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Depois da conversa que teve com o elfo, o garoto saiu do cômodo e passou pelo corredor de mármore, indo até a parte de fora dos aposentos de Círdan.
Voltando para o seu quarto, ele pensou antes de entrar em passar pelo refeitório, onde decidiu comer algo devido ao estômago que parecia roncar de fome instintivamente.
Desde que acordou, não teve tempo para comer algo. Poderia simplesmente utilizar-se mais uma vez da habilidade de criação, optando assim em criar com facilidade o tipo de alimento que deseja-se, entretanto, o garoto não o fez.
O refeitório não era tão longe dali, então resolveu seguir até o local para saber qual tipo de comida os chefes estavam servindo. Uma coisa que o motivou foi pensar que, apesar da similaridade dos alimentos entre este mundo e a terra, ainda havia muitos tipos de iguarias e pratos diferentes: Desde os temperos, com sabores inusitados, até as carnes com gostos únicos e um tanto quanto peculiares.
Quando a guerra ainda não se fazia presente, Rei chegou até mesmo a provar uma famosa carne doce. A princípio, pensou ser uma péssima ideia provar aquilo, mas logo em seguida mudou de ideia pela persistência de Kazuki, e comeu em uma garfada, temendo o pior. Entretanto, surpreendeu-se com o excelente sabor e textura do alimento, que desmanchou-se como algodão em sua boca.
Enquanto caminhava sem prestar atenção e com a mente enevoada, o estudante não percebeu o olhar de luxúria das pessoas próximas voltadas para a sua figura. Mesmo que a sua vestimenta branca fosse suficientemente simples, ela parecia ressaltar a todo momento as características de sua preciosa pele morena.
Na visão dos refugiados, que o olhavam da cabeça aos pés hipnotizados, o garoto mais parecia a representação de um deus grego, com tamanha beleza. Músculos firmes mas não exagerados, uma postura exalando dignidade e uma expressão de confiança em seu olhar dourado.
Ninguém teve coragem o suficiente para abordá-lo, somente observar de longe ele ir, saindo lentamente de seus campos de visão.
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Um pouco antes de chegar no refeitório, Rei avistou de longe a figura de duas garotas conversando perto de um banco, aproximando-se delas, percebeu que eram Rina e Tyrant.
As duas, enquanto discutiam, não notaram a aproximação do garoto que veio por trás. E, de fininho, ele correu até Tyrant e tentou assustá-la bruscamente.
— Buuuu!
— Kyaaaa! Ahhhh!
Em reação ao grito e toque inesperado de Rei, a menina acabou gritando e caindo de lado de forma desajeitada. Por sua vez, ao perceber isso, tanto Rina quanto Rei acabaram desabando aos risos.
— Pff hahahaha! Você deveria ter visto a sua cara Tyrant, isso foi incrível! — comentou Rina, movendo seu olhar em seguida para o garoto. — Mandou bem, bate aqui Rei.
— Pode crer!
Os dois bateram as mãos, como uma maneira de dizer que ele tinha mandado bem. Tyrant não fica feliz com a brincadeira, e acaba fazendo biquinho.
— Isso não foi legal! Pelos céus, que brincadeira idiota — disse Tyrant, tentando se levantar.
O estudante então estendeu a mão para levantá-la, ainda com uma expressão de riso no rosto.
— Foi mal, me desculpe. Vocês pareciam tão concentradas que eu não consegui me conter, não posso evitar a vontade de zoar com a cara de vocês.
— Sério, você não tem jeito! Por que não fez isso com a Rina também? Ela estava do meu lado — pegou na mão do garoto e levantou-se, ainda com uma expressão de irritação.
Antes dele responder, ela expressou sua insatisfação: — Você fez isso por que me considera frágil? Saiba que eu sei muito bem me defender jovem!
— O quê? Não, não, você só era a pessoa mais próxima de mim na hora. Além do mais, duvido que a Rina teria tido a mesma reação que a sua — respondeu com um sorriso.
Com a resposta, Rei logo em seguida mudou de assunto.
— Vocês também estão indo para o refeitório? Eu estava indo para lá agora, por que não vamos juntos?
Assim que as duas concordaram em acompanhá-lo até o refeitório, todos começaram a conversar enquanto caminhavam até o local.
Rina comentou que nunca havia entrado no refúgio, sempre teve uma ideia de como seria, mas não pensou que os elfos estariam ajudando todos os homem-fera e outras raças com tanta compaixão e empenho.
Tyrant, por sua vez, comentou sobre a política dos elfos sobre a unificação das raças, explicou também parte do seu passado para a amiga ao lado, dizendo que em uma época trágica, ela foi salva pelos seres com orelha pontiagudas.
— Se não fosse por eles, é provável que eu não estivesse viva hoje. — Quando Tyrant terminou com o assunto, eles chegaram no refeitório.
Por algum motivo, ouvir aquelas palavras de Tyrant, tornou o coração de Rina, a menina de olhos azuis, pesados: Ela nunca havia imaginado que a vidente quase tivesse morrido no passado.
Na realidade, Rina não sabia nada de Tyrant: Ela imaginava que a sua vida era diferente, optando em escolher um tipo de convivência religiosa, seguindo suas ideias sobre o cosmos e tirando proveito da própria habilidade de vidência. Entretanto, ouvir apenas uma parte da história dela fez Rina mudar sua perspectiva.
Haviam muitas bancos no refeitório, e antes mesmo do estudante escolher algum assento para se sentar, ele nota de longe a figura de Kazuki, sentado em um banco afastado enquanto conversa com Mia e Takayo.
— Aquele não é o seu companheiro, que estava com a gente antes? — perguntou Rina, ao perceber o olhar fixo do garoto na direção do homem.
— Sim, parece que é ele mesmo, puxa vida — respondeu, sem conseguir tirar os olhos daquela distância.
— Sei que não é da minha conta, mas por que não vamos até lá, vocês não são amigos? — perguntou ela.
— Sim, somos! Bem, vamos lá… Quando acordei ele não estava no quarto, então não esperava vê-lo aqui — disse Rei, indo até o homem-fera.
Do outro lado, quando Kazuki olhou para frente, notou a figura de Rei andando em sua direção com um olhar fixo sobre ele. O homem-fera comentou aquilo com Mia e Takayo que estavam por perto. Eles acabaram por abrir um enorme sorriso nos rostos enquanto comiam.
Continua…
