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Combo 43/50


Um tempo depois, eles estavam descansando na sombra da estátua gigante. Cada membro da coorte parecia nada menos que terrível, no entanto, sob as roupas ensanguentadas e armaduras quebradas, seus corpos estavam inteiros e sãos.

A Estrela da Mudança havia curado todos eles, e agora, ela era a única que estava fraca e exausta. Usar tanto a chama branca havia cobrado um preço alto dela.

Sentado na lama, Sunny levantou a cabeça e olhou para a estátua gigante da mulher sem rosto. Ela estava exatamente como a última vez que a vira, esbelta e graciosa, com seu manto leve e esvoaçante ondulando ao vento, como se fosse feita de tecido real e não de pedra dura.

A estátua estava levemente inclinada para o lado, com sua única mão restante alcançando o céu. Há muito tempo, na noite de sua fuga angustiante do Túmulo de Cinzas, Sunny, Cassie e Nephis se abrigaram em sua palma.

Foi do alto que ele viu pela primeira vez os muros da Cidade das Trevas.

Olhando para baixo, Sunny olhou para a outra mão da estátua gigante, que havia se quebrado há muito tempo e caído, esmagando a cúpula da câmara subterrânea.

Então, seu rosto escureceu.

Lembrando dos eventos que aconteceram nas catacumbas, Sunny sentiu seu bom humor evaporar. Embora tivesse encontrado a resposta para um dos mistérios que o atormentavam há algum tempo, ele não estava feliz com isso.

O destino dos habitantes da cidade antiga sempre foi algo que Sunny tinha muita curiosidade. Como um explorador amador que passava a maior parte do seu tempo livre estudando as ruínas da Cidade das Trevas, ele estava familiarizado com os detalhes sutis da cultura deles mais do que a maioria. Aprender sobre os fatos mundanos de suas vidas era uma paixão dele. 

Ele sabia que a história dessa civilização antiga terminou em tragédia, é claro. Um desastre cataclísmico a destruiu, transformando a terra outrora próspera no inferno desolado que era hoje. Mas contra toda a lógica, Sunny ainda esperava que essas pessoas tivessem conseguido sobreviver de alguma forma.

Talvez elas tenham migrado para algum lugar, deixando as ruínas de sua cidade para trás.

Mas agora ele sabia que não era bem assim. Todas estavam bem ali, abaixo dele, enterradas para sempre em uma câmara subterrânea úmida, empilhadas umas sobre as outras, altas o suficiente para formar uma montanha medonha de ossos. Mais do que isso, seus restos mortais foram encharcados nas águas amaldiçoadas do mar escuro e transformados em um recipiente para a alma de uma vil Criatura do Pesadelo.

Havia muitas perguntas sobre o destino dessas pessoas ainda pairando em sua mente. Como elas foram parar naquela câmara escura? Elas morreram lá, ou seus corpos foram levados para lá por alguém… ou algo… mais tarde? Como o Senhor dos Mortos nasceu? Sua origem foi a mesma da Devoradora de Almas?

Mas ele realmente não queria mais saber as respostas. Ele sentiu que aprendê-las só iria quebrar seu coração.

Com um suspiro, Sunny decidiu se distrair desses pensamentos deprimentes com algo edificante e invocou as runas.

Um grupo em particular era o que mais lhe interessava.


Fragmentos de Sombra: [322/1000.]


Ele havia recebido quatro fragmentos por matar o Devorador de Cadáveres… mesmo que a maneira de sua morte tenha sido bastante peculiar. Tendo agora matado Criaturas do Pesadelo Despertas, Caídas e Colossais, Sunny podia supor que sua teoria inicial estava certa.

O Feitiço lhe dava o dobro de fragmentos por matar inimigos de patentes mais altas, de acordo com o número de núcleos de alma que eles possuíam. Uma criatura Desperta lhe daria dois fragmentos para cada núcleo, um Caído quatro, e um Colossal dezesseis.

Era fácil adivinhar que matar uma criatura adormecida, que era igual a ele em termos de classificação, resultaria em um fragmento por núcleo, enquanto matar uma corrompida resultaria em oito.

Fazia sentido. Era o mesmo que absorver Fragmentos de Alma, com a diferença de que Fragmentos de Sombra entravam em seu núcleo no momento da morte e sem fazer distinção entre criaturas de pesadelo e humanos.

Ele ergueu os olhos e olhou para a lista de suas Memórias.


Memórias: [Sino de Prata], [Manto do Marionetista], [Fragmento da Meia-Noite], [Pedra Comum], [Espinho Furtivo], [Primavera Sem Fim], [Flecha de Sangue].


O último era novo. Um pouco intrigado, Sunny leu sua descrição.


Memória: [Flecha de Sangue].

Nível da Memória: Ascendente.

Grau da Memória: I.

Tipo da Memória: Arma.

Descrição da Memória: [Uma dívida de sangue deve ser paga com sangue.]

Encantamentos da Memória: [Chuva de Sangue], [Restituição].

Descrição do encantamento: [Chuva de Sangue – As flechas são criadas a partir do sangue do portador e, como tal, podem chover sobre os inimigos enquanto o arqueiro tiver sangue nas veias.]

Descrição do Encantamento: [Restituição – Se a flecha encontrar seu alvo, ela beberá o sangue da presa e restaurará o que foi tirado do arqueiro. Se errar, o sangue do arqueiro será perdido para sempre.]


“Huh. Assustador.”

Como Sunny não sabia usar um arco, essa Memória era inútil para ele. O que era uma pena, porque era a primeira memória de nível Ascendente que ele já havia recebido. Memórias dessa patente eram extremamente raras na Costa Esquecida.

Ele poderia dar ela para a Santa de Pedra, ou…

Sunny olhou para Kai e franziu a testa, perdido em pensamentos. Embora a Flecha de Sangue não fosse útil para ele, seria uma verdadeira bênção para o charmoso arqueiro. Com ela à disposição, ele não teria que carregar uma aljava com ele, sem mencionar que cada tiro que ele fizesse seria muito mais devastador.

…Contanto que Kai não errasse, é claro. Se ele errasse, estaria sacrificando seu sangue por nada.

Transferir a Flecha de Sangue para Kai teria tornado o grupo muito mais forte. Mas Sunny não tinha certeza se estava pronto para abrir mão de sua primeira e única Memória Ascendente. Não de graça, pelo menos.

Dividido, ele descartou as runas e decidiu pensar sobre isso mais tarde.

De qualquer forma, o Sangue de Weaver revelou uma nova característica. Acontece que o sangue de Sunny era venenoso — ou melhor, prejudicial a qualquer um que o ingerisse. Pelo menos parecia assim pela maneira como o Devorador de Cadáveres morreu. Ele teria que experimentar para descobrir mais depois…

Ou não. Honestamente, Sunny nem sabia como alguém iria checar algo assim, e não estava particularmente ansioso para descobrir.

Após dispensar as runas, Sunny finalmente decidiu dar uma olhada na chave misteriosa. Olhando sutilmente ao redor, ele furtivamente a tirou de baixo do bolso do Manto do Marionetista, onde ele a havia escondido antes.

A intrincada chave de ferro estava em sua palma, brilhando com uma luz dourada pálida.

A luz da divindade.

Sunny não tinha ideia do que a chave deveria abrir.

Ele assumiu um risco insano e quase morreu para consegui-la. Valeu a pena?

Honestamente, ele não tinha certeza.

Mas, no fundo, Sunny sentia que sim. Por alguma razão, ele sentia que a pequena chave de ferro se tornaria extremamente importante para ele.

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Olá, eu sou Vento_Leste!

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