Fobos observa o homem caído sem mover um músculo sequer.
— Isso… Foi… De cair o queixo… — Steen fala, olhando para o céu.
Lentamente ele se levanta com um pouco de sangue escorrendo de algumas pequenas feridas nos seus braços, peito e rosto. A parte frontal do seu traje agora está bastante danificada, e seu capacete caído a vários metros.
“ELE SE LEVANTOU! STEEN ANDERSEN ESTÁ DE PÉ NOVAMENTE!”
Com as palavras do locutor e a visão do homem se reerguendo, as pessoas que assistem a luta entram em um estado de alívio, já imersas no clima daquele evento surreal.
— Tsc… Eu vacilei… Essa pancada doeu pra caramba — fala, esfregando a cabeça de leve.
— Impressionante, humano — diz Fobos, assumindo a mesma posição de salto.
— Ah? Já vai fazer de novo?
Ele então dispara mais uma vez, encurtando a distância rapidamente. Em resposta o homem arremessa uma das machadinhas, enquanto joga seu corpo para o lado. Fobos deflete a arma arremessada, e desfere um golpe contra Steen, porém ele consegue tomar distância a tempo de evitar ser atingido.
— Você parece mais lento, alienígena! — provoca com um sorriso presunçoso, retomando sua postura.
— Não é esse o caso… — responde após se reposicionar.
“Aquele golpe… Me deixou meio desnorteado… Não devo conseguir acertar nada por enquanto… Que frustrante…” Andersen pensa.
— Não devia ter arremessado sua arma…
— Não se preocupe, eu só preciso pegá-la de volta.
— Você não vai conseguir….
— Hã? Como é? — Ele pergunta em tom de deboche, colocando sua mão em volta da orelha.
— Você não tornará a pegar aquela arma — diz o ganniano, apontando para a machadinha caída a alguns metros de Steen.
— Ah, é? Pois bem então.
O homem começa a caminhar tranquilamente na direção da arma, dando as costas para Fobos, que por sua vez esboça surpresa vendo a audácia do adversário.
— Seu cérebro deve ser mal desenvolvido… — murmura antes de disparar outra vez, agora correndo atrás do humano.
— ATACANDO PELAS COSTAS?! — grita, se virando prontamente como se já esperasse aquilo, apontando sua arma na direção do oponente que para na frente da lâmina.
Mesmo sem atingir o alvo o homem sorri, antes de uma intensa rajada de fogo ser propelida da ponta como um lança-chamas, obrigando Fobos a se distanciar.
— HAHAHA! EU TAVA MALUCO PRA SABER A FUNÇÃO DESSE BOTÃO! — grita enquanto pressiona um pequeno botão no cabo da machadinha.
“Não esperava essa reação… Mas agora conheço melhor suas armas…” Fobos pensa enquanto se afasta, buscando apagar as chamas que envolvem seu corpo.
“Ma-Mas como?! De-De repente Steen surpreende o inimigo usando… Usando chamas?! De onde aquela rajada flamejante surgiu?! Não posso acreditar! Ele esteve escondendo essa habilidade até agora?!”
— Não há volta, seu miserável. Você e sua maldita raça invasora encontraram o pior adversário possível… — fala enquanto torna a caminhar na direção da outra machadinha — Um Viking!
— Quanta… Confiança… — murmura já livre das chamas — Não acha que deveria correr… Ao invés de caminhar…?
Ele começa a balançar sua clava para frente e para trás, aumentando a velocidade gradativamente.
— Se prepare…
De repente o ganniano golpeia o chão e, da mesma forma que antes, algo como uma explosão ocorre. Inúmeros detritos voam na direção de Andersen, carregados por uma ventania intensa.
— Mas o que?! — indaga, se protegendo com os braços, com sua visão e movimentos limitados por alguns segundos.
Se aproveitando do momento de vulnerabilidade Fobos avança pelo meio daquela bagunça, se aproximando do homem rapidamente, que apenas ergue sua machadinha para o alto em um movimento aparentemente sem propósito.
Com sua clava agora sem nenhum sinal do brilho roxo, ele acerta o tórax do oponente, que novamente é impulsionado para trás.
— Quanta resistência… — fala vendo Steen parar de pé mesmo após ter sido atingido em cheio.
— Quanto… Foco… — responde ofegante, sorrindo mesmo com uma boa quantidade de sangue escorrendo por sua boca.
“Olhem… Olhem… OLHEM PARA ISSO! COMO FOI ACONTECER? AS COISAS ESTÃO DESENROLANDO RÁPIDO DEMAIS! ISSO É… SIMPLESMENTE SOBRE-HUMANO! FOBOS PARECE NEM SEQUER TER NOTADO… MAS…”
— Eu só precisei aplicar um pouquinho de força… E soltá-la… — explica Andersen, apontando para sua machadinha cravada no trapézio esquerdo de Fobos. — Novamente, minha mira me impediu de te matar…
Percebendo o que aconteceu ele se surpreende, para então remover friamente a arma de seu corpo.
— Mas que absurdo… Eu não vi isso aqui… Admito que é uma situação bem alucinante… — fala, observando a lâmina suja com seu sangue — Mas o que fará, agora que está desarmado?
“Essa aberração… Ele ao menos está sentindo dor? Será que esse dano realmente vai ter algum efeito…?” Steen pensa, chocado com a reação do ganniano.
— Não é óbvio? — Ele responde antes de começar a correr na direção da outra machadinha, agora bem mais próxima.
— Esperou muito para correr… — sussurra, com um olhar sombrio.
Fobos arremessa a machadinha que tem em mãos mirando a cabeça do homem, que se joga no chão para evitar o ataque.
— Quanto desespero, hein? — Andersen debocha estirado no chão, apanhando a arma que foi arremessada. — Certo, agora só falta a outra.
— Como eu disse… Você não vai recuperar aquela arma.
A clava torna a emitir o mesmo brilho roxo, novamente perceptível.
— De novo… Que porcaria é essa…? — O homem sussurra, agora agachado.
— Meu dever é realizar as vontades dos meus governantes. Eles o querem morto, portanto eu, Fobos, o matarei antes mesmo que possa tocar aquela arma de novo… — diz enquanto caminha na direção de Steen, agora com um semblante bem mais ameaçador.
“Realmente… Ele não perderia para um urso…”