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É natural que Rei questionasse Laili momentos depois de notar o seu comportamento forçado. Como se aquela atitude fosse uma tentativa de se desculpar pela atmosfera conflituosa da conversa anterior que tivera com seus companheiros.

Apesar da dedução lógica do garoto, isso é somente o seu ponto de vista. Não que realmente fosse o correto, ou algo do gênero. 

A forma que perguntou havia sido cautelosa, sem que aquelas palavras pudessem ofendê-la de algum jeito. 

— Eu peço desculpas pelo que ocorreu — responde Laili, poucos segundos depois, com seus olhos igualmente cansados. 

Com uma voz ainda baixa e suave, ela prossegue com a sua meticulosa explicação: — Ontem, meus companheiros acabaram de certa forma ofendendo vocês e seus amigos. O clima ficou tenso pela forma que agiram, e eu peço desculpas em seus nomes. 

— Espero que consiga entender o nosso lado também, acabamos encontrando vocês em um momento no qual perdemos pessoas importantes na nossa vida. Foram minutos que pareciam horas, onde a dor da perda nos cegou e só desejávamos sentir um pouco de alívio, mesmo que isso significasse culpar o mundo ou agir de forma indiferente e fria em relação a vocês. 

Por fim, ela declara educadamente: — Bom. Isso é tudo! Ainda que nosso comportamento tenha sido deplorável em alguns momentos, espero que consiga compreender o nosso sofrimento e a forma que optamos em reagir e permanecer. 

— …  

Ao terminar de escutar a declaração de Laili, o garoto, em surpresa, vira seu rosto para o lado.

Ele não pôde responder imediatamente diante daquilo. Demora alguns segundos para que ele possa encontrar as palavras certas, até que diz deliberadamente, segundos depois: — Qual é, tá me zoando, Laili?

Ouvindo suas palavras, a mulher arregala ligeiramente seus olhos, move um pouco sua cabeça para o lado, e os seus lábios se curvam em um sorriso torto, como um gesto de confusão.

Até aquele ponto, Laili pensa que tudo está indo conforme o que espera. Mas, depois que ouve a resposta de Rei, que está além de sua imaginação, a sua mente congela. 

— E-Eh… O quê? — pergunta em seguida a jovem, com uma expressão desnorteada.

Deparando-se com a sua reação desajeitada, o garoto pôs-se a falar após lançar um único e rápido olhar em sua direção, com confiança em seus olhos. 

— Laili, você é uma pessoa corajosa, sem dúvidas! Eu admito que você é alguma coisa, mas não acho que você deveria estar me explicando essas coisas. 

— O quê? Por que não? O que você quer dizer?! 

— Você ainda se lembra do que eu disse ontem para o pessoal? — pergunta o garoto, como se já tivesse assumido que provavelmente não. 

Enquanto é fixada pelo seu olhar, Laili solta um pequeno suspiro e balança a cabeça em sinal de negação. 

— Não, eu não lembro! Em que ponto você quer chegar com isso? 

— Laili… somos desconhecidos. Nós não nos conhecemos, não tem sentido você tentar explicar o que aconteceu com vocês durante a invasão  — confessa. 

Ele então prossegue, e diz com a voz firme: — Não culpo vocês pela forma que agiram, mas quer saber? Eu não me importo, nunca me importei! Quando sairmos dessa floresta, seremos novamente completos estranhos. 

“Ultimamente as pessoas estão agindo de forma bem emotiva, o que aconteceu ontem não chegou sequer a ser uma discussão.”

“Então, por quê? Por que estão se explicando tanto em relação a essas coisas? Eu realmente não entendo, talvez seja para justificar a forma que agiram?” 

“Bem, isso não importa mais.”

Declara em pensamentos o estudante, a medida em que conversa. 

Quando escuta a resposta e o prosseguir da explicação de Rei, a jovem percebe que tudo que ele diz de certa forma é verdade. Ela então se lembra sobre o que ele disse quando estavam na fogueira: “não somos pessoas íntimas para isso”.

Nesse momento, ela imersa em pensamentos, só conseguindo desprender-se deles quando os seus companheiros, de longe, a chamam pelo nome. 

E, por fim, ao notar a movimentação, o garoto acrescenta, dando ponto final à conversa: — Consegue entender? Vocês passaram por uma situação complicada, mas chegaram até nós no meio da noite cobrando um tipo de solidariedade forçada, sendo que estávamos em uma situação parecida com a de vocês.

Após a resposta do garoto, Laili força um pequeno sorriso torto e volta-se para os seus companheiros novamente. Sem ao menos conseguir rebater as palavras de Rei.

Do outro lado, Zeryn e seus amigos prontos para partirem, e com a barraca desmontada e os seus poucos pertences realocados, observam a cena a distância de Laili voltando. 

Quando Laili aproxima-se dos demais, ela começa a explicar toda a situação para os companheiros, enquanto espera a decisão de Rei e Kazuki em relação ao refúgio. 

… 


 

Quando finalmente Kazuki acorda, horas depois de descansar, Rei comunica ele sobre a atual situação. Os dois entram em acordo e decidem seguir o mesmo caminho até o local dito ser o lar dos elfos. 

Ambos estão hesitantes, mas não podem fazer nada a respeito da atual ocasião. Afinal, abrigar-se temporariamente em um local em que, tecnicamente é mais protegido, é melhor do que seguir o caminho para a capital. Uma estrada que possivelmente está infestada de monstros. 

Com a conversa que teve com os desconhecidos, ficou claro para Rei que a capital negligenciou parte de suas funções administrativas. Podendo-se deduzir que irá levar determinado tempo até que haja uma intervenção por parte dos subordinados do imperador. A estrada estaria bloqueada até que isso ocorresse, sendo perigoso sequer tentar atravessar. 

Após um breve diálogo de ideias que tem com Kazuki, os dois começam a se mover. Desmontam a barraca e acordam Takayo e Mia, que estão ao lado. Decidem deixar as churrasqueiras no local, devido ao caminho que irão percorrer. 

— Ok, então. Vamos com vocês — diz Rei, com o tom de voz animado, ao se aproximar de Laili e Zeryn minutos depois.

Continua… 


Olá, eu sou o XXX!

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