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O coração de Tyrant então bateu, — bateu muito mais rápido que o normal, chegando até mesmo a ser ouvido pelo estudante que havia pairado sobre o ar, a poucos metros de distância de algumas nuvens carregadas de água no céu.
Segurando-o com as mãos trêmulas, ela então pressionou o rosto contra o peito de Rei com certa força, sem acreditar na altura em que estava. Sentindo um frio na barriga só de pensar em olhar para baixo.
— O que…
— O que você está fazendo? Você me surpreendeu — perguntou ela, mas as suas palavras foram ditas de uma forma enfraquecida e assustada.
— Foi mal por isso, mas você não estava conseguindo usar a sua habilidade direito. No final eu acabei usando a minha habilidade para tentar ver se você conseguia visualizar as estrelas melhor do que antes.
— M-Mesmo assim… — Ela até tentou dizer algo em resposta, mas foi interrompida.
— Veja pelo lado positivo, pelo menos estou te mostrando uma vista bonita, você ainda não olhou para baixo sequer uma vez desde que chegamos aqui. Você não deveria se preocupar, não vai acontecer nada.
— …
Quando escutou o comentário de Rei e lembrou da sua realidade atual, a menina ficou momentaneamente perplexa e hesitou por um breve momento se deveria realmente olhar para baixo. Mas não demorou muito para ela logo depois de pensar um pouco, influenciada também pela adrenalina e ansiedade do corpo, inclinar seu olhar para baixo.
— As montanhas parecem tão pequenas! Mal consigo ver a entrada do refúgio daqui, minha nossa… a vila, eu posso vê-la daqui de cima.
Enquanto comentava sobre tudo que conseguia ver, o seu rosto também parecia acompanhar as suas palavras de emoção, tornando-se encantada pela visão esplêndida de todo o cenário.
As imensas árvores que cobriam quase a totalidade do local pareciam insignificantes de cima, e podia-se apenas notar o verde estonteante de suas folhas, apesar da sombra da noite que parecia as cobrir por completo.
Os pequenos rios e lagos pareciam pequenas poças de água, ao passo em que as rochas e pedregulhos são facilmente confundíveis com a terra e o próprio chão; como se fizessem parte de um próprio conjunto imenso de diversidades.
Por sua vez, Rei não conseguiu esconder um sorriso bobo no rosto, acompanhando no olhar os lugares que a vidente comentava a todos os instantes.
A visão de cima em comparação a de baixo era realmente surreal, entretanto o que deixava Rei mais feliz com a situação era saber que a sua habilidade de 『Manifestação de asas』funcionou como ele pensava, e que ele sempre poderia usá-la quando necessário.
Perdido em pensamentos enquanto observava o local em questão, uma ideia então surgiu em sua mente ao pensar a fundo em suas asas.
“Eu não esperava que essas asas fossem tão boas, chega a ser inacreditável pensar que posso voar livremente pelos céus… mas, pensando agora, não seria possível andar no ar também?”
“Tipo, talvez a minha habilidade de Telecinese também funcione nessa altura. Afinal, eu consigo mover um objeto livremente com a mente usando ela, mas isso também não pode ser aplicado a uma pessoa específica?”
Após o pensamento passar pela cabeça, o estudante comentou essa possibilidade com a vidente que não parecia se importar com o tempo ao passo em que olhava para a região inteira com um olhar bobo no rosto.
— Tyrant, você quer tentar andar?
— Andar, como assim andar? Você está falando sobre… no céu? Andar no céu? Isso é possível? — perguntou assustada, com a atenção centralizada nele.
— Bem… eu não vejo porque de não funcionar, por que não tentamos?
Assim que terminou de perguntar, Rei logo em seguida ativou a sua habilidade de 『Telecinese』e aplicou em Tyrant. Ele configurou a habilidade para que ela pudesse se mover livremente, não estando condicionada e controlada pelo garoto, mas sim por sua própria vontade e livre arbítrio.
Quando ela foi ativada, pequenos pontos brilhantes começaram a cercar a vidente, pontos esses quase imperceptíveis, mas com certa densidade e uma coloração esbranquiçada, semelhante a uma névoa ligeiramente diferente.
O pensamento de que talvez aquele efeito seja o éter surge na mente do estudante, porém essa ideia logo foi descartada e jogada de lado; talvez fosse apenas um efeito da própria habilidade, pensou ele em resposta.
Tyrant então soltou as mãos das roupas de Rei, e lentamente tomou coragem para caminhar no ar. Seu sangue começou a correr do corpo rapidamente assim que fez isso, e ela ficou arrepiada, mas uma sensação de liberdade e um prazer tomou conta de seus sentidos quando percebeu que não irá cair, e feito o que fez.
— Isso é incrível, jovem! Estou flutuando no ar, meu deus. É a primeira vez que eu ando no céu. Não consigo acreditar que isso esteja acontecendo.
Em resposta, o estudante somente sorriu para Tyrant. Ele não esperava que a sua habilidade pudesse ser usada dessa forma; Voar livremente pelos céus e poder levar outras pessoas junto.
Embora a habilidade de 『Telecinese』fosse útil, a sua velocidade era extremamente lenta em comparação com a habilidade『Manifestação de Asas』, no qual podia-se voar rapidamente por uma grande distância em um pequeno prazo de tempo.
Apesar da divergência entre os dois poderes, na visão de Rei a 『Telecinese』ainda podia ser classificada como a melhor entre as duas. Além de conseguir utilizá-la em vários objetos ou pessoas ao mesmo tempo, ela também era muito prática, podendo ser usada no cotidiano, em pequenas tarefas do dia a dia. Ao contrário da 『Manifestação de Asas』que apenas servia para conseguir uma alta velocidade, o que podia ser integrada como uma habilidade de mobilidade e usada em combates mágicos.
Assim que deixou de pensar sobre essas questões gerais, o estudante percebeu que Tyrant havia começado a se concentrar em usar a sua habilidade de previsão futura, com o olhar fixado nas pequenas estrelas do céu, que pareciam tão próximas, mas ao mesmo tempo afastadas.
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Quando Tyrant terminou de usar a previsão futura, não demorou muito para ela logo em seguida pedir para o estudante descer. Na visão dela, ainda que o cenário fosse magnífico e incrível por conta da iluminação da lua que corria à solta por todos os lados, tanto ela quanto o garoto estavam condicionados às suas limitações humanas.
Além dos fortes ventos que frequentemente batiam em seus corpos, todas as vezes que ela olhava muito para baixo, ela sentia uma fraqueza nas pernas e começava a ficar tonta.
— Rei… podemos descer agora, por favor? Não estou me sentindo bem em ficar por aqui por mais tempo.
— Oh, você já terminou de usar a sua habilidade? Certo, vamos descer. Eu também estou sentindo um pouco de frio, talvez seja por causa da altura em que estamos.
Dito isso, ele segurou Tyrant e desceu até chegar ao solo. Entretanto, um pouco antes de chegarem em terra, faltando por volta de 10 a 20 metros de distância do chão, uma forte sensação de enjôo e tontura tomou conta do corpo de Rei.
Esse sentimento tornou-se um pouco mais forte cada vez mais que ele descia, e, em consequência, a sua habilidade de asas começou a falhar e diminuir a velocidade de voo.
“Poha… o que está acontecendo comigo? Não estou me sentindo legal, mas por que isso está acontecendo justamente agora? Será que é a consequência de eu usar a minha habilidade por muito tempo…?”
“Não… eu não acho que seja isso… Droga! Eu preciso voltar para o chão rápido, antes que alguma coisa aconteça. Não estou conseguindo me concentrar direito, meu corpo parece estar se movendo sozinho e a minha mente está uma confusão.”
Com certa dificuldade em controlar o seu próprio corpo e a habilidade de asas, o estudante conseguiu planar às pressas e colocar Tyrant em segurança no solo.
Mas por sua vez, assim que ele chegou em terra e tentou se equilibrar com as pernas, ele começou a cambalear levemente de um lado para o outro.
Após perceber que algo não estava certo, a vidente que também estava um pouco tonta e enjoada com a viagem, perguntou assustada para o estudante o que estava acontecendo.
— Rei, pelos céus, cuidado!— comentou a menina, ao tentar correr e alcançar o estudante antes que ele pudesse cair.
— E-eu tô bem…
Pouco antes de cair, o estudante foi pego nos braços por uma pessoa que estava por perto, e que acabou por coincidência ouvindo o grito de Tyrant.
Caso Rei tivesse caído, nada de sério teria acontecido; No máximo, ele teria se machucado superficialmente ou tido algumas pequenas lesões, mas nada que pudesse acarretar em um problema futuro. E, mesmo que algo do tipo tivesse ocorrido, seria algo simples de ser resolvido com a sua habilidade de cura.
Nesse exato momento, a primeira coisa que Rei fez após perceber que estava nos braços de um desconhecido, foi dirigir seu olhar para o mesmo, sem saber ao certo o que tinha acontecido para ele quase ter caído de repente.
Assim que inclinou seu olhar para cima, em direção ao rosto da pessoa, a primeira coisa que prendeu a sua atenção foram os olhos do indivíduo.
Foi bastante surpreendente. Uma cor que ele havia visto antes, mas difícil de se descrever.
Olhos que mais pareciam rubis, um misto entre vermelho e rosa, tornando-os mais claros e vívidos, destacados em meio aquela noite estranha.
Além de seu rosto cheio de personalidade e sem rugas, o seu cabelo com um tom avermelhado parece também se encaixar perfeitamente com a sua beleza, acompanhado de uma barba por fazer e um corpo igualmente definido.
Porém, em contraste com a impressão que a sua aparência parece dar, as palavras que saíram de sua boca foram carregadas de uma certa preocupação, mas acompanhadas também com informalidade em seu tom de voz.
— Ei, você tá bem?
Quando recebeu a pergunta, o estudante sequer prestou atenção em suas palavras, pelo contrário, continuou encarando para aquele rosto à frente, como se todo o resto do cenário não importasse.
E, foi só depois de algum tempo depois de perceber a situação em que estava, que ele acabou respondendo apressadamente.
— Ah, é… sim. Sim. F-foi mal por isso — disse depressa, ao afastar-se dos braços de Matsuno e ir parar para perto de Tyrant.
Com o pedido de desculpas, há um silêncio entre os dois.
“O que ele está fazendo aqui?”
Pensou Rei próximo de Tyrant, que também parecia encarar Matsuno com certa suspeita.
— Quem é você? Eu nunca te vi por aqui antes — insegura do que dizer, a vidente perguntou ainda com o olhar fixo sobre a figura do homem.
Antes de responder, ele levantoy as sobrancelhas em surpresa e olhou para dois em seguida, — eles pareciam realmente próximos.
— Não precisam ficar em alerta. Eu só estava vasculhando essa região.
— Vasculhando? Qual é o ponto em fazer isso? Você realmente espera que a gente acredite que você está vasculhando a área essas horas, senhor? — indagou Tyrant.
— S-Senhor? Não sou tão velho assim. Certo… talvez você seja muito pequena, menina, mas caso não saiba, sou do reino humano e estamos acampando nos arredores do refúgio.
— Agora, respondendo a sua pergunta: Acho que é o mínimo que as nossas tropas poderiam fazer, ao menos até todos chegarem em segurança à capital. Não importa se você acredita ou não, só estou fazendo o meu trabalho — terminou a explicação com um pequeno sorriso.
Quando escutou isso, Tyrant cerrou os punhos com força e olhou com certa raiva para o homem, mas sem deixar os seus verdadeiros sentimentos visíveis.
“E-eu sou muito pequena? Céus… sei que estou diferente do que era antes por conta da habilidade do Rei, mas você acabou de me chamar de ignorante…”
— Entendo. De qualquer forma, obrigada por nos ajudar, espero que ocorra tudo bem com a sua “vasculha” — respondeu a vidente em seguida, ao colocar a mão no braço de Rei, como se estivesse pedindo para ele sair dali logo.
Ao notar que Tyrant e Rei pareciam próximos, o cavaleiro acabou por perguntar: — Vocês, por acaso… estão juntos?! Como um casal, eu digo.
Com aquele tipo de comentário repentino, Tyrant acabou por fazer uma expressão de perplexidade e responder no mesmo mesmo.
— Sim?!!
Continua…
Horas antes.
“Talvez um hambúrguer me caia bem.”
— Magia de criação…
