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Já pela noite, após fechar a oficina, o Sr. Alexodoro nos levava para sua casa em uma pequena caravana. Como sempre, as privilegiadas pegaram os assentos de frente, enquanto eu e o Zernen ficávamos deitados na parte de trás da caravana.

“Acho que isso já é algo pessoal.”

Pensava nisso, enquanto observava as estrelas do céu. Estava um pouco frio aqui atrás, o vento que soprava arrepiava o meu corpo.

— A lua está tão linda não acha, Zernen? — perguntei, olhando para aquela esfera brilhante, mas Zernen sequer comentou algo. — Zernen?

— Fala. — Zernen continuou com os olhos fitos no céu azulado.

— Você tá no mundo da lua por acaso?

— Eu só estava pensando que eu não quero ir para lá no norte de Hengracia.

— Ué, por quê?

— Problemas familiares.

— Uma hora ou outra você teria que regressar.

— Mas eu não queria que fosse agora.

— Mas não se preocupe, porque dessa vez eu estarei contigo! — Levantei o polegar.

— Valeu! Eu sabia que poderia contar com o meu parceiro de negócios.

Dei um sorriso, olhando para um conjunto de estrelas no céu. Se bem lembro, elas formavam a constelação de Órion, um guerreiro antigo da mitologia grega que teve o azar de virar constelação.

— Jarves! Olha! Olha! — Zernen apontou para um conjunto de estrelas, que eu não conseguia indentificar o tipo de constelação.

— O quê?!

Parecia que eu não era o único com interesse em constelação.

— Aquela estrela dourada parece uma moeda de ouro!

Ah

“Por que esse miúdo só pensa em dinheiro?”

— Zernen, posso te fazer uma pergunta?

Nossos olhos se encontraram.

— Hum, pode sim.

— Por que você gosta tanto de dinheiro?

— Porque dinheiro é bom demais!

— É sério que essa é a razão?

— Algo mais?

— Não. — Balancei a cabeça, voltando a observar as estrelas enquanto o som criado pelas rodas da caravana ressoavam pelo meu ouvido. — É a sua cara mesmo.

— E você?

Nossos olhos se encontraram novamente.

— Eu o quê?

— Por que você gosta de dinheiro?

— Porque dinheiro é bom demais! Dããn!

— É por isso que a nossa parceria funciona!

Rimos um da cara do outro por longos minutos e quando demos por nós, já havíamos chegado a casa do Sr. Alexodoro. Uma casa réis-do-chão bem normal, feita de madeira e pedra. É, eu sei. Nem dava para acreditar que esse tipo de casa pertencia a um aventureiro rank S aposentado.

Quando perguntei ao Zernen o porquê do Sr. Alexodoro não ter arranjado uma casa digna de um aventureiro rank S, ele simplesmente respondeu: “O vovô gosta de coisas simples.”

Obviamente, como sempre, não levei Zernen a sério e fui tirar satisfação com o proprietário da casa.

Sr. Alexodoro disse que não queria ser alvo de perseguições por parte de pessoas (o que fazia sentido), que já havia se aposentando há bastante tempo, e que, vivendo daquela forma, poucas pessoas acreditariam realmente que ele era um aventureiro rank S.

E assim se apagou a chama do aventureiro Alexodoro em meio aos olofotes.

— Essa casa me traz lembranças da minha — disse Theresa, admirando aquela construção simples. — Tão simples.

— É, a minha também… — murmurei.

— Não sabia que você já teve uma casa, Jarves! Wow! Isso é impressionante! — Zernen sorriu. Dei um sorriso forçado em resposta.

— Pensando bem, nunca chegamos a aprofundar sobre esse assunto naquele dia, Jarves. — Meredith lembrou como se fosse ontem.

Eu havia estragado tudo de novo com a minha maldita língua.

— Interessante… Eu quero saber sobre essa sua história.

Só me faltava essa! Graças a Theresa, Zernen e Meredith começaram a cantar em uníssono uma melodia irritante demais! 

— Conta! Conta! — Eles batiam as palmas freneticamente.

Mas o senhor Alexodoro milagrosamente me salvou. Depois de tanto tempo tentando abrir aquela porta encravada, ele conseguiu.

— Entrem.

— Vocês ouviram, não é? Vamos entrar! — Sorri, sendo o primeiro a correr para entrar naquela casa.

— Ainda vamos te apanhar! — gritou Theresa.

— Isso! Isso! Não se foge do passado! Uma hora ou outra você terá que contar!

— Nem a pau! — gritei de volta.

Já dentro daquela casa simples, me acomodei no sofá. Estava cansado demais, dormir na madeira não era algo tão fácil assim; meu corpo todo estava doendo. Pelo menos o interior da casa do Sr. Alexodoro era bem organizado e arrumado; com objetos de muito valor espalhados pela sala.

Aquela casa me trazia lembranças da minha. No lugar onde deveria estar a TV, estava uma lareira. Que desgraça! Agora bateu uma saudade de assistir. No meu mundo, eu assistia uma temporada inteira por dia e lia por aí 50 páginas de um livro de fantasia.

Mas agora, nada me sobrou.

Para piorar, os livros que o senhor Alexodoro tinha eram sobre aprendizados de magias; não tinha nada de drama, aventura ou comédia. Era um tédio sem fim. Só consegui pregar o olho por causa do cansaço das andanças que eu e o Zernen havíamos feitos.

— Sintam-se em casa.

Meredith e Theresa se sentaram no sofá lateral esquerdo, de frente para o sofá onde eu estava sentado. Zernem se sentou no braço do sofá e cruzou os seus braços.

— Se não for incomodo, peço uma água. — Era Theresa, ela entrelaçava suas mãos.

— Jarves, você não ouviu?

Nossos olhos se encontraram.

— O quê?

— Ela pediu água!

“E a casa é de quem, doido?”

Antes que eu protestasse, o Sr. Alexodoro que apareceu por trás do Zernen, deu um cascudo na cabeça dele.

— Vá buscar água imediatamente!

— Desculpa, vovô! Era só uma brincadeirinha!

Zernen deu um pequeno pulo do braço do sofá e correu imediatamente para cozinha buscar água para Theresa. Por outro lado, Sr. Alexodoro se sentou no sofá de um único assento.

— Aqui está! — Zernen trouxe um copo de vidro com água, mas dava para ver algumas gotas castanhas escorrendo na parte exterior do copo.

Theresa fez uma cara de nojo e colocou a mão perto da boca, emitindo:

— Pensando bem, já não quero mais água.

— Hum?

Zernen parecia não entender o que estava acontecendo. Por outro lado, Sr. Alexodoro que tremia suas sobrancelhas, olhou para o Zernen de um jeito que me causou arrepios até na terceira vértebra.

— Zernen…

— V-V-Vovô, eu não entendo… — Zernen balançou o copo freneticamente, um pouco de água saltou para a mesinha. — Ela disse que…

— Quantas vezes eu vou ter que repetir que não é assim que se serve às pessoas?! A jarra, a toalha, a bandeja! Onde estão?!!!

Opa, essa fala me parecia muito familiar. “Ah, espera. Ah, não…” Algumas lembranças horríveis passaram pela minha cabeça, do dia em que passei um grande mico na frente de alguns convidados do meu pai.

— Eu pensei que isso só se aplicava a gente importante!

Theresa arregalou os olhos e Meredith deu uma pequena risada.

“Zernen, ainda bem que eu não sou você.”

Depois daquelas palavras, Sr. Alexodoro nocauteou Zernen no abdômen. Ele desmaiou e caiu no chão. Aquela cena foi no mínino constrangedora para todos nós.

— Não precisava, Sr… — disse Theresa.

— O meu neto precisa aprender bons modos. Saber ser e estar na sociedade é importante. Não posso negligenciar tais atitudes.

Concordei com a cabeça.

— Sr. Alexodoro tem razão.

“Eu não quero ouvir isso de você, Meredith.”

“Você literalmente não soube como agir diante do rei!!”

Contudo, não iria liberar esses pensamentos porque ainda queria viver.

— Mas esse método… — Theresa olhava com pena para o Zernen, que deixava espuma sair da sua boca. — Não vai machucá-lo?

— Aquilo? Não foi nada. Faz parte do treinamento.

Senti um arrepio na espinha.

Bem, depois disso, o Sr. Alexodoro é que veio servir água para Theresa. Ele parecia aqueles garçons de restaurante. Fiquei aterrorizado quando vi que ele deu água Theresa para lavar as mãos, depois o lençol para limpar e por último a água para tomar.

— Quanto exagero… — eu e Meredith murmuramos. E ainda bem que o Sr. Alexodoro não havia ouvido.

Roooonc!

Minha barriga começou a reclamar. O Sr. Alexodoro havia sido fiel a sua palavra e não havia nos dado nenhuma comida.

— Assim que o Zernen acordar, vocês podem preparar algo lá na cozinha — informou Sr. Alexodoro. Falando nele, Zernen acabou de acordar. Ele coçou sua cabeça e limpou a baba que cobria os seus lábios. — Eu vou me recolher por enquanto.

Quando Sr. Alexodoro se virou, Meredith levantou o braço e disse:

— Desculpa, mas onde iremos dormir?

Boa pergunta, Meredith! Aqui nessa casinha só havia dois quatro, o do Sr. Alexodoro e o do Zernen.

— Ah! Mas é claro! Venham comigo.

“Opa! Então todos iremos dormir no mesmo quatro?! Aí, sim!” Comemorei enquanto olhava para aquelas duas beldades, mas era uma pena, porque eu só tinha olhos para Alexandra.

Todos nós acompanhamos o Sr. Alexodoro para o quarto do Zernen. Quando ele abriu a porta, uma visão assustadora tomou conta dos nossos olhos. Isso mesmo, o quarto do Zernen parecia uma lixeira. Tudo estava espalhado de um lado para outro, nem o meu quarto era desse jeito.

Da última vez que vim aqui não encontrei essa toda bagunça, então o que teria acontecido?

— Zernen…

— É que sabe, vovô… — Zernen coçava sua cabeça. — Eu tive um trabalhão para achar um roupa que estivesse limpa, então tive que procurar mesmo… Sabe, não dava para aparecer no castelo com roupas sujas e cheirando mal, como o senhor me ensinou.

— Zernen!!!

Sr. Alexodoro levantou a mão. Zernen fechou os olhos.

— Arrume esse quatro agora mesmo.

Zernem abriu os seus olhos e suspirou de alívio ao perceber que o seu avô não havia tocado nele.

— Ufa!

— Quero tudo em ordem dentro de 10 minutos, caso não, vocês dois vão dormir fora.

” Por que eu?”

Nem procurei saber. Quando olhei para o Sr. Alexodoro, ele fez uma cara assustadora.

— Podem esperar por 10 minutos?

Ele olhou para Meredith e Theresa com um sorriso.

Maldito senso de cavalheirismo!

Sr. Alexodoro era praticamente um gado. Tratava bem as mulheres, diferente dos homens. Os homens ele tratava com rigidez.

Não que eu quisesse ser tratado como uma mocinha. Mas… Ao menos que não me envolvesse nisso.

— Sim, sem problemas — disse Theresa.

— Eu quero ajudá-los.

“Ah, a minha Meredith…” , suspirei. É por Isso que ela era minha personagem favorita.

— Não, Meredith!  — A intrometida da Theresa puxou Meredith contra os seus peitos de tábua. — Isso é assunto de homem!

Maldita Theresa!

— Espera, Theresa… — Meredith tentou resistir, mas Theresa lhe puxou para fora do quatro. E assim, as duas saíram da nossa vista juntas do Sr. Alexodoro.

— Parece que só restou nós os dois.

— Eu tô fora! — Sai andando, mas Zernen puxou a minha gola.

— Para onde pensa que vai, Jarves? — Zernen perguntou com uma cara assustadora. — Afinal nós somos parceiros de negócio, não somos?

— Desde quando lixo é negócio, cabeça de côco?

— Não somos!? — Ele aproximou seu rosto de mim, me lembrando do meu pesadelo horrível com Faisal.

— Tá, tá, eu ajudo! Afinal, de qualquer forma, estarei ferrado caso você não arrume esse quatro em 10 minutos.

— Isso aí! Vejo que você entende rápido as coisas!

Ah, suspirei.

Enfim, demos início a arrumação daquele quarto bagunçado. Eu colocava as roupas espalhadas no chão numa espécie de cesto de madeira, enquanto Zernen tratava de arrumar os lençóis da sua cama.

Depois de ter arremessado todas roupas que exalavam um cheiro desagradável, peguei na vassoura e comecei a passar a pente fino por aquele quarto, criando poeira. Passava pelos cantos das paredes e por baixo da cama. Eu havia usado uma das poucas roupas limpas do Zernen como máscara contra poeira para me proteger contra aquela névoa de poeira que havia se formado.

Após varrer e polir as paredes e o chão, agora faltava aquele armário ao fundo. Bem pertinho da cama.

Fui para aquele armário com a minha vassoura, mas por algum motivo Zernen parou ali e abriu os braços.

— Deixa que eu cuido daqui!

Ele estava escondendo algo.

— Certo.

Quando eu virei, ouvi um suspiro da sua boca.

— Zernen, poderia vir aqui?

— O que deu?

Ele começou a se aproximar.

— Não parece uma aranha essa coisa preta? — Eu apontei para o chão, exatamente num pontinho preto que não havia aceitado sair por nada.

— Hã? Não estou vendo! — Ele agachou, estreitando os olhos e eu chutei seu traseiro. Ela caiu de barriga e eu comecei a correr às pressas para o armário.

— Jarves! Seu maldito!

— Achou que eu fosse ignorar… — Ele puxou meu pé e eu caí, justo quando eu estava próximo do armário.

— Me solta!

— Não!

Bati a cara dele com um dos meus pés e consegui me desprender. Quando me levantei, dei um salto duplo que deixou Zernen boquiaberto.

— Você conseguia fazer isso…?

— Eu fazia concurso de saltos com… Ah, esquece. — Por pouco eu estava contando o meu passado.

— Soco invisível!

Eu já sabia que ele tentaria aquilo como último recurso para me impedir, por isso consegui me esquivar. O soco dele não fez nem um dano na madeira do armário, o que significou que ele havia reduzido a força do seu soco.

“Que gentil da sua parte, Zernen. Contudo, é game over.”

— Nãooooo!!!

Ele esticou seu braço ao limite, enquanto eu abria o armário.

Quando abri aquele armário misterioso, contemplei um baú semi-aberto que deixava escapar um brilho dourado, eram moedas de ouro. Havia muitas moedas de ouro ali.

— Então era isso que você tanto queria esconder? — Olhei para Zernen, que se aproximava de mim.

— Esse dinheiro é meu! Não vou dividir com ninguém! Por isso, nem pense!

— Somos parceiros de negócios, não esquece. Então, por direito, esse dinheiro também é meu!

— Quem disse isso?

— Eu disse. Caramba, o quão ganancioso você é? Como pôde esconder esse dinheiro de mim, Zernen? Queria ficar com todo ele só para você? Não te conheço assim. Sempre dividi minhas conquistas com você!

— Mas esse dinheiro é diferente, ele é apenas meu!

— Para de ser egoísta! Planeja gastar esse todo dinheiro sozinho?!

— Não é isso.

— Então me explica!

— Bem, é que eu tenho juntado esse dinheiro para ajudar uma pessoa, na verdade, pessoas.

— Ah, era só isso? Por que não disse antes?!

— Porque metade desse dinheiro é ilícito.

— Roubado você quis dizer?

— É, eu invadi a casa dos Volts e dos Frecchit há algum tempo e peguei um pouquinho do ouro deles.

— O seu avô sabe disso?

— Não, ele pensa que eu ganho honestamente, elaborando alguns trabalhinhos honestos.

— Entendi. Entendi. — Balancei a cabeça positivamente e sorri maliciosamente. — Quanto você quer pelo meu silêncio?

— Quanto você cobra?

— 50% das moedas do ouro do baú.

— Tá maluco?!

— Calma. Calma, tô brincando! Eu não preciso de moeda nenhuma para guardar silêncio. Mas saiba que não deveria ter feito isso, roubar é errado.

Eu não era a pessoa mais indicada para dizer isso, já que eu descontava algumas moedas no dinheiro que minha mãe me dava e dizia que na loja tal, havia subido de preço. O terrível era que ela sempre descobria. O tanto que eu apanhava não dava para descrever aqui, era doloroso.

— Deixa essa vida, Zernen. — Coloquei a mão no seu ombro. — Eu também já fui assim como você, mas me dei mal diversas vezes.

— Então você me entende, não é?

— Mas é claro que sim! Mas me promete uma coisa, que essa é a última vez que você faz isso. Porque não acho que essas pessoas que você quer tanto ajudar se sentiram bem com você dando a elas, um dinheiro que seja roubado.

— É…

— Mas ladrão que rouba ladrão tem 1000 anos de perdão! Hahahaha!

Comecei a rir enquanto batia no seu ombro freneticamente. Os Volts e Frecchit bem que tiveram o que mereceram. Eles eram um dos piores ladrões desse reino. Se aproveitavam da sua posição para roubar dinheiro do povo com preços absurdos em suas lojas.

— Era disso que eu estava falando!

Zernen sorriu.

— Mas me conta mais sobre essas pessoas que você quer tanto ajudar.

— Tudo começou quando… — Antes que Zernen pudesse terminar sua fala, Sr. Alexadoro abriu a porta do quarto. Atrás dele estavam Meredith e Theresa.

— Já terminaram?!

— Mais ou menos.

Ainda faltava limpar armário e tirar o lixo da porta.

— Eu acho que agora está dormivel — disse Theresa com as mãos postas no seu jaleco.

— Os rapazes fizeram um ótimo trabalho! — Meredith parabenizou, batendo palmas.

— Caramba, isso tudo é dinheiro?!

Quando encontraram o baú, os olhos de Theresa brilharam como diamantes.

— Vejo que já acumulou muitas moedas de ouro, bem no momento oportuno.

— Como assim? — questionou Meredith, olhando para o Sr. Alexodoro.

— Bem, meu neto tem juntado dinheiro desde que chegou aqui para ajudar um vilarejo empobrecido que ele conheceu quando vínhamos para aqui.

— Que atitude louvável — disse Meredith.

— É, bem legal — acrescentou Theresa. — Mas posso pegar um pouco? Nunca vi tanto dinheiro assim na minha vida!

— Você já não tem sua farmácia, Theresa. O que vai fazer com dinheiro?

Ao que parece, eu não deveria ter dito àquilo. Theresa baixou sua cabeça, cabisbaixa.

— E a culpa é de quem? — Ela murmurou, se encostando no peito da Meredith.

Sr. Alexodoro colocou o punho contra os lábios e tossiu de leve, emitindo:

— Enfim, Jarves e Zernen, vocês dormirão na sala. As meninas dormirão nesse quarto. Não pensaram que dormiriam nesse quarto junto das meninas, não é?

— Não! Não! Longe de nós! — Balançamos a cabeça freneticamente. Mas sim, nós havíamos pensado isso.

— Vocês partirão amanhã mesmo, assim que a princesa Meredith se despedir de sua família. Vou citar agora algumas instruções do que vocês devem fazer e não fazer… — Sr. Alexadoro disse que deveríamos tomar cuidado amanhã, quando formos à mansão da casa da Meredith. Era bem provável que estivesse cercado de inimigos por já preverem que poderíamos passar por lá, por isso ele formulou um plano.

O plano era que eu e o Zernen distraíssemos os aventureiros e provavelmente os soldados, evitando todo e qualquer contato ao máximo possível. Meredith teria cerca de 30 minutos para se despedir de sua família. Um homem de confiança do Sr. Alexodoro estaria à nossa espera num bosque, que ficava na fronteira entre esse distrito e o do Hellen, para nos escoltar ao norte de Hengracia.

Sr. Alexodoro não poderia ir com a gente, porque precisava ficar de olho nos movimentos dos aventureiros rank S e ainda abrir sua oficina porque tinha muitas entregas para fazer aos seus clientes. Se tinha coisa que ele não gostava de ser, era falso cumpridor de promessa.

Mas uma coisa era certa, ele estava confiando que nós conseguiríamos sair da capital com êxito, rumo ao norte de Hengracia onde viviam os pais do Zernen. Lá, estaríamos seguros.

Agora, quando perguntei sobre a revolução que eu pretendia fazer, ele simplesmente respondeu que eu não podia fazer isso sem que houvesse algo que fundamentasse a veracidade das minhas palavras. Primeiro, eu tinha que reunir provas plausíveis e depois começar a tal revolução. Ele me encorajou e disse que não precisávamos ter pressa, e que, além disso, contaríamos com a ajuda do pai do Zernen para podermos colocar o nosso plano em prática, caso eu consiga evidências sobre as minhas palavras.

A chave estava nos livros.

Eu precisava encontrar livros antigos que falassem sobre a existência do reino das trevas em algum momento da história. Por sorte, para onde estávamos indo havia uma biblioteca antiga com os livros mais antigos da história, o norte de Hengracia, também conhecido como o local onde o primeiro rei desse reino nasceu. Muitos dos livros foram conservados em uma grande biblioteca antiga que ficava por lá, só que sendo guarnecida por aventureiros rank A, os aventureiros mais próximos do rank S.

Seria um trabalhão, mas com certeza conseguiríamos.

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Olá, eu sou Andy Lucas!

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