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Capítulo 103: Sem filhotes vivos.

O Morro do Morcego era uma visão tão seca e estéril quanto na primeira vez em que pisou nesta região. O sol seguiu esse exemplo e era insuportável da mesma forma que foi durante aquele dia com a Bruxa do Pantano. Apertou sua besta com mais força como reação ao senti-la escorregando por causa do suor, da mesma forma que segurou sua sacola de couro cheia de pimentas com mais intensidade. 

Seus companheiros Orcs, oito deles, foram pouco afetados pelo calor exaustivo, até o que foi ordenado a carregar toras de madeira e aquele com um escudo gigantesco. Ao contrário dos Homens Lobos que suavam e ofegavam, porém sem abandonar sua pose de preparo e determinação. Dezoito para aquela invasão, dezenove se contasse a si mesmo que planejava ficar afastado do combate com um tiro ocasional ali ou aqui.

Da forma que lhes foi prometida, cá estão vocês, guiados até o Morro do Morcego por mim. — manteve seus olhos afastados do ponto em que sabia estar a gruta dos Cupendiepes a fim de evitar inconvenientes — Agora, façam sua parte alcateia, achem seus filhos.

O tradutor foi quem tomou a frente, se jogou ao chão de quatro, quase como um verdadeiro lobo ou cão. Aproximou seu focinho do sol e depois o empinou no ar, farejando por todo o processo, desesperando por cada rastro de odor. Os seus iguais repetiram sua atitude e seguiram o primeiro em sua caçada por rastros. 

Levaram apenas alguns segundos até o tradutor erguer sua cabeça de uma só vez, seu corpo completamente paralisado e sem movimentos. Então disparou em alta velocidade, os membros de sua tribo o acompanhando sem dificuldades e de forma impressionante, sem emitir o menor barulho.

Os Orcs não tardaram a partir, foram pouco habilidosos na escalada e com graus menores de sutileza, no entanto compensaram seus defeitos com uma vontade inabalável de derramar o sangue alheio. Foi quase admirável.

Muito menos animado, o Hobgoblin seguiu aos dois grupos tendo um perfeito equilíbrio entre fingir interesse no que faziam e admirar a paisagem distante da floresta rica em sua vastidão. Em que ponto específico daquela região vagavam os elfos? Se não se envolvesse em breve, perderia sua chance.

E onde estava sua amiga de sangue frio? Possivelmente tendo mais diversão, esperava.

Quando alcançou a entrada da gruta dos Cupendiepes, todos estavam lá, apenas observando aquela rachadura na rocha de forma tensa. Hesitantes com o desconhecido que existia no interior daquela montanha.

— É onde eles estabeleceram sua residência? — uma questão direcionada aos Homens Lobos, os supostos responsáveis por acharem seu alvo. — Ótimos, seguiremos com meu plano.

— Espere um momento. — ordenou o Chefe Orc para questionar — E se as crias estiverem vivas?

O Hobgoblin o olhou confuso.

— Por qual razão haveriam de estar?

— Eu não sei, mas precisamos olhar antes de seguir com seu plano.

“Ele” olhou nos olhos do outro da forma que olhava para os Pseudo-centauros depois de ouvir algum absurdo que parecia uma ofensa a sua inteligência. Respirou fundo olhando os céus como se estes pudessem conceder-lhe paciência, depois apontou para o Orc com a sua balestra.

Você deseja que alguém explore a gruta, mas os seus não são pequenos o suficiente para atravessar a entrada. — depois para um dos lobos que se agachou com medo de um tiro. — E eles não mantêm qualquer experiência explorando esse tipo de estrutura natural, então quem…

Parou a sua pergunta quando notou que dezoito pares de olhos o encaravam, o líder com um sorriso em seu rosto. Seus olhos voltaram para o objeto de discussão, normalmente sempre estava disposto a penetrar em aberturas apertadas de qualquer tipo, mas não tinha tanta motivação durante aquela tarde.

Caminhar pelo desconhecido sempre foi um jogo arriscado e todos sabiam que perder um jogo na Floresta de Dante tinha como penalidade a morte. Entretanto, estava tentando representar a imagem de alguém forte, confiável e corajoso. Pensando no bem a longo prazo, avançou pela entrada sem se permitir qualquer hesitação com um aperto forte em sua balestra.

Era agradável, pelo menos, sentir o solo rochoso sob a sola do seu pé, os detritos entre seus dedos. Aquele ar abafado de cheiro forte, que força sua temperatura quente ao corpo e torna a respiração impossível para os menos acostumados, um ambiente rançoso com um tempo morto.

Foram poucos minutos afundando no ventre seco do Morro do Morcego até alcançar o ninho dos homens alados. Podia ser chamado de ninho, não é? Era uma habitação de criaturas aladas, poderia ser considerado como um ninho apesar de não ter sido feito por aves? Era melhor rejeitar a ideia de considerar esse pensamento, pois sabia que ia se perder em tangentes.

Ao alcançar o local que visitara ao lado da Bruxa, encontrou seus habitantes da mesma forma que o fizera da primeira vez. Os homens e mulheres de pele parda com asas de morcego se encontravam todos dormindo da mesma forma que o animal com o qual pareciam relacionados. Suas respirações baixas e lentas como as de qualquer animal relaxado.

Deixando de olhar para o alto, seus olhos vazaram para o solo e quase deixou um sonoro “oh” como teria feito Lauany. Os filhotes estavam vivos, um deles pelo menos, um Orc não muito grande com alguns dias de vida no máximo, sua altura chegava à cintura do Hobgoblin em pé.

O filhote estava ferido, seu braço direito pendia sem movimento e uma de suas pernas estava desaparecida, algumas marcas de mordida em sua coxa sugeria qual o destino que ela tivera.

Apesar de todas as suas máculas infligidas por um inimigo que nunca fizera, a jovem criatura permaneceu viva, resistindo a toda dor. Era impressionante e quando aquele monstro pequeno foi de encontro aos seus olhos, “Ele” sorriu. A cria de Orc mostrou uma expressão confusa, de fato não tinha como entender a presença do visitante.

Sua confusão não durou muito tempo.

O virote da balestra atravessou a carne macia do pescoço carregando a mesma banalidade com a qual suas garras teriam atravessado a terra, um ato leve e sem indeterminação. A criatura padeceu de forma rápida e quase indolor, o que foi bom para evitar barulho.

Deu passos comedidos em direção aos cadáveres, cada um deles levando dezenas de segundos para serem feitos, toda medida de cuidado para evitar o despertar dos cupendiepes era essencial. Se não estivessem tão distantes do chão, aquela curta caminhada poderia ter sido em direção ao seu fim.

Um filete de sangue escorria pela pele verde, o cheiro subindo as narinas do Hobgoblin. “Ele” apressou suas ações, se levasse mais tempo era provável que o odor despertasse fome nós adormecidos da mesma forma que estava fazendo nele.

Retirou da garganta perfurada o seu projétil, levou o item à boca e sentiu o sabor com certo prazer comedido. Até o fim do dia, muito mais sangue seria derramado.

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