A segunda fase do exame, o teste de controle mágico, foi planejada para ser uma das mais difíceis e exigentes, não apenas por sua natureza delicada, mas também pela necessidade de concentração absoluta. As crianças não apenas teriam que controlar sua mana, mas também demonstrar um domínio preciso de suas habilidades em um ambiente onde cada movimento exigia precisão cirúrgica. O labirinto, formado por paredes translúcidas que brilhavam com uma leve luz azulada, parecia simples à primeira vista. No entanto, conforme os participantes se aproximavam, era possível perceber que o percurso mudava levemente, tornando cada tentativa única e desafiadora.
Os instrutores instruíram as crianças enquanto ajustavam os pilares mágicos que sustentavam o labirinto. Cada participante receberia uma esfera de mana que flutuava à sua frente. Essa esfera, aparentemente inofensiva, exigia um controle extremo para ser movida pelo percurso sem tocar nas paredes. Qualquer toque, mesmo que mínimo, resultaria em uma eliminação imediata e visível, com a esfera emitindo um brilho vermelho.
“As regras são simples”, disse o instrutor principal. “Cada um de vocês deverá guiar a esfera de energia pelo labirinto, sem deixá-la tocar nas paredes. A esfera deve ser controlada apenas com sua mana. Se bater em qualquer parede, vocês serão imediatamente eliminados. O objetivo é fazer com que a bola atravesse o labirinto no menor tempo possível, mas lembrem-se: rapidez sem controle levará à falha.”
Havia diversas crianças que não sabiam como utilizar magia, o que tornava esse teste bastante desvantajoso para elas. “Senhor, mas nem todos sabemos como usar magia, como faremos este exame?”, perguntou uma das crianças que não conseguia usar sua magia.
“Isso não é problema nosso. Não sou seu pai, não espere que eu resolva todos os seus problemas. Se não quiser ter uma colocação ruim, sugiro que aprenda a usar sua magia antes que o exame comece”, disse o sênior friamente.
As crianças ricas, ao ouvirem os comentários do instrutor, não fizeram questão de esconder suas risadas de escárnio, principalmente Viserys: “Que bando de lixos”, disse o garoto friamente.
Além da exigência de precisão, o labirinto estava repleto de desafios adicionais. Em alguns pontos, o espaço entre as paredes era tão estreito que a esfera precisaria ser manipulada para se encolher e passar pelas pequenas aberturas, sem encostar em nada.
Viserys foi o primeiro a ser chamado para o teste. Ele caminhou calmamente até o centro do labirinto e, com um leve movimento de sua mão, começou a mover a esfera à sua frente. Seus olhos estavam fixos no caminho, e ele mantinha uma postura de completa concentração. A esfera flutuava suavemente, evitando as paredes com precisão impressionante. Ele não havia dito seu sobrenome, mas vinha de uma das famílias reais, mais precisamente ele era um dos filhos dos Lances, então o seu controle sobre magia era anormal, apesar de ser um domador.
Quando chegou à primeira curva apertada, Viserys ajustou a velocidade da esfera, desacelerando-a levemente para garantir que não tocasse nas paredes. Ao passar pelos estreitamentos, ele demonstrou controle absoluto, manipulando a esfera para que ela fosse comprimida, evitando tocar em qualquer parede. No final do teste, ele terminou o percurso em dois minutos e meio, sem cometer nenhum erro.
Luna foi a próxima. Ela movia sua esfera com uma elegância e velocidade que parecia quase como se estivesse movendo o próprio corpo. A esfera deslizava pelo labirinto com fluidez, evitando as armadilhas com leveza e agilidade. Quando chegou às zonas de estreitamento, ela encolheu levemente a esfera, permitindo que ela passasse como se nada tivesse mudado. Passou pelas flechas de luz com a mesma suavidade, terminando o teste em dois minutos e vinte segundos, também sem erros. Sua performance foi uma das mais impressionantes do dia.
O que era ainda mais surpreendente era que Luna não era de nenhuma família proeminente, ou melhor, seu nome não permitia concluir isso.
Quando chegou a vez de Kaelion, ele estava visivelmente mais nervoso. Ao contrário de Viserys e Luna, ele nunca havia treinado controle de mana de forma tão delicada, e muito menos havia sido ensinado. Suas habilidades haviam sido desenvolvidas com base em um treinamento muito rústico, focado em combates mais simples, nada muito elaborado. O teste de controle era, sem dúvida, a maior dificuldade pela qual ele iria passar.
Kaelion caminhou até o centro do labirinto, tentando manter a calma. Ele estendeu a mão para a esfera e, com algum esforço, a fez flutuar. Desde o início, a esfera oscilava levemente, um sinal claro de que Kaelion estava lutando para mantê-la minimamente no ar sem despencar no chão. Sua falta de prática era evidente.
Quando chegou à primeira curva, Kaelion tentou de todas as formas ajustar a trajetória da esfera, mas ela se aproximou demais da parede. Com um leve toque, a esfera brilhou em vermelho, indicando que ele havia sido eliminado. Ele sequer conseguiu chegar perto das partes mais difíceis.
Algumas crianças, ao perceberem que ele havia sido eliminado pateticamente, não deixaram de fazer uma espécie de bullying. A maioria já estava bem descontente com esse desconhecido que havia chamado muita atenção no dia anterior.
“Impressionante, muito impressionante. HAHAHAHA. Quer dizer que esse é o controle do incrível pupilo do Mestre da guilda?”, disseram algumas crianças. Viserys não conseguiu esconder seu nojo e desprezo por Kaelion: “No seu lugar, eu me mataria depois de uma atuação tão porca. Isso evitaria que você desonrasse ainda mais o nome do Mestre da guilda. Lixo.”
Kaelion ficou extremamente assustado com uma reação tão hostil. Ele nunca havia feito nada para aquelas crianças, ele sequer as conhecia. Essa foi a primeira vez que ele sentiu a crueldade e o escárnio daqueles que se sentiam superiores aos outros em razão de suas grandes e importantes famílias.
Kaelion não conseguiu completar o labirinto. Seu rosto estava visivelmente frustrado, ele acreditava que todo o treinamento com sua mana que ele fez ao longo de Valeryn até a academia seria mais do que o suficiente para ele se destacar. Mas, infelizmente, ele não poderia estar mais enganado.
Os instrutores ficaram extremamente desapontados com a performance de Kaelion. Eles entendiam que a falta de experiência e treinamento era o principal motivo de seu fracasso, mas isso não impedia que se desapontassem.
Enquanto outros alunos comemoravam suas pontuações, Kaelion se manteve em silêncio, tentando manter a calma. Ele sabia que ainda teria mais uma etapa de teste e precisaria estar bem para ter uma boa colocação. No entanto, era extremamente visível a frustração em seu rosto.
Após todos os alunos concluírem o teste, os instrutores reuniram as crianças para anunciar os resultados. Luna ficou em primeiro lugar, seguida de perto por Viserys. Os 50 primeiros colocados foram inseridos no grau avançado.
Aqueles que conseguiram ficar até a posição trezentos seriam colocados no grau intermediário. Os demais, incluindo Kaelion, como esperado, ficaram alocados como novatos. Sua pontuação como novato foi extremamente prejudicial para a sua colocação efetiva, e isso poderia fazer com que ele não conseguisse entrar na turma avançada de uma só vez.
O instrutor principal então se dirigiu aos alunos: “O teste de controle mágico é uma das habilidades mais difíceis de dominar, mas também uma das mais importantes para quem deseja alcançar altos níveis como domadores. Alguns de vocês demonstraram grande talento, enquanto outros ainda têm um longo caminho a percorrer. Lembrem-se: a prática leva à perfeição.”
Para Kaelion, aquele foi um momento de muita frustração e decepção. Mas ele estava determinado a superar suas limitações e se tornar tão habilidoso quanto seus colegas. Para isso, ele iria treinar e estudar mais que qualquer um.