Durante duas semanas, o relacionamento foi se desenvolvendo aos poucos e a paixão crescia exponencialmente. Óscar já não aguentava ficar longe de Aka e claro, era recíproco.
Para Óscar, esse relacionamento era o ápce de sua vida, tratava a ocasião da mesma forma que uma criança trata seus brinquedos. Era algo a proteger.
Era um domingo, e o casal não ia se encontrar nesse dia. Esse sentimento atormentava o coração do rapaz na intensidade de uma garra rasgando seu peito. Ele estava jogado na cama, olhando para o teto e esperando que o dia passasse logo.
— Fuuuu… acho que eu devia levantar, ainda tem louça pra lavar. — Depois de passar horas assim e um longo suspiro, decidiu agir.
Levantou-se molenga, andou lentamente e trombou algumas vezes nas paredes. Mas finalmente chegou à cozinha e, embora a vista da louça acumulada o tenha dado náuseas, começou a limpeza.
Demorando por volta de 40 minutos, finalmente acabou. Embora tenha sido cansativo, lavar toda a louça o deu maior vontade de fazer coisas para passar o tempo.
Rapidamente pegou seu caderno de desenho e saiu de casa, na esperança de achar uma boa inspiração de arte.
Depois de caminhar uns minutos, parou no parque de sempre, mas antes de desenhar passou na loja de conveniência e comprou um refresco.
Na busca de algum objeto ou vivalma, avistou uma figura que já conhecera antes. Um gato preto de olhar brilhante e penetrante estava encarando Óscar.
— De novo por aqui em — disse o rapaz para o animal que não se aproximara no primeiro encontro.
Então antes que ele fugisse novamente, Óscar decidiu fazer um esboço rápido do animal. Mas contra as expectativas, o gato se aproximou lentamente, sentando e se lambendo próximo à Óscar, como se entendesse o que o jovem cinzento queria.
Sem nem dizer uma palavra, Óscar começou a desenhar. Durou 10 minutos a primeira estrutura do desenho, e com o passar do tempo, a noite foi aparecendo e o gato se sentou perto do jovem.
Durou cerca de 1 hora, mas Óscar terminou o desenho, retratando a face astuta do animal com maestria, usando do contraste poente do sol. Óscar ficou orgulhoso.
— Aah acabei, você colaborou muito bem, obrigado a você — disse ele abaixando a cabeça
— Miau — Foi a resposta que recebeu do seu novo amigo.
*****
No dia seguinte, acordou bem cedo com uma luz forte batendo na janela, ele se esqueceu de fechar as cortinas. Como faltava tempo para o horário de aula, decidiu jogar um pouco.
Recentemente estava focado em um action rpg que todos diziam ser o mais dificil dos jogos. Óscar concordava com essa afirmação sempre que morria estupidamente para 5 inimigos aleatórios que o cercavam e o matavam humilhosamente.
Depois de morrer por 1 hora, decidiu ir tomar banho para esfriar a cabeça e se aprontar para a aula. Era improvável que ele ficasse estressado, afinal, ele veria Aka na escola.
Enquanto saía de casa, olhou para a solitária sala. “Estou indo”, apenas pensou, pois sabia que ninguém responderia.
*****
Óscar não era necessariamente bom em uma matéria específica, mas tinha apreço por geologia. Era uma vertente que ele se atraía muito e por sorte, ele estava estudando sobre isso nesse dia.
— É assim que é, não é interessante? — O entusiasta estava mostrando para Aka como se comportavam as rochas, quando afetadas por um riacho constante.
— Hmm eu não sabia disso, também não sabia que você tinha interesse por rochas — disse a moça, enquanto soltava um riso baixo.
Óscar ficou visivelmente envergonhado naquela situação. Era a primeira vez que ele mostrava esse lado de si para alguém, não por vergonha de seus interesses, mas simplesmente pois ninguém havia demonstrado interesse nessa vertente do jovem.
A aula seguinte e a subsequente seriam de álgebra, Óscar era uma vergonha nesse aspecto.
No intervalo, Óscar e Aka foram para uma área afastada, Goda não tem ficado em cima do casal recentemente e o rapaz cinzento ficava feliz por isso.
— Tem uma coisa que não consigo entender muito bem, por que você não segue a profissão da familia? — A pergunta veio da garota, que foi ficando bastante falante com o passar dos dias.
— É dificil responder isso… Aaah, acho que só não é pra mim. Meu irmão sempre falou sobre como ele se afundou na faculdade, ele estava em êxtase. Mas eu sempre achei bobo, acho que só não é do meu interesse dedicar toda minha vida a salvar a vida dos outros. Eu não seria um bom médico.
Se sustentou um silêncio durante um instante, até que a moça tornasse a falar.
— Desculpe tocar em um assunto delicado…
— Tudo bem, sei que é estranho, afinal a medicina é tudo de bom. Dinheiro, sustentabilidade, respeito… só me parece que falta algo nisso tudo.
— Ao meu ver, uma profissão só deveria ser importante se for algo idealizada… Não vejo sentido em fazer algo que não quer. Afinal, se você quer uma coisa para sua vida, deve agarrar esse sentimento até sua morte. Se não, do que adiantaria a vida, se o objetivo não for realizar suas vontades! — Enquanto a moça falava, Óscar tinha olhos brilhantes de admiração. Ninguém nunca tinha compreendido suas ideias nessa profundidade.
— Heh, você está certa, eu deveria parar de me preocupar com coisas assim… Obrigado, de verdade. — Assim que acabou sua frase, Óscar sentiu um palpitar, uma cena inesperada.
Enquanto era empurrado para trás, seu peito era rasgado, rasgado por um sentimento de confusão e felicidade. Sentiu o blazer escolar ser amassado pelo peso dos seios de Aka, seus cabelos puxados de leve pelos braços da jovem se cruzando no pescoço de Óscar. Mas tudo isso era irrelevante quando comparados a sensação sedosa, doce e profunda do encontro dos lábios dos jovens. Isso era o que todos chamavam de beijo, algo que Óscar não conhecia, algo que ele nem se importava, mas que não esperava ser tão bom. Na perspectiva do garoto, era como se no meio de um oceano atormentado por águas turbulentas, uma gota divina seria o bastante para acalmar a fúria do oceano. Ele nunca havia vivenciado algo tão bom.