu fez um movimento parecido, mas em outra direção. O órgão fez soar uma melodia sacra e Ruby a ouviu, e começou a alucinar. 

Lucy e Isha também foram pegas pela melodia e sofreram da mesma forma. 

A visão não conseguia captar as cores e tudo ficou distorcido. Elas também não conseguiam ouvir mais nada, nem ao menos se manterem de pé. 

Náuseas, tonturas e fortes dores de cabeça e nos ouvidos. Quem passasse por isso desejaria a morte. 

Foi por isso que Ryuu a nomeou de <Sinfonia do Inferno>. Aquele órgão emitia ondas sonoras misturadas com ondas eletromagnéticas, as quais conseguiam mexer com o cérebro de seus alvos. Todos em um raio de um quilômetro estavam condenados àquele sofrimento com baixas chances de sobrevivência. 

“Eu vou acabar com vocês…! Seus dentes rangidos com força. “Pouco a pouco, sintam cada parte de seus corpos explodirem!”

Enquanto liberava seu poder cada vez mais, Ryuu cuspia sangue devido a alta exposição aos esporos daquela planta. Já tinha atingido seu sistema circulatório e estava destruindo suas células com uma velocidade assustadora. 

Ele já não sabia quanto tempo tinha até que seu corpo cedesse. 

Suas pernas fraquejaram, mas ele ainda se mantinha de pé com todas as suas forças restantes. E surpreendentemente, Ruby também. 

Entretanto, a garota estava perto de perder sua consciência de vez. Seus ouvidos zumbiam, sua cabeça latejava e, por algum motivo, seu coração tremia, não de medo, mas devido às altas ondas que estavam bagunçando todo o ritmo de seu corpo. 

Lucy e Isha também estavam vulneráveis, portanto, estavam tendo os mesmos problemas. Só estavam vivas por serem portadoras, já que seus corpos eram mais resistentes que os de pessoas comuns. 

Ruby sabia que não iria aguentar por muito tempo. O mesmo valia para suas companheiras. 

Eu… tenho que aguentar… preciso lutar para protegê-las até o fim. 

A visão de Stella naquele estado deplorável invadiu sua mente. 

Ela se esforçou mais do que o necessário. É meu dever garantir que isso não seja desperdiçado!

Seu corpo que estava prestes a ceder ganhou mais força de repente. Ruby se recompôs, recobrando sua consciência, e deu um passo para frente, mesmo com tanta dificuldade. 

Cada célula de seu corpo vibrava e parecia que iriam se separar em seu mais leve movimento. 

Sua voz inaudível para qualquer um, movida apenas pela sua força de vontade. Ruby moveu os lábios e gritou, de forma que apenas sua mente podia saber isso. 

A partir de seus pés, um campo florido com flores negras e brilhantes tomou conta do terreno em volta, independente da neve. Elas balançavam violentamente com o vento da tempestade de neve, mas pareciam assustadoras demais para serem arrancadas. 

Ryuu ficou confuso. De onde ela tinha tirado forças para aquilo? Como ela ainda podia se manter consciente?

As flores misteriosas não responderam suas perguntas, mas elas começaram a brotar em seus pés, depois subiram por suas pernas. 

Que porra é essa?!

Segundo depois, seu corpo estava coberto por aquelas flores bizarras e estranhamente belas, que se enfaixaram em suas entranhas, causando-lhe dores agonizantes.

<Flora of the Depths>, as flores das profundezas. A fonte de alimento delas não era nada senão energia vital.

O brilho delas se fortaleceram de forma radiante. Ryuu ia sentindo suas forças se esvairem rapidamente, como se seu sangue fosse sugado de seu corpo. Uma dor imensa o corroía por dentro, junto ao veneno que o torturava há um tempo. 

Ele levantou sua voz e gritou de agonia. Nunca havia sentido uma dor assim em toda a sua vida e agora aprendeu o seu significado. 

“Ahhhh!”

Seu berros angustiantes iam perdendo suas forças, o órgão de tubos perdendo seu brilho lentamente. 

Era o fim da linha para Ryuu e toda a sua maldade.

O órgão de tubos desapareceu como poeira soprada pelo vento. 

Ruby caiu de joelhos. 

Sua cabeça doía, seus ouvidos doíam e sangravam e seus batimentos estavam totalmente acelerados. 

Ela tossiu sangue, ofegante. 

Acabou..?

Ela olhou para o montante de plantas há alguns metros dela. 

Eu consegui…? O assassino de Clair-senpai está morto…? 

Seus olhos não acreditavam no que viam. Mas não por ela ter tido a força necessária para matar ele, mas por ele ter morrido tão facilmente. 

Era como se tudo não passasse de uma mera piada. 

A voz fraca de Ryuu chegou aos seus ouvidos, deixando a garota surpresa. 

“Mal… dita…”

Está vivo?

Ela mordeu os lábios involuntariamente, como se aquele fosse um resultado desagradável. O que realmente era. 

Lentamente, ela se levantou e andou até ele. As flores negras desapareciam uma após a outra, como se explodissem e dispersassem suas pétalas no ar. 

Ryuu caiu de joelhos. Ele já não era mais como antes. Seu corpo estava magro, seus ossos eram visíveis e sua pele extremamente pálida. Os olhos esbugalhados tentavam enxergar o céu estrelado.

Enquanto o combate se desenrolava, a tempestade de neve havia passado. 

Ruby o encarou com um olhar de repúdio, e ele começou a se debater, sem forças para conseguir falar direito. Com sua voz rouca, ele disse:

“Desgraçada… vo-você vai pagar por tudo isso… que todos aqueles que existem acima de nós te amaldiçoem. Você não pode ter uma vida de paz. Yang vai te fazer se responsabilizar por isso… tenha certeza…”

Enquanto ele soltava seus xingamentos e ameaças vazias, Ruby o olhou com um suspiro. 

“Eu me lembro como se fosse ontem”, disse ela. “Você amarrou e torturou Clair-senpai por horas e me obrigou a assistir tudo com uma mordaça na boca e presa a um pedregulho. Me diga, Ryuu, qual foi o propósito de tudo aquilo?”

Os olhos da garota se tornaram sombrios. Lágrimas começaram a se formar nos cantos. Ruby finalmente tinha cedido às suas emoções. 

“Mesmo que houvesse um propósito, eu não te perdoaria. Uma hora ou outra eu iria atrás de você, nem que fosse para o inferno.”

Mesmo escondendo, Ruby estava preparada. Chika Ichinose estava disposta a oferecer sua vida pela vingança de Clair. Mas ela não podia se dar ao luxo de deixar seus companheiros para trás, e nem permitiria que eles partissem. 

Talvez eu seja uma péssima líder mesmo. 

Suspirando de forma pesada, Ruby mostrou uma leve expressão de cansaço. Era justificável, dado que ela foi alvo de uma explosão sônica poderosa. 

Mas não era disso que se tratava. Ela estava cansada de ver os olhos de Ryuu que emanavam ódio, desprezo e frustração. 

Ela estava cansada daquele assassino imundo. 

“Acabou pra você, agora. E pra mim também. Eu te vejo no inferno, Ryuu.”

Ele arregalou ainda mais os olhos. Sua visão girou, como se ele tivesse se deitado, mas era apenas sua cabeça que havia sido desconectada do corpo por uma navalha esverdeada que brotou entre ele e a garota. 

O chão foi manchado com seu sangue. 

“Morra sabendo que você tem o meu desprezo e de toda a equipe Delta.” Ruby deixou essas palavras e se afastou do corpo decapitado. 

Isha e Lucy estavam desmaiadas. Nas condições em que estava, a líder da equipe não poderia carregar as duas, então se sentou ao lado delas. 

“Parece que essa rota de vingança chegou ao fim… espero que você não me odeie, Isha.” Acariciando os cabelos dela com um olhar de ternura. 

O silêncio era reconfortante. Aquele clima de perigo e desespero fora carregado pelo vento. 

Ela finalmente poderia descansar e deixar aquele seu eu para trás. 

Agora está tudo bem…, certo, Clair-senpai?

Seus olhos ficaram pesados e ela acabou adormecendo onde estava. 

O silêncio indicava que tudo estava chegando ao fim…

Mas passos e leves se aproximaram delas. Um corpo esquelético tentava manter as forças para caminhar. 

Seu pescoço estava cheio de agulhas que serviam de pilares, sustentando uma cabeça que fora cortada há poucos minutos. 

O olhar de ódio de Ryuu permanecia inabalável e só se fortalecia. Seu sorriso malicioso deixava claro as suas intenções.  

Ele não descansaria em paz sabendo que havia sido morto por uma garotinha. 

Eu já disse que é inaceitável. 

Magicamente, várias agulhas foram projetadas ao seu redor, dançando em torno dele. 

“Vocês vão morrer silenciosamente onde estão”, disse, apontando para elas. 

As agulhas dispararam como balas à queima roupa. Não tinha como evitar que elas perfurassem as três garotas desde a cabeça até os pés. 

A vitória parecia ter mudado de direção. 

Contudo, uma luz passou entre eles como um raio e todas as agulhas estavam no chão no segundo seguinte. 

“Há?” Ryuu ficou perplexo. “Que merda aconteceu?”

“Parece que eu cheguei um pouco tarde. Imagino que tudo tenha acabado, sim?”

A voz feminina fez o homem estremecer. 

Diretamente da Black Room, uma das poucas pessoas que ele admitia que teria dificuldades caso enfrentasse, entrou em cena. 

Nikkie portava sua máscara branca e seu manto avermelhado, enquanto coisas parecendo fios dançavam loucamente ao redor dela. 

“Por que você está aqui?!”

Ryuu recuou, claramente assustado. 

Nikkie respondeu:

“Por que não estaria? Essas garotas são minhas subordinadas. Eu não posso deixar que você as machuque ainda mais.”

Ao seu comando, os fios se estenderam e se agarraram aos braços, pernas e pescoço do homem incrivelmente magro, o qual não conseguia mais vestir suas roupas, por isso estava despido. 

“Sua vadia! O que pensa que está fazendo?!”

“Estou fazendo o que devia ter feito há muito tempo. Desapareça, Ryuu.”

Os fios se enrijeceram e se contraíram com força, cada membro do homem foi puxado para um lado e sua cabeça foi desconectada novamente. 

Jogados pelos fios a pleno ar, foram transformados em pó pelos movimentos invisíveis e cortantes deles. Nikkie se certificou de que ele não pudesse voltar novamente. 

O sangue que restava naquele corpo mumificado se espalhou no chão. 

“Agora não tem mais volta”, Nikkie disse a si mesma. “Nós estamos entrando em tempos turbulentos.”

A partir do momento em que mataram um subordinado de Yang, eles compraram novamente a briga com a Ascension. Mas seria diferente daquela vez. A não geração de portadores podia muito bem lidar com eles. 

“É hora de revidar.”

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