O dia estava acabando, o sol já estava se pondo, e depois de uma pequena confusão, Levi havia se tornado oficialmente um caçador de demônios. Andariel pareceu não desconfiar de suas origens, embora ela tenha ficado intrigada com ele. Levi foi classificado como um espadachim-mago de décimo segundo grau, o ranking mais baixo possível. Isso se devia ao fato da Associação não ter conseguido julgar seu nível de poder.
Inicialmente, era para ele ter participado de uma simulação contra Andariel para determinar seu verdadeiro rank, mas ele optou por não fazer, alegando cansaço da longa viagem. Embora essa desculpa tivesse um pingo de verdade, a realidade era que a maior parte de sua exaustão vinha do longo tempo que passou em sua forma humana.
Para comemorar a sua integração, ele e o grupo de Norman foram até uma taverna desfrutar de um banquete. Enquanto os pratos eram servidos, Norman ergueu sua caneca e se dirigiu a Levi. — Bem-vindo ao grupo, Levi! Deixe-me apresentar a todos.
— Como você já deve ter ouvido, sou Norman Hellsing, o líder desse grupo. Qualquer coisa fale comigo! — Norman, o líder, era o primeiro a falar. Ele tinha cabelos grisalhos e um bigode estiloso, mas sua marca registrada era o tapa-olho no globo ocular esquerdo. — Embora eu use uma besta, na realidade minha especialidade é maldições, portanto, sou considerado um mago de quarto grau.
— Eu sou Robert Gullit, mais conhecido como Bob. Sei que pareço um pouco assustador, mas não se preocupe, sou um cara paz e amor. — Sua aparência bárbara era um contraste em relação a sua personalidade. — Sou um guerreiro de quinto grau.
— Barcímio, prazer. — disse o homem alto e magro, com cabelos pretos lambidos para trás e olhos fundos que transpareciam uma tristeza profunda. Ele acenou brevemente, preferindo o silêncio à conversa. — Sou um mago-purista de quinto grau.
— Desculpa perguntar, mas o que é um mago-purista? — Após Levi fazer tal pergunta, todos, exceto Barcímio, riram.
— HAHAHA! Viu, Barcímio? Não é só nós que não sabemos o que é um purista! — comentou Bob, tirando sarro de Barcímio.
— Por que ninguém sabe o que é um purista? — resmungou Barcímio, para si mesmo — Existem várias subclasses oriundas de um mago. O purista é uma delas. A nossa peculiaridade é o uso apenas da magia para ataque e defesa.
Levi balançou a cabeça, como se entendesse a explicação de Barcímio.
Anna, uma mulher com cabelos loiros até os ombros e olhos verdes brilhantes, foi a próxima. — Meu nome é Anna, eu sou uma maga-invocadora de sétimo grau. Se precisar de ajuda pode contar comigo
— Primeiramente, gostaria de me desculpar por duvidar de você. Seja bem-vindo ao nosso grupo. — disse a ruiva de olhos castanhos, um pouco envergonhada de si mesma. — *Tosse forçada* Enfim, meu nome é Hanna Milena, mas prefiro que me chamem pelo segundo nome. Sou uma curandeira com o mesmo grau de habilidades que Anna.
— É um prazer conhecer vocês, pessoal. — disse Levi, se sentindo acolhido.
— Eu estava ansioso para vê-lo em ação contra Andariel, é uma pena estar tão cansado. — disse Bob, em um tom brincalhão. — Mas enfim… VAMOS COMEÇAR O BANQUETE!
A noite era uma criança para Levi e seus novos companheiros. Diferente dos outros membros que mergulhavam de cabeça na cerveja, ele optou por beber apenas um bom suco de laranja, aproveitando a energia vibrante da taverna. O ambiente estava animado, cheio de risos e histórias de batalhas gloriosas, até que a porta se abriu com um estrondo.
Quatro homens entraram na taverna, eles usavam armaduras que tinham um símbolo do sol nascente e espadas presas nas cinturas. O mais alto e mais velho deles, com um olhar arrogante, avançou.
— Fiquei sabendo que o covarde retornou para Petrovski. Onde ele está? — A voz do soldado interrompeu a euforia da caverna, que silenciou imediatamente. Seus olhos varreram o local, até encontrarem a mesa onde estavam Norman e seu grupo. — Ali está ele!
Os soldados avançaram em direção à mesa de Norman. Levi, confuso, sentiu o clima de alegria ser substituído por um de tensão pesada. Os estranhos puxaram cadeiras e se sentaram, ocupando o espaço sem a permissão do grupo.
— Olá, Norman. Você veio para Petrovski e não veio me ver? Eu fiquei bem chateado, sabia? — disse o líder dos soldados, Christian, em um tom de ironia.
— O que você quer, Christian? — Norman manteve-se calmo, embora seus companheiros demonstrassem olhares de desaprovação para o grupo recém-chegado.
— Não posso dar um oi a um velho companheiro de batalha? — Cristian apoiou seu braço no ombro de Anna com uma intimidade forçada. — A propósito, belas companheiras você tem, hein?! Agora eu sei porque você trocou o exército real pela Associação. Aposto que fazem bem mais do que caçar demônios, se é que vocês me entendem. HAHAHAHA!
Anna ficou visivelmente incomodada, a situação era tão desesperadora que ela não sabia como reagir. Milena cerrou o punho e estava a um passo de ir para cima dos cavaleiros reais, mas Barcímio pegou em sua mão e fez sinal de negação com a cabeça, para que ela não agisse de forma compulsiva.
— Elas são apenas minhas parceiras de caça, ponto. Nada mais do que isso — Mesmo diante da provocação, Norman não deixou o ódio transparecer. — E você sabe muito bem o motivo de eu ter saído do exército real.
— A propósito, aquele garotinho é o seu novo recruta? — Cristian apontou com a cabeça na direção de Levi.
— Sim, ele foi reconhecido como um despertado pela Associação.
— Vocês estão tão desesperados assim, ao ponto de recrutar crianças? — Christian parecia querer desequilibrar Norman a todo custo.
Norman suspirou, tentando manter a calma. Mas antes que pudesse responder, Bob levantou-se bruscamente e deu um tapa no braço de Christian, afastando-o de Anna.
— Fale o que você quer de uma vez, caralho! — Bob se projetou para cima de Christian, diferente de Norman, seus olhos ardiam de raiva e suas veias saltavam em sua testa.
— Quem você pensa que é…?! — Um dos cavaleiros começou, mas Christian levantou a mão, impedindo-o de avançar.
— Você deve ser Bob, o bárbaro. Me lembrarei do seu rosto. Farei se arrepender de mexer com um subtenente do exército real! — Depois do aviso, Christian e seus capangas saíram da taverna, deixando o ambiente mais leve.
— O-obrigada, Bob. — agradeceu Anna, ainda assustada.
— Não há de que, Anna. Esses soldados reais se acham só porque recebem apoio da monarquia de Constantino. São apenas vermes que protegem a nobreza, nada mais do que isso. — Bob sentou-se novamente, se acalmando depois do estresse. — Ei, Norman. Por que você não fez nada? Você ia deixar mesmo esses lixos humilharem seus parceiros?
— Perdão, pessoal. Eu só achei que seria mais inteligente não revidar e evitar um conflito contra cavaleiros reais. A retaliação poderia ser grande para todos nós.
— Caramba, eu achei que todos os despertados fossem amigos — comentou Levi.
— HAHA! Desde que ocorreu a Guerra pelo Poder não há harmonia entre nós — disse Bob — Existem dois tipos de despertados: Os associados, que antigamente eram chamados de superpebleus, e os pró-monarquicos. A diferença é simples, nós saímos da zona segura para matar demônios, e eles se escondem atrás das muralhas, com a única função de proteger a nobreza, sacou?
— E também não temos as regalias que eles têm. — Acrescentou, Milena.
— Acho que entend… — Repentinamente, Levi sentiu um aperto no peito. Ele colocou sua mão sob a região dolorida. — ARGH!
“Eu não posso me destransformar, não agora!”, Levi conseguiu conter a sua transformação, no entanto, o preço disso era o aumento latente da dor aguda em seu peito.
— Ei, Levi. Está tudo bem!? — perguntou Milena. Todos olhavam com preocupação para ele.
— Está tudo bem, foi só uma pontada no peito. Às vezes acontece. Hehe
— Justo, ele dormiu dentro de um demônio, duvido que tenha descansado bem. Acho melhor voltarmos para o dormitório para que ele possa ter um repouso adequado — sugeriu Anna, e todos concordaram com ela.
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