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Devido ao sinal de cabeça do homem-fera, o estudante continuou a conversa entrando em outro tópico, enquanto esperava pela chegada de Tyrant com as xícaras de chá.
— Que doideira rolou hoje.
— Então, sabe aquele cara? O líder dos fanáticos. Ele disse alguma coisa sobre como a igreja de Querpyn iria atrás de mim, mas não parecia grandes coisas. Será que ele só tava blefando?!
O rosto de Kazuki tornou-se um pouco sombrio após escutá-lo, seus olhos estavam encarando o chão enquanto pensava na situação.
O homem-fera tinha uma leve suspeita que talvez a igreja de Querpyn pudesse estar envolvida na ocasião, sua hipótese então só foi confirmada quando as palavras do estudantes saíram.
— Parece que você tem algo a dizer — comentou Rei, após notar o estado de Kazuki.
— A igreja de Querpyn… Eu não esperava que eles estivessem envolvidos em um esquema desse tipo.
— O que tem essa igreja? Esses caras são tão influentes assim pra você ficar preocupado?
— Ah, sim. Você não deve saber sobre isso. A igreja de Querpyn é considerada uma religião oficializada no país dos homens feras. Além de terem um poder político e econômico centralizado e influente na capital, eles são apoiados pelo atual imperador. — Kazuki respondeu, seu tom de voz estava levemente alterado.
Em seguida ele complementou com raiva: — Caso necessário, eles fazem até sacrifícios! Como o caso de alguns anos atrás…
— O que aconteceu há alguns anos atrás?
— …
Kazuki sabia que os devotos de Querpyn que adoravam a deusa Vermeti eram difíceis de se lidar. Eles eram o tipo de pessoa que não tinham escrúpulos em enfiar uma faca nas costas de alguém, meramente para concluir os seus próprios interesses religiosos.
Na superfície, os ensinamentos da igreja eram íntegros e continham uma base sólida e autêntica, mas à medida que o indivíduo avançava e conseguia um certo conhecimento dos ensinamentos, as verdadeiras crenças da igreja de Querpyn eram expostas.
No final, era tarde demais — Como uma teia de aranha, da qual você não poderia escapar uma vez que fosse preso.
Tais pessoas que foram ensinadas, perderam o senso lógico da realidade. A única coisa que elas pensavam era em como suas ações poderiam agradar de alguma forma a deusa. Eram capazes das maiores atrocidades e não se importavam com os meios necessários para alcançar os resultados.
“Tudo em nome da deusa”, pensavam elas.
— O caso de alguns anos atrás ocorreu quando o auto-consagrado imperador sacrificou… uma criança de 12 anos, por causa da profecia de um oráculo da igreja de Querpyn.
— A profecia dizia que tempos sombrios viriam sobre o nosso povo. Eles exigiram um sacrifício para apaziguar a deusa. Uma criança com cabelos brancos e olhos vermelhos deveria ser sacrificada no local.
Neste momento, o estudante percebeu que Kazuki havia apertado a mão com força, enquanto olhava para baixo com uma expressão sombria e triste no rosto.
— Então o imperador… ele entrou em acordo com os representantes religiosos e procurou em todas as cidades. No final, ele foi capaz de sacrificar a filha de uma pequena família de nobres caídos da capital.
Quando terminou com o relato, o estudante levantou a voz e olhou com revoltada nos olhos de Kazuki.
— Tudo isso por causa de uma profecia, é sério? E ninguém fez nada pra impedir? Esse imperador concordou com esse tipo de coisa tão facilmente, que filho da puta! Nem cogitou a possibilidade de sacrificar a vida de outra pessoa, ainda mais de uma criança! Que covarde do caralho.
— Bem… na época esse assunto se tornou extremamente polêmico. Houveram protestos e a opinião popular estava um caos total. Porém não adiantou de nada. Quem discordava das decisões imperiais eram presos ou mortos. Não existia liberdade nesse aspecto. — Kazuki respondeu com uma expressão triste, como se ele estivesse se culpando por alguma coisa que ocorreu no passado.
— Quando terminou o sacrifício, a igreja de Querpyn ganhou mais notoriedade e influência no reino. Apesar de todos saberem que o sistema deles era corrupto, com vários boatos dizendo ser lar de assassinos e criminosos.
— Poha, então por que infernos essa religião foi oficializada no reino? Não faz sentido nenhum!
Dessa vez, Kazuki explicou calmamente: — Esse assunto é um pouco complicado. Vou tentar resumir de forma geral. A igreja de Querpyn foi fundada pelos sacerdotes da religião de Luare.
— Os sacerdotes da religião de Luare que adoravam a lua, abandonaram as suas crenças e fundamentos iniciais e criaram a igreja de Querpyn. Em seguida, propagaram os ensinamentos da deusa Vermeti para outras pessoas, ensinamentos esses que em superfície eram promissores.
Antes que pudesse continuar a explicação, Tyrant entrou na sala com uma bandeja de chá em sua mão. Ela aproximou-se dos dois e comentou após ouvir do assunto:
— A ideologia deles era promissora e de bom caráter. Com essa imagem de bem feitores, eles ganharam influência e foram oficializados no reino. Depois que foram oficializados e tinham uma imagem de bem feitores, eles começaram a cometer várias atrocidades por de trás das cortinas da população. Pelos céus… como pode uma coisa dessas acontecer.
A vidente disse com uma expressão de hesitação, entregando as xícaras de chá. Quando terminou, ela sentou-se perto de ambos e expressou seu descontentamento.
— Repugnante! Uma igreja, um lugar sagrado, onde alguns dos membros são criminosos e assassinos, com ideologias hediondas! Que a justiça divina seja feita e que o cosmos e o universo punam esses malfeitores.
Nesse momento de comoção, os olhos de todos na sala pareciam pegar fogo — todos tinham a mesma opinião e revolta sobre esse assunto.
Entretanto, essa comoção não durou por muito tempo após Tyrant e Kazuki ouvirem a pergunta de Rei.
— Que situação merda. Não esperava que isso fosse tão complicado. Mas e a deusa deles? Quer dizer… eles adoram a Vermeti, então a culpa de tudo isso é dessa deusa, não?
— …
— Eles na verdade não adoram nenhuma deusa. — Kazuki respondeu.
— O quê?!! — disse em uníssono Tyrant e Rei, sem conseguir esconder a surpresa no rosto.
Nada mais fazia sentido. A igreja de Querpyn não adorava Vermeti?
— Que poha é essa?
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