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Capítulo 69 – Águas claras, X.


Logo após a senhora sair da estrada, ela segue o caminho em um sentido oposto ao do estudante, no intuito de finalmente encontrar seu professor no refúgio dos elfos, após passar por sérios problemas e dificuldades no vilarejo. 

No momento em que está saindo, o estudante tem a leve impressão de que talvez ela não saiba da real situação da guerra no reino e a complicada circunstância em que Svishtar se encontra.

Esse pensamento era uma hipótese a ser levada em consideração, afinal, o vilarejo em que tal senhora estava é localizado em uma região um pouco isolada das demais. Além disso, o estado mental dela também não parecia ser um dos melhores para receber essa notícia naquele momento, e, com receio disso, o estudante então decide não comentar sobre esse fato.

Na realidade, após pensar um pouco naquilo, do ponto de vista de Rei, aquela senhora parece bem estranha e confusa em vários sentidos. 

Se ela tem um professor no refúgio, por qual motivo ela teve que se mudar para um vilarejo tão pequeno em uma região remota?

Fora essa pergunta, haviam várias outras. Como o do por quê ela não estar levando nenhuma mala ou pertences consigo ou o por que das roupas que vestia estarem rasgadas e manchadas de sangue e poeira. 

Apesar das dúvidas que surgem com o pensamento, o garoto decide ignorar essas ideias — “Talvez eu esteja pensando demais”, pensa o garoto. 

Sozinhos agora, Kazuki e Rei saem da estrada estreita e seguem direto para o caminho do vilarejo: e, por conta do clima estranho entre os dois, ambos permanecem em silêncio enquanto caminham mais rápido.

“Poxa, aquela velhota conseguiu quebrar todo o clima…”

“Se ela não fosse cega, eu não saberia onde enfiar a minha cara. Nunca pensei que passaria por uma situação tão vergonhosa…” 

Depois de superar o choque inicial daquela cena, a sua mente finalmente relaxa. Em seguida, o estudante começa a andar até avistar ainda de longe o rio Nertyrem.

“Poha… finalmente chegamos!!!”

Mesmo com a virada da tarde para a noite, ainda é possível notar a presença dos dois sóis no céu, que clareia a atmosfera com uma coloração alaranjada e amarela no profundo azul infinito. 

Sem pensar duas vezes, o estudante começa a correr na direção do rio. Kazuki, por sua vez, estranha o motivo de Rei correr de repente, mas o segue logo atrás sem dizer uma palavra. 

— Não posso acreditar que finalmente chegamos, acho que nunca tive que andar tanto na minha vida… puta merda.

Apesar do cansaço físico, a voz de Rei sai animada e carregada de felicidade em seu timbre.

O estudante então olha para o rio e nota que ele cobre uma vasta área daquela região. As suas águas são claras e transparentes, ao ponto de qualquer um conseguir enxergar os pequenos e grandes peixes nadando sobre as suas profundezas, com as diversas algas espalhadas nas rochas e areias claras no fundo.

Essa paisagem natural faz o garoto perder-se no momento por um breve momento, sem conseguir tirar os olhos de todos os detalhes que parecem se complementar perfeitamente — como um quadro de artes concluído com maestria por um pintor renomado.

Do outro lado do rio Nertyrem, é possível observar de bem longe um extenso portão de madeira construído de forma improvisada, posto em um relevo elevado, ao qual pode-se ver também acima dele casas e moradias feitas inteiramente de pedra e madeira. Apesar de simples, as construções parecem perfeitamente consistentes e resistentes às forças da natureza. 

Quando Rei volta aos sentidos, ele mergulha as mãos na superfície do rio, sentindo a sensação fria e refrescante da água em contraste com a sua pele quente e suada. 

Não demora para juntar as duas mãos e criar um espaço entre elas, para assim pegar um pouco da água e saciar a sede. 

— A água é doce — comenta em surpresa. 

“Ainda está quente e minhas roupas estão suadas, fora as minhas pernas que estão bambas por andar sem parar por um minuto…”

“Não quero nem pensar como vou conseguir voltar. Dizem que a descida é a mais fácil, então como vou subir aquele morro? Minha cabeça até dói nessa possibilidade…”

“Eu não deveria pensar sobre isso mais… vou apenas aproveitar esse momento, estou perto de um rio, vamos relaxar um pouco. Depois pensamos em chegar no vilarejo…”

“Parece que não tem ninguém por perto, certo…”

— Ei, Kazuki, por que não nadamos um pouco antes de chegar no vilarejo? Tipo, não tem ninguém por perto e estou todo suado agora — comenta sem muitas preocupações, enquanto tira a blusa e a coloca ao lado de um calcário próximo. 

O homem-fera não conseguiu dizer nada em resposta, ver o garoto agindo daquela forma tão despreocupada era algo que se encaixava muito com sua personalidade. 

A visão dele então é tomada pela figura de um jovem com cabelos pretos e corpo definido, despindo-se na frente de seus olhos — “devo estar sonhando” declara em pensamentos Kazuki, quase como se tivesse sangue em seu nariz. 

— Kazuki? 

Sendo chamado novamente por Rei, o homem-fera resolve apenas concordar com a afirmação do garoto e banhar-se com ele, mesmo que a circunstância não fosse para lá das melhores. 

Quando o estudante tira a calça e fica apenas de cueca, Kazuki desvia o olhar para outra região, envergonhado com a naturalidade de Rei em fazer aquele tipo de coisa. 

“Como ele pode agir assim depois do que aconteceu mais cedo…? Mas… não teria como ele entrar na água com a roupa…”

Após declarar isso mentalmente, Kazuki rapidamente tira a roupa antes que Rei pudesse vê-lo se trocando e entra na água — agindo como um adolecente tímido, com um pouco de vergonha. 

— Gosta de ver homem suado enquanto tira a roupa, né? — pergunta descaradamente o estudante, antes de entrar na água e perceber que o homem-fera já tinha entrado. 

— C-Como? 

O rosto de Kazuki torna-se vermelho como um tomate após escutar o comentário pretensioso de Rei, que parece rir da sua reação esquentada e confusa. 

— Você deveria parar de brincar com essas…  — declara com hesitação, antes de cobrir seu rosto até a parte da boca, para evitar falar com o garoto.

Continua…  

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