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Capítulo 40 – Olhos rubis X


 

Pouco tempo depois de distribuir as barras de cereais com os refugiados, o garoto nota a presença dos elfos próximos. 

Os elfos, por sua vez, aplicam ervas e plantas medicinais nas feridas das pessoas por perto, que estão sentadas no chão e outras que recebem o tratamento em pé, devido aos seus hematomas superficiais. 

A todo momento, além das ervas e plantas aplicadas constantemente em seus machucados, os elfos também utilizam frascos avermelhados nos pacientes, que são ingeridos logo em seguida.

“Será que esses frascos são poções de Hp? Provavelmente sim. A forma que estão se recuperando depois de ingerir é a prova disso.”

“Não sei por que eu ainda me surpreendo, visto que isso é um mundo de fantasia. Bom, depois vou perguntar sobre isso, por agora vamos voltar a distribuir os cereais.”

『…』

Após horas distribuindo os alimentos, o garoto enfim decide sair do refúgio por alguns minutos, para respirar um pouco de ar puro. 

Apesar do auxílio prestado, entregando cereais e ouvindo as histórias passageiras de desconhecidos, Rei a todo momento sente que a atmosfera no local ainda é pesada e incomum, deixando-o inquieto. 

Caminha por alguns minutos até conseguir avistar de longe a entrada do refúgio. Porém, antes que pudesse seguir adiante, ele depara-se com a figura de um homem no caminho, encostado à parede de pedra do corredor. 

Tal indivíduo sentado no chão, parece cabisbaixo e melancólico em relação a algo. Mesmo não sendo possível ver a expressão em seu rosto, devido ao longo capuz que cobre a cabeça, ainda é possível notar que ele está passando por um momento difícil. 

“Isso não é da minha conta, mas eu deveria fazer algo… Ele realmente parece mal, talvez tenha perdido alguém importante.”

“Bem, tanto faz. Vou só entregar um cereal e logo em seguida sair, não posso me envolver no assunto de outras pessoas, a minha simpatia já deve ser o suficiente.”

Com esse pensamento em mente, o garoto momentos depois aproxima-se do homem. 

— Aqui, sei que isso é pouco, mas espero que ajude — diz ele, ao abrir a bolsa de couro e oferecer o cereal para o homem. 

Ao estender a mão e receber a barra de cereal, o desconhecido ainda com o olhar para o chão, responde de forma relutante: — Obrigado. 

Ele diz em um tom falho e deprimente, como se não tivesse sequer forças o suficiente para formular mais do que duas palavras. 

“Isso não tá legal. A voz dele parece carecer de emoção, mesmo que eu não consiga ver o seu rosto, posso assumir que ele não está bem.”

“Vamos apenas se afastar, pela forma como disse, talvez a coisa que ele mais precise nesse momento, seja de tempo.”

Com a breve possível dedução, ele afasta-se do desconhecido e começa a andar em direção à saída de Svishtar. Entretanto, após dar alguns passos, ele escuta a voz do homem novamente. 

— Caso pudesse voltar ao passado, você faria tudo denovo? 

Quando depara-se com a pergunta inesperada, o garoto aproxima-se novamente do desconhecido e se agacha perto de onde ele está sentado. 

— Você não acha que seria meio entediante se isso acontecesse? — responde com outra pergunta. 

— Como? 

Receber aquela indagação faz o homem levantar o rosto para cima, em surpresa. Nesse momento, os olhos avermelhados dele se tornam visíveis, uma coloração tão concentrada e intensa, que sequer parecem reais. 

Notando que a atenção do homem está voltada para ele, o estudante começa a explicar. 

— Eu não sei o que você está passando agora, mas não deveria ficar para baixo pelas coisas que aconteceram, cara… 

— Não temos o poder para controlar os acontecimentos, então do que adiantaria pensar em coisas como “gostaria de voltar ao passado”, ” se eu pudesse faria diferente” ou até mesmo “se eu pudesse, faria tudo de novo”?

— Acredito que, independente do que aconteceu ou vai acontecer, devemos tentar ao máximo a todos os momentos, sem se remoer pelo passado ou pelo resultado imprevisível. 

Por algum motivo, para Rei está sendo simples projetar seus pensamentos em suas falas. Ele continua a tentar explicar o máximo possível, mesmo sem saber se transmite de forma correta. 

— Bem,— coça a parte de trás da cabeça — sei que é muito fácil dizer tudo isso, ainda mais para alguém como eu que não perdi nada importante nessa guerra. 

— Porém, espero que isso tenha respondido a sua dúvida de alguma forma. — Assim que termina de dizer tudo que queria, o estudante se levanta e vira de costas, pronto para partir. 

Por sua vez, o homem surpreso com a resposta do garoto, segura o seu braço por um breve instante, antes que ele pudesse sair. 

— Muito obrigado, eu não estava esperando por isso — declara, olhando para o fundo de seus olhos.

De alguma forma, a maneira de agir do homem havia mudado. Está mais digna, exalando confiança: Sua postura que até pouco tempo atrás estava retraída, torna-se ereta como a de um modelo, e até mesmo o tom de sua voz sofre uma alteração… É como uma pessoa completamente diferente agora. 

Sem perceber, o rosto de Rei fica vermelho, ao ver através daqueles olhos que mais parecem rubis, como se fossem pequenas esmeraldas. 

Ele responde da forma mais séria que consegue, sem ligar muito para a adrenalina que acaba sentindo momentaneamente.

— Bem, eu espero que você consiga encontrar o que busca… — diz ele como uma despedida, ao virar de costas e sair de perto apressadamente. 

『…』


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Olá, eu sou XXX!

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