Com a cabeça abaixada, como um sinal de reverência em frente ao elfo que passa, a expressão de Hert muda rapidamente.
Se antes ele parecia animado, com um rosto transbordando de tranquilidade e auto-satisfação, agora seu semblante está resignado e formal, como se fosse outra pessoa.
Quando o elfo aproxima-se de Hert e dos demais, ele acaba soltando um comentário.
— Hert, meu amigo, que bom encontrar você por aqui.
Dito isso, vira seu olhar na direção de Kazuki e Rei, em seguida adiciona: — Pelo que vejo, você ainda não perdeu o hábito em ajudar os outros.
Olhando de perto, o garoto percebe que em comparação aos demais elfos, aquele parece diferente. Além de sua aura, que é revestida de calma e elegância, o tom de sua voz parece carregado de formalidades, apesar da forma simplista de suas palavras.
Olhos verdes profundos, cabelo curto azulado, uma aparência jovial que parece condizer com a sua personalidade tranquila e uma postura firme e nobre.
Próximo dele, quatro elfos o acompanham com uma expressão de indiferença, enquanto observam a conversa sem dizer nada.
“Todos os elfos têm essa aparência jovem? Será que eles são imortais ou é apenas a aparência, que parece não mudar?”
“Mas que loucura, eles realmente parecem irreais.”
“Esse cara, ele deve ser importante, visto que todos os elfos estão agindo de forma tão respeitosa.”
Afirma em pensamentos o estudante, ao observar de perto a conversa entre Hert e Círdan.
— Sim, meu senhor. Assim como eu, acredito que meus companheiros estão auxiliando de forma efetiva e absoluta — declara calmamente.
— Estamos cumprindo as ordens que foram impostas por nosso representante — complementa, com um sorriso leve.
E assim que recebe a resposta, Círdan olha para o elfo com uma expressão de satisfação.
— Compreendo, meu amigo. Estou contente que esteja se esforçando em tempos tão turbulentos, o seu esforço não será em vão.
— Caso precise de uma locação para os convidados, os quartos 11° ao 17° estão disponíveis, Hert.
Ao ouvi-lo, Hert apenas assente com a cabeça e junta as duas mãos novamente, em sinal de respeito e gratidão.
— Obrigado pela informação, meu senhor. Acredito que com isso, consigamos alocar o máximo de refugiados possíveis. Tudo em nome da causa!
No momento em que termina de falar, Círdan somente solta um sorriso como despedida, mas antes de afastar-se do local, ele acaba olhando para Rei novamente.
— A propósito, espero que não se importe que pergunte, mas estou muito curioso. Qual o seu nome, jovem? — pergunta, ao observar com interesse o garoto.
Após notar que é encarado, o estudante apresenta-se rapidamente.
“Já que estão tratando ele de forma tão formal, acho que preciso fazer o mesmo, ao menos como forma de agradecimento por nos deixar ficar aqui. Isso deve ser o suficiente.”
— Me chamo Reiji, senhor. Prazer em conhecê-lo.
Círdan então aproxima-se rapidamente dele, com uma expressão repleta de curiosidade e interesse.
— Seus olhos são bem únicos! Alguém já te disse isso? Eles parecem se complementar com a sua figura, uma aparência, sem dúvidas, admirável e atraente, de fato.
— Se precisar de algum tipo de ajuda, eu posso dar para você.
Quando Círdan termina de falar, os quatro elfos perto dele reviram os olhos para outra direção, e com uma voz baixa, começam a sussurrar uns para os outros.
— Haaa…
— Ele fez de novo…
— Por que ele sempre tem que fazer isso?
— Sempre que alguém bonito aparece, ele faz esse tipo de coisa.
— Não tem como fazer nada sobre a sua personalidade, vocês sabem disso!
— Já que as coisas chegaram a esse ponto, por que não intervirmos?!
Enquanto os outros elfos conversam entre si, não sendo possível escutá-los, o garoto responde o comentário de Círdan com uma expressão desnorteada no rosto.
— Errh… Sim? Se eu precisar de ajuda, vou pedir para você então.
“Esse cara, o que ele quer afinal? Ele mudou a forma que estava falando agora pouco, ele agora parece mais… carinhoso?”
Por outro lado, quando Kazuki percebe a verdadeira intenção do elfo, ele fixa seu olhar sobre ele.
— Não precisa se preocupar, ele certamente não vai precisar — comenta com a voz fria e o semblante do rosto fechado.
“Errhh… Hummm?”
“Kazuki?”
Ao ouvir o comentário do homem-fera, que mais parece uma ameaça, Círdan inclina sua cabeça para o lado e fixa seu olhar sobre ele.
— Vejo que tem um ótimo amigo, Reiji — responde com o tom de voz indiferente.
— Já perdi muito tempo aqui, preciso auxiliar alguns refugiados na zona leste que estão em estado crítico, me despeço de vocês — diz por fim, ao dar de costas e afastar-se da região.
— O-ok senhor Círdan, obrigado pela atenção — declara Hert, com uma expressão atordoada e uma voz hesitante.
Quando Círdan e os elfos que o acompanham afastam-se da região, Hert dirige seu olhar para Rei e pede desculpas pelo comportamento de Círdan.
— Peço desculpas caso ele tenha dito algo que tenha ofendido você, o meu senhor Círdan sempre se comporta assim. Ele é uma pessoa boa, não o culpem por isso.
— Está tudo bem, já passou. Você não precisa se desculpar pela ação de outras pessoas — responde o estudante, sem se importar com a situação.
— Ele havia mencionado alguns quartos, não? Pode nos guiar até lá, Hert?
— Ah, sim, claro. Os comodos estão próximos daqui, por favor me sigam — aponta em direção a um corredor redondo, próximo da árvore branca na área.
…
Próximo do cômodo, o garoto percebe a presença de algumas pessoas no corredor, encostadas nas paredes de pedra do edifício. O local inteiro é revestido de uma pedra de cor cinzento, do chão ao teto.
As portas que estão espalhadas por todo o corredor são compostas de um tipo de madeira antiga, composta por desenhos na língua élfica, que revestem a sua totalidade.
Continua…
