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Capitulo 112: Pé na estrada

Quando passou por um buraco no caminho e sentiu a carroça balançar em um solavanco, o irmão de Lauany suspirou já ciente do que viria pela frente e pelo gemido cansado que escutou, a réptil de cabelos dourados era tão alerta quanto, em relação ao futuro.

Se o que está tentando realizar é o meu assassinato… sinto que é infeliz ser eu, o portador escolhido de notícias agourentas… — o Hobgoblin tomou um momento para dar uma longa respirada antes de continuar. — Mas eu sobreviverei aos teus atentados, seu quadrúpede bovino de tronco humanóide sádico e cruel.

O dito bovino sádico apenas revirou os olhos com a reação mesquinha, a mesma que era apresentada desde o início daquela jornada.

— Como você suportou por tanto tempo?

— Eu o droguei, acredite ou não, o bastardo é quase adorável quando inconsciente.

— Eu gostaria que ele estivesse inconsciente. — admitiu o irmão de Lauany.

— Eu é quem queria estar inconsciente. — falou a bruxa com um olho piscando de tanta agonia. — Não bastava a viagem ser dolorosa para ele, o verme resolveu tornar dolorosa para todos nós RECLAMANDO A CADA CINCO MINUTOS!!

Eu não reclamaria se os dois não estivessem juntos em sua missão de intensificar o meu… sofrimento.

O Pseudo-centauro por mais que tentasse, não era capaz de entender. Se falar era assim tão doloroso, então qual a razão do monstro insistir em sempre tagarelar tanto?

— Deixa eu te dar uma poção pela graça de Anhangá.

E ficar indefeso… enquanto uma ameaça pode surgir a qualquer momento?

Esse foi um absurdo tão grande que a Bruxa se sentiu obrigada a olhar para trás e e direcionar seus olhos diretamente para o propagador de asneiras.

— Hob, você é tão útil agora quanto um saco de pedras!

— Não. — discordou o bovino. — Podemos bater em ameaças com saco de pedras.

— Há, e quem disse que não podemos bater nelas com o peso morto? — a réptil perguntou apontando para o monstro caído com seu polegar.

Aproveite o meu período de incapacidade, seus dois bastardos ingratos, não é uma… condição que se repetirá.

— Nhenhenhe, seu fracassado, olha pra mim.

O Monstro Verde virou sua cabeça para poder olhar e arregalou os olhos quando percebeu a garrafa sendo levada até os seus lábios. Tentou resistir, mas foi impossível quando com uma mão ela apertou suas bochechas e com a outra enfiou o líquido em sua boca.

O Hobgoblin tentou cuspir, porém o líquido já havia descido a sua garganta e tudo que conseguiu foi uma tosse dolorosa. Muito veio à cabeça para dizer a réptil, pois se não podia reagir fisicamente, poderia irritá-la até a morte.

Isso se não tivesse caído na inconsciência de forma quase imediata.Com o corpo capotado, a mulher voltou a sua posição na frente da carroça.

Se ela tivesse se escondido no país dos mortos, seu isolamento teria funcionado perfeitamente, sem amigos para ajudar ou ter que sair de sua casa. O problema teria sido a vigilância constante daquela condessa cultista.A bruxa suspirou observando o céu, a inconveniência nunca foi a principal razão para desgostar das pessoas, no entanto sempre foi um dos motivos mais evidentes. Os relacionamentos eram tão cansativos.

Ficou perdidas em pensamentos assim sem ver a hora passar até que o irmão de Lauany chamou sua atenção com uma pergunta que deveria ter trazido algum contentamento.

— É aquilo? — indagou apontando a um grande amontoado de casas longe.

— Deveria ser.

Mas não trouxe.

A vila mais próxima da Grande Floresta de Dante nunca foi e nunca teria como ser impressionante, óbvias razões geográficas para tal.

Poucas casas, não mais que algo entre sessenta a noventa habitantes, todos soldados e suas famílias que por alguma razão ou outra foram rebaixados de seus postos e obrigados a morar na região como punição.Raros, mais correto seria dizer inexistentes, eram aqueles que moravam tão perto da floresta por uma escolha própria.

O que causou desconforto na Bruxa não foi a aparência triste da pequena aldeia, foi o seu estado absolutamente miserável. Mesmo distante ela podia ver as casas com paredes derrubadas, portas tombadas, telhados esburacados.

Quando a carroça alcançou a entrada da vila, o cheiro inconfundível de carne podre denunciou as cenas que viriam pela frente. Como esperado, ao virar da primeira esquina já era possível ver corpos se deteriorando pelo caminho. A maioria eram homens vestindo no corpo armaduras de aços, porém foi comum ver corpos femininos ou infantis dentro das casas.

Juntos dos cadáveres, haviam os urubu famintos que enfiavam seus bicos afiados profundamente na carne dos mortos arrancando nacos dela com puxões violentos. Foi profundamente perturbador para o bovino ver uma dessas aves catinguentas arrancar um globo ocular de um crânio despedaçado no chão e esmagar o órgão até o engolir.

A Bruxa apenas bocejou.

— O que aconteceu aqui?

A réptil crocodiliana tinha algumas suposições sobre a criatura responsável por tamanho massacre.

— Eu não saberia dizer.

Suposições que só cabiam a ela e seu amigo drogado.

— Eu acho pouco provável que haja, mas vou andar um pouco pela cidade e procurar algum cavalo. — na esperança de que todos os animais não tivessem fugido.

— Como vai andar na cidade humanos quando chegar, eles não odeiam gente como nós?

— O país em que estamos é particularmente aberto a outras espécies consideradas civilizadas como demi-humanos, por exemplo. — ela disse descendo do veículo com cuidado e tirando dele seu tão estranho cajado de duas pontas. — Eles me veriam apenas como uma de muitas espécies demi-humanas por aí, apesar de eu ser um demônio, há poucas diferenças reais. Já Hob? Olha pra ele, o bastardo pode facilmente se passar por um elfo de cor estranha.

E com essas palavras, a bruxa abandonou o bovino fazendo companhia ao monstro desacordado.

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Olá, eu sou MK Hungria!

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