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Capítulo 10: História

O túnel em que andava também possuía mais dos desenhos nas paredes. Antes, tudo aquilo seria apenas mais imagens, quando”ele” não era quem se tornou. Se ainda fosse um igual aos seus, teria sido incapaz de entender que aquelas paredes mostravam algo mais profundo, revelavam algo que aconteceu.

Uma história.

O monstro conhecia essa palavra, alguns dos humanos que seu povo capturou no passado já haviam dito esse termo antes. De quem era a história naquelas paredes? Tinha alguma relação com Q U E A T Z A C O A L T?

Tudo se iniciou com o nada e a escuridão, desse vazio surgiu a flor vermelha que queima. Muitos seres que não estavam lá antes apareceram nas paredes e se reuniram ao redor da flor. Pareciam humanos, no entanto o goblin não acreditou que realmente eram. Aqueles no desenho eram diferentes, pareciam mais fortes e mais antigos.

Um deles caminhou em direção a grande flor e então parou, sua face mostrava medo enquanto recuava. Outro daqueles estranhos tinha mais coragem, atravessando seus iguais, esse segundo correu e saltou na flor vermelha onde foi consumido.

Dos restos veio a luz amarela que se firmou no alto da escuridão e iluminou tudo o que existia. Aquele que antes teve medo, correu outra vez e assim como o anterior foi consumido, mas dessa vez se ergueu a grande rocha branca que só vem com a noite.

A história parecia continuar, no entanto não haviam mais desenhos. A parede mostrava rachaduras e o que “ele” acreditava ser o restante estava caído pelo chão.

Para sua felicidade, na parede oposta havia mais desenhos, esses sim mostravam os humanos, embora um pouco diferentes. A raça surgiu nascida da mistura de sangue e uma planta que o goblin nunca viu antes, eles viviam na floresta e nela derrubaram as árvores e empilharam grandes pedras. Aquelas cavernas em cima de cavernas estavam na parede, foram realmente os humanos que construíram aquilo, pensou o monstro.

E no topo desses locais, eles matavam outros de sua raça, o sangue escorria pela grande construção e ao chegar no solo, fazia o caminho contrário flutuando até o céu.

Nada daquilo fazia sentido, se “ele” matasse humanos no topo das cavernas então o sangue ia voar? E o que afinal aconteceu com aqueles humanos? As paredes não contavam essa parte, os desenhos não falavam mais nada. 

Com sua cabeça oca cheia de perguntas, a criatura verde alcançou o fim do corredor chegando a mais uma grande caverna. Cheia de água assim como antes, porém essa corria, mesmo que de forma lenta. 

Na região esquerda, de diversas rachaduras surgiam as águas que inundavam o salão e que corriam por haver buracos no chão da região oposta. Aquelas entradas e saídas para o líquido não foram construídas junto com o local.

“Ele” supôs que existiam devido aos grandes tremores da terra. Fazia tempo que não sentia um daqueles, eram raros e imprevisíveis, mas sempre retornavam. Os dias em que a terra treme causavam gritos e morte em toda a floresta, por isso ficava feliz com o fato de serem raros. 

E ainda mais alegre estava por provavelmente serem esses tremores os responsáveis pelos buracos e rachaduras naquela sala, o que lhe permitiria sair com facilidade. Antes disso se permitiu gastar um pouco de seu tempo com um olhar mais atento sobre o lugar e isso causou calafrios em suas costas.

Nas paredes haviam ossos, aqueles da cabeça, era um costume dos povos expor os ossos de cabeça dos seus inimigos. Aquelas coisas brancas que um dia tiveram olhos e boca, mas que após a morte só lhes sobravam os dentes.

Vários desses estavam presos a rocha sólida, encarando o goblin com suas orbitas vazias. Nenhum ali era de seu povo, ou daqueles que caminham nos galhos , tampouco dos grandes verdes do leste e oeste. 

As cabeças eram humanas, cada uma delas e talvez isso respondesse a sua pergunta ou parte dela. Já sabia onde alguns daqueles nos desenhos foram parar.

Isso, no entanto não era a única coisa a chamar sua atenção. Aquilo no centro também o tornava mais curioso. Uma grande pedra com todos os seus lados lisos repletos de estranhas inscrições e tendo em seu topo três itens.

O monstro caminhou para próximo dos objetos, já havia visto muitos itens humanos e nenhum como aquele. Lembrava os pedaços de metais planos que “ele” havia roubado, mas essa coisa estranha era feita de carvalho e tinha em suas bordas pedras negras como a noite. Na madeira podiam ser vistos desenhos de caveiras e guerreiros usando a mesma arma.

O goblin nunca poderia usar aquilo, pois era do mesmo tamanho que ele, entretanto ainda tinha intenção de o levar consigo para o seu lar. Deixando momentaneamente aquela arma de lado, deu atenção aos outros itens. 

Havia um grande pedaço de madeira redondo e plano, de um lado era possível enxergar uma pintura colorida do sol, do outro tiras de couro para se prender o braço. Inútil para “ele” e mesmo assim iria guardar para si.

Apenas o último objeto não provocava interesse algum na infeliz criatura verde. Um cipó pequeno feito de alguma pedra amarela, nele havia uma cabeça de serpente esculpida no mesmo tipo de material e com olhos de alguma rocha verde. 

“Ele” pegou o item com a mão e tentou encontrar alguma utilidade, mas concluiu que não serviria para nada além de colocar em seu próprio pescoço. Jogou o objeto sem pensar duas vezes, a água que corre é quem decidiria o destino daquilo. O goblin queria apenas ir para casa com suas novas coisas e se recuperar de seus ferimentos.

O infeliz monstro verde queria paz, aqueles no alto das cavernas queriam caos. A fêmea jogava armas e frutas para todos os lados, nenhum de seus iguais era capaz ou disposto a impedir sua fúria. 

Onde se amontoavam objetos roubados, ela pegou um grande pedaço de madeira cuja ponta parecia possuir uma grande pedra e saiu do local correndo. Quando chegou a floresta saltou nas árvores e permaneceu se movendo. Seguindo a grande humana peluda, vários dos seus companheiros também levavam diferentes armas.

Qualquer criatura naquela floresta que fosse pequena, andasse em duas patas e tivesse a cor verde sofreria ao encontrar aqueles que andam nos galhos.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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