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Capítulo 129 – Uma conversa psicológica. X


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Ao perceber que talvez tenha extrapolado na maneira em que tentou resolver a situação, Alania fixou seu olhar no homem à frente, então pediu desculpas.

— Senhor Kazuki, por favor, me perdoe! Longe de mim te fazer experienciar tamanha dor, sei que você também teve que passar por situações similares a daquelas crianças, ou até piores. Me desculpe, não foi a minha intenção. 

“O que eu fiz? Talvez ele tenha revivido algumas memórias… Quão insensível eu pude ser com ele! Droga. Eu só queria mostrar a quantidade de dor que aquelas crianças deveriam estar passando, minha intenção nunca foi fazer alguma comparação ou trazer a tona memórias terríveis.” 

Alania pensou brevemente, com a respiração ofegante, ajeitando o óculos a todo momento, nervosa com a possibilidade de ter atingido um ponto fraco da pessoa à sua frente. 

— Está tudo bem, não precisa se preocupar comigo. Você não fez nada de errado, é só que… eu acabei lembrando do meu passado, quando ainda era uma criança, antes mesmo da invasão ocorrer — respondeu Kazuki.

Assim que recebeu a resposta, Alania olhou para Kazuki com uma expressão de preocupação em seu semblante, que parecia perguntar algo como: “Você tem certeza?”, “Você não parece bem”.  

Ela não queria deixar a situação como estava. Afinal, foi por conta de sua fala impensada que acabou como consequência afetando Kazuki. 

— Por favor, não se assuste com o que irei fazer a seguir. 

Após dizer isso, ela fechou os olhos, endireitou o seu corpo na cadeira, e começou a entoar uma cantiga com o tom de voz baixo. 

Ergueu suas mãos para a direção de Kazuki, e uma áurea de vento começou a circular o seu corpo. Não somente seu corpo, mas todo o cômodo, fazendo as folhas e retratados que estavam pendurados nas paredes começassem a balançar. 

Como se uma forte brisa de vento estivesse escapado por entre as janelas, fluindo por toda a região, e o lugar estivesse em uma área aberta, próxima à uma floresta. 

Segundos depois, Kazuki sentiu seu corpo inteiramente revigorado, e uma sensação de paz interior. Como se sua mente fosse pacificada, e estivesse nas nuvens. 

— Essa é a minha habilidade de adaptação interior, através dela eu consigo acalmar toda a região ao redor. 

— Embora não seja um poder de alto nível, ainda assim é útil para acalmar as pessoas momentâneamente. Uma ótima habilidade para minha profissão, não acha? 

“Mesmo que seu efeito não tenha uma duração pré-definida e seja prejudicial, pelo uso constante da minha força mental, ainda assim, ela me salva às vezes.” 

Alania disse em pensamentos, ligeiramente preocupada e com o olhar fixado em direção ao homem-fera.

— Incrível! Essa habilidade realmente se adequa a você, Alania — respondeu Kazuki, após notar que a elfa estava tentando ajudá-lo de inúmeros formas. 

— Sério? Erhh… muito obrigada! Enfim, vou desativar a minha habilidade. Peço desculpas novamente caso tenha dito algo que tenha desencadeado alguma ferida profunda. 

Em resposta, o homem-fera apenas assentiu com a cabeça, como um gesto que dizia: “Está tudo bem, não precisa se preocupar mais.”

Após a reestabilização da atmosfera de antes, Kazuki perguntou novamente a Alaina. 

— Voltando ao assunto principal, pela forma como você disse antes, então você não vai conseguir ajudar Mia e Takayo, doutora? 

— Espera… O que? Calma, não, não foi o que eu disse, eu apenas afirmei que eles provavelmente estejam passando por uma situação complicada — respondeu imediatamente, ajeitando os óculos. 

— Apesar da situação ser complicada, posso te assegurar que, se você deixar eles nas minhas mãos, com certeza, absolutamente, e sem dúvidas, eu conseguirei estabiliza-los — acrescentou, super animada, com o olhar brilhando fixo em seus olhos. 

Com toda a euforia de Alaina, Kazuki olhou para ela assustado por sua reação súbita.

A psicóloga, apesar de ser uma ótima profissional, passava a impressão de que sua personalidade também influenciava em sua tomada de decisões. 

Era uma pessoa certamente estranha.

Por fim, Kazuki comentou ainda confuso:

— Sim?! Bem, eu já estava pretendendo deixá-los com você, doutora. Mas me diga, como você irá fazer isso? Ajudá-los, no caso.

Ao ouvir a resposta do homem, inconscientemente, Alania deixou algumas palavras de excitação saírem involuntariamente de sua boca. 

— Kyaaaaaaaa! Maravilha, sim. Isso aí! Era isso que eu estava esperando.

Ao perceber que disse com o tom de voz alto, Alania ajeitou seu óculos novamente, e por fim disse:

— Por favor, não precisa se preocupar. Os traumas ocorrem depois de presenciar experiências dolorosas. Tenho certeza que Takayo e Mia estão sofrendo de um problema chamado “memória traumática”, em que a lembrança de momentos ruins trazem à tona sons, imagens, cheiros e sentimentos vivenciados no passado, quando a situação que desencadeou o trauma aconteceu, senhor Kazuki. 

— Esse tipo de acesso recorrente à memória traumática é capaz de ativar gatilhos mentais, que culminam no desagradável retorno ao momento da invasão, e posterior a isso. O que gera inseguranças, medos, angústias, tristezas e etc. 

Alania se levantou da cadeira, e caminhou até o armário preto próximo, abrindo uma de suas gavetas e retirando de dentro um portfólio enorme. 

Ainda de pé, ela começou a falar com total confiança. 

— Agora, respondendo a sua pergunta anterior, senhor Kazuki! O melhor tratamento para esse tipo de trauma é a psicoterapia, conduzida por um profissional especializado, ou seja, eu.

— Durante as sessões que irei fazer com os dois, é possível levá-los a elaborar melhor a situação traumática, de modo que, gradualmente, os dois possam modificar os padrões mentais negativos, e que a repercussão emocional seja menor. 

— Se necessário, caso seja um caso mais grave, eu posso usar da minha habilidade de Adaptação Interior, e prescrever medicamentos e ervas que são capazes de amenizar os sintomas, e melhorar a qualidade de vida deles! 

— Veja no portfólio — entregou para Kazuki. — Eu trabalhei bastante, e consegui experiências através dos métodos ortodoxos e psicanalíticos. 

— Não estou mostrando o portfólio com o intuito de me aparecer, pelo contrário, gostaria que tivesse confiança no meu trabalho, sou uma ótima profissional — acrescentou Alaina, terminando a conversa com um sorriso. 

Após ler os registros nas páginas do portfólio, Kazuki se levantou da cadeira e concordou com a afirmação de Alaina. Por fim, ele reafirmou o que disse antes, e deixou Takayo e Mia aos seus cuidados, para que pudessem ser tratados de sua condição. 

Continua… 

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