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Um homem idoso estava sentado sobre uma pedra no ar livre no meio de uma floresta, enquanto escrevia em um papel. O vento fresco que soprava balançava suavemente os galhos das árvores e as folhas esverdeadas.

[1953º portador do emblema-amaldiçoado.]

Com um pincel e um papel, ele escrevia.

[Eu sou Leo Colleone.]

[Assim como os portadores anteriores do emblema, eu vinha procurando meios de me livrar deste emblema preso nas palmas da minha mão. Em uma das memórias mais recentes, um dos portadores foi morto apenas por mostrar seu emblema em um guardião espiritual, sem ter a chance de se explicar. Isto foi um aviso claro para os futuros portadores, de que não iríamos conseguir nada na base da conversa. Desde então venho procurando formas de me fortalecer.]

[Na minha juventude, descobri que meu cérebro poderia produzir uma quantidade insignificante de raios (eletricidade). Isto aconteceu quando uma maçã estava prestes a cair na minha cabeça, e neste exato momento foi como se um raio tivesse surgido bem na minha cabeça o que me fez reagir a tempo. Embora não tenha conseguido me esquivar, no entanto.]

[Mas aquele pequeno acontecimento me fez querer estudar mais sobre a anatomia humana, principalmente em como o cérebro trabalhava. Mas não consegui avançar muito em minha pesquisa, e com a minha idade, não conseguirei terminá-la a tempo. Espero que os futuros portadores se sintam inspirados pela minha pesquisa.]

{Eu sou Abraham Colleoni.}

[1957º portador do emblema-amaldiçoado.]

[Adotei o sobrenome Clone para que pudesse continuar a pesquisa em homenagem a Leo Colleoni.]

[A anatomia humana é um campo extremamente complexo de descobertas fascinantes, principalmente se formos analisar o cérebro, que compõe um grande campo repleto de complexidade.] 

[Acabei então por descobrir que o cérebro humano era realmente capaz de produzir raios (energia elétrica). Mas assim como descobriu o portador anterior, parece que o nosso é capaz de produzir uma quantidade maior, chegando a ser cerca de 1,5 a mais que uma pessoa normal.]

[Isto foi algo que eu descobri graças a um homem que dizia ter vindo de uma terra distante. O cérebro gera eletricidade graças a algo chamado de células, e esta célula em especial é chamada de neurônio.]

[Quanto mais eletricidade o neurônio gera, maior seria as capacidades neurais de uma pessoa. Foi aí que eu pensei. E se, de alguma forma, eu pudesse aumentar a dosagem fornecida aos neurônios, poderia assim aumentar minhas capacidades mentais. Mas eu não poderia usar a mana para isso, e mesmo se pudesse, eu não estaria me matando tanto para recorrer a este assunto.]

{Noah Callioni.}

[2001º portador do emblema-amaldiçoado.]

[Acabei descobrindo de que não precisaríamos de mana para aumentar as funções do nosso sistema nervoso. Como eu não poderia armazenar nenhum tipo de energia em meu interior por conta da restrição do emblema, acabei descobrindo que havia uma exceção. ‘A energia vital’. Afinal, o emblema não impedia a pessoa de viver, e o que permitia uma pessoa viver era a tal energia vital.]

[Para selar os portais criados pelo culto demoníaco, os portadores eram colocados na frente dos portais e, naturalmente, os selavam com uma magia misteriosa. Mas como a pessoa não possuía mana, a magia acabava então por consumir sua própria vitalidade até a morte.]

[Aquilo foi como uma visão, se eu pudesse utilizar esta mesma energia para fortalecer o raio criado pelo meu cérebro, sem dúvida iria alcançar um nível acima do normal.] 

[Mas não importava o quanto pesquisasse, não conseguia achar a localização desta fonte de energia, procurei e procurei, mas não encontrei. Até encontrar um certo artista marcial.]

[Foi então que descobri sobre os acupontos, e que os artistas marciais circulam a energia que chamam de ki através dela. Parece que o ki é uma combinação da energia vital com a mana.]

[Então para alcançar esta energia vital, é necessária a ajuda de um artista marcial para liberar os acupontos com o ki e que também pudesse nos guiar até localizar a fonte da energia vital.]

[Em seguida, bastava alimentar a energia elétrica do cérebro com a energia vital, e com os acupontos interligados, poderíamos também aumentar as nossas capacidades físicas. Assim, a técnica estaria finalmente pronta.]

[O nome desta técnica então foi batizada de, ‘raio branco’. Porque o raio se torna branco ao consumir a energia vital.]

§§§§

Abrindo lentamente seus olhos, o teto escuro como breu da câmara subterrânea de Fenrir o saudou. Tochas de chamas azuis ao redor iluminavam prematuramente a área em seu entorno.

‘… Parece que ainda estou vivo. Meu corpo também parece melhor. O engraçado, é que parece estranho.’

Pensou Ken ironicamente.

Por conta dos treinamentos infernais da toca do inferno, seu corpo sempre esteve coberto de ferimentos tanto internos quanto externos e hematomas causados pelos treinos e punições dadas pelos instrutores. E sua condição apenas piorou depois de ter se rebelado contra o Dono. Mas embora não tenha se recuperado completamente, ainda era estranho o quão leve estava se sentindo neste momento a ponto de parecer desconfortável.

Era um sentimento que Ken já havia esquecido depois de passar anos naquele sofrimento. Não apenas isso.

‘Que confortável…’

Por alguma razão Ken sentia como se estivesse deitado por cima de uma nuvem. Era suave e agradável, um conforto que certamente nunca havia experimentado em toda sua vida, mesmo quando estava em seu mundo.

“Haa…”

Enquanto Ken se deliciava com este sentimento.

– Você parece estar confortável, humano.

“!”

Uma voz imponente surgiu pegando-o de surpresa. Não era preciso muito esforço para perceber a quem pertencia aquela voz. Então, acalmando-se, Ken se virou lentamente na direção da voz.

Longos pêlos prateados que se seguiram por todo corpo, e por cima a enorme cabeça de um lobo o encarava com seus penetrantes olhos dourados.

– Você parece confortável com o pelo da minha cauda, humano.

(Autor: Ao invés de rabo, achei mais apropriado chamar de cauda.)

‘Cauda?… !’

Foi então que Ken percebeu de onde vinha todo aquele conforto. Ele estava deitado na cauda peluda de Fenrir, mais especificamente, na ponta de sua causa.

Seu pelo era tão macio que o trazia um conforto sem igual. Normalmente uma pessoa se sentiria desconfortável em deitar em algo suave depois de passar um longo tempo deitado sobre um chão duro.

Mas o pelo de Fenrir pareceu quebrar esta lógica criada pela natureza. Os pelos de sua cauda eram tão confortáveis que esta lógica havia simplesmente deixado de existir. 

Mas tentando ignorar este sentimento, Ken tinha algumas dúvidas.

“Quanto tempo eu…”

– Uma semana, se for levando em conta desde o dia em que você caiu lá de cima, já haviam se passado praticamente duas semanas e três dias. Humano.

Fenrir respondeu antes mesmo que Ken tivesse a chance de terminar sua pergunta.

‘… Duas semanas e três dias? Então, enquanto eu estava no mundo das almas, no mundo real já haviam se passado uma semana e três dias? Ou simplesmente demorei para acordar depois de voltar para o mundo real?’

Ken ficou surpreso e com dúvidas pelo extenso tempo em que esteve dormindo. Ainda que seu corpo estivesse em um estado de quase morte, ainda achava que era bastante tempo.

‘De qualquer forma, como vim parar aqui?’

Deixando seu espanto de lado, Ken estava se perguntando como havia chegado na cauda de Fenrir. A solução mais provável seria que o próprio Fenrir era quem o havia colocado lá. Mas embora fosse uma experiência bastante agradável, Ken não queria continuar se aproveitando dela. 

‘Acho que seria melhor descer…’

Não querendo deixar Fenrir desconfortável, e também não querendo deixar ele mesmo desconfortável, Ken decidiu descer de sua cauda. Mas no momento em que seu pé tocou no chão.

“Ack!?”

Sentiu um choque irrompendo a partir de sua perna, chegando até o seu cérebro, como um aviso claro de dor extrema.

“Ugh…”

Ken agarrou sua perna dolorida que havia acabado de puxar rapidamente do chão.

– Embora eu tenha curado a maior parte de seus ferimentos, infelizmente não foi por completo. Descanse e deixe seu corpo se curar por si mesmo. Humano.

“Mas…”

Talvez Fenrir não sabia como funcionava a fisionomia humana, mas ossos quebrados de humanos não se curariam com apenas algum descanso. Embora Ken fosse um caso diferente graças ao pecado preguiça, ainda poderiam haver sequelas.

– Não me faça repetir e apenas descanse. E sinceramente, uma pulga seria mais irritante em meu pêlo do que você.

Talvez Fenrir tenha entendido errado a hesitação de Ken, mas pelo menos recebeu a aprovação de continuar a deitar em seu pelo. Mas… 

‘… Acabei de ser comparado com uma pulga? E perdi?’

Deixando o comentário sarcástico de Fenrir de lado, se é que ele mesmo considerava um sarcasmo, Ken decidiu voltar sua atenção à sua perna.

‘Parece que ainda precisarei de mais tempo para… Hm?’

Enquanto pensava no que fazer e no tempo que seu corpo precisaria para se recuperar por completo, Ken notou algo estranho na palma de sua mão. Mais especificamente, no seu emblema.

“Isto?…”

Algo estava literalmente diferente. Ao contrário de antes em que as 12 casas estavam vazias, uma agora estava preenchida. A sigla de sagitário, que era a sigla que representava Fenrir, estava presente em uma das casas.

Com isto, Ken rapidamente olhou para Fenrir, querendo uma resposta.

– …

Mas Fenrir simplesmente olhou para o ar, fingindo não notar o olhar de Ken.

“… Você não vai dizer nada?”

– Hmph, e o que teria para dizer? Eu apenas fiz o que prometi. Agora não me interrompas, humano.

“… Meu nome é Ken.”

– Um humano é um humano, assim como uma pulga é uma pulga.

Depois de deixar estas palavras, Fenrir simplesmente pousou sua cabeça sobre suas patas e começou a descansar. Tentando ignorar as palavras insultuosas de Fenrir, Ken analisou o que ele havia dito antes.

“Prometeu?… ah.”

Ken então se lembrou das palavras de Fenrir que ele havia esquecido. 

– Se você conseguir chegar até aqui em menos de seis minutos. Não só curarei suas feridas, como também irei liberar o meu selo de você. Eu te dou minha palavra. 

‘… Mas como eu cheguei até ele?…’

Novamente, embora tivesse se esquecido, as memórias daquele tempo voltaram na sua cabeça, Ken se lembrou do modo desesperado em que ele arrancou os ossos que atravessaram seu corpo e se forçou a caminhar até fenrir, mesmo que no processo quebrasse os ossos de sua perna e perdesse suas unhas manchado de sangue.

‘Eu realmente estava desesperado… não?’

A sede de sobrevivência o havia dado força para superar qualquer dor que parecia prender seu corpo com correntes. Não só isso, alimentando-se também pelo sentimento de vingança contra o reino Celestine e contra Julius. Para Ken não era uma opção morrer naquele momento se houvesse uma chance, mesmo se fosse mínima de sobreviver.

‘Mas o mais incrível, é que ele realmente cumpriu sua promessa.’

Depois de pensar muito sobre as palavras de Fenrir e no tom de sua voz, Ken teve uma ideia de que Fenrir não queria ajudá-lo, mas acabou fazendo-o simplesmente porque havia perdido em sua aposta.

Mas porque ele faria isso? Se ele não quisesse ajudar bastava não fazê-lo. Porque havia a necessidade de recorrer a este método?

‘Enfim. Mas o que é certo é que ele realmente cumpriu com sua palavra. Estou surpreso, parece que ele é realmente fiel com suas promessas.’

Ken então começou a olhar Fenrir sob uma expectativa diferente.

– Que foi, porque você está me olhando assim?

“… Nada não.”

– ?

Desviando seu olhar de Fenrir, Ken concentrou sua atenção no seu emblema.

‘… Não sinto nada.’

Embora o selo de Fenrir tenha sido finalmente liberado, Ken não sentiu nenhuma mudança significativa. Mesmo não esperava grande coisa já que era apenas um selo dos doze, deveria ao menos ter alguma diferença.

“Será que fui enganado?”

Ken murmurou para si mesmo enquanto olhava para Fenrir. Fenrir, sentindo como se seu orgulho tivesse sido ferido depois de Ken ter profanado aquelas palavras, levantou a cabeça e o encarou.

– Você está dizendo que eu ganharia alguma coisa por enganar você?

“Não é bem isso, mas então porque…”

– Olhe para o seu peito.

“Peito? O que tem meu peit… !”

Os olhos de Ken então se arregalaram depois de ver o que estava em seu peito.

“O que é essa coisa?”

Havia uma tatuagem de cor preta que cobria todo seu peito esquerdo. A marca parecia um shuriken de três lâminas em um vórtice, com um espaço vazio no centro

– No momento em que eu liberei o meu selo de você, esta marca por alguma razão apareceu em seu peito. A razão eu não sei. Agora pare de me incomodar enquanto estou descansando.

Fenrir voltou novamente a deitar-se. Ken sentiu que seria devorado se voltasse a incomodá-lo, então decidiu deixá-lo, embora ainda estivesse confuso.

‘De qualquer forma, o que isto deveria significar?’

Ken não sabia o porquê da marca aparecer em seu peito, mas certamente havia uma relação com o selo do emblema-amaldiçoado.

‘O objetivo do emblema amaldiçoado é selar o fragmento da ira no portador. Mas, neste momento, eu tenho três fragmentos dentro de mim. Que são a ira, a preguiça e a luxúria… espera! Três…’

Ken então juntou os factos. O desenho em seu peito tem claramente três lâminas que pareciam uma shuriken, e Ken tem dentro de si três fragmentos dos pecados capitais. Se não estiver enganado, a marca poderia ser praticamente a representação dos três fragmentos dos pecados capitais.

‘Pode ser apenas uma hipótese, mas por agora é o que mais chega perto da verdade…?’

“Mgh? Cof! Cof!…”

Ken de repente sentiu uma vontade de vomitar, então tapou a boca e começou a tossir. Quando verificou sua mão, sangue escuro estava presente.

“Parece que meus órgãos internos ainda não estão totalmente recuperados. Não, é um milagre que eu ainda esteja vivo.”

O pecado da preguiça não teria conseguido curar tantos danos que ocorreram ao seu corpo, isto mostra que Fenrir teve um papel fundamental na sua recuperação, embora seus órgãos internos e algumas lesões ainda não estejam completamente curados. O lugar da barriga onde Dono o atravessou com uma espada também parecia já ter cicatrizado, deixando uma profunda marca de corte.

Ken então sentiu algo de errado com sua visão e moveu a mão para tapar seu olho esquerdo, retirou, voltou a tapar e retirou novamente.

“Parece que perdi completamente a minha visão do olho esquerdo. Não estou surpreso.”

Ken sabia que o corte que recebeu do 4º instrutor em seu olho não poderia ser mais reversível. Ele o fez para sobreviver, e voltaria a fazê-lo se fosse necessário.

‘Haa… Acho que realmente devo descansar.’

Depois de pensar nisso, Ken suspirou exausto e simplesmente voltou a deitar no pelo soave de Fenrir.

“Haa…”

‘O que devo fazer agora?’

Embora tenha decidido deitar para relaxar, Ken sabia que não tinha luxo para isso. O que tinha que fazer agora?

Agora que não tinha mais aquela coleira em seu pescoço, Ken se tornou livre, não estando mais nas garras de Dono. Embora o processo para isso tenha sido bastante doloroso.

‘!’

Ken sentiu arrepios só de pensar na maior experiência dolorosa que teve que passar para se livrar da coleira. Mas forçou-se a esquecê-lo, porque agora só tinha que pensar em uma coisa.

‘Tenho que encontrar um jeito de fugir deste lugar.’

Mas não era tão simples. Era preciso saber sobre todos os cômodos da toca do inferno, informação que ken carecia. Os únicos lugares que os jovens poderiam frequentar eram no campo de treinamento e em seus respectivos quartos oferecidos. Até cagar e mijar era feito nos respectivos quartos, e tudo que tinha que fazer era suportar o mau cheiro que os afligia. 

Os únicos lugares prováveis de haver uma saída seria das portas de onde os instrutores vinham. Se Ken quisesse explorar aquele local, certamente poderia encontrar a saída. Tudo que tinha que fazer era arranjar um jeito de voltar a subir lá e descobrir por si mesmo. Mas isto carregava um problema.

‘Inevitavelmente terei que lutar contra eles. O que não seria nem de longe, uma tarefa fácil.’

Haviam vários instrutores na toca do inferno que supervisionavam os jovens, chegando até os cem. Nove instrutores são espadachins de aura intermediário de três estrelas. Existe um mago de 5ª círculo e um espadachim de aura avançado, além de possivelmente haver mais seguranças.

Se Ken queria ter uma chance de derrotá-los, havia duas coisas que lhe faltavam.

‘Experiência e poder.’

Embora fosse proficiente em artes marciais, era difícil de se defender de espadas, principalmente de pessoas que possuíam maior experiência de combate que ele. Um mínimo errado e seria morte certa para ele.

Mas Ken não se desanimou, porque havia um jeito rápido, embora doloroso de aumentar seus níveis de experiência. E este jeito se chamava ‘raio branco’.

Ken apertou fortemente seu punho.

‘Depois de descansar um pouco, começarei minha rotina infernal de treino.’

Seu forte desejo de sobrevivência brotava como fogo em seu interior.

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