Na terceira e última fase do teste, as crianças precisariam demonstrar suas habilidades de combate com suas bestas. Essa fase era bastante desafiadora e perigosa, pois, embora as armas fossem feitas de ferro negro e projetadas para treinamento — incapazes de matar — o controle de suas bestas seria fundamental. O ambiente consistia em algumas arenas circulares, cercadas por muros altos protegidos por runas mágicas que impediam qualquer magia de atingir os espectadores. Cada domador teria que enfrentar outro, utilizando suas bestas, e deveria tentar dar suporte para derrotar o oponente, mas sem matar a criatura adversária. Outra forma de vitória seria nocautear o invocador ou incapacitar o oponente.
As crianças se alinharam ao redor das arenas, cada uma esperando sua vez de entrar em combate. No centro, a terra das arenas já estava marcada pelos confrontos anteriores, mostrando sinais de destruição e rastros de magia. As arquibancadas, cheias de instrutores e outros alunos, vibravam com expectativa. O instrutor sênior explicou as regras com clareza:
“Vocês lutarão com suas bestas. Cada domador deve apoiar sua criatura, tentando controlá-la ou criar estratégias para a batalha. Vocês também podem utilizar magias ou até mesmo lutar ativamente. O objetivo é incapacitar a besta ou o domador do oponente. Não é permitido tentar matar o adversário ou suas bestas. Caso alguém infrinja as regras, será imediatamente desclassificado.”
Cada criança tinha um breve momento para conjurar sua besta antes de cada luta. A maioria das crianças iria apenas controlar e apoiar suas bestas à distância, pois esse era o método mais seguro e inteligente, já que suas criaturas eram mais poderosas fisicamente do que elas.
Outro ponto complexo era que nem todas as crianças já tinham suas próprias bestas companheiras. Elas foram imediatamente eliminadas.
“Quem não tiver uma besta companheira, favor não sair da arquibancada. Vocês estão imediatamente eliminados e serão alocados na turma novata. Mas não se preocupem, a academia vai ajudar vocês a conseguirem sua primeira besta”, disse o instrutor.
A primeira luta seria entre Garren, um garoto robusto com habilidades de controle de fogo, contra Leida, uma jovem ágil com forte afinidade com o vento. Garren convocou sua besta, o Touro de Chamas Rubras, uma criatura maciça e poderosa, com corpo coberto por um couro extremamente espesso, de cujos chifres saíam pequenas chamas. Claramente, era uma criatura de Tier Soldado. Já Leida convocou uma Águia da Ventania, um pássaro enorme que conseguia controlar levemente os ventos, criando pequenas lâminas de ar. Suas penas tinham uma cor esverdeada nas pontas, e ela também estava no Tier Soldado.
A luta começou intensa, com Garren ordenando que seu touro avançasse com um golpe direto de seus chifres. No entanto, a águia simplesmente levantou voo, desviando do ataque do touro. Ela começou a atacar com pequenas lâminas de vento, que não causavam muito dano, mas foram drenando a estamina do touro aos poucos. O que ambas as crianças não perceberam era que elas também deveriam participar ativamente da luta, seja atacando seus adversários ou prestando suporte.
O touro, exausto e incapaz de fazer qualquer coisa, tornou-se um alvo fácil para a águia. Quando o touro estava prestes a desabar, a águia se lançou sobre ele, cravando suas garras nas costas do touro e pressionando-o contra o chão.
No momento em que a águia ia cravar o bico no pescoço do touro, Garren admitiu a derrota com um olhar amargo. Leida parou seus ataques e recuou, cansada, mas vitoriosa.
Em outra arena, Luna, com sua imponente Serpente do Eclipse — uma criatura de quinze metros com escamas prateadas e olhos amarelados, que brilhava com uma leve aura esverdeada — já havia alcançado o Tier Comandante. Ela enfrentava Alaric, que trouxe à arena um Javali de Pedra, uma besta pesada e robusta com uma carapaça impenetrável. No entanto, o javali estava no Tier Soldado.
“Eu me rendo”, disse Alaric antes que a luta começasse, claramente apavorado com a criatura de Tier Comandante.
“Lixo, que lixo enorme!”, gritou Viserys de longe, incapaz de suportar a visão de um covarde.
Após algumas lutas sem muita importância, chegou a vez de Kaelion.
Kaelion estava nervoso. Diferente dos outros, ele não iria apenas deixar Black lutar sozinho. Ele estava acostumado a lutar em conjunto com seu lobo. Assim que foi chamado para o confronto, Kaelion invocou Black, que surgiu com uma aura sombria envolta em seu peito e garras de onde pequenas chamas emanavam. Ele tinha um ar de extrema ferocidade e parecia muito mais agressivo que as outras bestas, com uma aura de perigo que o cercava. Black estava começando a desenvolver uma sede de sangue devido às diversas batalhas que já havia enfrentado.
“Esse lobo é estranho. Parece já ter participado de diversas batalhas. A sede de sangue dele é muito forte para uma besta de uma criança tão jovem. O que esse menino passou?”, comentou o instrutor sênior, intrigado.
A arena ficou em silêncio quando Kaelion foi chamado para sua luta. Ao lado dele, Black já causava inquietação nas outras crianças. O adversário de Kaelion era Jonas, um jovem com forte controle sobre magia terrestre, que invocou um Ursus Ferox, um urso imenso com pelagem de pedra, força descomunal e habilidade de criar pequenos tremores de terra. O ursus já havia alcançado o Tier Elite.
Assim que a batalha começou, Jonas usou sua magia para criar tremores no chão, tentando desestabilizar Kaelion e Black. O ursus avançava, usando suas patas pesadas para golpear o chão e lançar pedras contra Black. No entanto, Kaelion, ao contrário dos outros, não ficou apenas à distância. Ele avançou com uma velocidade sobre-humana, desferindo um golpe lateral com a lança de treinamento, desviando das pedras. Black recuperou o equilíbrio e avançou velozmente. Uma pedra voou em direção a Kaelion, mas ele ergueu uma parede de sombra com sua mana para se proteger, enquanto Black, com suas Lâminas de Sombra Infernal, atacava o urso diretamente, causando cortes profundos na pele de pedra.
O combate estava feroz. Enquanto Jonas tentava segurar Black com suas rochas, Kaelion atacava os flancos do ursus com grande precisão. As garras de Black brilhavam com sombras flamejantes, e, em um movimento combinado, Kaelion e Black conseguiram desestabilizar o gigante, fazendo-o cair de joelhos. Black atacou novamente com suas garras, e o urso entrou em combustão, embora por sorte sua alma não tenha sido danificada.
Jonas tentou contra-atacar com um feitiço de terremoto, mas Kaelion, usando estacas de sombra, desarmou-o antes que pudesse completar o encantamento. Com o ursus ferox exausto e incapacitado, Jonas foi forçado a admitir a derrota. O instrutor conjurou uma habilidade de água para apagar as chamas.
“Esse jovem é muito bom. O estilo de luta dele é diferente. Apesar de seu controle sobre a mana ser fraco, ele a utiliza de maneira criativa na luta, além de seus instintos serem extremamente afiados”, comentou o instrutor, admirado.
O instrutor anunciou o fim da luta. Kaelion, ofegante, olhou ao redor. Ele havia vencido, mas de uma maneira que nenhum dos outros participantes havia imaginado. Somente ele havia realmente lutado como uma unidade com sua besta, demonstrando ser um verdadeiro domador.
Após várias lutas, a maioria dos alunos mostrou que preferia deixar suas bestas lutarem sozinhas, fornecendo apenas suporte mágico. Mas Kaelion, ao lutar diretamente com Black, trouxe uma nova dinâmica para os combates. Os instrutores perceberam que, apesar de ele ter um longo caminho pela frente em termos de controle mágico, sua habilidade de lutar ao lado de sua besta era algo raro e valioso.
Como a maioria das crianças não tinha uma besta, menos de cem crianças precisaram lutar, e aquelas que ganharam suas lutas rapidamente não precisaram lutar novamente.
“Essa fase mostrou o verdadeiro potencial de cada um de vocês”, disse o instrutor principal, enquanto as crianças se alinhavam para ouvir os resultados. “Alguns de vocês se destacaram pelo controle mágico, outros pela estratégia. E Kaelion… você lutou de maneira diferente de todos, mostrando coragem e sincronia com sua besta. Parabéns.”
Com isso, Kaelion se sentiu muito orgulhoso.