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Capítulo 109: Ajuda escamosa.

A Bruxa achou curioso como os Orcs voltaram a sua tribo sozinhos. Ela os observava ao longe na floresta, os caminhos deles quase se cruzando em seu retorno ao pântano. Sem Homens Lobos ou um Hobgoblin arrogante no encalço daqueles monstros.

Pelo que Lauany disse ao réptil quando essa reapareceu nas planícies, os dois grupos diferentes e seu guia verde com baixo caráter se dirigiram ao Morro do Morcego para uma missão de vingança pouco ortodoxa. Vingança que até onde seu raciocínio alcançava, só foi precisa devido às ações da própria pocionista e seu colega de orelhas pontudas.

Deu de ombro para a situação e sorriu, não era culpa dela de qualquer forma, não quando poderia jogar tudo nas costas do Hobgoblin.

Quando teve certeza de que não cruzaria com aqueles monstros estúpidos, voltou ao seu caminho em direção a sua casa. Sobre o braço esquerdo levava um livro secular que acreditava ser um diário de capitão, retirado do mais impressionante navio naquele cemitério subterrâneo de embarcações. As palavras escritas naquelas páginas amareladas estavam em outra língua, no entanto lembrava de já a ter visto em algum lugar.

Era possível que algum dos livros em sua pequena biblioteca particular guardasse informações sobre aquele idioma e mesmo que não, precisava visitar a capital em alguns meses para repor o estoque de seus ingredientes. Em uma cidade tão grande quanto Alighieri, haveria um estudioso capaz de decifrar aquela linguagem.

Chegando ao seu (quantas vezes caçoou do Hobgoblin por considerar aquelas terras suas e agora fazia o mesmo) pântano, seu humor já constantemente amargo ficou de alguma forma ainda mais azedo. Mesmo sem deixar a margem do pântano envolto pela escuridão das copas largas, podia ver a distância que a porta de sua casa estava entreaberta.

Se o Hobgoblin estivesse em sua casa, a criatura orgulhosa teria tido decência o bastante para fechar a porta. No entanto não, tudo o que precisava nesse momento era sua cabana sendo invadida por algum verme lamacento. E pensar, que acreditava já ser conhecida o bastante pelos habitantes do pântano que deveriam teme-la.

Erguendo as mãos, tendo o livro em boa segurança, ela deu passos para frente afundando na água. Era um visão excêntrica, um tanto quanto cômica, duas mãozinhas femininas surgindo da água escura carregando um manuscrito centenário. Principalmente quando para qualquer observador externo, nenhuma outra parte do corpo era visível e nenhum movimento na água indicava alguma forma de nado. É como se a mulher caminhasse submersa.

Sua caminhada encontrou fim quando as duas mãos colocaram cuidadosamente o livro na varanda de madeira. Para então erguerem a mulher do lago.

A Bruxa se sentou e espremeu de sua saía o excesso de água acumulado. Levantando-se com calma, passou suas garras pelos cabelos molhados, apenas o necessário para não obstruirem sua visão. Sua relíquia recém adquirida foi deixada ao lado da porta.

Estalou os nós de cada dedo e expandiu suas garras. Com um empurrão raivoso, abriu a porta de uma vez, causando um estrondo quando essa acertou a parede.

— Eu quero que o verme escroto que invadiu minha casa… o que? — toda sua bravata evaporou quando seus olhos caíram sobre seu invasor mal educado.

Sentado em uma cadeira com seu tronco sobre a mesa de madeira, o monstro mal se moveu com a chegada da proprietária do imóvel. Uma camada lustrosa de suor cobria sua pele, as costas desciam e subiam em um ritmo constante junto de sua respiração.

Fios de sua longa cabeleira negra se espalhavam pela mesa cobrindo sua cabeça. Entretanto, mesmo sem poder ver sua expressão, ela tinha uma ideia de qual seria após ouvir os gemidos de lamento ecoando pelas paredes da cabana.

— Hob?

Sua voz saiu preocupada e dessa vez, a criatura abatida reagiu. Através do mesmo movimento vagaroso que teria sido visto em uma tartaruga, o Hobgoblin ergueu sua cabeça o bastante para que a pocionista pudesse ver aqueles olhos amarelos injetados de sangue, sua boca seca e ofegante, uma expressão de derrota.

— Pelos chifres de Anhangá, o que aconteceu com você? — ela se aproximou com passos cuidadosos.

Eu sou patético, isso aconteceu. — foi toda a resposta que deu.

— Fale comigo Hob.

A Bruxa do Pântano se posicionou ao lado do seu amigo. Em um gesto gentil de apoio, colocou a palma de sua mão direita sobre as costas do amigo.

— Ssscchhhhhh. — o monstro sibilou de dor entre dentes.

Assustada, a loira retirou sua mão da pele verde como se tivesse se queimado. Foram alguns segundos de confusão até compreender aquela reação bizarra, um exagero como aquele só podia nascer de imaturidade ou uma sensibilidade grande à dor. A réptil passou seus dedos pelos cabelos negros do Hobgoblin que caiam por suas costas e os colocou ao lado do corpo.

— Ai, meus, deuses.

Seus olhos reptilianos vagaram de cima a baixo pelo corpo nu do amigo, foi quando notou as roupas com a quais o presenteara caídas no piso ao lado da mesa, porém isso não era importante. Relevante era aquele roxo, não apenas na parte superior, inferior ou no meio. O roxo pintava toda a sua pele junto a tons de verde escuro fazendo do monstro uma tela e aquelas manchas de dor sua tinta.

— Você… você pode me curar, não é?

A bruxa hesitou, suas poções tinham muitas capacidades e poderiam curar muitas coisas. Entretanto os seus remédios agiam na superfície do corpo e quando o problema era remediável, dores musculares e acelerar a regeneração estavam ao seu alcance.

Mas aquilo?

— Hob, isso está além das poções que eu tenho aqui, se fosse com os ingredientes que eu tinha no passado, talvez, mas isso aqui? — ela apitou para os machucados mesmo que o enfermo não pudesse os ver naquela posição — Eu acho que você rompeu alguma coisa importante nos seus músculos, de onde quer que você tenha caído, se fosse um pouco mais alto teria acabado em paralisia ou pior, sua morte.

“Então teria sido melhor morrer” foi um pensamento que passou por sua cabeça, porém que nunca teria saído pela boca. Não dele, nunca daquele Hobgoblin. A morte era muitas coisas, mas não o seu destino, pois mesmo que fosse entre dores alucinantes, “ele” iria viver custasse o que custasse.

Sua convicção não proclamada, era percebida pelas chamas em seu mirante, o ardor em seus olhos. Isso fez a Bruxa pensar, talvez conseguisse ouro com algumas de suas poções mais pedidas por aquela loja alquímica. O curandeiro morava no mesmo lugar?

Viagem naquelas condições eram menos que favoráveis, entretanto comprar uma carroça e cavalos de alguma aldeia próxima era possível, isso se não matasse os donos e tomasse a posse. Sim, era possível e o pior de tudo, urgente.

— Você não é curioso sobre cidades humanas, ótimo, nós dois estamos indo para a cidade capital Alighieri.

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Olá, eu sou MK Hungria!

Há, não esperavam por essa né?

Em vez de cinco, temos quatro capítulos pq o próximo será especial. Veremos o Hobgoblin em terras humanas!

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