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No momento em que olhou para aquelas coisas repugnantes, o estudante sentiu algo estranho. Uma sensação de irrealidade.
Como algo tão grotesco assim poderia existir?
Era esse seu pensamento momentâneo, pois não conseguia entender como aquelas coisas podiam viver e se locomover livremente.
— O que são aquelas coisas?
Ele perguntou.
— São Tuk’nas, também conhecidos como vermes pestilentos.
Respondeu Kazuki, mas não demonstrando nenhuma reação de surpresa. Seu semblante parecia normal, embora estivesse com raiva por causa do cenário.
Não pelas criaturas em si, mas sim por conta dos homens mortos e deformados que foram devorados sem um resquício de misericórdia.
Os Tuk’nas eram criaturas corpulentas, parecidas com vermes, com pernas pequenas e dentes abertos, eram definidas como espécies perigosas. Elas não apenas podiam cortar um homem ao meio ou engoli-lo inteiro, mas também poderiam produzir um veneno letal e vil.
— Estes malditos monstros horríveis podem infestar e invadir uma área num instante. Há um século, eles foram encontrados em uma região remota do reino demoníaco, depois disso eles mataram todos os humanos daquela região. — Matsuno explicou brevemente, mas sem conter a raiva em suas palavras.
Chegava a se desagradável para ele ter que presenciar tamanha calamidade, ainda mais com companheiros que algum dia tivera alguma relação de amizade e comando.
— Você está bem?
Rei perguntou.
Era impossível não notar como Matsuno estava naquele momento.
— Não importa mais. Vamos acabar com esses filhos da puta de uma vez — respondeu.
Assim que escutou, o estudante soltou um suspiro e concordou com Matsuno.
— Sim, você tem razão. Só de olhar para os seus rostos, eu fico mal. Quer dizer, aquilo é um rosto? Eles sequer tem olhos, só dentes enormes e um buraco que parece a boca.
Quando terminou de conversar, as criaturas verdes enormes que estavam paradas nos corpos adiante, viraram-se em simultâneo na direção dos intrusos após notarem as suas presenças.
— Vocês disseram que iriam ajudar, certo? Vamos então, garotos.
Assim que o cavalo de guerra seguiu os comandos do cavaleiro negro, ele correu mais rápido do que antes, e as criaturas ficaram assustadas com a visão, — elas apenas viam um cavalo em alta velocidade, com um homem de elmo preto com olhos sedentos de sangue vindo ao seu encontro.
— Harhhhh!
Elas grunhiam em raiva e fizeram barulhos estranhos, com a visão bloqueada por um homem que mais parecia um demônio em cima de seu cavalo.
Matsuno estava com sua espada posicionada para frente, com um sorriso maligno no rosto enquanto chegava cada vez mais perto daquelas criaturas.
Kazuki foi obrigado a puxar a espada da sua bainha nessa hora. Ele não esperava que Matsuno fosse de cabeça para cima daquela multidão de demônios.
“Que loucura é essa? Não deveríamos seguir um plano?”
Kazuki pensou nervoso, mas não hesitou e posicionou sua espada para defender as laterais, e com a outra mão, prendeu-se na cintura do estudante.
Os dois rapazes estavam preparados para o que viria a seguir, com as espadas posicionadas esperando a aproximação iminente.
Por outro lado, o estudante estava ansioso. Seu coração parecia bater loucamente por conta da adrenalina que sentia naquele momento, uma sensação estranha revestia os seus sentidos.
Quanto mais o cavalo se aproximava dos monstros, o seu coração batia mais rápido, e seus olhos tremiam levemente. Pela forma como o cavalo seguiu adiante, aquilo não parecia nada mais do que um carro indo em direção a uma parede de concreto.
Ele fechou os olhos por um momento, respirou e expirou fundo no intuito de diminuir sua ansiedade e a adrenalina que estava sentindo.
Assim que recobrou seus sentidos, mas que ainda estavam afetados pelo momento, ele se esforçou para levantar uma de suas mãos e posicioná-la na direção de uma das criaturas.
Nesse momento, Matsuno cortou ao meio um dos demônios à sua frente. Seu movimento foi simples e rápido, sua lâmina sequer fez barulho ao cortar aquela criatura que mais parecia uma larva, que andava em 4 patas.
Assim que ela caiu no chão e o interior de seu corpo ficou exposto com órgãos e um sistema biológico estranho, o cavalo seguiu com passos firmes, passando em cima daquele corpo corpulento e pestilento no chão.
Matsuno então cortou outros demônios que estavam em sua frente. Alguns morreram ao serem acertados no pescoço, caindo para o lado e parando de se mover completamente.
Outros foram atingidos por sua espada justamente na parte interior da cabeça, caindo diretamente no chão.
No entanto, eles não morriam imediatamente, ficavam se debatendo no solo e esperavam que por algum milagre, poderiam sobreviver.
Certamente eles não tinham inteligência o suficiente para pensar em possibilidades ou alternativas, pois estavam apenas seguindo os seus instintos de sobrevivência naquela hora.
Enquanto Matsuno continuava cortando e matando os demônios na linha de frente, Kazuki defendia as laterais e matava os demônios que ainda estavam vivos após as investidas de Matsuno.
Se Matsuno acertava a cabeça, quando a espada de Kazuki se aproximava, ele acertava o pescoço para poder garantir que aquelas criaturas morressem.
O estudante que estava sendo segurado pela mão de Kazuki no meio, por sua vez, conjurava suas habilidades de Esferas Negras e Raio Congelante em demônios que estavam afastados do cavalo.
Estas, por sua vez, morriam perfuradas por orbes densamente mágicas. Quando eram acertados pelos Raios Congelantes, seus corpos eram congelados da cabeça aos pés, e, um momento depois, seus corpos se partiam como cacos de gelo quebrados.
— Precisamos recuar agora!
Matsuno declarou, recuando com seu cavalo para o lado.
Embora tenha gritado, sua voz parecia retida pelos gritos dos demônios próximos.
— Por quê? Está dando tudo certo, cara. Qual o problema? Se permanecermos nesse ritmo, não vai demorar para matar todos eles. — Rei perguntou rapidamente, sem entender.
— Quando esses desgraçados morrem, eles explodem em veneno. Precisamos recuar por agora, não podemos ficar aqui — disse Matsuno, voltando com seu cavalo pelo caminho limpo.
— Eles explodem? O que você quer dizer…
Antes que pudesse terminar com suas palavras, o estudante percebeu que o primeiro demônio que havia morrido pelas mãos de Matsuno, brilhou intensamente em uma coloração verde naquele momento.
— É sério?
Continua…