“Que alívio, ah…
Passou. Passou. Passou.”
Eu dizia a mim mesmo depois de Theresa ter colocado o meu braço de volta com sua maravilhosa magia de cura.
“Aí, como amo magia de cura! Melhor magia já criada, não concordam?”
Lágrimas se misturam com a alegria que transbordava pelo meu corpo. Dei um grande abraço para Theresa, que surpreendentemente não me enxotou para lá, apenas afagou os meus cabelos suavemente.
Aquele calor, aquela sensação, eu não queria desgrudar da Theresa. Ela passava para mim uma sensação de paz e calmaria. Mas depois de alguns segundos, ela se desgrudou de mim bruscamente, dando fim ao meu mar de alegria.
Sorri, afagando a minha cabeça.
— Sinceramente…
Foi o que saiu da sua boca.
Em contrapartida, inimigos de longa data finalmente haviam se encontrado… Seus olhos ferozes se encontravam, seus lábios cerravam. A música havia parado e as pessoas haviam parado de dançar. Todos os olhos agora estavam concentrados em nós.
— Estive esperando por esse dia.
Aquelas mulheres se afastaram do Gar, pois seu corpo estava emitindo um vapor que subia ao vento. A marca de dragão no seu olho havia começado a brilhar num tom laranja.
— Dessa vez, eu vou te deixar inválido, e se…
Zernen mal teve tempo de completar sua fala. Meredith havia partido ao ataque com sua espada afiada, lançando um golpe horizontal contra ele.
Usando sua habilidade garras de dragão, que supostamente teria decepado meu braço, Gar fez Meredith recuar após o golpe atingir sua espada, deixando três rachaduras em formatos de garra.
— Certo, minha vez… Soco…
Zernen também se viu arremessado contra um edifício pela mesma habilidade, ganhando alguns arranhões nos braços enquanto se defendia.
— Ei, você… Finalmente te encontrei!
Quando Gar disso, enquanto apontava o dedo para nós, Theresa imediatamente me puxou dali, nos camuflando entre algumas pessoas para que a habilidade do Gar não nos atingisse.
Muita gente, tomada pelo pavor, também começou a se distanciar dali.
— Adeus festa e olá massacre!
Depois que Gar proclamou, todo mundo começou a correr dali desesperadamente, deixando aquele espaço quase que limpo, não fosse as sujeiras nítidas no chão.
Poça de vinho, de água, osso para ali e para aqui.
Enfim…
Agora que percebi, só haviam ficado nós e alguns bandidos que se reuniam ao redor do Gar. Muitos deles carregavam armas brancas em suas mãos, como foices e muitas outras coisas, exceto três deles…
Possuíam a mesma feição e olhos, apenas um deles possui cabelos diferentes. O que carregava uma guitarra de piano possuía uma jaqueta negra com camiseta e calças castanhas. Seus olhos azuis refletiam uma profunda frieza.
Já o portador de violino possuía cabelo negro como o do guitarrista. Estava vestido de um casaco castanho que combinava com suas vestes interiores.
Por último, estava o diferenciado, o portador de uma gaita que tinha cabelos amarelos como o girassol. Um cachecol feito de pele de animal é o que o destacava mais, além daquele sorriso estranho que ele fazia.
Sem dúvidas, eram o trio dos gêmeos cantantes…
A minha pergunta era o que eles faziam aqui. Eu sabia que eles tinham uma conduta duvidosa, mas não que fosse para tanto… Originalmente, eles apareciam mais para frente na trama. Começaram como inimigos da heroína, mas no fim, acabaram se aliando a ela, dando um bom contributo para a história avançar.
Mas, deixando isso de lado, eu tinha que me preocupar com o presente. Pois é, agora nós não tínhamos condições para derrotar esse trio gêmeos cantantes…
Eles não eram forte fisicamente, mas sim, haviam nascido com uma magia que lhes tornava muito poderosos, podendo até derrotar um aventureiro rank S…
— Parece que temos carne hoje. Muito bem, se dividam o rapaz e me deixem com a ruiva, o verdinho e a azulinha de jaleco!
— Não seja tão apressado…
Uma voz calma ressoou.
Como ninjas do céu noturno, aquele grupo com vestes negras apareceu ali no meio da praça, fazendo uma pose mui estilosa, o que causou murmúrios por parte de alguns bandidos.
— Eu bem que suspeitava… Vocês são os caçadores do luar, uma nova ordem de aventureiros daqui de Ahrmanica voltada para caçar bandidos!
— Parece que se informou bastante sobre nós — disse Oceano, trocando olhares com Gar.
— São tão poucos… E, pelo que vejo, apenas você é que dá para o gasto!
— Não nos subestime.
Quando a baixinha falou aquilo com os olhos confiantes, as roupas do Gar haviam desaparecido. Ele só havia ficado com uma cueca azul.
— O-O que você fez?
— Hã? Alguém disse algo?
Fred das unhas levantou seus braços ao alto, acumulando uma montanha de unhas no ar.
— Lá…
Gar começou a dançar, uma dança que dava vergonha alheia só de ver.
— Vocês estão presos, venham todos conosco sem resistência — finalizou Oceano, esticando um dos braços.
— Primeiro ohhh… Ahhhh, me tirem ulalau, depois uauau!
Começamos a rir. Gar tentava falar, mas não se controlava.
Com apenas um som de uma das músicas que os gêmeos entoavam, Gar se viu livre da magia de Sond. Um dos seus subordinados trouxe um quimono daqueles orientais e colocou no Gar.
— Eu juro que vocês vão se arrepender disso!
Depois que fez um nó nas amarras do quimono, Gar olhou para trás.
— Mu, Zi e Cal, baralhe cada um desses indivíduos e me deixe a sós com os três de que falei! Eu quero eles apenas!
No mesmo momento em que dizia isso, Meredith, com uma espada, e Zernen com um soco lá de cima, estavam prestes a desferir seus golpes contra Gar e seus companheiros, quando uma melodia começou a ressoar por nossos ouvidos.
Cada um de nós começou a desaparecer, na verdade, nossos corpos se desfizeram em cinzas e foram levados pelo vento.
Quando me recompôs, estava em frente ao grupo Mu, Zi e Cal, com os seus instrumentos musicais, num lugar que parecia ser uma praça que ficava no meio de casas bem apertadas e em estado de degradação.
Eles se sentaram num banco circular com uma árvore seca no centro. Tocaram mais uma vez seu instrumento, som melodioso que se propagou até nossos ouvidos.
Tirei os olhos deles e passei a observar quem não deveria estar aqui.
Zernen…
Estranho.
— Uma coisa invisível acabou tocando no meu dedo, então acabei tocando ligeiramente errado e assim algumas peças ficaram baralhadas.
Quando o Mu, o gêmeo da guitarra, falou isso só pensei numa pessoa capaz de tal feito…
O Oceano!
Mas se bem que, mesmo ele tendo interferido na melodia deles, não mudou muita coisa.
Zi da Gaita olhou para ele.
— Não faz mal, irmão, foi uma pequena falhinha que acabou acontecendo, não vai mudar nada.
— É, mas sempre podemos mandar eles para lá, não é?
Cal sugeriu, olhando o Mu.
— Não, ele parece estar satisfeito e também mandou transferir uma mensagem para todos.
Olhei para Zernen que estava muito emocionado enquanto batia o punho com a palma, mas, na verdade, não era para ele estar assim, quando a gente havia pegado o mais forte dos inimigos.
E agora, o que será de nós?
— Jarves, são apenas músicos! Por que faz essa cara? O máximo que eles fazem é fazer as pessoas desaparecerem, o que seria imensa covardia da parte deles se usarem contra nós novamente.
Ele definitivamente não sabia o que estava dizendo.
— Certo, aqui vou eu!
Como um zás, Zernen correu enquanto arrastava o soco com o vento.
— Soco invisível!
Uma melodia tocou, a pressão retornou para Zernen. Ele foi arremessado contra mim. Caímos juntos no chão.
— Aí, aí, o que está acontecendo?
Zernen começou a coçar a cabeça enquanto se levantava de cima de mim.
— Aconteceu que você foi imprudente.
Me levantei, olhando-o severamente.
— Escuta, vamos fugir se quisermos sobreviver. Não somos páreos para eles.
— Deixa de papo furado! — Ele juntou as mãos e correu em direção a eles, gritando. — Explosãooooo!
Um clarão cegou meus olhos ao mesmo tempo, em que o som dos seus instrumentos ecoava. Nenhum explosão aconteceu.
— Como assim? O que aconteceu?
Os gêmeos apenas começaram a rir. Essa era a habilidade deles, tocando uma determinada música, eles podiam fazer o que quiserem.
— Agora é a nossa vez.
Quando Cal do violino disse isso, eles tocaram uma música ao mesmo tempo, que ressoou por nossos ouvidos.
— Olha, que o espetáculo está prestes a acontecer!
Zi da Gaita começou a rir.
— Lutem até a morte!
Dado o comando pelo Mu da guitarra, eu e o Zernen erguemos nossos braços para cima enquanto nos encarávamos com o semblante de espanto.
Mantivemos distância um do outro e ativamos nossas habilidades.
Com as mãos juntas, Zernen emitiu.
— Ex…
Enquanto eu, com a mão para cima, havia preparado uma esfera gigantesca amarelada.
Droga…
Era isso que eu mais temia.