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Capítulo 10: Sino Negro

Os gritos de euforia do povo de Petrovski ecoavam pelos quatro quantos enquanto Levi puxava Milena para o mais longe possível da multidão.

— O que aconteceu, Levi? Quem era aquele demônio?

— Aquele não é um demônio comum! Ele é… — Antes de Levi desembuchar, a velocidade em que o tempo passava começou a desacelerar.

Tudo ao redor de Levi ficou em estado estático. Ele balançou sua mão na frente do rosto de Milena, mas não houve nenhuma reação. 

— Eu não falaria isso se você. — O bode humanoide que havia sido decapitado pelo cavaleiro real surgiu bem na frente de Levi em um piscar de olhos, segurando um cajado com alguns aneis dourados pendurados. Sua voz era uma mistura suave e grave. —  Finalmente te encontrei, jovem mestre. Fico feliz de chegar até você antes do Belial.

— B-Baphomet!? — O suor frio escorria da testa de Levi, enquanto ele encarava o temido Soberano do Ódio.

Baphomet DDE

— Fico feliz que lembre do meu nome. —  Baphomet se aproximou de Levi, até ficar a poucos metros dele. — Você cresceu bastante desde a última vez que eu o vi. Vejo que está se dando bem com os humanos. Eu, pelo contrário, recebi um tratamento um tanto quanto rude.

— O que vocês, soberanos, querem comigo?

*Baphomet suspirou.*

— Você realmente puxou ao seu pai, não gosta de papo furado. Então, irei direto ao ponto… — Baphomet apontou seu cajado para Levi. — Eu quero o seu poder, jovem mestre. Mas diferente do Belial, não pretendo arrancar a força de você. Por isso, forme uma aliança comigo.

— Eu não te entendo. O que você quer dizer com isso? — perguntou Levi, receoso com a proposta repentina.

— É exatamente o que você ouviu. — Baphomet apoiou seu braço em Levi. — Olha, suponho que você ainda não seja capaz de controlar o seu poder, estou certo? Eu poderia te ensinar a controlá-lo.

Levi se afastou involuntariamente, o medo que sentia era instintivo, uma reação natural diante da aura opressiva do soberano infernal. Baphomet, o enigmático e desconhecido, cujo poder e intenções eram um mistério para ele, era o demônio sobre o qual menos tinha conhecimento.

— Não sei se deveria confiar em suas palavras. Você é um…

— Demônio? — disse Baphomet, interrompendo Levi — Sim, eu sou. Mas e você, jovem mestre? Não é muito diferente de mim. Se você não controlar o seu poder, então ele irá controlá-lo.

Baphomet tinha razão. Levi já havia sido controlado pelo seu próprio poder em algumas ocasiões, a mais recente sendo o massacre causado em Galego. Esse fato o assustava, a hipótese de algum dia perder sua consciência de forma permanente para seu lado diabólico o atormentava. 

— M-me dê um tempo para pensar. — ele pediu, hesitantemente.

Baphomet se sentiu desapontado com a resposta, mas reconheceu que era melhor do que um “não” definitivo.

— Tudo bem, reflita com carinho. — Baphomet segurou a mão de Levi, abriu a palma dele e colocou um sino negro. — Assim que tiver a resposta, dê seis badaladas com esse sino que eu irei ir até você na hora.

Por um breve momento, Levi encarou o sino negro em sua mão. Quando levantou a cabeça, Baphomet havia desaparecido sem deixar rastros. Levi olhou ao redor, mas não encontrou nenhum sinal do bode humanoide.

— Ei, o que você está procurando? — perguntou Milena, cada vez mais confusa com as atitudes esquisitas de Levi. Ele não havia percebido que o tempo havia voltado ao normal.

— Não é nada…

— Então, você vai me dizer por que correu daquela forma? 

— … — Levi preferiu o silêncio, ele não sabia o que deveria falar para a Milena.

— Aí estão vocês, por onde vocês andaram hein? Estávamos procurando vocês. — disse Anna, enquanto os homens do grupo carregavam caixas pesadas com comida.

— Vocês ouviram o pronunciamento do rei? Pelo que parece teremos que lidar com demônios inteligentes agora. Os selvagens já são difíceis de lidar… — Não só Bob, mas todos os outros membros ficaram surpresos com essa informação que já estava se espalhando por todos os lugares.

— Ele falou mais alguma coisa de importante? É que o Levi acabou me puxando depois que decapitaram aquele demônio por algum motivo. Inclusive… — Milena se virou para Levi. — Você não me falou ainda o porquê de ter feito aquilo.

— Levi, se você sabe de alguma coisa, não precisa esconder da gente. — disse Norman.

— Não é nada, pessoal. Eu juro. Foram apenas meus instintos, que diziam que eu deveria sair dali o mais rápido possível. — Com exceção de Milena, o grupo parecia satisfeito com a resposta.

Levi e seus companheiros caminhavam pelas ruas de Petrovski. Milena não pode deixar de ficar reflexiva sobre Levi. Primeiro, eles o encontraram em um cadáver de demônio, em seguida descobrem que ele manipula uma energia incomum, e por fim, teve atitudes duvidosas na presença de um bode demoníaco. 

— Ei, Norman. — Milena puxou Norman de canto e falou baixinho no ouvido dele. — Você não acha que esse garoto novo anda muito estranho? Sinto que ele está escondendo algo de nós.

— Eu acho que você está muito neurótica com ele, desde que nós o encontramos. — Norman deu um toque no ombro de Milena. — Sinceramente… Eu acho que tu deveria relaxar. Se ele estiver escondendo algo, o que que tem? Todos nós temos segredos.

O grupo de Norman chegou no dormitório. Alguns foram para a cozinha organizar os alimentos comprados, Levi foi para o seu quarto organizar suas roupas novas. Para esvaziar a mente, Milena decidiu passear por Petrovski separada de seu grupo.

Ela caminhava pelas ruas,  tentando clarear sua mente. As palavras de Norman ainda a faziam refletir, mas a inquietação em relação a Levi persistia. Ela vagava pelas vielas, imersa em suas preocupações, quando sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

De repente, uma mão firme cobriu sua boca, e ela foi puxada para dentro de um beco. Milena tentou lutar, mas seus esforços foram em vão. Antes que pudesse reagir, tudo ficou escuro.

Quando abriu os olhos, Milena estava amarrada a uma cadeira em um galpão abandonado. A luz fraca de uma lâmpada pendurada no teto mal iluminava o ambiente. Um cheiro forte de mofo e madeira apodrecida invadiu suas narinas, fazendo-a engasgar, tentando se livrar do odor nauseante. Sua cabeça doía, e ela piscou várias vezes, tentando se situar.

— Ora, ora, ora. Parece que encontramos uma ovelhinha separado de seu rebanho — disse uma voz familiar, em um tom sarcástico. 

Milena levantou a cabeça e viu Christian, rodeado pelos seus capangas. Todos eles estavam armados cercando ela, uma mulher indefesa que sequer podia usar magia pelo fato de estar amarrada com correntes capazes de selar a mana.

— O que vocês querem? — Milena perguntou, sem demonstrar qualquer medo.

Christian se aproximou, com uma expressão diabólica estampada em seu rosto.

— Relaxa. Não iremos lhe fazer mal. Só queremos atrair uma pessoa para cá, e você é a nossa refém. — disse Christian, enquanto passava a mão pelo rosto de Milena. — Óbvio que se ele não vir até nós, teremos que tomar medidas mais… Drásticas.

Milena sentiu um frio no estômago, ela sabia que se tratava de Bob, afinal Christian havia jurado vingança contra ele.

— Bob não vai cair nessa  — disse Milena, tentando soar confiante. — Ele é mais esperto do que você pensa.

Christian riu, um som que ecoou pelo galpão.

— Veremos — disse Christian, se afastando  — Já enviamos um recado, vamos ver como ele reage.

Enquanto Milena se debatia, tentando encontrar uma forma de escapar, no dormitório o clima estava tranquilo. Como Levi não sabia técnicas de luta corpo-a-corpo, Bob propôs ajudá-lo. Eles faziam lutas simuladas em uma área aberta. Já faziam vinte minutos que eles treinavam de forma intensa.

 — Ha… Ha… Ha… — O rosto de Levi estava encharcado de suor ao mesmo tempo que seu coração batia como um tambor. Apoiando-se nos joelhos, ele lutava para recuperar o fôlego. — Chega! Vamos fazer uma pausa! Preciso descansar um pouco.

— Uma pausa? Esse foi só o aquecimento. Quando você morrer, irá descansar eternamente. — Bob exalava energia. Mesmo sendo mais velho que Levi, ele não demonstrava um pingo de cansaço.

— Como você consegue ser tão energético assim?

— Quer saber o meu segredo? Pois bem, comece fazendo cem abdominais, em seguida faça cem flexões e depois corra dez quilômetros. Faça isso todos os dias e assim chegará longe com certeza. — Levi almejava ter um físico forte. Ele já tinha um porte razoável graças ao seu trabalho como ferreiro, mas nem se comparava ao de Bob.

— Portanto, levante essa carcaça! Você não ficará forte descansado!  

— Sim, senhor. — Levi respirou fundo e levantou-se. Seu corpo doía com o menor dos movimentos, mas ele continuava além do seu limite. — Vamos continuar!

A interrupção veio na forma de um mensageiro entregando uma carta endereçada a Bob.

— Entrega para Robert Gullit! — o mensageiro anunciou, quebrando o ritmo do treino.

— Para sua sorte, faremos uma pausa de cinco minutos. Mas não se acostume. — Depois que Bob disse isso, um suspiro de alívio saiu da boca de Levi.

Bob foi até o carteiro e pegou a carta enviada para ele. Sem fazer cerimônia, ele rasgou o envelope, abriu a carta e começou a ler. À medida que ele lia o seu conteúdo, seus olhos arregalavam e seus punhos cerravam com mais força. Depois que ele terminou, ele rasgou em pedacinhos.

— Mas que desgraçado! — Bob murmurou, seus olhos se estreitando enquanto suas veias pulsavam na testa.

— Aconteceu alguma coisa? — disse Levi, após perceber a mudança súbita no humor de Bob.

— Não se preocupe, aconteceu só… Um probleminha — disse Bob, com uma expressão suavizada para mascarar sua raiva — Se perguntarem por mim, diga que precisei sair. Vamos adiar nosso treino para mais tarde, tudo bem?

Bob vestiu uma camisa e saiu sem seu machado de guerra, com uma expressão sombria. Curioso sobre o motivo de tanta raiva, Levi pegou os pedaços da carta e os juntou para ler.

— Mas o que!? — Levi sentiu seu coração acelerar, suas mãos tremiam e o suor frio escorria pela testa. Ele mal podia acreditar no que estava lendo

A carta dizia que Milena havia sido sequestrada, ela pedia para Bob fosse até um endereço fornecido, desarmado e sozinho. Como prova desse ato, eles enviaram uma mecha de cabelo dela, amarrada com um laço vermelho sangue.

Levi estava perdido em seus pensamentos. Deveria contar aos outros? Colocaria seus amigos em perigo se o fizesse. Na pressa devido ao curto tempo que tinha, decidiu seguir Bob secretamente, mas ao contrário dele, ele levava sua arma.


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