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Capítulo 98 – Um inferno na terra (2). X

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Desde o início, o relato da vidente dava indícios de caminhar para um rumo trágico e lamentável, embora ela não quisesse admitir em palavras que a sua vida foi deplorável. 

O estado de Tyrant não parecia um dos melhores nesse momento; Seu olhar estava voltado para chão, os cílios baixos, os lábios numa linha inexpressiva, os ombros caídos e o timbre de sua voz suave e fraco. 

No instante seguinte a isso, Tyrant explicou como o senhor que salvou ela, estava tentando acalmá-la. A única coisa que pôde ver quando parou de chorar, era os corpos dos bandidos no chão, com hematomas e machucados em seus rostos e peles — era como se eles tivessem acabado de sair de um ringue de boxe, até mesmo as suas faces pareciam irreconhecíveis. 

Assim que enxugou as lágrimas do rosto, ela estabilizou sua respiração e contou ao senhor tudo que estava guardando em seu coração frágil, não escondeu nenhum detalhe. Desde o momento em que nasceu até o momento em que fugiu de casa, pois não estava mais suportando aquele típico estilo de vida e convivência apática e irreal. 

— Este senhor, ele me disse que eu não deveria estar ali. Levou-me de volta para o caminho principal da capital. Eu implorei a ele para não me levar de volta para a minha família, mas ele não parecia me ouvir enquanto me puxava pela mão em direção a rua principal. 

— Não adiantou de nada. Foi o que pensei naquela hora, que eu era uma fracassada, nem para fugir eu prestava. Sei que é um pensamento ridículo, mas inúmeras coisas passaram pela minha cabeça, e talvez a única opção que me restava era me suicidar, caso ele estivesse me levando para casa. 

— Assim que notei a presença dos guardas da minha família de longe indo em minha direção, meu sangue congelou e meu coração parou por alguns segundos. A sensação de querer gritar mas não conseguir, era isso que eu estava sentindo. “Então é isso, que patética eu sou” pensei automaticamente, vendo eles se aproximando. Porém, o senhor que estava comigo, então me entregou um colar carmesim, e se afastou de mim. Antes de ir embora, ele me disse que ao anoitecer iria aparecer. 

Os seus olhos moveram-se de um lado para o outro nesse instante, enquanto continuava a relatar sem perder a concentração. Kazuki e Rei estavam ouvindo atentamente, mas não puderam dizer nada em resposta — não era como se pudessem, mas eles não conseguiam encontrar palavras certas. 

O estudante estava revoltado com aquela situação, ele cerrou os dentes e apertou as mãos com força. Em comparação com o seu antigo mundo, o senso comum neste mundo parecia quebrado e inconsistente. 

As mulheres não tinham direitos iguais aos dos homens. Elas eram forçadas a se casar quando completassem a maioridade, em certos casos essas crianças poderiam casar com 14 anos. Era uma ideia ridícula de se imaginar. 

A família e o status social de uma casa prevaleciam sobre todas as circunstâncias. Em relação ao contexto da nobreza, todos os atos poderiam ser justificados pelos nobres. Não existia uma balança justa, regras estipuladas pelos seus ancestrais e que permaneciam sem nenhum tipo de mudança. 

— Fiquei sem entender aquele comando, não entendia o significado daquelas palavras, e nem o porquê dele ter entregado aquele colar e dado um sorriso. Não tive escolha a não ser aceitar e voltar para minha família. Naquele mesmo dia, quando a noite caiu, eu vi pelas janelas do meu quarto a figura do senhor que estava longe da mansão. O coloração que ele havia me entregado então começou a brilhar fortemente. De repente, a sua voz ressoou por ele. 

— Ele me pediu para pular das janelas, e para não me preocupar, que me pegaria antes que eu pudesse cair. Bem, sendo sincera, eu não me importei muito com isso não. Eu estava pensando em morrer de qualquer forma, então… acabei seguindo aquele comando sem hesitar. 

“Poha… A que ponto a pessoa tem que chegar para não se importar com a própria vida. Se vai viver ou morrer, isso não parecia importar para ela. Que mentalidade quebrada. Ela deveria estar realmente acabada nesse momento, às vezes eu penso que o mundo é um verdadeiro inferno.”

Rei pensou brevemente, ao mesmo tempo em que uma expressão de raiva e tristeza formou-se em seu rosto. Após notar como o estudante não estava confortável com aquela sentença, Kazuki colocou a mão em cima da perna do garoto. 

— Eu então pulei da janela, não fazia muita diferença mesmo. Apressadamente, ele me pegou. Não senti nenhum impacto ao cair em cima de suas mãos, talvez tenha sido alguma magia de vento, não sei dizer ao certo. Ele me disse que sabia que eu estaria naquele lugar e naquela hora, por causa de uma visão de sua deusa. 

— Eu realmente não entendi o que ele queria dizer naquela hora, mas ele me deixou surpresa quando declarou que iria me ajudar a fugir.

— O senhor, após dizer isso, me pediu para montar em cima de seu cavalo. Mesmo eu ainda estando apreensiva e hesitante, não me sentia mal com aquela situação. Eu não fiquei com medo, ou quaisquer outros apegos que me prendiam naquele lugar que eu chamava de lar. Era mais como um sentimento de libertação, e bem… depois disso, eu fugi com o meu mestre, que se chamava Aquerto. Passamos por diversos lugares e cidades, até chegarmos na fronteira do reino. 

Continua… 

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Olá, eu sou XXX!

A história da Tyrant está quase acabando, no próximo capítulo termina. Certo.

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