Combo 47/50
Caminhando até Kai, Sunny limpou a garganta e se forçou a não cobrir os olhos. O maldito arqueiro era simplesmente deslumbrante demais. Ele ficar sem camisa em lugares lotados deveria honestamente ter sido categorizado como um perigo público no mundo real.
Se não, um descuido grosseiro.
‘Eu me pergunto como ele foi feito. Provavelmente em um laboratório secreto do governo ou em um caldeirão mágico. Quer dizer, não tem como esse cara ser da mesma espécie que eu… certo?’
Depois de alguns segundos com Sunny olhando fixamente para ele, Kai sorriu educadamente:
“Uh, Sunny? Você quer alguma coisa?”
Sunny estremeceu e cobriu os olhos.
“Ah! Não sorria para mim!”
Kai piscou.
“… Tudo bem.”
Respirando pesadamente, Sunny olhou para ele e abaixou lentamente a mão.
“Assim é melhor. E sim, eu queria alguma coisa.”
Kai de repente se animou e apontou para o peito.
“O que é isso? Um acessório?”
‘O que ele é…’
Baixando o olhar, Sunny notou a chave misteriosa pendurada em um fio amarrado em seu pescoço.
Ele realmente não queria mostrá-la a ninguém, mas com o Manto do Marionetista se restaurando no Mar da Alma, não havia muitos lugares onde ele pudesse escondê-lo.
Nenhum que ele estivesse disposto a usar, pelo menos…
Além disso, ninguém mais deveria ser capaz de ver a luz da divindade, então, para eles, parecia apenas uma pequena chave de ferro.
Sunny franziu a testa.
“Não é um acessório. É uma chave.”
Kai hesitou.
“Oh. O que ela abre?”
Sunny deu de ombros.
“Como eu poderia saber?”
O charmoso arqueiro parecia um pouco confuso.
“Mas se não é um acessório e não abre nada, por que você está carregando isso por aí?”
Suas perguntas estavam começando a ficar cansativas. Sunny suspirou.
“Para abrir alguma coisa, é claro!”
Kai coçou o nariz.
“Mas você acabou de dizer que não sabe o que ele abre.”
Sunny cerrou os dentes.
“É uma maldita chave, certo?! Então ela tem que abrir alguma coisa! Eu só a carrego por aí, caso eu encontre algo que possa ser aberto por essa maldita chave! O que é tão difícil de entender?!”
O belo arqueiro lançou-lhe um olhar estranho.
“Ah… entendo. Isso definitivamente faz sentido.”
‘Maldição! Não foi assim que planejei abordá-lo…’
Sunny mudou instantaneamente sua expressão e olhou para Kai com um largo sorriso.
…A mudança repentina pareceu meio assustadora.
“Uh, o que eu queria dizer, Noite, meu caro amigo… somos amigos, certo? De qualquer forma, o que eu queria dizer é que espero que essa resposta satisfaça sua curiosidade. Isso é algo que um amigo diria… certo?”
O jovem charmoso lançou-lhe um olhar duvidoso.
“Eu acho?”
Sunny abriu mais o sorriso, sentindo o rosto doer um pouco.
“Ótimo! Então somos amigos. Bem, alguns podem dizer que é seu dia de sorte, amigo. Porque hoje — e só hoje, provavelmente! — o Maravilhoso Empório de Sunny oferece aos clientes um acordo de amizade exclusivo. Só para amigos. Você não tem sorte?”
Kai tossiu de repente.
“…Não era o Empório Brilhante da Sunny da última vez?”
Sunny piscou.
“Foi? Bem, não importa. O acordo continua de pé. Você está interessado ou não?”
O arqueiro demorou-se por alguns momentos e então disse cautelosamente:
“Mas Sunny… você ainda não me disse exatamente o que esse acordo envolve. É um acordo para clientes que você considera amigos ou você está tentando me vender sua “amizade”? Ou espera, você quer comprar a minha? Ou ambos? Ah, estou confuso.”
Como se esperasse por essa resposta, Sunny assentiu energicamente.
“Sim! Fico feliz que você tenha perguntado. Na verdade, tenho um item incrível que quero vender. É tão incrível que estou até relutante em me desfazer dele. Mas, como você é meu amigo, estou disposto a dá-lo. Praticamente de graça. Desconto total de amizade, só para você. Não precisa me agradecer, sério.”
Atraídos pelo barulho, os outros deixaram o que estavam fazendo e agora estavam olhando para os dois. Effie se distraiu da preparação da carne e agora estava observando o circo com um sorriso expectante.
Percebendo que agora ele é o centro das atenções, Kai suspirou.
“Tudo bem, eu aceito. O que é esse item incrível que você quer me vender?”
Sunny permaneceu em silêncio por alguns momentos e, de repente, parou de sorrir.
“Ah, só uma coisa que tinha juntando poeira no meu Mar da Alma. É uma Memória que pode servir como um suprimento infinito de flechas. Contanto que você não erre.”
Os olhos do belo arqueiro de repente se iluminaram. Ele olhou para sua aljava e disse:
“Espera… sério? Você realmente tem uma Memória dessas?”
Depois de pensar sobre isso por um longo tempo, Sunny decidiu dar a Flecha de Sangue para Kai. Ter o arqueiro de sua coorte armado com ela tornaria muitas coisas mais fáceis durante essa jornada.
Ele poderia potencialmente ganhar um arco no futuro e aprender a usá-lo, mas não seria tão cedo. Além disso, com o quão perigosos eram os encantamentos da Flecha de Sangue, nada menos que excelência em lançar flechas poderia ser usada. E excelência levava muito tempo para ser alcançada, tempo que ele não tinha. Então, dá-la a um arqueiro habilidoso como Kai era uma decisão melhor.
Os encontros recentes com as aranhas de ferro só fizeram com que Sunny tivesse mais certeza de que essa era a coisa certa a fazer.
Mas ele não iria dar isso de graça.
“Sim, eu tenho essa Memória.”
Então, ele acrescentou casualmente:
“Ah, esqueci de dizer? Ele pode fornecer um suprimento infinito de flechas, e todas essas flechas serão de nível Ascendente.”
Um silêncio grave caiu sobre o arco de mármore.
“Você… você possui uma Memória Ascendente?”
Essa pergunta foi feita por Caster. Kai não precisou perguntar, porque ele já sabia que Sunny estava falando a verdade.
Seus olhos se arregalaram ligeiramente.
Na Costa Esquecida, Memórias Ascendentes eram extremamente raras — por uma razão óbvia. Adormecidos só conseguiam uma derrotando uma Criatura do Pesadelo Caída, e não havia muitas pessoas capazes de tal feito. Somado a isso, havia o fato de que nem toda morte fornecia uma Memória. Na verdade, a maioria não fornecia.
Receber uma era o sonho de todo habitante da Cidade das Trevas.
Sunny deu de ombros.
“Ah, eu tenho algumas. Por quê?”
…A outra era a armadura de ônix. Que estava quebrada e inútil. Mas eles não precisavam saber disso, honestamente.
Ele sorriu.
“Só as melhores mercadorias no Surpreende Empório deSunny! Espera, uh… surpreendente? Ah, quem se importa. Você entendeu o sentimento.”
Caster balançou a cabeça.
“Como você conseguiu uma Memória Ascendente? Você?”
O sorriso congelou no rosto de Sunny. Quando ele falou alguns momentos depois, todo o humor tinha sumido de sua voz, substituído por frieza.
“Bem, se você precisa saber. Eu consegui matando uma Besta Caída. Antes que pergunte… dessa vez, eu não precisei sacudir meu dedo ou cuspir. Eu só olhei para ela, e ela morreu.”
Então, ele virou a cabeça e olhou diretamente para Caster:
“Sou muito proficiente em matar coisas, sabia?”
