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Com sua espada gotejando sangue depois de decapitar sua primeira vítima, o demônio não demonstrava qualquer emoção. Uma coisa era certa: Ele não parecia satisfeito apenas com aquilo.

Chamas negras tingidas com detalhes roxos começaram a dançar ao redor da lâmina de sua espada.

Enquanto os moradores que temiam o demônio fugiam para o abrigo de suas casas, os mais corajosos empunharam suas armas, determinados a matar aquele ser cuja presença representava uma ameaça para suas famílias.

— NÃO TEMAM, PESSOAL! NÓS ESTAMOS EM MAIOR NÚMERO! — gritou um deles, a voz tremendo de raiva e desespero.

Cegos pelo ódio, eles cercaram o demônio. Com uma adaga em mãos, um dos moradores tentou atacar a criatura pelas costas. No entanto, a lâmina sequer arranhou sua pele, como se estivesse tentando perfurar uma parede de concreto.

Em um movimento vertical e rápido, o demônio cortou o morador ao meio com sua espada. O corte foi tão preciso que o corpo só se dividiu quando desabou no chão.

AAAAAAHHH! 

Como um vulto, a criatura sumiu da visão dos moradores que o cercavam. Cabeças, membros, sangue e vísceras foram arremessados em todas as direções enquanto o demônio se lançava em uma velocidade assombrosa, quase se tornando invisível aos olhos dos moradores. Com sua lâmina em punho, ele avançou implacavelmente, ceifando o primeiro que encontrava em seu caminho.

Ele sorria e chorava ao mesmo tempo. Seu lado demoníaco se diverte com a carnificina, encarando essa situação como uma diversão. Em contraste, seu lado humano se entristece por não conseguir controlar o seu próprio corpo e parar o massacre que estava protagonizando.

— PARE, LEVI! POR FAVOR! PERDOE ESSES TOLOS! —  O demônio olhou para esse homem que lhe chamou a atenção, é o mesmo que tentou defendê-lo das acusações anteriormente. 

O demônio caminhou até ficar frente a frente com esse homem.

— Eu já não te disse? Não sou Levi! — O demônio atravessou a lâmina da espada no peito do homem, acertando o coração.

Logo depois, o demônio retirou a espada do corpo ímovel do homem, fazendo-o desabar sem vida no chão. Uma poça de sangue começou a se espalhar ao redor do corpo.

 A sede de sangue acabou, a insanidade que o dominava começou a se dissipar, o deixando sentir um vazio imenso.

O som do choro de uma criança chamou sua atenção, fazendo-o virar-se na direção do lamento. Ele avistou uma mulher encolhida com sua filha nos braços, incapaz de correr para um abrigo devido ao grande trauma que travou suas pernas.

— Por favor… Não nos mate… Por favor! — Uma moradora assustada pede clemência enquanto abraça sua filha em prantos.

— Eu não… —  Levi guarda sua espada na bainha e olha para suas mãos manchadas com o sangue de suas vítimas. 

Ao olhar para uma poça de sangue, ele viu o seu próprio reflexo distorcido. — O que foi que eu fiz? — Sua humanidade começou a retomar sua consciência, a carapaça negra em seu corpo virou pó, revelando sua pele lilás.

Sem dizer uma palavra, carregando apenas o peso do arrependimento, Levi pegou o corpo sem vida de seu velho amigo nos braços. Com a espada que recebeu de Paulo presa nas costas, ele caminhou lentamente para fora do vilarejo.

Levi deixou todo o seu dinheiro para trás, sendo essa uma pequena tentativa de compensar os habitantes de Galego pelo caos e destruição causados pela sua ira. Para ele, aquilo era um gesto de desculpas silenciosas, embora soubesse que nunca poderia reparar verdadeiramente o dano que havia feito.

Já afastado do vilarejo de Galego, Levi achou um lugar adequado para enterrar o corpo falecido do padre Ernesto. Com cuidado e carinho, ele colocou o corpo do padre em um buraco que ele levou horas para cavar usando apenas suas mãos. 

Ele fez um minuto de silêncio, as lembranças de tudo que viveram juntos começou a vir à tona. 

— Me perdoe, padre Ernesto… — Levi ajoelhou-se ao lado do túmulo improvisado, lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto.

Ele cobriu o corpo com a terra, suas mãos desgastadas, sujas de sangue e terra tremiam. O sentimento de culpa não parava de torturar a sua mente.

— Eu prometo que irei compensar a sua bondade de alguma forma. — Levi colocou o livro sagrado que estava guardado em seu casaco no túmulo e se retirou em silêncio, rumo ao desconhecido.

Três dias depois.

Em uma noite onde uma nevasca soprava ventos gelados, Levi se viu perdido em um deserto gélido, buscando desesperadamente algum sinal de civilização. Suas mão dormentes pelo frio cortante, mal conseguiam sentir o toque. Suas pernas, exaustas de tanto caminhar, ameaçavam ceder a qualquer momento. Seus dentes não paravam de bater.

ROAAAAAAAR!

Depois de um rugido ameaçador, Levi escutou passos pesados se aproximando. Ao se virar, ele viu um enorme urso de pelagem branca vindo em sua direção. 

“Não tenho tempo para fugir!”,  Levi desembainhou sua espada.

Quando o urso estava prestes a dar um bote em Levi, uma besta demoníaca ainda maior pegou o urso desprevenido. 

ROOAAAR!

O urso não teve a menor chance. A besta demoníaca mordeu com firmeza, chacoalhando o corpo do animal para arrancar um pedaço de carne. Levi assistiu a cena, assustado com a brutalidade, ainda cauteloso pois o perigo era ainda maior.

A besta se assemelhava a um lobo gigante, com presas enormes saltadas para fora, seus olhos brilhavam em um tom vermelho, envolto por uma pelagem escura e ameaçadora.

Quando a besta começou a se deleitar com o urso morto pela sua investida, ela notou a presença do pequeno Levi. 

GRRRR!

O lobo gigante parou suas ações, caminhou na direção de Levi enquanto ele ficou paralisado observando. Quando ficou próxima, desferiu uma forte patada nele, lançando ele com força e o fazendo se chocar violentamente no chão. 

A besta se aproximou de Levi novamente, fungando seu corpo caído. Com cautela, ele estendeu a mão para pegar sua espada que estava caída ao seu lado e a segurou com firmeza. Aproveitando a proximidade do rosto do lobo, ele se posicionou, mirou e fincou a espada no olho da besta.

ROOOOOAR!

O lobo começou a chacoalhar a cabeça freneticamente tentando se livrar de Levi, que estava pendurado. O jovem demônio segurou na pelagem da besta com uma mão e, com a outra, empunhou sua espada desferindo golpes repetidos no olho do animal. O sangue jorrava do ferimento, pintando a neve como pingos vermelhos de chuva.

Com um forte balanço, o lobo demoníaco consegue tirar o infortúnio de cima da sua cabeça. Depois de ser arremessado para cima, Levi conseguiu aterrissar sem problemas. O coração de Levi palpitava sem parar, chamas negras começavam a envolver a sua espada.

Na luta pela sobrevivência, a besta fez uma investida na pequena criatura à sua frente. Levi, impulsionado pelo instinto de preservação, abaixou sua espada num golpe vertical preciso, dividindo a cabeça do lobo ao meio e colocando um ponto final na batalha mortal entre os dois.

Graças a adrenalina, Levi deixou de sentir o frio. No entanto, ele sabia que essa sensação não duraria. Influenciado pelos seus instintos de sobrevivência, abriu a barriga do lobo gigante com sua espada e se abrigou no interior quente da criatura, buscando calor até que a tempestade noturna passasse.

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Olá, eu sou o Dr. Reverse!

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