Combo 44/50
Infelizmente, a coorte não teve muito tempo para descansar. Apesar de não ser nem meio-dia ainda, eles tinham muito terreno para cobrir antes do pôr do sol.
O plano que eles fizeram no início do dia era deixar a Cidade das Trevas pelo sul, escalando o muro perto dos grandiosos Portões Principais e então viajar pelo Labirinto até a próxima altura segura, que ficava a cerca de dez quilômetros de distância.
No entanto, devido ao fato de que eles acabaram nas catacumbas e tiveram que escapar pela câmara pertencente ao Senhor dos Mortos, o grupo estava agora a leste das ruínas, perto da bela estátua da mulher sem rosto. Eles não só tinham que circular pela cidade agora, mas também havia menos tempo para chegar em segurança antes que a inundação da escuridão devorasse a Costa Esquecida mais uma vez.
Levantando-se em um coro de gemidos decepcionados, a coorte assumiu a formação de marcha e partiu para o sul. Andar pela lama da cratera colossal não foi fácil, mas, por enquanto, eles não tinham outra escolha… a menos que quisessem escalar o muro de pedra monumental e retornar à Cidade das Trevas, é claro.
Felizmente, com a sombra de Sunny e Kai explorando o caminho à frente, eles não precisaram se preocupar em serem emboscados por monstros. Então, por enquanto, a única coisa com que o grupo teve que lutar foi mover os pés pela terra molhada.
O silêncio monótono era quebrado apenas pela respiração difícil e pelo barulho de lama.
…Um tempo depois, a parede cinza inexpugnável e aparentemente infinita que se erguia a alguma distância acima deles se retorceu lentamente, afastando-se da borda da cratera.
Eles estavam finalmente deixando as ruínas amaldiçoadas para trás.
Virando-se, Sunny olhou para trás e estudou a paisagem da cidade que tinha sido seu mundo inteiro nos últimos quatro… quase cinco meses.
Ao longe, o chão da cratera gigantesca subia bruscamente, formando uma alta encosta. Nela, erguia-se a muralha inexpugnável de pedra cinza polida, firme e inflexível, apesar dos milhares de anos que se passaram desde a morte de seus criadores.
De onde ele estava, Sunny podia ver a inundação de coral carmesim crescendo em sua base, lâminas afiadas raspando impotentemente contra a pedra fria em tentativas desesperadas de encontrar apoio. Parecia que a cidade estava sendo sitiada pela própria terra.
‘Se soubesse o que o espera lá dentro, o Labirinto estaria tentando escapar o mais longe possível daquele lugar maldito.’
Com um suspiro, Sunny olhou para cima e notou uma figura humana solitária parada na parede, observando-os desaparecer na distância. Aquela figura era torta e escura, emanando uma sensação fria de presságio.
Alguns momentos depois, ele se virou e desapareceu de vista.
Harus decidiu retornar ao Castelo Brilhante.
Tentando não tremer, Sunny permaneceu ali por alguns segundos e então correu para alcançar o grupo.
Eles estavam seguros dele, pelo menos…
‘Por agora.’
***
Como a cratera era muito grande, a curvatura de sua borda era quase imperceptível. Somente olhando bem longe era possível dizer que ela era realmente curva. Por causa disso, a coorte poderia ter continuado viajando pela cratera por um longo tempo sem ter que se afastar mais do objetivo da jornada de hoje, que ficava a sudoeste de sua posição atual.
No entanto, eles tiveram que deixar a cratera e retornar ao Labirinto mais cedo ou mais tarde — não apenas para escapar da água negra, mas também porque não havia nada para se esconder atrás dessa vasta planície lamacenta. Se qualquer Criatura do Pesadelo voadora decidisse atacá-los de cima, a coorte não teria defesa contra ela.
O Labirinto, embora escondesse sua cota de ameaças aterrorizantes, pelo menos oferecia alguma medida de proteção.
É por isso que, em algum momento, Nephis liderou o grupo até a encosta íngreme da cratera, e os seis escalaram para fora dela. Com a ajuda de Kai e da confiável corda dourada, a tarefa não foi nada difícil.
Por algum tempo depois disso, eles caminharam pela crista que separava a cratera do Labirinto propriamente dito, mas então, finalmente, tiveram que virar para o oeste e entrar no labirinto de corais vermelhos.
Sunny não conseguiu evitar suspirar quando as paredes de coral familiares o cercaram mais uma vez. Ele não sentiu falta dos primeiros meses de sua viagem infernal no Reino dos Sonhos.
Bem… talvez um pouco. Mas não por causa do maldito Labirinto em si, isso é certo.
A floresta carmesim era ao mesmo tempo a mesma e muito diferente da região pela qual ele havia viajado antes.
O labirinto de corais em si era praticamente idêntico a como era a leste da cratera gigantesca. No entanto, as criaturas que o povoavam nessas partes eram muito diferentes.
Não havia os Centuriões de Carapaça por perto, pelo menos não em nenhum lugar que Sunny pudesse ver. Em vez disso, a tribo dominante de Criaturas do Pesadelo naquela região parecia consistir em criaturas desagradáveis, parecidas com aranhas, que tinham o hábito de decorar as paredes e passagens do Labirinto com quantidades infinitas de teias de aranha cinzentas e incrivelmente pegajosas.
O pior é que a teia parecia não ser feita de seda de aranha, mas de fios finos de metal, tão resistentes quanto ferro, que podiam cortar a vítima em pequenos pedaços se ela se debatesse muito depois de ficar presa.
Nem é preciso dizer que ficar preso nessas teias era equivalente a uma sentença de morte.
Quanto mais fundo no Labirinto eles iam, mais dessas teias de aranha os cercavam. Chegou ao ponto em que eles tiveram que usar o florete voador de Cassie para limpar o caminho à frente a cada poucos minutos, diminuindo a velocidade do grupo.
Durante uma dessas paradas, Sunny esfregou o rosto e pensou:
“Só espero que nada nos ataque enquanto esperamos.”
Virando-se para ele, a sombra o encarou por alguns momentos e balançou a cabeça cansadamente. Então colocou uma palma sobre o rosto e olhou para baixo, como se estivesse derrotada.
‘… O quê? O que eu disse?’
Um momento depois, várias criaturas enormes parecidas com aranhas saltaram das rachaduras no coral e os atacaram.
