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Após a explicação da jovem, Rei coloca sua mão no queixo, e pensa sobre o assunto. Um gesto habitual que sempre faz quando imerge em pensamentos.

Ele logo vira seu olhar para a jovem ao lado, que ainda o observa de forma sutil. 

— É mesmo? Bem, obrigado pela explicação Laili, compreendo a situação. Quer dizer que a floresta expele tudo que contém energia vil, e também criaturas com miasma?

— Humm… Bacana. 

— Poderia me responder mais uma coisa? E quanto a magia negra ou feitiços provenientes a esse… O praticante não conseguiria entrar na floresta?

Após a pergunta, Rei lembra que talvez o conceito de ‘magia negra’ não exista neste mundo. 

“Droga… esqueci que estou trazendo conceitos que eu conhecia no meu mundo, talvez ela nem saiba o que seja isso. Sempre estou dizendo de forma automática, como se tivesse na terra.” 

— Você quer dizer magia das trevas? De certo modo, a pessoa não conseguiria entrar. Ela seria expelida, como se uma barreira a impedisse de entrar — explica.

— Claro, isso é o que deveria acontecer na hipótese, afinal, esse tipo de poder é contrário aos espíritos da natureza — complementa por fim, com um olhar voltado para a fogueira. 

— Entendo. Obrigado pela explicação. 

— De nada, disponha — responde com um sorriso. 

Assim que Laili termina a explicação, o comerciante volta ao assunto principal, e comenta sobre a guerra. 

— inacreditável… Eu ainda não consigo acreditar que a cidade de Tierney foi devastada. Como isso é possível? — pergunta com a voz variada entre surpresa e tristeza. 

Ainda que estivesse assustado com o relato dos desconhecidos, o comerciante realmente acreditava que tudo que ocorrera não passava de um simples ataque, coordenado pelo reino demoníaco, assim como em outros anos posteriores. 

Vilas pequenas geralmente são alvo de ataques e saques. Entretanto, cidades que eram consideradas como capitais e locais culturais, sumirem do mapa como se nunca sequer existissem era outra história. 

— Aquela cidade era o paraíso dos comerciantes e vendedores — acrescenta, como se tivesse projetado em suas palavras um sonho, que nunca iria conseguir realizar em vida.

— Eu sinto muito por isso. Tierney era um lugar incrível, espero que ainda tenha restado alguma coisa que possa ser reconstruída — declara um dos homens-fera do grupo de Laili. 

— O que adianta reconstruir a cidade se as pessoas estão mortas? Mortas. Ainda que as coisas sejam refeitas, nada mudaria, Tom — responde em contrapartida Laili, dando ênfase ao alerta.  

— Como as coisas terminaram dessa forma? — pergunta Kazuki, com um suspiro desanimado. 

Terminado de comentar, o silêncio toma conta do local, e a atmosfera torna-se silenciosa e inquieta. 

Porém, isso não dura por muito tempo.

Após um tempinho, a jovem de cabelos pretos solta um comentário sarcástico, em resposta a indagação de Kazuki. 

— Como as coisas terminaram assim?! Pois bem, vou te dizer. Se não fosse o filha da puta do nosso rei, as coisas não estariam assim. Agradeça aquele corno desgraçado pelo que está acontecendo! — declara, após respirar fundo e soltar todas as palavras de maldizer e revolta que estavam presas em sua língua. 

— Já chega, Zeryn! Você está exagerando! Você não pode culpá-lo por isso. Por favor, pense um pouco mais, se alguém te ouvisse falar isso, você seria condenada por traição — afirma Laili, com receio que a amiga pudesse dizer mais. 

— Não, isso não está certo! Eu não posso culpá-lo? Condenada por traição? Bem, que eu seja então. Vocês sabem muito bem o que ele fez. Por que você ainda está do lado dele, Laili?! Patético. Patético. Patético. 

— Sim, você tem razão Zeryn, isso é culpa das autoridades. Se não fosse pelo descuido dos representantes da capital, não estaríamos nessa situação revoltante — manifesta-se Tom, um dos homens-fera do grupo de Laili. 

— Sempre estou do seu lado, mas ela tem razão, Laili. Me desculpe — confessa o outro homem do grupo, que não havia dito nada, apenas escutava as conversas enquanto comia. 

Ao observar a comoção generalizada, Laili percebe que não adianta rebater ou se opor. Todos já tem uma opinião formada. 

Por fim, ela solta um suspiro e declara de forma conclusiva: — Peço desculpas, vocês têm razão. 

— …

Sem entender a revolta e indignação deles, o estudante volta sua pergunta para a pessoa que iniciou a discussão: Zeryn, a jovem com cabelos pretos, que mais se assemelham aos cinzas. Diferente do seu, preto escuro, que parecem gemas negras como o ônix e turmalina.

— Por que a culpa é do rei? Por acaso eles fizeram algo de errado? 

Ao escutar a dúvida, a jovem vira seu olhar para o garoto e começa a explicação. 

— Lembra o que o senhor disse antes? — aponta com o olhar para a direção do comerciante. — Caso ocorresse um ataque iminente, ou movimentação aparente de força estrangeira, era necessário a utilização do orbe da comunicação! 

— Consegue ter uma ideia geral agora? Mesmo que os oficiais da nossa cidade tenham relatado os acontecimentos aos superiores e ao imperador, não houve uma resposta definitiva — complementa, enquanto prossegue com a explicação. 

— Após vários dias, com inúmeros indícios de movimentação suspeita, a capital somente mandou uma mensagem por meio de um representante através da orbe de comunicação, em que dizia: “Espere mais alguns dias para que possamos analisar a situação. Esse tipo de coisa sempre ocorre todos os anos, não chega a ser uma novidade. Por favor, esperem pelas conclusões finais de vossa majestade.” 

Com um olhar enfurecido, e uma expressão em seu semblante que transparece raiva e descontentamento, ela finaliza o relato. 

— Agora você entende? Por sempre haver situações similares, nossa cidade foi tratada com descaso, um pedaço de merda! Como se não significasse nada.

— Ainda assim Zeryn, acredito que se reforços como os soldados, magos, espadachins e guerreiros do próprio império estivessem lá, com certeza teríamos conseguido defender com êxito a cidade. — Laili interrompe a conversa, e opina também. 

— Será mesmo? De qualquer forma, estaríamos condenados, você não viu a dimensão do exército demoníaco que sobrevoava os céus, Laili?! Aquilo era coisa de maluco! Que visão infernal — declara Zeryn, com raiva ao lembrar da cena. 

Continua… 


Olá, eu sou o XXX!

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