— Santo Deus… — murmura um militar em um grande porta-aviões, observando a nave colossal estática sobre o oceano enquanto uma frota com inúmeros outros navios militares se aproximam.
— Ainda não parece real… — Outro militar comenta, com um olhar incrédulo.
— Mesmo estando tão distante da superfície, ainda parece tão grande…
— Assustador… Nós não vamos atacar aquilo, vamos?
— Eu não sei.
De repente um terceiro marinheiro se aproxima, ofegante.
— Comandante, senhor! Temos um problema… Um grande problema!
— Um problema?
— Os sistemas de controle das peças bélicas das embarcações, senhor… Não respondem! Todos os navios estão reportando esse problema!
— O QUE VOCÊ DISSE?! — indaga, quase engasgando.
— Não temos ideia do que está havendo, senhor… Os encarregados pela manutenção já estão procurando a causa!
— NÃO ME VENHA COM ESSA, PRECISAMOS DESSAS ARMAS! ISSO JÁ FOI REPORTADO AOS SUPERIORES?! — grita enquanto agarra o subordinado pelo colarinho.
— Sim, senhor! Inclusive, chegou até nós que… Além dos veículos de combate… Nenhuma das aeronaves em terra funcionam… — Ele comenta enquanto lentamente se vira na direção dos caças transportados com eles.
— Nem fodendo… — O comandante sussurra incrédulo.
— Ei… Senhor… — diz o militar que estava em silêncio, apontando para o céu noturno — Veja…
Nove objetos cruzam o céu na direção da nave, deixando um rastro luminoso para trás.
Alguns minutos depois outro objeto é avistado percorrendo o mesmo caminho.
— Chegamos — anuncia Halley após pousarem.
— Todos eles já estão em suas cápsulas, certo? — Íris pergunta, levantando do seu acento.
— Sim.
— É… Aonde nós… Estamos? — questiona timidamente.
— Veja você mesmo — fala a mulher enquanto a porta do veículo se abre revelando o interior de um dos compartimentos da grande espaçonave, semelhante a um salão, vazio e mal iluminando.
— Ah… Entendi…
— Por aqui — Halley indica o caminho enquanto anda até uma espécie de elevador, que se abre em espiral.
— Já selecionaram o primeiro deles? — Íris pergunta, firme com sua postura confiante.
— Ainda não tenho informações sobre a seleção dos meus mestres. Precisaremos aguardar mais.
— Temos uma noite para terminar os preparativos.
— Exato.
— Pe-pessoal… Bem… O que está acontecendo? — James pergunta relutante.
— Em resumo, estamos finalizando a preparação de seus competidores e aguardando informações para o emparelhamento de cada um, com base na ordem em que meus criadores escolherão lutar. Estamos nos dirigindo à nossa cabine. Nove dos dez competidores estão atualmente repousando em cápsulas especiais em outra região da nave, esperando por sua convocação. Isso é tudo.
— A-ah… Obrigado pelas… Informações…
— É aqui? — questiona Íris assim que a porta se abre.
— Sim — Halley responde adentrando o lugar. Uma sala relativamente grande, semelhante a um laboratório, porém com uma tecnologia completamente diferente da humana, além de uma tela enorme em um dos cantos. A iluminação é fraca, feita por faixas luminosas nas paredes. Quase tudo é constituído por um material metálico cinzento.
James observa impressionado, vagueando desnorteado naquele ambiente.
— Espera… E os seus… “Criadores”? Eles estão… Por perto?
— Não. Seu compartimento se encontra em outra sessão da espaçonave, não há o que temer.
— Entendo… — diz aliviado, esfregando suas mãos suadas.
— Sobre o tal “material de reforço” do qual você falou, Halley…
— Bem aqui — Ele responde parado ao lado de algo parecido com um freezer, que se abre lentamente.
Dentro do compartimento estão vários objetos misteriosos enfileirados.
— Essas coisas realmente vão servir de algo? — Íris questiona, pegando uma pequena cápsula semelhante a um comprimido.
— O responsável garante que sim. O mesmo já entregou os armamentos requisitados por cada representante — fala enquanto um tipo de prateleira surge do chão com variados tipos de armas dispostas em suportes separados.
— Que horror… — James sussurra, pondo a mão sobre a boca — Eles vão realmente… Lutar usando armas reais…
— Certamente. O resultado de cada combate será um dos competidores morto ou rendido, portanto, é essencial que-
— As lutas serão até a morte ou desistência, James — Íris interrompe, claramente sem paciência.
— Meu Deus… Mas…
De repente uma voz ecoa na sala, chamando pelo nome de Halley em uma língua completamente desconhecida. Ao olharem na direção da grande tela, se deparam com a face de uma criatura quase que sobrenatural.
De pele cinza, com marcas lineares perfeitamente simétricas por todo o rosto e sulcos formando círculos ao redor dos olhos, que por sua vez possuem os globos negros e pupilas brancas além de um formato afiado. Um aparelho acoplado aonde deveria estar a boca e o nariz como uma máscara, sem orelhas e nem cabelo. Apesar das características assustadoras, a entidade, em alguns aspectos semelhante a um humano, não esboça um semblante ameaçador.
“Que… Que… Que porra… Que porra é… É… É essa…” James pensa, sem ser capaz de mover um músculo enquanto encara aquela imagem.
Íris também observa em silêncio, sem esboçar o medo que sente internamente.
A voz grave do ser troca palavras com Halley num tom apático por quase dois minutos, antes que a figura desapareça da tela.
— Sobre… O que estavam falando? — A mulher pergunta após alguns segundos, com a voz um tanto fraca.
— O primeiro combate ocorrerá pela manhã, assim que sua estrela se tornar visível da onde estamos.
— Quem… Quem era… Ele? — James questiona, ainda assustado, trêmulo.
— Fobos. Um dos meus mestres.
— Eles já se decidiram sobre quem irá participar da primeira luta? — questiona Íris, se recompondo.
— O próprio Fobos.
— Essa informação é confiável? O que garante que não estão blefando?
— Eles não mentem quando se trata de um combate.
— Tudo bem… Então temos tudo o que precisamos. Vamos decidir — Ela fala enquanto caminha até a prateleira de armas — Qual será o primeiro humano a lutar nessa competição.
